Habilidades. Uma pesquisa inédita traduz em números o
impacto do perfil emocional dos estudantes em seu desempenho escolar; os dados
também revelam a importância do incentivo dos pais e como esse esforço pode
superar barreiras socioeconômicas
A experiência indica que alunos organizados e com sede pelo conhecimento vão
melhor na escola. Mas, pela primeira vez, uma avaliação em grande escala
traduziu em números o impacto das competências socioemocionais (como
responsabilidade, autoestima e estabilidade emocional) no aprendizado dos
estudantes. Os dados ainda revelam a importância do incentivo dos pais e como
esse esforço pode ajudar a superar barreiras socioeconômicas.
Um aluno com nível alto de conscienciosidade (organização e responsabilidade), por exemplo, pode apresentar em Matemática mais de 4 meses de aprendizado à frente de um estudante que tenha esse parâmetro mais baixo. Essa característica, no entanto, não é tão influente em Português. Para esse domínio, competências como o chamado lócus de controle (identificado com o protagonismo) e a abertura a novas experiências são as que fazem a maior diferença: numa distância também de 4 meses a mais de aprendizado.
Os resultados aparecem em uma avaliação inédita realizada no Rio de Janeiro com 25 mil crianças pelo Instituto Ayrton Senna (IAS) e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O estudo será apresentado hoje, em evento realizado em São Paulo. De acordo com o educador Mozart Neves, diretor de inovação e articulação do IAS, os resultados podem ser um grande "aliado" na tarefa de melhorar o desempenho dos alunos. "A partir deles, podemos estruturar uma política pública.
Essas habilidades não substituem nosso esforço em melhorar o ensino, mas podem acelerar os resultados."
Pais. Neves ressalta o resultado positivo do incentivo dado pelos pais dos estudantes. A avaliação concluiu que só esse estímulo pode diminuir em mais de 20% a diferença entre alunos com baixa e alta conscienciosidade. Esse peso é duas vezes maior do que a diferença vista nessa habilidade entre ricos e pobres, por exemplo. A escolaridade da mãe - um atributo que apresenta forte ligação com o sucesso acadêmico - tem impacto quase nulo quando se trata da questão socioemocional.
Na opinião do escritor e jornalista canadense Paul Tough, que estuda as habilidades não cognitivas na educação, é preciso garantir mais "proteção" para as crianças de origem pobre. "Em ambientes ricos, as crianças são superprotegidas das adversidades e sofrem porque não tiveram a oportunidade de superar os seus próprios fracassos. Em áreas pobres, porém, as crianças já tiveram muitas adversidades e precisam, mais do que tudo, de proteção."
Autonomia. No colégio Projeto Âncora, em Cotia, na Grande São Paulo, inspirado na Escola da Ponte, de Portugal, a postura é trabalhada desde o primeiro dia. Na escola, os alunos aprendem, entre outras coisas, a levantar a mão antes de falar e são responsáveis por definir sua agenda. "Eu que organizo meu dia, não faço tudo bagunçado. Acho que aprendo mais", conta a aluna Maria Laura Gimenes, de 10 anos.
Os estudantes decidem em assembleias as regras da escola. "O uso do celular na escola teve cinco assembleias. Discutimos se teríamos autonomia para saber qual a hora de usar e vimos que não fazia sentido trazer", diz Giulia Jacobete, de 14 anos.
Trabalhar essas competências é essencial para o projeto da escola, ancorado na busca pela autonomia dos alunos, explica a coordenadora pedagógica Edilene Morikawa. "Construímos uma tabela de evolução de atitude de cada aluno", explica ela. "Nós vemos a evolução em 13 itens, da responsabilidade à resolução de conflitos, mas sem que seja uma ordem", completa. O uso do celular na escola deve ser debatido, ainda, em nova assembleia.
Um aluno com nível alto de conscienciosidade (organização e responsabilidade), por exemplo, pode apresentar em Matemática mais de 4 meses de aprendizado à frente de um estudante que tenha esse parâmetro mais baixo. Essa característica, no entanto, não é tão influente em Português. Para esse domínio, competências como o chamado lócus de controle (identificado com o protagonismo) e a abertura a novas experiências são as que fazem a maior diferença: numa distância também de 4 meses a mais de aprendizado.
Os resultados aparecem em uma avaliação inédita realizada no Rio de Janeiro com 25 mil crianças pelo Instituto Ayrton Senna (IAS) e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O estudo será apresentado hoje, em evento realizado em São Paulo. De acordo com o educador Mozart Neves, diretor de inovação e articulação do IAS, os resultados podem ser um grande "aliado" na tarefa de melhorar o desempenho dos alunos. "A partir deles, podemos estruturar uma política pública.
Essas habilidades não substituem nosso esforço em melhorar o ensino, mas podem acelerar os resultados."
Pais. Neves ressalta o resultado positivo do incentivo dado pelos pais dos estudantes. A avaliação concluiu que só esse estímulo pode diminuir em mais de 20% a diferença entre alunos com baixa e alta conscienciosidade. Esse peso é duas vezes maior do que a diferença vista nessa habilidade entre ricos e pobres, por exemplo. A escolaridade da mãe - um atributo que apresenta forte ligação com o sucesso acadêmico - tem impacto quase nulo quando se trata da questão socioemocional.
Na opinião do escritor e jornalista canadense Paul Tough, que estuda as habilidades não cognitivas na educação, é preciso garantir mais "proteção" para as crianças de origem pobre. "Em ambientes ricos, as crianças são superprotegidas das adversidades e sofrem porque não tiveram a oportunidade de superar os seus próprios fracassos. Em áreas pobres, porém, as crianças já tiveram muitas adversidades e precisam, mais do que tudo, de proteção."
Autonomia. No colégio Projeto Âncora, em Cotia, na Grande São Paulo, inspirado na Escola da Ponte, de Portugal, a postura é trabalhada desde o primeiro dia. Na escola, os alunos aprendem, entre outras coisas, a levantar a mão antes de falar e são responsáveis por definir sua agenda. "Eu que organizo meu dia, não faço tudo bagunçado. Acho que aprendo mais", conta a aluna Maria Laura Gimenes, de 10 anos.
Os estudantes decidem em assembleias as regras da escola. "O uso do celular na escola teve cinco assembleias. Discutimos se teríamos autonomia para saber qual a hora de usar e vimos que não fazia sentido trazer", diz Giulia Jacobete, de 14 anos.
Trabalhar essas competências é essencial para o projeto da escola, ancorado na busca pela autonomia dos alunos, explica a coordenadora pedagógica Edilene Morikawa. "Construímos uma tabela de evolução de atitude de cada aluno", explica ela. "Nós vemos a evolução em 13 itens, da responsabilidade à resolução de conflitos, mas sem que seja uma ordem", completa. O uso do celular na escola deve ser debatido, ainda, em nova assembleia.
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