quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Divulgar é esclarecer

Ines Martins

“Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo”. Esse é um dos trechos de uma crônica do nosso grande escritor brasileiro, Luis Fernando Veríssimo, que circula nos meios de comunicação e com muito destaque na internet.

Nesse momento, cabe-nos aplaudir o homem escritor que nos brinda com uma crônica digna da nossa admiração e respeito. Não só pela maneira sábia de usar as palavras, mas principalmente por tirar também dos nossos corações nosso sentimento de indignação e transformá-lo numa belíssima crônica que lava enfim a nossa alma das sujeiras que temos que presenciar e ainda pagar a conta.

Sinceramente não dá para acreditar que grandes empresas ainda patrocinem tanto lixo, quando ainda há tanto para se fazer na área da educação, da saúde... Nós, que caminhamos para o primeiro mundo, precisamos mudar a nossa mentalidade, colocar nossos neurônios para trabalhar a nosso favor e não contra nós.

Quanto dinheiro desperdiçado, quando os verdadeiros heróis estão aqui, do lado de fora à espera de uma oportunidade para viver com mais dignidade.


Então, ainda diz ele: “Heróis são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna”. Heróis são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, ONGs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar-nos de nossa eterna heroína Zilda Arns). Heróis são aqueles que, apesar de ganhar um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas R$ 16 para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria Rede Globo.

O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo. Não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes. Não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral. São apenas pessoas que se prestam a comer, beber, tomar sol, fofocar, dormir e agir estupidamente para que, ao final do programa, o “escolhido” receba um R$ 1,5 milhão. "Ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a 'entender o comportamento humano'. Ah, tenha dó!!!"

Como veem, é um apelo. Tenha dó! Tenham dó mesmo e lembrem quê o que reforça tudo isso, é a sua audiência.

Inês Martins é produtora cultura, escritora, autora do concurso literário "Casos Lembrados, Casos Contados", direcionado às pessoas com idade acima de 60, poetiza, palestrante da maturidade, vovó blogueira e escreve neste espaço toda quarta-feira (www.vovoantenada.com.br)

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