domingo, 26 de fevereiro de 2012

Charlatanismo na Educação – os escritores paraquedistas


Valdeir Almeida


Existem indivíduos que nunca frequentaram cursos de Licenciatura nem Pedagogia. Tampouco fizeram pós-graduação nessas áreas. Apesar disso, escrevem livros para “docentes que querem se aprimorar na arte de lecionar” (sic).

Daí surge uma declaração óbvia: se existem essa espécie de escritores, é porque há leitores, e seus leitores são justamente professores. Mea-culpa: há professores, cuja experiência acadêmica e a prática como docentes poderiam lhes garantir segurança; ainda assim, são amedrontados e sofrem de complexo de inferioridade. Então, recorrem a esse tipo de auto-ajuda charlatã e incoerente. Incoerente, porque o docente com as atribuições referidas tem muito mais capacidade para falar sobre ensino do que o escritor que ele tanto venera.

Aqui, o ditado “ensine o padre nosso ao vigário” cai como uma luva. Mas, com certeza, é uma luva que o profissional da Medicina, por exemplo, não veste de forma alguma. O médico – assim como os professores – dedica-se aos estudos durante muitos anos. Após especializar-se, já pode cuidar de pacientes. Se ele nunca esteve numa faculdade, mas passa a clinicar, certamente transformará pacientes em vítimas fatais.

Logo, é inadmissível, ilógico, contraditório e perigoso um não-médico escrever lições em que ensina verdadeiros profissionais a cuidarem de pacientes. Se isso ocorresse, o escritor seria processado pelo conselho de medicina e sofreria punição de ordem penal.

A comparação parece esdrúxula, mas, de forma simples, serve para demonstrar que os professores (assim como os profissionais da Saúde) lidam com vidas. A transmissão de conhecimento ao aluno e o convívio com este trarão reflexos no futuro. Por isso, um erro pode deixar sequelas no conhecimento e até mesmo no caráter do estudante.

Mas os escritores com o perfil aqui apresentado não levam isso em conta. O que eles querem é que seus livros continuem figurando nas listas dos mais vendidos das revistas semanais. Além disso, pretendem aparecer com mais frequência nos programas dominicais da TV e lotar plateias com suas palestras. Em resumo: são pretensiosos oportunistas que pensam apenas em engordar a conta bancária.

Professor Valdeir

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