quarta-feira, 2 de abril de 2014

CUJO OU ONDE?

Por Thaís Nicoleti
 
O leitor Emanuel Jackson traz uma questão sobre o emprego do pronome relativo “cujo”. O trecho apresentado por ele, extraído de prova de concurso, é o seguinte:

Eles também mencionaram a importância do esforço conjunto que está sendo feito pelos TCs, cujo objetivo é traçar um diagnóstico sobre a gestão sustentável de zonas de preservação da floresta amazônica, estudando e analisando as principais ações do governo para a proteção do patrimônio ambiental…

Pergunta ele se haveria prejuízo da correção gramatical e do sentido original do texto caso se substituísse “cujo” por “onde o” e qual seria a função desse “onde o” na frase.

Em primeiro lugar, cumpre relembrar o emprego do pronome “cujo”, que estabelece com o antecedente relação de posse. Nas palavras de Celso Cunha e Lindley Cintra (“A Nova Gramática do Português Contemporâneo”), “cujo é, a um tempo, relativo e possessivo, equivalente pelo sentido a do qual, de quem, de que”.

No fragmento acima, o pronome pode relacionar os substantivos “esforço” e “objetivo” ou “Tribunais de Contas” e “ objetivo” (“o esforço cujo objetivo”, ou seja,  “o objetivo do esforço”; “os TCs, cujo objetivo”, ou seja, “o objetivo dos TCs” ). Essa equivalência nos dá uma pista para descobrir a função sintática do relativo “cujo”: o pronome substitui “do esforço” no sintagma “objetivo do esforço” ou “dos TCs” no sintagma “objetivo dos TCs”, logo exerce a função de adjunto adnominal, a mesma função exercida pelas referidas locuções.

Por estabelecer necessariamente a relação de posse entre dois substantivos (a moça cujos olhos = os olhos da moça; o rapaz cuja mãe = a mãe do rapaz), cujo sempre exercerá a função de adjunto adnominal.

O advérbio relativo “onde” equivale a “o lugar em que, no qual”. O termo aplica-se a lugares, portanto seu antecedente deve ser um nome que indique lugar (o país onde nasceu = o país no qual nasceu; a empresa onde trabalha = a empresa na qual trabalha) ou mesmo um advérbio de lugar (ali, onde nasce o sol = ali, no lugar em que nasce o sol). Sua função sintática é sempre a de adjunto adverbial de lugar.

O objetivo da questão proposta no concurso talvez fosse mostrar que o relativo “onde” retomaria TCs (Tribunais de Contas) como lugar em que alguma coisa tem existência, o que, a meu ver, alteraria o sentido original do texto, pois estaria sendo dito que os TCs são lugares onde [existe] o objetivo de traçar um diagnóstico sobre a gestão sustentável etc. Tal objetivo, como se depreende do contexto, está relacionado ao esforço conjunto que vem sendo feito pelos TCs. O objetivo desse esforço conjunto feito pelos TCs é traçar um diagnóstico sobre a gestão sustentável etc.

Note ainda que, para empregar “onde o”, aceitando o fato de que o sentido da mensagem se modificaria, seria necessário fazer algumas alterações no texto original. Não se construiria um texto assim: “… esforço feito pelos TCs, onde o objetivo é traçar um diagnóstico…”. Para que fosse cabível o emprego do “onde”, teríamos algo assim: “… esforço feito pelos TCs, onde existe o objetivo de…”.

É provável que a pergunta do exame tenha nascido da percepção de que o advérbio relativo “onde” tem sido usado com muita frequência nas mais variadas situações, como uma espécie de “articulador universal”, enquanto o pronome “cujo” tem sido escanteado por muita gente. Vale reforçar que cada um deles tem seu uso.  O manuseio seguro das formas contribui muito para a clareza e a fluência do texto.

O Bom Educador


 
Por Cândida Moraes e Marta Leonora Bernardelli

O que mais nos coloca em “xeque” é a prática pedagógica e o grupo social em que percebemos o nosso trabalho. Para ser um bom profissional em qualquer área de atuação devemos nos dedicar, gostar do que desenvolvemos e lidar com o ser humano, em formação dentro da diversidade cultural e econômica das sociedades, se torna um desafio ainda maior.
A ampliação do papel do educador começa com a necessidade de que não se perca o interesse de sempre querer aprender, característica encontrada nos verdadeiros “mestres”, educadores que se reconhecem como sujeitos que aprendem quando ensinam, buscando sempre refletir sobre suas práticas.  Se o educador tinha como papel principal ser o responsável pela transmissão dos saberes, agora ele precisa assumir o papel de mediador, orientador, promovendo discussões e estimulando a reflexão sobre as informações obtidas em todas as formas de recursos disponíveis na sociedade.
É fato que os tempos mudaram. O bom educador não é mais o mesmo de antes. Transformou-se em um profissional que necessita estar em sintonia com a nova realidade em diferentes ambientes escolares. Surge então o novo educador, o que apresenta radicalmente um perfil bem distante do perfil tradicional. Não vamos longe para lembrar que os alunos atualmente se comportam de maneira mais ativa, são mais ativos, pois estão mais conscientes do longo caminho de aprendizado e entendem a importância de sua participação na busca do conhecimento.
O novo perfil do bom educador  deve estar pronto para percorrer as disciplinas de forma a observar e receber as novas ideias, e ter a visão do que se quer e o que a tecnologia consente alcançar. Ser colaborador, ser líder com metas e objetivos claros, assumir riscos, render-se ao conhecimento dos educandos, absorver experiências e adaptar-se a mudanças de cenários são atitudes que hoje fazem parte desse novo perfil. E quais seriam as características da aula do bom educador?
A aula é vista como potencializadora da interação entre sujeitos, uma oportunidade de troca de ideias troca de ideias, de experiência, de muita leitura por parte do aluno, interação escrita, flexibilidade quanto ao estudo, maior responsabilidade e disciplina do discente. Mais ainda é interesse e organização do aluno; autodisciplina, ter ao seu alcance a diversificação e atualização do material didático, sobretudo, constituir-se no acompanhamento, motivação e preparo do professor. Não devemos esquecer que, em resumo, a aula é um sistema aberto, flexível, com práticas individuais e coletivas, que respeita o ritmo de trabalho de cada um. Uma construção assim perpassa por uma atuação mais ativa no processo educativo e vão além das condutas reducionistas.
Devemos nos entender como elementos fundamentais na formação de nossos alunos que experimentam conosco não somente o conhecimento formal, mas também os ensinamentos de respeito, responsabilidade, socialização, entre outros tão ou mais importantes. As demandas sociais não podem transformar o educador em um profissional sem paixão pela sua profissão, sem respeito pelos seus colegas ou instituição que representa.
O educador que trabalha pela excelência traz em sua prática não só o conhecimento adquirido nos assentos da faculdade e livros didáticos. Se constitui na troca de informações com os colegas, o planejamento das ações de trabalho, estudos constantes e a crença de que o aluno é capaz de aprender. Ao novo educador cabe então a tarefa de reescrever o conceito de profissional da educação. Por fim, um excelente educador não é um ser humano perfeito, mas alguém que tem serenidade para se esvaziar e sensibilidade para aprender (Augusto Cury).

Aposentar


Aposentar é arriscar desfalecer e retornar na criação de si mesmo, agora mais experiente e também mais livre. Aposentar é renovar espaços de ação na própria vida.

Para aposentar é preciso se despedir do que acabou. Fechar o tal ciclo que tantos falam, colocar o ponto final naquilo que já cumpriu seu papel, esgotou a função e caminhar para novos parágrafos e vírgulas do texto da sua vida.

O que viveu estará eternizado nos recônditos do seu tempo interno e os finais são necessários para alcançarmos a eternidade desse tempo vivido. A porta estará aberta para sempre irem e virem àqueles que viveram na sua história, mas a experiência, a presença deixada lá terminou.

Aposentar é reconhecer que somos únicos e que se nascemos é porque algo de muito importante temos para realizar nesse mundo. É ter certeza de que seu caminho nesse planeta tem relação direta com seu trabalho. É acreditar que realiza seu trabalho da melhor forma possível e da maneira mais dedicada que pode.

Aposentar não é ficar parado sem nada para criar, fazer ou produzir; ao contrário, é ter coragem de dar um breque na vida, olhar em volta e pensar, reformular, reorganizar e dar partida para o novo.

Só se aposenta e fica murcho na vida quem se aposentou sem chegar ao fim. Se, chegou ao fim, não há saída a não ser aposentar para renovar seu ciclo, recriar a própria vida e reinventar o próprio trabalho. Aposentar é agradecer todas as oportunidades de crescimento, de convívio e de diversificados relacionamentos que encontrou em todos os anos de trabalho.

Aposenta quem reconhece ter se confrontado com as muitas facetas do ser humano. As sombras, a discórdia, a inveja, a arrogância, as mentiras, as vaidades, as injustiças assistidas ou vividas e também a luz, a amizade, o carinho, a confiança, a solidariedade, a generosidade, o apoio, o incentivo e percebe que construiu ali, junto a todos, uma história para ser contada e lembrada.

Aposentar é agradecer a todos que cruzaram seu caminho de um modo ou de outro, da forma que puderam, tornando tudo importante. É acolher a contribuição inestimável que trouxeram para sua alma. Afinal, como diz Terêncio, o pensador: "Sou humano e nada do que é humano me é estranho".

Aposentar é desejar do fundo do coração que a convivência no dia-a-dia com as nossas sombras e a nossa luz possa dar a todos a dimensão humana que nos alcança numa grande rede de aprendizagem.

Aposentar é quando você deu tudo, a sua última força, sem negar, sem embromar e no ano seguinte não estará mais lá e, sim, aqui e acolá.

Portanto, prossigo, não finalizo. Interrompo o que se esgotou, anulo a falta de perspectiva, nego o tempo que já passou, desprezo o desânimo. Eximo a minha ausência no mundo e continuo exercendo a única coisa que tenho para oferecer sempre: VIDA!

Compartilho experiências, multiplico habilidades, exerço meus inúmeros talentos e descubro outros, trabalho meus domínios, estudo, pesquiso, aprimoro. Percebo o que arde, o que queima no meu coração. Aquilo que surge límpido do seu peito.

Descubro onde minha fé se enraizou e planto ali, seguro e confiante, meu trabalho de continuar no mundo com a idade que tiver.

