quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Entrevista - Stevenson: 'Compreender o futuro exige investimento em educação'


Se você acha o custo da educação alto, tente o da ignorância’

Por Maria Odete, em 15 de janeiro de 2010.

 A declaração foi dada ano passado (30/06/2009) pelo diretor sênior associado da Harvard School of Business, Howard Stevenson, de 68 anos, que tem um argumento demolidor para defender o investimento em educação: o custo de não fazê-lo. Para o diretor de Harvard, a culpa pela crise não é das escolas de negócio, mas dos economistas. Mas levando em conta o descaso com a educação costumeiramente é tratada, vale rever a entrevista concedida ao Sergio Pompeu do Estadão.

Tempos de crise são tempos de investir em educação?

Há uma expressão em inglês: “Se você acha que o custo da educação é alto, tente o custo da ignorância.” O mundo não pode se dar ao luxo de ter 70% da população na ignorância. Se você está sem trabalho, o custo de oportunidade da educação é muito menor. E o mundo não voltará a ser o que era. Compreender o futuro exige um investimento em educação.

Qual é o cenário do futuro?

De mais globalização, porque países como o Brasil estão a caminho de virar grandes potências. E para ser isso você provavelmente tem de fazer mais do que falar português ou dominar Direito romano – precisa entender ao menos rudimentos da Common Law (Direito não escrito, na tradição inglesa).

Harvard tem cortado pessoal e investimentos por causa da crise. Como o senhor vê essa situação?

Uma freira que conheci e administrava um grande hospital dizia: “Sem margem, sem missão.” Qualquer organização precisa ter uma margem de ganho, para poder reinvestir. A Business School é bem administrada, depende só em 20% de doações. Mas a Harvard Divinity School (centro de estudos de religião) depende delas em 72%.

O sr. concorda que parte da culpa da crise é das escolas de negócios, que formaram a elite do mercado?

A culpa é mais dos economistas, que dizem que o objetivo de uma empresa é maximizar ganhos dos acionistas. Bons homens de negócios servem ao cliente e ao lucro, mas veem o lucro não como meta, e sim restrição. Um dos melhores, com quem trabalhei por 20 anos, dizia: “Se não ganharmos dinheiro suficiente, saímos do negócio; se ganharmos demais, saímos também, porque não estaremos investindo em produtos e pessoal.”

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