quarta-feira, 2 de novembro de 2011

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Quando convidada a escrever sobre o tema amizade logo surgiram várias indagações que fiz questão de anotá-las. Também pude parar e pensar na amizade e seus significados, nas(os) minhas/meus amigas(os). Ou seja, repensei minha história. Minha história de vida pode ser escrita pelas amizades que fiz, pelas que desfiz, pelas amizades que conservei e por outras que irei fazer. E a sua história?

Afinal, o que é a amizade? Como se faz um amigo ou como as amizades são formadas? Por que algumas pessoas são consideradas amigas e outras colegas? Existe amizade entre homens e mulheres? Existe amizade entre mulheres? Amizades entre homens são mais duradouras que amizades entre mulheres? O que fazer para as amizades serem mais duradouras? Existem amizades feitas pela internet? Podemos dizer que há amigos virtuais? Amizade é um sentimento? Quais os sentimentos envolvidos numa relação de amizade?

Relações harmoniosas

Adriana Falcão, em Pequeno Dicionário de Palavras ao Vento, afirma que a amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros. Será mesmo? Um dos teóricos da Psicologia Social, chamado Fritz Heider, explica a formação das amizades através da teoria do equilíbrio, ou seja, sempre procuramos relações harmoniosas entre nossas atitudes frente a pessoas ou entidade impessoais (política, esporte, religião etc.). Um exemplo de relação harmoniosa é quando gostamos de alguém e torcemos para o mesmo time de futebol, ou ainda, quando não gostamos de uma pessoa e dela divergimos de questões políticas. Esses são exemplos de ralações harmoniosas, ou seja, há um equilíbrio.

Nas nossas relações cotidianas nem sempre encontramos relações harmoniosas ou equilibradas. Ao contrário, experimentos várias relações desequilibradas. Mas então como mantemos nossas amizades? Seremos amigas(os) de quem somente torce para o mesmo time que eu, gosta das mesma coisas e que concorda comigo sobre tudo?

Amigos virtuais, amizades reais?

Com a chegada da internet no Brasil na década de 90 e sua posterior “popularização” (embora, no Brasil, ainda exista um grande número de excluídos digitais), as ferramentas que permitem interação escrita e/ou audiovisual tornaram-se unanimidades. E outras formas de interação foram surgindo como os sites de relacionamentos, blogs, fotologs e outras tantas que ainda surgirão.

Conforme Heider, como estamos à procura de relações equilibradas, harmoniosas e a internet nos possibilita encontrar pessoas de acordo com alguns critérios de afinidade. O que evita tensões e assim formamos uma relação de amizade mesmo tendo o fator da distância. Outras vezes permite que sejamos encontradas(os).

Mas a internet oferece outros recursos interessantes. Com a criação das ferramentas de bate-papo e a utilização de nick-names (apelidos) permite que se freqüente ou utilize o anonimato. Assim podemos ser qualquer pessoa, ou melhor, podemos até ser várias pessoas ao mesmo tempo. Na vida real não é muito diferente. Somos mulher, mãe, irmã, filha, amiga, esposa, namorada entre muitas outras identidades. Poder experimentar outras identidades, além das vividas no dia-a-dia, favorece o autoconhecimento que é importante para a obtenção do equilíbrio nas relações.

Outra função dessas ferramentas de bate-papo ou encontros virtuais é a manutenção das amizades. A maioria das pessoas que utilizam tais ferramentas têm por objetivo maior a manutenção das amizades feitas na vida real.

Há pessoas que gostam de destacar alguns aspectos ruins da internet. Mas lembro que este fenômeno está associado à chegada de nova tecnologia. Foi assim com o telefone fixo e com o celular, com a televisão, com o computador e com os robôs. E não seria diferente com a internet.

Falam que a internet não favorece o contato social, que passa-se horas até dias na frente do computador interagindo com a máquina e esquecendo-se da vida fora do quarto. Porém esquecem que as ferramentas da internet são utilizadas para manter os relacionamentos feitos na vida real e que as lan houses são espaços de socialização entre seus(suas) freqüentadores(as).

Benefícios ou malefícios? Ainda é cedo para afirmar. Mas tudo o que é exagerado demonstra desequilíbrio. Temos que estar sempre à procura deste equilíbrio.

Sugestão de Atividade

• Depois de lida a matéria, formar pequenos grupos e distribuir entre eles as perguntas que aparecem no início do texto. Fazer um debate no pequeno grupo e depois juntar todos os grupos, de modo que cada pequeno grupo coordene o debate geral sobre o assunto de sua pergunta.


Fernanda Calderaro,
psicóloga, técnica em Informática Industrial e educadora.
Endereço eletrônico: fernanda@gaiasocial.org.br

Artigo publicado na edição nº 388, jornal Mundo Jovem, julho de 2008, página 18.

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