Assim, me aposento, assim prossigo, assim sou...

Obrigada por ter feito a minha história se tornar melhor, absoluta e verdadeira...

Elena Roque de Souza Almeida elenaroque2@hotmail.com

Respeito é bom e eu gosto!


Por Cândida Moraes
Profª Esp. em Língua Portuguesa

“Respeito é bom e eu gosto!” –  um ditado popular que impõe um tom agressivo ou defensivo? Não vem ao caso. Respeito sempre foi bom e todos gostam.  O que era antes um valor ensinado como parte da educação vinda de nossos pais, hoje é raridade nas atitudes das pessoas. Seja aqui, ali na esquina, no trânsito, no trabalho, nas escolas. Em espaços públicos presenciamos constantemente cenas onde as pessoas reagem de forma negativa a alguma atitude alheia. Não há postura de tolerância nem de entendimento em relação ao erro do outro. Bom seria se tivéssemos a compreensão de que somos responsáveis por um ambiente de respeito mútuo.

Mais que antes, precisamos da educação do respeito que começa e se molda essencialmente em casa. Pais que não proporcionam um ambiente de respeito não podem exigir de seus filhos posturas respeitosas. Agrava-se mais quando filhos, que não têm atitudes positivas para com os pais, não sabem sequer respeitar quem está lá fora. 

Quem deve ensinar aos filhos posturas respeitosas? A escola, a vizinhança, a sociedade? Os pais são responsáveis pela educação de seus filhos e pelos limites que impõem. Entenda-se aqui a ideia de limite como um processo de formação da personalidade dos filhos que envolvem, além dessa conduta, valores éticos que podem ser transmitidos e capazes de ajustar seus comportamentos à interação com o coletivo, obedecendo a regras básicas de convivência. Sem deixar de lado que agregada a esta realidade está o fato de que as relações fora de casa também influenciam nas atitudes.

É verdade que não há manual que traz orientações de como lidar com relações afetivas. Não há como ensinar atitudes de respeito através de teoria, mas há possibilidades de rever ações já que os filhos são o reflexo dos pais. Chega uma hora que não devem mais dar desculpas quando o assunto é a prole. Falta de tempo - tudo é sempre muito corrido - ocupação com o trabalho, lides domésticas corporificam e sustentam um discurso que tolhe cada vez mais aquela “pausa” para olhar os filhos com compreensão e atenção. Aspectos fundamentais para que se desenvolvam com autoestima e amor próprio elevados.

O hábito do respeito tem de ultrapassar a porta de casa sob a forma de continuidade em um segundo ambiente a ser lembrado, o escolar.  O professor tem muita importância em relação a essa continuidade como exercício que condiz com a disciplina e a liderança no ambiente de estudo.  Ainda nesse espaço, com a presença do educador atento, observador, que perfis podem ser identificados como reprodução do que veem, ouvem e assimilam cotidianamente. Alguns traduzem o quanto os pais não conseguem lidar com o diálogo e limites justamente porque não se dão conta que têm grande responsabilidade pelo comportamento dos filhos.

Outra questão é que não deve haver intolerância onde se promulga educação como regra de conduta. Educadores que excedem sua autoridade não podem esquecer que a interatividade dialógica entre aluno e professor passa sumariamente pelo respeito. Se este é uma via de mão dupla, não descarregue seus problemas particulares, suas neuroses nos alunos. Uma postura agressiva e desrespeitosa assim prejudica o equilíbrio da aprendizagem, diga-se de passagem, também o torna vulnerável a uma educação de troca: “Eu respeito, se você me respeitar!”.

Um exemplo vale mais que palavras e há ser positivo sob a forma de exercício constante. A conduta dos pais e de educadores deve ser coerente ao verbalizar o que se apregoa como correto àquilo que se faz. Não peça calma aos filhos, se você a solicita aos gritos. Quem respeita não negligencia regras. Quem exige respeito deve ter bem claro o conceito e o hábito dessa virtude. Afinal, o ato de respeitar não possui limites por excesso.


MT - Estudantes do CEAADA produzem documentário em libras


O aniversário de Cuiabá, o período da Páscoa, assim com os impactos gerados pelos jogos da Copa do Mundo serão temas de documentários a serem produzidos, em libras, pelos 130 estudantes do Centro Estadual de Atendimento e Apoio ao Deficiente Auditivo (Ceaada) Professora Arlete Pereira Migueletti, em Cuiabá.  

“A proposta atende ao anseio dos estudantes, que nem sempre conseguem o acesso às informações sobre o que está acontecendo a sua volta”, explica a intérprete Mariléia Nunes de Oliveira.

Um resgate histórico, assim como uma avaliação quanto ao cenário  socioeconômico e cultural da Capital serão temas da primeira edição do projeto para 2014, que abordará o aniversário de Cuiabá. O documentário será apresentado em 50 minutos e possibilitara aos  estudantes conhecerem pontos turísticos da cidade.

Temas atuais como os impactos gerados pela Copa do Mundo bem como a cultura dos times visitantes serão abordados pela equipe. A  produção do material terá início a partir do final de abril. “A curiosidade é normal. Eles querem saber de tudo e é nesse espaço que questionam, buscam respostas”. A gravação de aulas em vídeo foi uma estratégia pedagógica implementada que tem alcançado bons resultados. “É um estímulo no processo de ensino aprendizagem”, conta. 

A experiência com aulas gravadas  desenvolvida pelo Ceaada teve início com uma  ação  pioneira na região Centro-Oeste desenvolvida a partir de 2013,  com o emprego de um instrumento de avaliação confeccionado totalmente na Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Os exames são elaborados considerando três momentos: o primeiro é a construção das atividades em Língua Portuguesa. Na sequência, o material é enviado à Coordenação Pedagógica que avalia as questões e, quando necessário, rediscute o projeto com o educador responsável.  A terceira fase é a gravação do conteúdo e edição das imagens por uma equipe constituída por um técnico em informática, um instrutor surdo e um intérprete. Mediante a finalização do processo, o material é apresentado às turmas.

Atuação O Ceaada é uma unidade de referência no processo de atendimento ao estudante surdo e oferta atendimento em período integral a cerca de 130 estudantes, matriculados no Ensino Fundamental e na Educação de Jovens e Adultos (EJA). São cerca de 60 profissionais, entre educadores, equipes multidisciplinar (fonoaudiólogo, psicólogo, piscopedagogo, assistente social) em atuação.

Patrícia NevesAssessoria Seduc-MT

MT - Encontro debaterá segurança nas escolas de Cuiabá


Com objetivo de buscar um ambiente escolar mais seguro o Comando Regional da Capital, com a parceria das Secretarias de Estado de Educação (Seduc) e a de Segurança Pública (Sesp), realiza quinta-feira (03.04),  das 14h30 às 16 horas, no auditório da Seduc, a “Reunião Técnica sobre Policiamento no ambiente escolar em Cuiabá”. O evento terá a participação do Comando Regional I, Batalhões e Companhias da Polícia Militar de Cuiabá, além das escolas estaduais e assessoria pedagógica da Capital

O encontro debaterá o policiamento e estabelecerá estratégias de trabalho integrado de educação e segurança pública com foco em um ambiente escolar mais seguro. Na oportunidade, gestores das escolas e Polícia Militar apresentarão os resultados da “Operação Volta às Aulas”, que foi desencadeada em 17 de março. A operação  consistiu na recepção aos alunos e orientação de toda comunidade escolar na prevenção de crimes.

Os representantes da rede estadual de educação da Capital também poderão expor solicitações, apresentar a realidade da comunidade escolar e obter dicas de segurança para repassar aos estudantes. Outras informações pelo email james@pm.mt.gov.br.

ALINE MARQUESAssessoria/Seduc-MT

Seduc - MT Autistas devem frequentar a escola


A inclusão de crianças e adolescentes autistas rede de ensino tem sido uma das melhores maneiras de proporcionar a socialização e o desenvolvimento delas. Esse é o entendimento de João Capistrano, presidente da Associação de Amigos de Autistas de Cuiabá (AMA), pai de um autista de 25 anos. Em Mato Grosso, segundo a gerente de Educação Especial na Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Nágila Zambonato , a política de inclusão está fortalecida, registrando atualmente cerca de  50 autistas matriculados nas escolas estaduais. A ampliação do atendimento depende da demanda e para isso é preciso que os pais e ou responsáveis reconheçam a importância da socialização e matriculem as crianças em unidades de ensino.

Para João Capistrano muitos autistas conseguem se desenvolver se tiverem incentivos e oportunidades. Ele confirma que alguns inclusive conseguem independência. “Presencio depoimentos da felicidade de pais os quais os filhos  autistas voltaram a falar. Hoje não existe escola especializada para atender autistas, por isso, a inclusão tem sido uma das melhores formas para o desenvolvimento”, diz.

A psicopedagoga do Centro de Apoio e Suporte à Inclusão da Educação Especial (Casies), Ângela Alves, há oito anos realiza trabalhos e estudos referentes ao autismo. Segundo ela, esse é um dos transtornos mais difíceis de lidar. Ela relata que quando começou a atuar poucos lugares atendiam autistas. Ângela frisa que hoje ainda existe uma carência por parte de profissionais específicos como fonoaudiólogos e psicólogos que atuem nesta área, mas afirma que já se avançou com a inclusão.

“Muitos autistas conseguem a interação e a socialização. Há muitos casos de autistas que estão em creches e escolas e estão dando certo. A parceria entre família e escola é importante . A criança não pode ficar isolada, todos tem direito a inclusão. É necessário que a família busque essa ajuda, pois um dia o autista vai precisar caminhar com suas próprias pernas. Existem muitas crianças com potencialidades e que não há desenvolvem por falta de estímulos”, diz.

A estimativa segundo presidente da AMA é que em Cuiabá e Várzea Grande existam pelo menos dois mil autistas. Capistrano afirma ainda que muitos pais ainda não entendem a importância de buscar ajuda aos filhos. “É importante ressaltar que os pais também precisam buscar ajuda, pois a família sofre também”, disse.

Como uma forma de fortalecer a necessidade de inclusão durante esta semana (31.03 a 04.04) o Casies, órgão da Seduc, realiza um curso voltado para o tema.  Psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais estão responsáveis por orientar cerca de 50 pessoas, entre elas familiares e professores. A ideia é levar mais informações sobre o autismo, como lidar, como  intervir na sala de aula, entre outros.

