quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A formação de professores

Ser professor no atual contexto é viver intensamente o seu tempo com consciência crítica e sensibilidade solidária; é aceitar o desafio da formação continuada e da pesquisa. E a escola deve tornar-se um espaço de formação para a pesquisa, um lugar de aprendizagem permanente, onde o ambiente pedagógico tem que ser lugar de ternura, prazer e reinvenção personalizada do saber através da pesquisa participativa.

Nosso ponto de partida é a convicção de que o ensinar é inseparável do desejo de continuar aprendendo ao longo da vida. Neste sentido, os professores devem ser exemplos vivos da pesquisa e da formação continuada, pois só assim é possível oferecer aos estudantes o que há de melhor no plano teórico - um conhecimento atualizado, inovador, com eficácia política.

Diante dos novos desafios postos pela complexidade da sociedade em seu estágio de economia globalizada, muito mais do que ensinar saberes prontos, o professor precisa criar espaços de aprendizagem, de produção coletiva do conhecimento. A formação permanente, o aprender a aprender ao longo da vida, assumir a condição de pesquisador, através da autonomia investigativa, lutar por políticas de valorização profissional que contemplem o tempo para estudos, pesquisa qualificada e participação em eventos formativos são alguns dos principais aspectos da nova cultura do ser professor como projeto de vida. Mas também como estratégia política na construção de sujeitos que exerçam ativamente sua cidadania.

Professor atualizado

Ser professor é gostar de estudar; é dar sentido ao seu fazer; é manter-se curioso, inquieto. Ou, como diz o educador Moacir Gadotti, “a formação continuada do professor deve ser concebida como reflexão, pesquisa, ação, descoberta, organização, fundamentação, revisão e construção teórica e não como mera aprendizagem de novas tecnologias, atualização em novas receitas pedagógicas ou aprendizagem das últimas invenções tecnológicas”.

Na sociedade do conhecimento, onde o desafio da aprendizagem é permanente, o professor é convocado a viver intensamente sua formação continuada. Estar à altura do tempo em que vivemos significa ser vigilante em relação à qualificação pedagógica e política. No contexto da informação, do conhecimento e da aprendizagem é impensável um professor que não leva a sério a sua formação continuada e permanente. Podemos dizer que mais do que nunca a formação incessante do professor é parte constitutiva de sua ética profissional. Pensamos que a luta política do professor por melhores condições salariais e pela valorização profissional é justíssima. Mas quem deseja defender seu lugar de trabalho e sua dignidade profissional, conquistando o apoio da opinião pública para suas reivindicações, precisa manter a competência de continuar aprendendo ao longo da vida.

Professor pesquisador

Quem ensina precisa manter a abertura para aprender melhor o que já sabe e conhecer o que ignora. Para alcançarmos um pensar rigoroso e crítico que nos permite ir lendo cada vez melhor o mundo, precisamos cultivar o caráter da pesquisa e da inovação.

O professor não pode perder a criatividade intelectual e a curiosidade epistemológica, pois a curiosidade é o melhor recurso para a inovação. Na sociedade da informação e do conhecimento “valoriza-se a curiosidade intelectual, a capacidade de utilizar e recriar o conhecimento, de questionar e indagar, de ter um pensamento próprio, de desenvolver mecanismos de auto-aprendizagem”, diz a pedagoga Isabel Alarcão.

Só é capaz de oportunizar experiências de aprendizado quem é capaz de aprender sempre, inovar, produzir conhecimento através da pesquisa e de um projeto que contemple a autonomia investigativa. Aprender não é um problema posto somente ao estudante, mas em primeiro lugar para o próprio professor. Se, enquanto professores, não sabemos aprender, se não temos autonomia investigativa, certamente não conseguiremos ensinar ou criar espaços de aprendizagem.

Aprender a aprender deve ser o cerne da atitude de pesquisa e da elaboração própria do conhecimento. Para tanto, o educador precisa encontrar tempo para refletir, pesquisar, elaborar seu próprio conhecimento. A educação é um processo de produção e reconstrução do saber. Neste movimento de reconstrução do conhecimento é imprescindível pesquisar, manter-se curioso frente ao mundo e à história. Mais importante do que saber é não perder o prazer, o encanto de aprender ao longo de toda a vida.



Sérgio Trombetta,
professor na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, e nas Faculdades Integradas de Taquara, RS.
Endereço eletrônico: sergiot@unisinos.br
Artigo publicado na edição nº 392, novembro de 2008, página 14, jornal Mundo Jovem.


Sugestões de leitura:

- ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 2005.
- ASSMANN, Hugo. Curiosidade e prazer de aprender: o papel da curiosidade na aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 2004.
- FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2006..

Questões para Debate:

1 - Como a sociedade e a mídia percebem e retratam a categoria de professores?
2 - Qual o meu compromisso com a formação continuada e a atualização profissional?
3 - Quais ações de pesquisa podemos realizar em nossa escola?

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