terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

MT Educação muda a vida de reeducandos no Estado

Da Assessoria/Seduc-MT

De reeducando a estudante universitário. Essa foi a trajetória do ex-detento José Carlos Teixeira, nos 18 meses que permaneceu na Cadeia Pública de Cáceres (225 km a Oeste de Cuiabá). Estudante da Educação de Jovens e Adultos (EJA) participou do Exame Supletivo, então Provão, e prestou o vestibular ainda na unidade prisional. Passou para o curso de Pedagogia na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat).

A conquista veio após as aulas na Escola Estadual Nova Chance, realizada dentro do Sistema Penitenciário de Mato Grosso. O curso possibilitou a Teixeira a conclusão do Ensino Médio e a inclusão no Ensino Superior. “A escola foi o que eu precisava para renascer. Recebi apoio, atenção e admiro o trabalho dos professores que conduzem o trabalho de forma excelente”, declara. Como atual empresário no ramo de cobranças, afirma que a Educação dentro da Cadeia não foi o diferencial apenas para ele. “Quando encontro alguns amigos que também já estão em liberdade vejo que eles também não querem mais saber do crime”, diz.

Concluir o Ensino Médio no sistema prisional e retornar à unidade para ajudar aqueles que ainda se encontram presos, foi a escolha do professor Jackson Santos de Queiroz. Também ex-detento, concluiu o Ensino Fundamental e Médio, enquanto cumpria pena na Penitenciária Central do Estado (PCE) e no Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC). Atualmente é professor da turma de alfabetização do CRC. Segundo o educador, o ambiente de detenção auxilia aos estudos. “O professor é responsável por convencer o aluno de que as portas se abrem após a Educação”, declara.

Para a professora Janaína Firmo Rodrigues, responsável pela turma de alfabetização da PCE, os estudantes demonstram grande respeito pelos educadores e prestam muita atenção quando são ministrados os conteúdos. Ser professor nesse meio, segundo ela, é gratificante e menos complicado do que trabalhar com turmas regulares. “Eles (detentos) saem com outra cabeça, com o pensamento de serem pessoas melhores”, declara.

De acordo com ela, há diversos casos de sucesso após os estudantes cumprir pena. “Na maioria dos casos que ficamos sabendo, eles conseguem emprego e passam a ter outra visão de mundo”, informa.

Construir uma nova vida e ser contratado por alguma empresa é o objetivo do reeducando do PCE, Jonas da Costa Silva. Este será o primeiro ano em que o jovem participará das atividades escolares dentro da PCE e a expectativa é de que seja capacitado para uma mudança radical de vida. Jonas Silva irá cursar a 8ª série, mas pretende prestar o Enem, este ano, para avaliar os conhecimentos que serão adquiridos. Antes de se tornar detento, Silva estudava no Projovem e durante os três meses em que abandonou os estudos foi envolvido pelo mundo do crime.

Estudar enquanto estiver recluso tornou a oportunidade para ele mudar de vida. “O estudo muda completamente o nosso mundo, muda a maneira de pensar e nos faz abandonar o mundo do crime”, afirma.

A oportunidade de aproveitar o tempo dentro da PCE por meio de atividades escolares também foi a escolha de Rodrigo Renan da Silva. Segundo o rapaz, é uma satisfação imensa ter a possibilidade de estudar enquanto estiver em situação de privação de liberdade. Silva cursa o 3º ano do Ensino Médio.

Quando questionado sobre a escolha da carreira Rodrigo Silva responde: “meu sonho é fazer Engenharia”. De acordo com ele, esse objetivo será alcançado pelo estudo e pela capacidade de aumentar o conhecimento.

Escola

A Escola Estadual Nova Chance atende 1,6 mil estudantes em 24 unidades do Sistema Prisional de Mato Grosso. Segundo a diretora, Celma de Lourdes Castro Rotta, o objetivo é proporcionar uma oportunidade de mudança para os detentos. “ A educação é um agente transformador e acontece em todo lugar”, conclui.


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