Hoje,  02 de abril é comemorado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo . O autismo é um transtorno se caracteriza por alterações qualitativas na comunicação, interação social e desenvolvimento. Para os pais de autistas que precisarem de mais informações sobre atendimento e inclusão escolar entrar em contato com Casies pelo telefone (65) 3322-5514.

ALINE MARQUESAssessoria/Seduc-MT

terça-feira, 1 de abril de 2014

A escola do seu filho fala inglês?

Cíntia Maria Falaschi Pereira - atendimento@sejaetico.com.br
Suporte pedagógico de língua inglesa do Ético Sistema de Ensino, da Editora Saraiva.

Ensino de inglês: este é um tema que certamente vem fazendo – e fará cada vez mais – parte das preocupações de quem trabalha com educação no futuro próximo. As famílias começam a acompanhar mais de perto o trabalho realizado e os resultados do ensino de inglês. Pode ter certeza: a pressão vai aumentar.

Há muitas razões para isso. Um conjunto de fatores, como a globalização acelerada, a derrubada de fronteiras e territórios provocada pela comunicação on-line, a demanda dos negócios internacionais, a inclusão crescente de cidades brasileiras em roteiros planetários de moda, esportes, música – tudo isso vem tornando o inglês muito mais do que um verniz cultural. Trata-se de um prerrequisito verdadeiro para a inserção na cultura contemporânea.

Bem, e o que a escola tem com isso? Tudo! Preparar para a vida, para o mundo, para o trabalho, qualquer que seja o nome que se dê à missão da escola, agora também implica formar jovens proficientes no uso do idioma no qual é fechada a imensa maioria dos negócios internacionais e se produzem 90% dos papers científicos.

O problema é que até hoje os colégios se limitaram a um protocolar ensino de inglês, sem qualquer aferição de qualidade. Raríssimas são as escolas que estimulam seus alunos a buscar certificados de proficiência reconhecidos, como o PET (Preliminary English Test) ou o FCE (First Certificate in English), ambos de Cambridge, até porque sabem que os objetivos do trabalho realizado são mesmo pouco ambiciosos, do ponto de vista acadêmico.

Agora, a dinâmica do mundo não permite que isso continue assim, e o inglês tende a se tornar tão valorizado quanto as demais disciplinas do currículo escolar. O mesmo acontecerá também na rede pública, só que em um ritmo mais lento, claro.

Não é possível mudar esse quadro do dia para a noite, mas é hora de começar. Escolas que oferecem bom ensino de idiomas são aquelas que conseguem incorporar um pouco da cultura de outros países em nossa própria cultura, que produzem vivências, situações práticas e significativas para os alunos. É preciso formar equipes afinadas, estabelecer objetivos, integrar o inglês ao projeto pedagógico e dedicar efetiva prioridade ao tema, hoje relegado a um espaço menos nobre na grade horária.

É tempo de começar a pensar neste assunto, que pode enriquecer a escola do ponto de vista cultural e vir a se tornar até mesmo um interessantíssimo diferencial competitivo.

Para lembrar: Ensino médio é gargalo no País

Dificuldade para melhorar índices de desempenho educacional não é exclusividade de São Paulo: se repete em todo País 
 
SÃO PAULO - A dificuldade para melhorar os índices de desempenho educacional no ensino médio não é exclusividade do Estado de São Paulo. O diagnóstico se repete em todo País e especialistas apontam problemas similares até mesmo em outros países.

O Censo da Educação Básica, divulgado mês passado pelo Ministério da Educação (MEC), mostrou que o País ainda não conseguiu avançar na barreira em que se transformou essa etapa. O levantamento mostrou queda no número de alunos matriculados no País, ao mesmo tempo em que há cerca 1,5 milhão de jovens que deveriam estar no ensino médio e estão fora da escola.

No último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o ensino médio da rede pública do País ficou estagnado em 3,4 - a meta é chegar a 5,2 em 2021.

Currículo engessado, com 13 disciplinas obrigatórias, e pouca atratividade para o jovem são apontados como os principais problemas. O MEC tenta articular mudanças com as secretariais estaduais e lançou neste ano programa de bolsas de formação para os cerca de 500 mil professores dessa etapa.

Ensino médio tem queda de qualidade em SP e fundamental fica estagnado

Dados obtidos com exclusividade pelo 'Estado', após vazamento de resultados das escolas no site do governo, mostram que o Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo do 3º ano caiu de 1,91, em 2012, para 1,83 no ano passado
 
SÃO PAULO - O Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp), que mede a qualidade do ensino nas escolas da rede estadual, caiu em 2013 no ensino médio - depois de leve melhora no ano anterior - e ficou estagnado no 9.º e último ano do fundamental. As duas fases são consideradas grandes gargalos da educação pública. Nas primeiras séries do fundamental (1.ª a 5.ª), o índice manteve o ritmo de melhora dos últimos anos e voltou a subir.

Os dados foram obtidos com exclusividade pelo Estado, depois que resultados das escolas vazaram no site da Secretaria de Estado da Educação. Após questionamento de professores que tiveram acesso às informações, a pasta retirou os dados do ar. A secretaria não confirmou os números, razão pela qual não comentou o desempenho da rede. O governo não tem data para divulgação oficial dos índices do Idesp.

Os piores resultados são do ensino médio, etapa em que o maior número de escolas é de responsabilidade da rede estadual. O índice caiu de 1,91, em 2012, para 1,83 no ano passado. Praticamente no mesmo patamar há pelo menos três anos, o índice havia subido em 2012 (veja quadro acima) - fato que foi comemorado pelo Estado e por especialistas em educação. A meta é que a nota no ensino médio chegue a 5 em 2030.

Já no ciclo 2 do ensino fundamental (6.º ao 9.º ano), o Idesp permaneceu em 2,50, mesmo nível obtido no ano anterior. Apesar de não ter caído, o índice dessa etapa ainda preocupa, já que houve queda entre 2011 e 2012. A meta a longo prazo, para 2030, é alcançar nota 6 nessa etapa.

A boa notícia fica por conta dos anos iniciais do ensino fundamental (1.ª a 5.ª séries). Segundo os dados do Idesp, o ciclo manteve o ritmo de crescimento registrado nos últimos anos. Passou de 4,24, em 2012, para 4,42 em 2013 - a meta é de 7, também até 2030. Apesar da melhora, a maioria dos alunos nesse nível de ensino é de responsabilidade das prefeituras. No ciclo 2, boa parte já está em escolas estaduais.

Tendência. O Idesp é calculado a partir do fluxo escolar e das notas nas provas de Português e Matemática do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp). As notas médias das avaliações nas duas disciplinas também não foram divulgadas pela pasta (mais informações nesta página).

Para a diretora do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, o que mais preocupa não é a queda no ensino médio. "O mais grave é a oscilação do índice no patamar muito baixo há muitos anos. A gente esperava resultados melhores pela gestão que vem sendo feita", afirma. Ela chama a atenção para a proporção ainda alta de alunos de ensino médio no período noturno. Quase metade dos estudantes da rede nessa etapa frequenta a escola à noite.

Priscila aponta o ensino integral como uma possível solução para a rede pública. "O Estado ficou durante muito tempo sem ter projeto de educação integral do ensino médio. Até que tenha um número que impacte na média, vamos precisar de muito mais escolas em tempo integral", completa. Desde 2011, início da atual gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), o Estado de São Paulo tem um novo modelo de ensino integral voltado para o ensino médio que já atingia, no ano passado, quase 50 escolas.

A pesquisadora Paula Louzano, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), diz que sem os dados do Saresp do ano passado é difícil entender o que explica o desempenho das escolas estaduais no Idesp, mas os resultados anteriores e de avaliações federais mostram que a dificuldade não é só no ensino médio. "Como se entende a educação como ensino acumulativo, a gente observa que os problemas já aparecem fortes na última etapa do ensino fundamental", diz ela. "Em termos de distância da meta, o médio é pior, mas é (nessa etapa) que as deficiências acumuladas deságuam."

Ideb. Na última edição, de 2011, do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), indicador do Ministério da Educação (MEC), o ensino fundamental da rede estadual de São Paulo ficou estagnado nos dois ciclos em relação a 2009. Permaneceu em 5,4 no ciclo 1 e em 4,3 no ciclo 2. Já no médio, o Ideb apontou avanço da rede, passando de 3,6, em 2009, para 3,9 em 2011. Realizado a cada dois anos, o Ideb é calculado a partir da avaliação de Português e Matemática (Prova Brasil) e taxas de fluxo.

'Criar padrões para o ensino é a única maneira de garantir igualdade'

Michael Cohen, presidente da organização que criou os padrões curriculares americanos, afirma que maioria dos Estados adotou padrões após incentivos financeiros
 
Há três anos os Estados Unidos colocaram em prática uma revolução no ensino básico. Após receberem incentivos financeiros do governo do presidente Barack Obama, quase todos os Estados do país implementaram uma reforma das suas bases curriculares, o que padronizou o ensino no país. Hoje crianças, pais e professores sabem exatamente o que se espera deles em 46 unidades federativas do país - a exceção fica por conta de cinco Estados que não aderiram à padronização: Alaska, Minnesota, Virginia, Texas e Nebraska.

Capitaneada pela Achieve, uma organização sem fins lucrativos, após a constatação de que os jovens americanos chegavam despreparados à universidade, o Common Core State Standards foi elaborado sem a participação do governo federal e com base em cinco pilares: direitos civis, transparência para pais, alunos e professores, concisão do conteúdo, competitividade para os estudantes no mercado global e colaboração entre os profissionais de educação. "A Constituição garante educação igual para todas as crianças, e criar padrões nacionais é a única maneira de atingir essa igualdade", explicou Michael Cohen, presidente da Achieve desde 2003, em entrevista ao Estado.

No Brasil, cada Estado e município tem autonomia para definir seu próprio currículo. No entanto, o debate sobre padrões curriculares nacionais ganhou força por aqui nos últimos cinco anos e o tema das bases curriculares definitivamente entrou na agenda do País. Confira a seguir os principais trechos da entrevista com Michael Coehn.

Qual a importância de criar padrões curriculares para a educação básica?

