domingo, 30 de setembro de 2012

A importância da leitura na escola da vida e na vida na escola

Marcos Pereira dos Santos


Leitura! Para algumas pessoas esse termo pode soar algo prazeroso, divertido e de vital importância. Entretanto, para outras, ela acaba adquirindo a denotação de uma prática insossa, cansativa e até impositiva. Essas diferentes formas de conceber a leitura estão diretamente atreladas aos valores repassados pela família e, principalmente, pela escola desde os anos iniciais de escolarização das crianças.

Ler é uma questão de hábito, gosto e necessidade. Ninguém realiza uma leitura ao acaso, visto que por detrás dessa ação sempre há um objetivo definido, uma intencionalidade específica: ficar informado acerca dos últimos acontecimentos, aprender coisas novas, relembrar algum dado importante, estabelecer analogias entre o passado e o presente histórico etc. Ao efetuarmos, por exemplo, a leitura de uma obra literária, de uma revista especializada, de um jornal de notícias ou mesmo de um artigo científico como este; a fazemos com alguma intenção, seja a título de lazer (“passa-tempo”), necessidade para o desenvolvimento de um trabalho avaliativo escolar ou qualquer outro motivo.

A prática da leitura, tanto na escola da vida quanto na vida na escola, nos conduz à re-aprendizagens e novas aprendizagens, esclarecimentos, reflexões, análises, sínteses, comparações e abertura de novos horizontes. Ler nada mais é do que dialogar com o autor de um texto, concordando ou não com ele acerca das concepções e opiniões expressas. Essa atitude de concordar ou discordar do autor de um texto leva o leitor, mesmo que indiretamente, a ressignificar ações, pensamentos e modos de enxergar o mundo a sua volta.

No que diz respeito particularmente à leitura na escola, entendemos que esta não deve ser vista pelos alunos como algo desinteressante e de caráter obrigatório alicerçado a uma cobrança por parte dos professores; mas como uma prática eficaz e eficiente que pode auxiliar os educandos na capacidade de comunicação e expressão oral e escrita, no desenvolvimento do pensamento e do raciocínio lógico, no estabelecimento de relações interpessoais e no convívio social. Para tanto, faz-se necessário a realização de um trabalho didático-pedagógico diferenciado por parte dos docentes nesse processo, propondo atividades de pesquisa, recreação desportiva, pintura, desenho, dramatização, produção textual entre outras que tenham como pano de fundo a leitura; não somente de textos de diferentes estilos, mas também do próprio mundo exterior.

É preciso, pois, que os alunos tenham condições de navegar pelos oceanos da leitura desde a Educação Infantil. Cumpre à escola e aos educadores essa tarefa. No entanto, cabe também à família dar a sua parcela de contribuição, incentivando e estimulando as crianças ao desenvolvimento do hábito de leitura. Somente através da parceira entre família e escola é que será possível fazer com que os educandos compreendam a importância da leitura para sua vida pessoal e profissional enquanto poderoso instrumento de emancipação. Isto porque a leitura da palavra é sempre precedida da leitura do mundo. E aprender a ler, a escrever e alfabetizar-se é, em suma, aprender a ler o mundo e compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade. Afinal de contas, o ensino e a aprendizagem da leitura não se configuram como atos de educação e esta, por sua vez, um ato fundamentalmente político?


Doutorando em Educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG/PR) e professor Adjunto do Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais (CESCAGE/PR).

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