terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Ensino Médio

Ensino Médio: para a vida? Para o mundo do trabalho? Ou para o jovem?

Iza Aparecida Saliés


 
A Lei de Diretrizes E Bases da Educação Nacional – LDB estabelece a organização do ensino em dois níveis Educação Básica e Ensino Superior. A Educação Básica, com 3 etapas de ensino, Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.

O Ensino Médio, última etapa da Educação Básica, tem como finalidade aprofundar os conhecimentos do ensino fundamental e preparar o estudante para a vida e para o mundo do trabalho. Esta etapa de ensino ainda não está consolidada como um espaço tempo escolar próprio para eles, então, faz-se necessário que o Estado invista mais na estrutura básica necessária para ofertar aos alunos da rede pública de ensino o que eles não possuem em casa para complementar os estudos.

A escola para jovem precisa ter um espaço com possibilidades de oferecer ampla diversidade de atividades escolares, sociais e recreativas. Segundo Gimeno a escola deve proporcionar ao jovem todo apoio para que ele possa superar suas necessidades advindas das suas condições sociais e econômicas que interferem no processo ensino aprendizagem deles.

Só para citar um exemplo, se o jovem não possui um computador em casa, e o trabalho do professor é uma pesquisa, como esse aluno vai fazer esse trabalho?

Então a escola precisa estar aberta para acolher esse jovem carente de aporte tecnológico necessário que os professores utilizam como ferramenta para contribui com a compreensão dos conhecimentos científicos úteis para contextualizar o mundo, facilitando o entendimento dos conteúdos disciplinares da escola.

As especificidades e necessidades desses jovens são pontos fundamentais para o sistema de ensino começar a pensar novas formas, alternativas e metodologias de ensino, que possam de fato transformar o Ensino Médio em um ensino que promova a formação humanística e integral, com disciplinas e conteúdos interessantes, investigativas, provocantes e próprias para a linguagem dessa geração.

Sei que não é fácil para o professor mudar sua prática pedagógica aprendida na universidade e sedimentada na sala de aula, não é confortável rever todos os procedimentos didáticos e metodológicos de antanho e ter que reconstruir rapidamente, tudo para atender exigências do mundo em que vivemos fazendo com que a sociedade cobre novos comportamentos, conhecimentos e habilidades que vão requere um outro modo de ensinar e aprender da escola.

Como sabemos, as necessidades contemporâneas são referenciais que norteiam a trajetória social de nossos jovens, e como a escola é o espaço onde essa construção é preparada, então, não podemos deixar o ensino que eles precisam sendo praticado ainda nas antigas aulas expositivas do professor ou de leitura do Livro Didático.

Parece que não, mais ainda temos professores utilizando dessa prática ou só essa, não quero dizer que essas metodologias não devem ser utilizadas, só que, hoje temos um universo de possibilidades, alternativas de inovações pedagógicas que podemos usar para tornar o assunto da aula mais significativo.

Penso que o Ensino Médio merece estudos mais profundos quanto ao seu currículo de ensino, quanto à atuação docente, assim sendo, faz-se necessário atitudes mais contundentes por parte do Estado, vejo que ao incentivar a implementação do Projeto Político Pedagógico da Escola de modo que a escola entenda que o projeto é um processo que precisa ser construído pela via da discussão coletiva do currículo de ensino de forma participativa, e a relação dialógica pode ser o norte da sua elaboração e que as ações planejadas sejam factíveis, assim sendo, podemos rever a escola que temos para termos a escola que precisamos.

O Ensino Médio que estamos oferecendo não está ainda na sua plenitude, os índices mostram que há problemas estruturais que apontam a urgente necessidade de mexer nas entranhas da escola para promover um ensino mais significativo onde os conceitos estudados na escola própria sirvam para a vida eles, ou seja, que apresente um currículo de ensino que estejam articulados com a vida com o mundo do trabalho, com o trabalho além de abordar os clássicos conteúdos da formação geral.

Como está o ensino de quem ensina?

Ao avaliar o ensino superior no país o MEC está fazendo o que é de fato sua obrigação, mesmo porque, dentre as diversas competências está é de fundamental importância para a sociedade, uma vez que avaliar e regular as instituições de ensino superior do país, tanto pública como privada, são ações obrigatórias legalmente, e servem também, para delinear Políticas Públicas Educacionais que possam atender as demandas sociais emergentes e necessárias para o universitário brasileiro, este, que acredita estar fazendo um ensino superior de qualidade.



Para avaliar e regular as instituições formadoras o Ministério precisa ser mais rigoroso no momento de autorizar e regulamentar os cursos, em especial as licenciaturas, considerando que é o próprio órgão que concede a liberação para funcionamento.



Os cursos de licenciaturas, habilitação para docentes, estes, não estão mais respondendo às inovações do campo educacional, os acadêmicos saem das universidades com dificuldade de articular teoria e prática, com dificuldade de transformar os conceitos científicos em saberes pedagógicos, com carência de conteúdos escolares específico de sua disciplina, ou seja, se o estudante faz licenciatura em física, cujo componente curricular é um conjunto de disciplinas focadas para o bacharelado em física, assim sendo, o tempo para as disciplinas pedagógicas fica reduzido para cumprir uma matriz curricular para 4 anos e ou 3 anos.



Quando esse licenciado chega à escola da rede estadual de ensino, o mesmo, não recebe nenhuma formação continuada para conhecer o sistema estadual de ensino, a política educacional, as orientações curriculares, como também, não sabe em que etapa ou modalidade de ensino vai trabalhar , vai para o enfrentamento da gigantesca estrutura escolar, da sala de aula, da comunidade escolar, da convivência conjunta com seus pares, e ainda , com a responsabilidade de lida com competência no seus afazeres pedagógicos.



Entendo que a Avaliação Institucional é necessária, mas, há necessidade de mais orientação, assessoramento técnico por parte do Ministério, para não deixar chegar ao ponto de ser suspenso o curso e causar riscos de investimento para o estudante, sem garantias, no caso das privadas, eles são refens da qualidade do ensino.



Só para citar um exemplo, no Estado/MT temos instituições de ensino superior que colocam 100 (cem) alunos em uma sala de aula, isso é inviável, a aprendizagem fica a desejar, com certeza.



Sabemos que com esse elevado número de alunos na sala de aula, o professor tem dificuldade de ministrar sua aula, por outro lado ele fica apreensivo com a avaliação de desempenho, uma vez sendo insuficiente o seu trabalho, a perda do cargo com certeza vai acontecer.



Por outro lado, as instituições formadoras recebem alunos que chegam do Ensino Médio e trazem em sua bagagem de saberes, dificuldades em relação aos conhecimentos necessários para acompanhar esse novo nível de ensino, o superior, chegam com déficit de conteúdo e de aprendizagem, alguns, ou seja, muitos, não conseguem interpretar um texto, lêem com muita dificuldade.



Não podemos culpar apenas as instituições formadoras, as deficiências da escolarização estão em todas as etapas e níveis de ensino. Só tem um detalhe, essa ainda é a nossa mais pura realidade.



Com diz Dr. Gabriel Novis, ex-secretário de educação “a educação é uma tragédia”, estamos constantemente procurando culpados, onde estão as deficiências, porém pouco estamos resolvendo os problemas educacionais, apesar dos hercúleos empenho dos gestores da educação.