Cohen - Acredito que seja importante por diversos motivos. Primeiramente, porque a Constituição garante educação igual para todas as crianças, e criar padrões nacionais é uma maneira de atingir essa igualdade. Padrões oferecem uma definição de qualidade que é importante. Além disso, nos Estados Unidos nós passamos de 50 padrões curriculares diferentes para apenas um. Quando você se propõe a criar um que será adotado nacionalmente, consegue atrair os melhores recursos intelectuais do país, as melhores ideias para criar algo com muita qualidade. Então o que temos hoje é significativamente melhor do que o que os Estados tinham antes.

Na prática, qual a diferença entre padrões curriculares estabelecidos pelos Estados e padrões curriculares nacionais?

Cohen - No Estados Unidos, há 20 anos, os Estados começaram a desenvolver seus padrões curriculares com diferentes expectativas, pois não havia um consenso sobre como deveria ser a preparação dos estudantes. Agora nós temos um padrão comum. Não importa em que Estado você esteja, as expectativas de aprendizagem são as mesmas. Se a sua família se muda com frequência, se você é um militar que tem que se mudar para servir ao país, por exemplo, você pode ter certeza de que o seu filho vai passar pelo mesmo processo de aprendizagem.

Como a população em geral recebeu o Common Core?

Cohen - Em geral, positivamente. Primeiro porque, se você fizer pesquisas e consultar pais, pagadores de impostos ou qualquer pessoa sobre se o que se espera dos alunos em matemática e inglês deve ser o mesmo em todos os Estados ou se deve variar de New Hampshire para Nova York, a resposta será "deve ser o mesmo em todos os lugares". Então, sob esse ponto de vista, a ideia foi muito bem recebida. Mas pesquisas recentes mostram que a maioria dos pais e dos eleitores não conhece o Common Core, não sabe exatamente do que se trata.

E os professores?

Cohen - Quando eles leem os padrões e descobrem o que se espera que eles ensinem e o que se espera que as crianças aprendam, eles respondem muito positivamente. É justamente o que eles acreditavam que fariam quando decidiram ser professores. Então temos uma resposta positiva dos professores também. É claro que existem críticos, mas a maioria recebeu o Common Core muito bem.

Por que apenas Inglês e Matemática?

Cohen - Por muitas razões. Uma delas é porque essas são as matérias que preparam o aluno para todas as outras, são disciplinas chave. Outra razão é que outras disciplinas são muito controversas. História, por exemplo, é um tema que gera um debate sem fim nos Estados Unidos. Estamos trabalhando para estabelecer um padrão curricular de Ciências, mas também é uma disciplina difícil, porque temas como o aquecimento global são muito polêmicos. Então, além da grande importância de Matemática e Inglês, podemos dizer que são disciplinas menos controversas. Tentamos ser bem sucedidos em algo antes de tentar fazer tudo de uma vez. O terceiro motivo é que procuramos alinhar com os Estados o que nossos alunos precisam saber em Matemática e Inglês para que possam ir bem na universidade, porque verificamos que essas eram as principais falhas na formação dos jovens.

Após o desenvolvimento, como foram as negociações para implementar o Common Core?

Cohen - Levamos um ano para desenvolver os padrões. Depois disso, cada Estado decidiu se o adotaria ou não. Nos primeiros três meses, 40 Estados já adotaram o Common Core, em parte porque já estavam envolvidos no processo, mas também porque o governo federal deu incentivos fiscais para quem o fizesse.
O governo federal lançou um programa chamado Race to the Top que dispunha de US$ 5 bilhões para a educação. Um dos pré-requisitos para que esse dinheiro chegasse aos Estados era justamente que eles adotassem o Common Core. Então, certamente isso ajudou a agilizar o processo. Já a implementação propriamente dita vai dos documentos até mudanças nas salas de aula e é um processo mais longo. Já se passaram três anos e acredito que precisamos de mais três para que nós realmente percebamos mudanças nas salas de aulas e na maneira de ensinar.

Por que os Estados precisaram desse incentivo financeiro?

Cohen - Não tenho certeza se eles realmente precisavam. Foi uma ideia da administração Obama para melhorar a educação no país. Eles analisaram o que seria importante e verificaram que a ajuda aos Estados seria e resolveram distribuir fundos para apoiar a adoção do Common Core. Foi uma decisão do governo federal, ainda não era parte do plano quando os Estados se dispuseram a desenvolver os padrões curriculares. Mas o certo é que, sem esse incentivo, não teríamos conseguido o que conseguimos em três meses. No entanto, acho que o mesmo número de Estados acabaria adotando no fim, então acho que o incentivo fiscal não é imprescindível. Mas, se você é governador de um Estado e tem a oportunidade de conseguir US$ 700 milhões que não estavam no Orçamento, certamente você vai tentar conseguir. Se, para conseguir o dinheiro, você tiver de adotar padrões curriculares, provavelmente você vai fazer isso.

Que tipo de dificuldade vocês encontraram durante o processo?

Cohen - Havia uma organização política que era contra o Common Core. O Tea Party decidiu se opor ao projeto, e eles são muito influentes. Eles trabalharam para que alguns Estados abandonassem os padrões. Isso atrasou um pouco as coisas, embora eles não tenham sido bem sucedidos em lugar nenhum, mas é uma batalha que ainda estamos travando. Há também alguns Estados onde a implementação envolve não apenas os padrões curriculares, mas também alguns testes e o uso dos resultados desses testes para avaliar a performance dos professores. Em muitos lugares, os professores não são muito entusiastas dessas avaliações, então há uma certa resistência a isso, o que torna a implementação do projeto um pouco mais difícil.

No Brasil, nós temos um grande debate em torno do Enem, o exame que os estudantes fazem ao final do ensino médio. Muitos críticos alegam que ele é uma "camisa de força", porque as escolas ficam presas ao conteúdo que é pedido na prova. Vocês têm esse tipo de problema?

Cohen - Sim. Nós temos uma prova que é aplicada todos os anos, no final do ano. Se os alunos forem mal na prova, algo acontece. A escola pode ter de fazer alguma reforma, o diretor pode ser demitido e os professores, substituídos. E isso significa que, em muitos casos, os professores ensinam para a prova, tentando descobrir o que será pedido, que tipo de pergunta, e treinando os alunos para responder a um tipo determinado de questão. Mas nós fizemos um esforço muito grande, que envolveu 20 Estados, para desenvolver um novo teste. A ideia é que os testes reflitam o que está nos padrões, e não o contrário.

Como isso foi feito?

Cohen - Vou dar o exemplo de Matemática. Havia uma série de tópicos, cerca de 30, 35, que podiam cair na prova, e os professores tentavam ensinar tudo aos alunos, o que era muito difícil. Na nova prova, nós diminuímos os tópicos para 15. E, desses 15, há apenas quatro ou cinco por ano que são realmente importantes. Cerca de 80% das questão são sobre esses tópicos principais e as outras 20%, sobre os outros. A mensagem para os professores é de que eles não têm de tentar ensinar tudo, que eles têm de focar no conteúdo que é mais importante. Isso torna a vida dos professores mais fácil. O teste é elaborado de uma maneira que permite ao professor focar no que é realmente importante. Então, ao contrário de o teste moldar o conteúdo, a ideia é que aconteça o contrário. É uma experiência completamente diferente.

Os professores receberam algum tipo de treinamento para aplicar o Common Core?

Cohen - Sim, mas não foi um treinamento em escala nacional. Isso depende muito do Estado e do distrito. Mas, para trabalhar com crianças e adolescentes, não basta ir a um workshop um dia depois da escola e aí você vai estar pronto para uma mudança. Um treinamento como esse demanda tempo. Então é um treinamento que ainda está acontecendo e que deve continuar acontecendo.

Alguns críticos dizem que padrões curriculares podem limitar o trabalho do professor. Como o senhor responderia a isso?

Cohen - Padrões não são a mesma coisa que prática. Vou dar um exemplo da medicina. Há procedimentos e protocolos para fazer diagnósticos e tratar as doenças, e eu não escuto muitas reclamações sobre médicos sendo impedidos de ser criativos por causa disso. É o que se espera de profissionais. Então é claro que impõem alguns limites, mas, por outro lado, há muitas maneiras diferentes de ser criativo. Os padrões dão apenas um direcionamento do que deve ser ensinado, mas como isso será feito, que perguntas serão feitas para os alunos, que livros eles terão de ler, se eles vão trabalhar individualmente ou em grupo, é o professor quem vai decidir. Ninguém determina como isso será feito. Nos Estados Unidos, nós temos padrões e avaliações desde 1990. E, desde então, nunca ouvi alguém dizendo que não há inovação e criatividade nas escolas.

Os Estados Unidos, assim como o Brasil, são um país muito grande e têm uma série de diferenças culturais e econômicas entre os Estados. Isso foi um problema?

Cohen - Foi um desafio. Não temos tantas diferenças sociais e educacionais como o Brasil, mas há muitas pessoas vivendo em comunidades pobres no Mississippi e eles não tiveram as mesmas oportunidades que as crianças que vivem nos subúrbios de Boston. Também temos diferenças. Então, quando há padrões, certamente é mais difícil para o aluno do Mississippi. Mas, por outro lado, nos Estados Unidos pelo menos, quem quer chegar à classe média, aquilo que nós conhecemos como "american dream", vai precisar estar bem preparado. O mundo é assim. Então as crianças do Mississippi precisam da mesma preparação, pelo menos nas principais disciplinas, que as crianças de Boston. A diferença é que os alunos do Mississippi vão ter de esforçar mais para alcançar o mesmo desempenho. Então claro que é difícil, principalmente porque há pessoas que acreditam que alguns alunos simplesmente não conseguem atingir determinado desempenho, mas a verdade é que com altas expectativas e o apoio adequado, todos conseguem chegar lá.

Como a tecnologia entra no Common Core?

Cohen - Nós realmente pretendemos que os estudantes sejam capazes de usar a tecnologia para aprender e se expressar, mas as particularidades da tecnologia parecem mudar a cada dois ou três meses. Então não podemos dizer que queremos que os estudantes estejam aptos a usar iPads ou tablets, porque em dois anos não sabemos se eles ainda vão existir. O que pretendemos é que eles estejam aptos a usar a mídia digital, o que estiver sendo usado no momento, e que eles sejam capazes de produzir outros tipos de apresentações, de usar a tecnologia para se comunicar e expressar as suas ideias.

'Habilidades devem estar no centro do processo de educação'

O historiador David Nicoll foi responsável por um projeto britânico de escolas que integra as competências socioemocionais...
 
O historiador David Nicoll foi responsável por um projeto britânico de escolas que integra as competências socioemocionais ao conteúdo das aulas. Hoje ele faz parte de dois grupos ministeriais de trabalho no Reino Unido, um focado em reformas na educação pós-2016 e outro em iniciativas privadas nas escolas. Ao Estado, ele falou sobre a importância das habilidades não cognitivas no aprendizado e mostrou como algumas escolas estão usando esse modelo na sala de aula.

Como podemos medir uma boa educação?
Poderíamos olhar para os níveis salariais das pessoas, padrões de emprego, ao envolvimento com o sistema de Justiça criminal, e uma série de outros fatores. Isso nos daria uma melhor indicação do sucesso do sistema do que as coisas que normalmente medimos, que são geralmente os resultados dos exames.

O sistema de notas é uma forma ruim de medir a educação?
Os resultados dos exames são um indicador útil de conhecimento e nós somos muito a favor de que eles sejam um elemento importante do sistema. Em alguns aspectos, o problema é que o debate sobre a importância de habilidades cognitivas e não cognitivas tem sido falsamente caracterizado como capacidades versus conhecimento.

É possível melhorar as habilidades não cognitivas das crianças nas escolas? Como?

Absolutamente. Em algumas escolas da Inglaterra temos um quadro de habilidades não cognitivas, que são colocadas exatamente no centro do processo de aprendizagem. Melhoras são mapeadas e esforços são feitos para promover essas habilidades. Um exemplo pode ser um projeto em que a escola está encarregada de realizar uma pesquisa de saúde na comunidade local (por exemplo, sobre fatores que levam à alta incidência de diabete). Um projeto como esse permite que a escola cubra elementos do currículo formal, mas também habilidades não cognitivas, como negociação, comunicação e capacidade de resistência.

Aluno organizado tem 4 meses de aprendizado à frente dos outros

Habilidades. Uma pesquisa inédita traduz em números o impacto do perfil emocional dos estudantes em seu desempenho escolar; os dados também revelam a importância do incentivo dos pais e como esse esforço pode superar barreiras socioeconômicas
 
A experiência indica que alunos organizados e com sede pelo conhecimento vão melhor na escola. Mas, pela primeira vez, uma avaliação em grande escala traduziu em números o impacto das competências socioemocionais (como responsabilidade, autoestima e estabilidade emocional) no aprendizado dos estudantes. Os dados ainda revelam a importância do incentivo dos pais e como esse esforço pode ajudar a superar barreiras socioeconômicas.

Um aluno com nível alto de conscienciosidade (organização e responsabilidade), por exemplo, pode apresentar em Matemática mais de 4 meses de aprendizado à frente de um estudante que tenha esse parâmetro mais baixo. Essa característica, no entanto, não é tão influente em Português. Para esse domínio, competências como o chamado lócus de controle (identificado com o protagonismo) e a abertura a novas experiências são as que fazem a maior diferença: numa distância também de 4 meses a mais de aprendizado.

Os resultados aparecem em uma avaliação inédita realizada no Rio de Janeiro com 25 mil crianças pelo Instituto Ayrton Senna (IAS) e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O estudo será apresentado hoje, em evento realizado em São Paulo. De acordo com o educador Mozart Neves, diretor de inovação e articulação do IAS, os resultados podem ser um grande "aliado" na tarefa de melhorar o desempenho dos alunos. "A partir deles, podemos estruturar uma política pública.

Essas habilidades não substituem nosso esforço em melhorar o ensino, mas podem acelerar os resultados."

Pais. Neves ressalta o resultado positivo do incentivo dado pelos pais dos estudantes. A avaliação concluiu que só esse estímulo pode diminuir em mais de 20% a diferença entre alunos com baixa e alta conscienciosidade. Esse peso é duas vezes maior do que a diferença vista nessa habilidade entre ricos e pobres, por exemplo. A escolaridade da mãe - um atributo que apresenta forte ligação com o sucesso acadêmico - tem impacto quase nulo quando se trata da questão socioemocional.

Na opinião do escritor e jornalista canadense Paul Tough, que estuda as habilidades não cognitivas na educação, é preciso garantir mais "proteção" para as crianças de origem pobre. "Em ambientes ricos, as crianças são superprotegidas das adversidades e sofrem porque não tiveram a oportunidade de superar os seus próprios fracassos. Em áreas pobres, porém, as crianças já tiveram muitas adversidades e precisam, mais do que tudo, de proteção."

Autonomia. No colégio Projeto Âncora, em Cotia, na Grande São Paulo, inspirado na Escola da Ponte, de Portugal, a postura é trabalhada desde o primeiro dia. Na escola, os alunos aprendem, entre outras coisas, a levantar a mão antes de falar e são responsáveis por definir sua agenda. "Eu que organizo meu dia, não faço tudo bagunçado. Acho que aprendo mais", conta a aluna Maria Laura Gimenes, de 10 anos.

Os estudantes decidem em assembleias as regras da escola. "O uso do celular na escola teve cinco assembleias. Discutimos se teríamos autonomia para saber qual a hora de usar e vimos que não fazia sentido trazer", diz Giulia Jacobete, de 14 anos.

Trabalhar essas competências é essencial para o projeto da escola, ancorado na busca pela autonomia dos alunos, explica a coordenadora pedagógica Edilene Morikawa. "Construímos uma tabela de evolução de atitude de cada aluno", explica ela. "Nós vemos a evolução em 13 itens, da responsabilidade à resolução de conflitos, mas sem que seja uma ordem", completa. O uso do celular na escola deve ser debatido, ainda, em nova assembleia.

Seis a cada dez professores são contra sistema de aprovação nas escolas estaduais

Levantamento feito com 2,1 mil docentes faz parte de uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira, 24, pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e o Instituto Data Popular
 
SÃO PAULO - A resistência dentro das escolas ao modelo paulista de progressão continuada, em que não há chance de reprovação em todas as séries, foi medida em números: 63% dos professores e 75% dos alunos são contrários. Entre os pais, a rejeição sobe para 94%. Os dados são de uma pesquisa do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), em parceria com o Instituto Data Popular, divulgada nesta segunda-feira, 24.

O modelo estadual passou por mudanças neste ano. O ensino fundamental agora tem três ciclos e o aluno pode repetir ao fim de cada uma das etapas: 3.º, 6.º e 9.º anos. Até 2013 a reprovação só era prevista em dois momentos, no 5.º e no 9.º ano. A alteração foi anunciada pelo governo do Estado quatro meses depois de a Prefeitura de São Paulo ter ampliado a reprovação na rede municipal. No ensino médio, a reprovação é possível em todas as séries.

O principal argumento contra o sistema é a percepção de que os alunos passam de ano sem aprender a matéria - o que é admitido por 46% dos estudantes entrevistados na pesquisa. Outras justificativas são a baixa autoridade do professor sobre a classe e a falta de esforço dos alunos. A progressão continuada foi o 2.º maior problema das escolas na opinião dos docentes, atrás apenas da falta de segurança. A pesquisa ainda mostrou que 39% dos pais e 29% dos alunos acreditam que mais cursos e atividades extracurriculares são essenciais para melhorar a qualidade da escola.

Para a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, porém, não adianta aumentar as chances de repetência sem qualificar o ensino. "Não é só reprovar ou aprovar. Junto das alterações, devemos ter um conjunto de medidas para ter desenvolvimento pleno do aluno", diz. De acordo com ela, a elevada retenção no primeiro ano do ensino médio é fruto da aprovação sem domínio dos conteúdos. "É uma exclusão postergada", avalia.

O professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Ocimar Alavarse diz que, apesar de o baixo nível de aprendizado ser real, a política da repetência é onerosa e pouco eficiente. "Passar de ano também não significa que o aluno aprendeu", ressalta. "São necessárias estratégias para acompanhar os desempenhos."

Modelo estadual. Em nota, a Secretaria da Educação do Estado afirmou "que é equivocado dizer que há ausência de reprovação no sistema de progressão continuada da rede". Segundo a pasta, o modelo foi aperfeiçoado com maior chance de retenção para que "as defasagens de conhecimento sejam corrigidas mais prematuramente".

O texto diz ainda que "todos os alunos são constantemente avaliados, recebem boletins escolares bimestralmente e podem optar por três diferentes modalidades de recuperação". Além do novo modelo de escola de tempo integral, cursos técnicos e de idiomas, 300 mil alunos da rede desenvolvem alguma atividade extracurricular. Para a segurança, a escola tem apoio da polícia e capacita os educadores para ações preventivas.

Escolas criam comitês de alunos para discutir tecnologia na sala de aula

Digital. Estudantes discutem utilização de aplicativos, problemas identificados nas ferramentas e aprimoramento do processo de ensino e aprendizagem; para especialista, modelo pode ser estendido para que estudantes avaliem outros aspectos do colégio
 
Há dois anos, quando todos os alunos do 1.º ano do ensino médio do Colégio Dante Alighieri receberam tablets individuais, os professores da escola perceberam que ensinar com o novo aparato tecnológico não seria tarefa tão simples. Decidiram, então, formar um grupo de estudantes que discute semanalmente questões relativas à ferramenta. Outras escolas particulares também estão adotando sistema semelhante.

"Os alunos têm uma inteligência maior para questões tecnológicas. Então, concluímos que o ideal seria fazer uma gestão compartilhada da ferramenta. Até porque quando existe algum problema, os estudantes identificam mais rápido", diz Valdenice Minatel, coordenadora do Departamento de Tecnologia Educacional da escola. Hoje, o Comitê Gestor Discente, como é chamado o grupo, conta com 34 membros, entre alunos dos três anos do ensino médio.

Nas reuniões, os estudantes discutem temas como o melhor uso dos 50 aplicativos adotados - todos gratuitos -, relatam problemas encontrados com as ferramentas e debatem sobre o aprimoramento dos processos de ensino e aprendizagem com o tablet. Além disso, podem sugerir a adoção de novos aplicativos, alguns criados por eles mesmos. Muitas vezes, a conversa continua em um grupo do WhatsApp criado para debater assuntos que não podem esperar até a reunião seguinte.

"Sempre fui interessado em tecnologia e resolvi participar do comitê. Podemos opinar e debater sobre o que achamos bom e interessante para utilizar na sala de aula", diz Thales Giriboni, de 16 anos, aluno do 2.º ano do ensino médio. Foi ele quem desenvolveu um dos aplicativos usados na escola - uma agenda eletrônica capaz de sincronizar os dados personalizados dos alunos, como compromissos diários e planos de estudo, com as tarefas da turma.

O Colégio Visconde de Porto Seguro distribuiu na semana passada tablets individuais para os 648 alunos do 9.º ano do ensino fundamental, um projeto-piloto que futuramente deve se estender aos outros anos do fundamental e ao ensino médio. Já na primeira semana foi criado um comitê de 30 pessoas, entre professores, pais e alunos, para debater o melhor uso dos tablets.

"A ideia é pensar, ao lado de um usuário final, uma utilização dos tablets que faça sentido para ele", explica Renata Pastore, diretora de Tecnologia Educacional da escola.

"Queremos ver o que está dando errado e o que está dando certo e também sugerir novos aplicativos", diz Fernanda Bonfatti, de 13 anos, uma das integrantes do comitê da unidade Morumbi. No Porto Seguro, os pais também estarão representados no comitê. "Eles têm de dar o seu parecer sobre o que está acontecendo em casa", justifica Renata.

Democracia. Acostumados a um modelo de ensino mais vertical, em que professores e gestores são os responsáveis pelas decisões, os alunos estão gostando da experiência democrática. "Acho que deveria haver comitês como esse para tratar de outros temas na escola. É importante ter espaços de discussão", diz Yasmine Mafulde, de 16 anos, aluna do 3.º ano do Dante.

Para o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Marcelo Giordan, os comitês de tecnologia são interessantes por darem voz aos alunos. "Precisamos abrir mais a sala de aula, que sempre foi um reduto de domínio exclusivo do professor."

Ele também defende que os alunos avaliem outros aspectos do colégio, além do tecnológico. "É preciso desenvolver esse debate sobre avaliação das aulas, do trabalho do professor e de outros processos." Giordan acredita que a experiência de discussão em uma área que os jovens dominam, como a tecnologia, ajuda a ampliar a visão dos alunos. "Possibilita mais participação e transparência."

Capes terá bolsas para pesquisa de competências socioemocionais

Parceria com o Instituto Ayrton Senna (IAS) foi anunciada nesta segunda-feira, 24, durante o Fórum Internacional de Políticas Públicas 'Educar para as Competências do século 21'
 
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC), e o Instituto Ayrton Senna (IAS), firmaram nesta segunda-feira, 24, parceria para a criação do Programa de Formação de Pesquisadores e Professores no Campo das Competências Socioemocionais. Essas competências, também conhecidas como não cognitivas, são habilidades e atitudes individuais (como otimismo, responsabilidade, determinação e curiosidade) tidas como essenciais para o sucesso na vida escolar e profissional.

O edital ainda será lançado e não há previsão de número de bolsas nem do valor total do programa. Segundo o presidente da Capes, Jorge Guimarães, a ideia é que sejam bolsas em vários níveis de formação. "O programa é uma iniciativa para formar massa crítica, seja de professores universitários ou de escolas públicas", disse ele, durante o Fórum Internacional de Políticas Públicas Educar para as Competências do Século 21, que ocorre em São Paulo até esta terça-feira, 25.

Avaliação. Pesquisa pioneira no Brasil, adianta hoje pelo Estado, revelou o peso das competências no desempenho escolar. A avaliação inédita foi feita pelo IAS em parceria com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no Rio de Janeiro, com 25 mil crianças.

Além de traduzir em números a força das competências socioemocionais no aprendizado dos estudantes, os dados ainda revelam a importância do incentivo dos pais e como esse esforço pode ajudar a superar barreiras socioeconômicas. Um aluno com nível alto de conscienciosidade (organização e responsabilidade), por exemplo, pode apresentar em Matemática mais de quatro meses de aprendizado à frente de um estudante que tenha esse parâmetro mais baixo. Essa característica, no entanto, não é tão influente em Português. Para esse domínio, competências como o chamado lócus de controle (identificado com o protagonismo) e a abertura a novas experiências são as que fazem a maior diferença: numa distância também de quatro meses a mais de aprendizado.

De acordo com o educador Mozart Neves, diretor de inovação e articulação do IAS, os resultados podem ser um grande "aliado" na tarefa de melhorar o desempenho dos alunos. "Com base neles, podemos estruturar uma política pública. Essas habilidades não substituem nosso esforço em melhorar o ensino, mas podem acelerar os resultados."

Brasil é um dos últimos em teste que avalia capacidade de resolver problemas

País amarga 38.º entre 44 países, de acordo com levantamento da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE)
 
"No topo do ranking ficaram países asiáticos como Cingapura, Coreia do Sul e Japão"

O Brasil decepcionou mais uma vez no Pisa, avaliação internacional que mede competências de alunos em diferentes nações. A educação brasileira amargou o 38.º lugar em uma lista de 44 países, de acordo com o resultado divulgado nesta terça-feira, 1.º, pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Tradicionalmente voltado para Leitura, Matemática e Ciências, pela primeira vez o Pisa mediu a capacidade de estudantes de 15 anos em resolver problemas mais complexos de lógica e raciocínio. No topo do ranking ficaram países asiáticos como Cingapura, Coreia do Sul e Japão. Já entre os últimos colocados, estão Uruguai, Bulgária e Colômbia.

O resultado do Brasil, de 428 pontos, ficou abaixo da média da OCDE, que era de 500 pontos. O Pisa também mediu distorções regionais nas habilidades dos estudantes. Enquanto a Região Sudeste do País teve 447 pontos, o Nordeste registrou apenas 393. O Norte teve o pior índice entre os brasileiros, com 383 pontos, abaixo no ranking global apenas de algumas regiões dos Emirados Árabes Unidos.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Resiliência pode ser aprendida na infância

Águeda Thormann - agueda.ise@gmail.com
Mestre em Mídia e Conhecimento e professo do curso de Pedagogia do Instituto Superior de Educação Nossa Senhora de Sion.

Intolerância, brigas violentas, crimes. Em tempos de muitas adversidades, ser resiliente –conceito psicológico emprestado da física, definido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas (choque, estresse etc.) – se tornou uma característica importante pessoal e profissionalmente. Muitos não sabem que a resiliência pode ser ensinada, inclusive para crianças. Superar frustrações, entender que pode estar em risco, perceber seus comportamentos e reações são coisas que as crianças podem fazer, se orientadas pelos responsáveis e aceitas no meio em que vivem.

Alguns pontos favorecem o desenvolvimento da resiliência e o papel dos pais neste processo é muito
importante. É fundamental que a criança seja bem vinda e desejada na família. Outros pontos são o entusiasmo, a forma otimista de encarar os fatos, e passar por frustrações. O adulto resiliente com certeza foi exposto a frustrações na infância. Os pais precisam entender que tirar todas as pedras do caminho do filho é um desserviço. Deixar que o filho se frustre e mostrar como ele conseguiu vencer essa etapa é o que fará a diferença em sua formação. O reforço positivo é outra ferramenta importante na formação da autoestima.

Engana-se quem acha que resiliência é algo que se adquire e faz com que a pessoa haja da mesma forma em todas as situações. Isso não é verdade, pois crianças e adultos podem ser resilientes em casa, mas não tolerarem nenhuma situação adversa na escola ou no trabalho, por exemplo.

A chegada da adolescência faz com que atitudes resilientes se tornem ainda mais importantes, pois o resiliente, em geral, não se coloca em situações perigosas ou vulneráveis. O adolescente que possui esta característica avalia as situações sem se alienar. Além disso, ele se conhece, percebe a si mesmo e os outros e se torna capaz de analisar antes de agir. Isso vale para ofertas de drogas, má influência de amigos e comportamento na internet.

Alguma ações para ajudar seu filho a se tornar resiliente:
- Desejar o filho é o ponto de partida;
- Oferecer amor e presença. Pessoas resilientes foram muito amadas na infância;
- Participar ativamente da vida de seu filho;
- Colocar-se a serviço da criança, disponível para as necessidades que ela tem;
- A escola oferece o estímulo à parte cognitiva. Escolha uma boa escola, que estimule adequadamente seu filho;
- Seja você uma pessoa resiliente. Para desenvolver o auto conhecimento e a estruturação a criança busca nos modelos que ela possui.

A importância do bom humor na hora de ensinar

Marcelo Pinto - antoniohenrrique@ig.com.br
Advogado e gestor de Recursos Humanos.

“Ao ensinarem, procurem por mais alegria” (Santo Agostinho)

É sabido que uma didática que aceita e incentiva o riso em sala de aula, cria ambiente propício ao ensino e à aprendizagem, ajudando o professor a conquistar a atenção do aluno e este a reter o conhecimento.

Mas como fazer isso se fomos doutrinados desde a infância, de que a escola é lugar de seriedade e silêncio, não combinando com diversão, tanto que o período de lazer, conhecido como ‘recreio’, é separado das aulas.

Em 1993, Paulo Freire, ao prefaciar o livro “Alunos Felizes”, de autoria do Snypers, nos alerta que “o tempo que levamos dizendo que para haver alegria na escola é preciso mudar radicalmente o mundo, é o tempo que perdemos para começar a inventar e a viver a alegria. Além do mais, lutar pela alegria na escola é uma forma de lutar pela mudança no mundo”.

Então que tal procurarmos juntos mudar esta situação, inserindo a diversão responsável na sala de aula, pois ela também motiva o aluno, tornando-o mais receptivo ao estudo e transformando a aprendizagem adquirida em uma experiência de sucesso. É o riso cognitivo, que irá proporcionar ao aluno aumento da auto estima, além da segurança para encarar o próprio futuro e todos que o cercam.

Atenção: o aluno pode não gostar de estudar, mas quem não gosta de aprender? E para isso a atitude do docente é decisiva na sala de aula, pois será sua postura que determinará o clima do ambiente escolar, uma vez que ele tem o poder de tornar a vida do aluno infeliz ou alegre, torturante ou inspiradora.

Nos lembramos de dois tipos de professores com quem mais aprendemos na escola: aquele que nos enchia de medo e pavor, e aquele que nos fazia rir e sorrir. Por qual deste tipo você quer ser lembrado? Quanto mais positiva for sua relação com o aluno, maior é a chance de que ele o ouça com atenção e siga seus conselhos, lembrem-se do que Albert Einstein dizia - “A arte mais importante do mestre é a de fazer brotar a alegria no estudo e no conhecimento”

Para ajudar neste processo, há algum tempo, desenvolvemos o Programa InseRIR na Escola, cuja proposta é inserir a descontração e diversão responsáveis, através de sessões de risadas em grupo, brincadeiras e jogos, ajudando as crianças a construir uma auto estima sólida e tornarem-se cidadãos na construção de um mundo melhor e mais saudável, resgatando a importância que o Bom Humor desempenha em nossas vidas.

Muitas escolas têm descoberto o valor da brincadeira e da diversão em seu projeto pedagógico, pois com alegria aprende-se de forma mais gostosa do que com as maneiras tradicionais e muitas vezes carrancudas. Mas fica um alerta - se for para brincar apenas por brincar, não é preciso sair de casa, pois na escola, para valer a pena, é preciso brincar muito, mas para aprender.

Para isso vale algumas recomendações para que a primeira aula seja precedida de uma breve sessão de risadas ou talvez, ela totalmente dedicada à exposição dos cinco principais benefícios que o Riso nos proporciona na Escola:

1. Redução do Bullying e problemas disciplinares;
2. Maior atividade e predisposição para aprender com criatividade;
3. Menor taxa de absentismo escolar;
4. Melhora o clima do ambente escolar;
5. Fortalece a comunicação entre alunos e professores.

A evolução do saber

Marco Antonio Masoller Eleuterio - marco.e@grupouninter.com.br
Pró-reitor de EAD do Centro Universitário Uninter.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) estabeleceu seis objetivos para a educação a serem cumpridos globalmente até 2015. Pelo acordo, até o ano que vem, os países – entre eles o Brasil- devem expandir cuidados na primeira infância e educação, universalizar o ensino primário, promover as competências de aprendizagem e de vida para jovens e adultos, reduzir o analfabetismo em 50%, alcançar a paridade e igualdade de gênero e melhorar a qualidade da educação.

Mas, segundo o Relatório de Monitoramento Global Educação para Todos, isso não será possível, uma vez que o levantamento, divulgado em janeiro deste ano, apontou que 250 milhões de crianças não conseguiram aprender o básico na escola primária e que um quarto da população jovem do mundo não é capaz de ler parte de uma frase.

Apontado como exemplo positivo, o Brasil conseguiu atingir as metas de "educação primária universal" e "habilidade de jovens e adultos". Mas, ainda segundo os dados apresentados, precisa avançar para melhorar a qualidade do ensino e diminuir os índices de analfabetismo. Isso porque, entre outras coisas, 13 milhões de brasileiros não sabem ler nem escrever, o que faz do nosso país o oitavo com maior número de analfabetos.

Diante de tudo isso, eu acabo me perguntando: o que o Brasil pode fazer para ter mais eficiência na área da educação? Certamente, investir na Educação a Distância (EAD) é um passo. Tal modalidade eficaz permite a popularização do ensino, não o restringindo pelo difícil acesso (uma vez que pode chegar aos locais mais remotos), pela dificuldade de compreensão de conteúdo (já que é possível assistir à mesma aula diversas vezes) ou por outros fatores (de necessidade de deslocamento, por exemplo), o que contribuiria para melhorias no cenário atual.

A evolução do saber se dá quando a educação não se restringe para poucos. Precisamos investir em ferramentas que proporcionem a inovação e a popularização educacional, e não em continuar com um sistema de ensino que, à luz do que foi mencionado acima, claramente não funciona satisfatoriamente.

A expansão da EAD irá contribuir, com certeza, para a diminuição dos tristes números que hoje nos assolam. E é por meio dela, além de outras estratégias, que conseguiremos atingir as nossas metas nesta área.

Olimpíada de Língua Portuguesa com inscrições abertas

As inscrições para a Olimpíada de Língua Portuguesa 2014 - Escrevendo o Futuro vão até o dia 30 de abril. Podem participar alunos do 5.º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. Os processos de inscrição, envio e seleção de textos, em todas as etapas, serão realizados pelo site oficial.

Ao realizar a inscrição, o professor também poderá se cadastrar no Portal da Olimpíada, tendo acesso a material didático exclusivo – cadernos virtuais, livros de orientação, coletâneas de textos e CDs – desenvolvidos especialmente no âmbito do programa.

O programa trabalha com um gênero específico para cada série: poema (5º e 6º anos do ensino fundamental); memórias literárias (7º e 8º anos); crônica (9º ano) e 1º ano do ensino médio; e artigo de opinião com 2º e 3º anos do ensino médio.

A Olimpíada de Língua Portuguesa - Escrevendo o Futuro foi criada em 2002 com o objetivo de contribuir para a melhoria da leitura de textos e produção escrita dos estudantes de escolas públicas brasileiras. Ela é um projeto em parceria da Fundação Itaú Social e do Ministério da Educação, e tem a coordenação técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) e conta com a parceria do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Canal Futura.

A olimpíada envia para as escolas kits que trazem, além da metodologia, textos para o desenvolvimento das atividades, como oficinas. Esse material contribui para o processo de aprendizagem dos alunos.

Escolas dos Estados Unidos apresentam sistema de internato

Escolas internacionais do sistema internato estão preparadas para oferecer e estimular práticas extracurriculares, como esportes, artes, dança, gastronomia, entre outras. A The Association of Boarding Schools (TABS) associação norte-americana que reúne 284 escolas privadas de internato, realizará no dia 1.º de abril, em São Paulo, evento em que serão compartilhadas informações importantes sobre os benefícios do modelo educacional.

Na prática, o estudante paranaense Matheus Jakimiu, de União da Vitória, relata que a vida em um Boarding School lhe trouxe muito aprendizado, novos interesses e foco na carreira que pretende seguir. Com o intuito de finalizar o ensino médio e se preparar para a universidade, Matheus optou pela Saint Thomas More School, em Oakdale, no estado de Connecticut, Estados Unidos.

“Acredito que o estudo no sistema de internato me ajudou a ser mais sociável. Sempre fui carismático, mas confesso que antes de vir para os Estados Unidos eu era um pouco introvertido. A convivência com várias pessoas desconhecidas e de passados diferentes do meu ajudou a desenvolver meu lado mais extrovertido. Acho que a principal vantagem é o aprendizado social, pois vivendo em um dormitório com cerca de 50 outros alunos, você acaba aprendendo a conviver em sociedade e se torna mais respeitoso e compreensivo com os outros”, relata Matheus.

No entanto, os pais devem estar preparados para garantir essa educação diferenciada aos filhos. O investimento mínimo para o ingresso em uma escola desse tipo varia entre 30 mil e 65 mil dólares. Para Matheus, que pretende se formar em Economia, Comércio Exterior e Ciência Política e ingressar nas carreiras relacionadas à política e ao comércio internacional, a oportunidade é de extrema importância.

Por enquanto Matheus aproveita ao máximo as atividades extracurriculares proporcionadas pela escola. “A atividade que mais gosto é o futebol americano, tanto que o esporte foi uma das razões de eu ter vindo para os Estados Unidos”, afirma o estudante.

“Hoje reunimos 284 escolas afiliadas por todo o mundo. A maior parte se localiza nos Estados Unidos e Canadá, os destinos mais buscados pelos brasileiros. O sistema de internato é uma opção de educação completa e que prepara o aluno para as melhores universidades, além de trazer uma experiência de vida ímpar, que será lembrada durante toda a vida”, afirma Annie Lundahl, diretora de Marketing da TABS.

A diretora destaca que o sistema de internato oferece uma experiência completa ao aluno. “Além da educação tradicional, o acesso às atividades extras, como esportes, artes, dança, e gastronomia, é um dos destaques das escolas. O corpo acadêmico é de alta qualidade, classes com turmas pequenas de oito ou 10 alunos e um alto índice de aprovação nas principais universidade dos EUA e Canadá são os maiores destaques”, diz Annie.
Ela destaca que melhores universidades nos Estados Unidos costumam recrutar alunos primeiramente nos internatos, pois os estudantes estão mais preparados, tanto para o rigor acadêmico, quanto para a vida no câmpus. “Outro ponto importante é o ambiente de campus residencial onde os alunos vivem, que promove uma maior interação entre os alunos e estimula a responsabilidade, cordialidade, amizade, confiança e honestidade”, relata a diretora.

Annie afirma que na maioria das escolas não é necessário o aluno ter inglês fluente para admissão. “Muitas das instituições oferecem diferentes níveis de ensino: iniciantes, intermediários e avançados. Algumas escolas exigem que os alunos façam o teste TOEFL (Test of English as a Foreign Language) para determinar proficiência. Sendo assim, é possível encontrar uma escola com o perfil adequado para cada aluno”, diz Annie.

A diretora de marketing reconhece que o investimento é alto, mas enfatiza que o retorno também. “O estudante de uma boarding school tem uma formação muito mais ampla que qualquer outro. Além disso, ele sai da escola pronto para encarar a universidade e também o mercado de trabalho. Costumamos explicar para as famílias que a formação completa oferecida pelos internatos é um ponto positivo na hora do vestibular e até mesmo na carreira, pois além do inglês fluente, o aluno traz uma bagagem de experiência muito mais abrangente que a de um intercâmbio comum”, explica.

Confira detalhes sobre o evento a ser realizado em São Paulo, que tratará do tema:

Feira Internacional de Escolas Privadas Internato 2014
Data: terça-feira, 1.º de abril de 2014
Local: Hotel Renaissance São Paulo – Al. Santos, 2233
Horário: das 18h30 às 20h30
Entrada gratuita
Saiba mais sobre a feira no site www.BoardingSchools.com/SaoPaulo 

Sancionada lei que dificulta fechamento de escolas rurais


Lei dificultará o fechamento de escolas rurais e quilombolas no Brasil.


A presidenta Dilma Rousseff sancionou lei que dificulta o fechamento de escolas rurais, indígenas e quilombolas. A Lei 12.960, de 27 de março, altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) para fazer constar exigência de manifestação de órgão normativo – como os conselhos municipais de Educação - do sistema de ensino para o fechamento desse tipo de escola. A lei foi publicada hoje (28) no Diário Oficial da União.

Além de exigir que o órgão normativo opine sobre o fechamento da unidade de ensino nessas áreas, a lei estabelece que a comunidade escolar deverá ser ouvida e a Secretaria de Educação do estado deverá justificar a necessidade de encerramento das atividades da escola.

O projeto é de autoria do Executivo e ao justificar a proposta o então ministro da Educação, Aloizio Mercadante, destacou que nos últimos cinco anos foram fechadas mais de 13 mil escolas do campo. Segundo ele, decisões tomadas sem consulta causam transtornos à população rural que deixa de ser atendida ou passa a demandar serviços de transporte escolar.

Em fevereiro, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra ocuparam o saguão da portaria principal do Ministério da Educação por duas horas para protestar contra o fechamento de escolas no campo.

MT - Seduc publica um novo veículo de comunicação com a comunidade escolar

A educação de Mato Grosso lança este mês um novo instrumento de divulgação da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT); a Folha Educação. O jornal circulará trimestralmente e, em sua primeira edição traz como manchete de capa o novo piso salarial dos professores. Um compromisso firmado entre o Governo do Estado e os profissionais da educação instituindo um Plano Salarial decenal. Uma ação inédita no país para a categoria. 
 O periódico é uma ferramenta que possibilitará à sociedade o acompanhamento dos objetivos cumpridos, das metas pautadas, e das proposições em andamento visando a oferta da educação com qualidade social, com total transparência das ações.

A distribuição do jornal será destinada a todas as 744 unidades escolares, Assessorias Pedagógicas, estudantes e seus familiares. A Folha Educação possui tiragem trimestral de dez mil edições.

Assessoria Seduc-MT

MT - Escolarização é garantida para internos de Comunidade Terapêutica

O Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) Almira Amorim, em Cuiabá,  compartilha duas salas de aula na Comunidade Terapêutica Lar Cristão, no bairro CPA III, para o atendimento educacional de 40 pessoas em processo de desintoxicação de álcool e drogas. Homens e mulheres residentes na casa estudam em espaços distintos  enquanto estão internos para o tratamento. As atividades educativas são abertas à sociedade e disponibilizadas no período das 19h às 21h, de segunda a sexta-feira.   
 
A garantia do acesso à educação com qualidade social é uma das premissas do Ceja. A coordenadora da unidade de ensino, Maria Aparecida Duarte, relata que  o Centro trabalha baseado em um processo de busca contínua. “O acesso deve ser facilitado ao aluno e está aberto a qualquer pessoa”.

As salas foram criadas há dois anos e atendem separadamente homens e mulheres, seguindo a uma orientação da Comunidade Terapêutica. “Temos duas turmas do ensino fundamental que ao saírem da comunidade, poderão continuar os estudos  na sede do Ceja Almira ou em uma outra unidade escolar”, destaca a professora. A estratégia tem demonstrado resultados interessantes, como as mínimas taxas de desistência.

O currículo é pautado por temas transversais que possibilitam o  debate de temas ligados ao cotidiano desses homens e mulheres, como  o preconceito, o mercado de trabalho, além da execução de uma série de oficinas pedagógicas (fabricação artesanal de sabonetes caseiros) que auxiliam no processo de reinserção social. “O que me motiva a estudar é a vontade de crescer”, relata Anderson Faria, 31 anos. Ele permaneceu afastado dos bancos escolares por 16 anos. Há dois meses ele veio de São Paulo e frequenta as aulas. “A classe é bem restrita e por isso o atendimento é quase individualizado. O professor consegue dar mais atenção a cada um de nós. Mais fácil para tirar dúvidas”.

Morador do bairro CPA III, Carlos José Milane, de 57 anos, optou por frequentar a turma na Comunidade Terapêutica e se sente integrado ao ambiente. “Não existe diferença no ensino. O que todos querem aqui é aprender mais. Há um respeito entre todos. Aqui o respeito é muito grande. Todo mundo para e ouve o que o colega tem a dizer. Essa possibilidade de estudar em um horário diferenciado é atraente. É um estímulo para retornar a estudar”.

Especialista em Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial e psicopedagogia, o matemático Tiago Antunes da Silva, é um dos mentores da proposta de instalação da sala compartilhada e comemora as conquistas percebidas ao longo do processo. “Todos têm sonhos. Sonhar é para todos”.

Ele pontua que pelo estudo é possível que cada homem, cada mulher, se reconheça enquanto cidadão e cresça. “Ganha-se auto confiança. Conquista-se o prazer de viver, de sonhar em construir uma família, ter uma vida digna, prosperar, dormir e acordar. De ser um grande cidadão lá fora”.

Para o pastor Teodorico Barboza de Souza, diretor fundador da Comunidade Terapêutica Lar Cristão, a educação é fundamental no processo de ressocialização. “Aqui todos aqueles que possuem interesse podem se matricular. A educação, sem sombra de dúvidas, é parte fundamental do tratamento”.

O Centro de Educação Almira Amorim atende a cerca de 1,2 mil estudantes  e está instalado na rua Luiz Geraldo da Silva, nº 898, no bairro CPA II. 

Patrícia NevesAssessoria Seduc-MT

MT - Plano Salarial da Educação garante reajuste de 10,84% a partir de segunda


A partir de segunda-feira (31.03) os professores da Educação Estadual, em início de carreira, com 30 horas aulas, receberão reajuste de 10,84% (inflação + 5%) no salário. O impacto do repasse elevará o salário inicial dos educadores para R$ 2.608,92. O aumento integra a primeira parcela do acordo definido entre o governo e categoria e institui o Plano Salarial - inédito no país - que garante dobrar o poder de compra aos trabalhadores da Educação nos próximos 10 anos
 Com esse aumento  Mato Grosso se destaca nacionalmente ao reajustar os salários do magistério 30% acima do percentual  de 8,32% determinado pelo Ministério da Educação (MEC). A orientação nacional é para que o piso dos professores seja em 2014 de R$ 1.690,00. Diferente dos demais Estados do  país, o piso salarial  se estende a toda a categoria de efetivos nas unidades escolares (Técnicos e Apoio). Diante dessa peculiaridade e com o percentual de aumento de 10,84%, o Estado passará a pagar para os profissionais de nível médio o piso de R$ 1.738,26.

O acordo realizado entre Governo do Estado e Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública assegura ainda o pagamento de hora atividade para os professores interinos. Segundo definido pela Lei Complementar 510/MT/2013, fica assegurado aos professores contratados temporariamente até 1º de maio de 2016 o direito ao correspondente a 33,33%  de sua jornada semanal para atividades relacionadas ao processo didático-pedagógico.

Todas as determinações do Plano Salarial de Mato Grosso estão em consonância com as propostas e metas do Plano Estadual, bem como o Plano Nacional de Educação – meta 17, buscando reduzir as diferenças entre a carreira do magistério e as demais carreiras do executivo.

“O salário é um dos atrativos para manter bons profissionais na escola e comprometidos com a qualidade da educação”, destaca o secretário adjunto de Gestão de Pessoas, Edilson Pedro Spenthof.
Com o novo salário dos profissionais da educação estadual, Mato Grosso estará entre os primeiros colocados no ranking nacional de piso do magistério. Sendo ainda um dos 11 Estados do país a pagar hora atividade para os educadores.

ROSELI RIECHELMANNAssessoria/Seduc-MT

Consed tem nova vice-presidente da região Norte e nova representante do Ensino Médio

A primeira questão de pauta apresentada pela presidente do Conselho e secretária de Educação de Mato Grosso do Sul, Maria Nilene Badeca, foi a vacância do cargo de vice-presidente do Consed para a região Norte, que até janeiro era ocupado pelo então secretário de Educação do Pará, Cláudio Cavalcanti, que convidado para outra pasta do governo do estado deixou o Conselho.

Conforme determina o Estatuto do Consed, sendo a presidência um órgão executivo do Conselho constituída de um presidente e quatro vice-presidentes, a escolha dos membros da presidência, será considerado o critério de representação regional, sendo estabelecida por voto direto.

Os secretários da região Norte realizaram a nova eleição para a vice-presidência do Consed na Região Norte, sendo eleita a secretária do Tocantins, Adriana Aguiar, imediatamente empossada. Adriana Costa Aguiar, é natural de Gurupi-TO, é professora desde os 16 anos. Para ela, o novo desafio de representar a região Norte na Presidência do Consed, será estimulante, pois, terá “mais espaço para articular discussões e ações nas diversas instâncias educacionais”, pontuou Aguiar.

A secretária possui especialização em Gestão Educacional, pela Educon; de Orientação Educacional, pela Faculdade Salgado Oliveira; e Planejamento Educacional, também pela Salgado Oliveira. Adriana tem uma trajetória com foco em gestão, sendo por 10 anos gestora da Escola Estadual Presidente Costa e Silva, de Gurupi-TO, tendo recebido o Prêmio Nacional de Gestão Escolar em 2011 como Escola Referência Brasil. Em abril de 2012, foi empossada como diretora regional de Gestão e Formação e, recentemente, foi nomeada secretária Estadual de Educação do Tocantins.

Fórum do Ensino Médio – Pelo mesmo motivo de vacância mencionado anteriormente, a representação do CONSED nas questões referentes ao Ensino Médio, especialmente, na liderança do Fórum de Gestores do Ensino Médio encontram-se paralisadas. Diante do quadro foi deliberado à necessidade de escolha de novo representante, sendo indicada, por unanimidade do Conselho, a secretária Rosa Neide, titular da Secretaria de Educação do Mato Grosso, para assumir a função.

O Consed instalou, desde 2012, o Fórum de Gestores Estaduais do Ensino Médio com o objetivo de fortalecer a articulação entre as secretarias estabelecendo discussões, além de assessoria técnica relativa ao Ensino Médio, especialmente na interlocução com o MEC e outros órgãos afetos às políticas, programas e projetos do segmento.

A nova represente do Consed nas questões relacionadas ao Ensino Médio, a secretária Rosa Neide Sandes de Almeida, é formada em Pedagogia, tem pós-graduação em Currículo e Mestrado em Educação e Políticas Públicas. A secretária tem vasta experiência, passando por todas as instâncias do Ensino, da Educação Básica ao Ensino Superior.

Prestação de Contas – Finalizando a pauta do evento, ocorreu à apresentação do Relatório de Auditoria Externa Independente, como também, a apresentação do Relatório do Conselho Fiscal que indica a aprovação das contas do CONSED referentes ao exercício financeiro de 2013.

Por fim, também foi apresentado a exposição sobre o Orçamento do CONSED para 2014, realizada pela Secretária Executiva do CONSED,Nilce Rosa da Costa, que entre outros assuntos demonstrou a números da nova tabela de valores das contribuições de representação institucional do Conselho.

Todos os documentos foram submetidos à apreciação do Fórum de Secretários, que deliberou unanimemente pela aprovação.
Site:consed