sábado, 23 de abril de 2011

Educação Infantil - A escolha da creche

Como escolher uma boa creche?

É muito comum encontrarmos famílias nas quais os pais precisam voltar a trabalhar não muito tempo depois do nascimento de um filho. As mães ainda conseguem ficar mais tempo com o pequeno por conta da amamentação, mas logo vão precisar voltar ao trabalho.

Quando não é possível contar com o auxílio dos avós, uma opção para quem tem esse problema é procurar uma creche. Na hora de procurar o local onde deixará seu pequeno enquanto trabalha, os pais devem ser bastante cuidadosos e verificar:

•se a instituição tem licença para funcionar;

•a higiene, iluminação e ventilação de todo o local;

• se a área de lazer é adequada e agradável, e se os bebês maiores ficam separados dos menores;

• se está de acordo com as normas, filosofia e disciplina do local;

•o número de alunos para cada monitora (que não deve passar de 5);

•qual o projeto pedagógico e educacional da instituição;

•informações sobre a creche com outros pais;

•se há local apropriado para atividades psicomotoras e para a hora do sono;

•como os profissionais agem em situações de emergência, como um acidente com uma criança ou uma doença;

•o local onde a comida é armazenada, onde ela é feita e por quem.

Quando os pais estão satisfeitos com a escolha, é mais provável que os filhos aceitem bem, e se houver mais dúvidas, não hesite em questionar. É necessário ter todas as dúvidas esclarecidas e, principalmente, que a mãe confie no local onde está deixando o filho, assim; terão uma boa relação, na qual quem sai ganhando é a criança.

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Conhecimento - Páscoa

Páscoa

A Páscoa (palavra que deriva do hebraico pessach – passar, saltar) celebra a ressurreição de Jesus Cristo, três dias depois de ter morrido na cruz. É a principal e uma das mais antigas festas do calendário cristão.
O dia de Páscoa é móvel – não tem data fixa no calendário. Coincide sempre com o primeiro domingo após a primeira lua cheia em seguida ao equinócio de março – a primeira lua cheia do outono.

Conhecimento - Origem da Páscoa

A origem

Estrela de Davi, símbolo judaico.

Dia 14 do mês de Nissan do ano judaico de 2248 (cerca de 1300 a.C.). O povo hebreu, liderado por Moisés, foge do Egito depois de 400 anos de escravidão. Os hebreus conseguiram sobreviver à décima praga – em que todos os primogênitos foram mortos por castigo de Deus. Eles haviam marcado o batente da porta de suas casas com o sangue de um cordeiro imolado (sacrificado em ritual). Esse era o sinal dado por Deus a Moisés para que o anjo da destruição passasse (pessach) pela casa dos judeus, sem lhes fazer mal. No dia 15 de Nissan, os judeus estavam livres. A partir desse dia, todos os anos, eles lembram a data de sua libertação comemorando o Pessach.
Ano 34 da Era Cristã. No mesmo dia 15 do mês judaico de Nissan, quando todos os judeus celebravam mais um Pessach, Jesus Cristo, morto na cruz três dias antes, ressuscitou. A partir desse dia, todos os anos, os cristãos lembram a data da ressurreição de Cristo comemorando a Páscoa.

Aula- O que é Hipertexto?

Por Regina Verdin

1. O que é Hipertexto?

Geralmente ouvimos a palavra Hipertexto quando estamos lidando com a Internet. Entendemos que o utilizamos no contexto de “navegação” nas páginas da WEB. Encontramos links que ligam as páginas umas com as outras proporcionando uma leitura diferenciada de texto. Lemos (2002) nos apresenta uma possível definição de hipertexto:

Os hipertextos, seja online ou offline são informações textuais combinadas com imagens, sons, organizadas de forma a promover uma leitura (ou navegação) não-linear, baseada em indexações e associações de idéias e conceitos, sob a forma de links. Os links funcionam como portas virtuais que abrem caminhos para outras informações. O hipertexto é uma obra com várias entradas, onde o leitor/navegador escolhe seu percurso pelos links. Lemos (2002, pag. 130 apud Aquino, online)

A característica de marcante especificada por Lemos, como também de outros autores, pode não conter o significado exato do idealizador do termo. Você sabe quem foi o idealizador/criador do termo? Isto nos provoca a pensar que não é sempre que, os termos que circulam entre nós por autores, são os termos que traduzem a transformação que está ocorrendo na Sociedade da Informação. Devemos estar atentos para não cair em processos de simplificação e banalizar os termos inconseqüentemente aceitando qualquer caracterização. O sentido tem que ser coerente ao modelo de Sociedade que estamos vivendo. Neste sentido, também devemos cuidar quando entramos no fluxo de informações veiculado pela Internet.
Foi Ted Nelson o idealizador e criador do termo Hipertexto.

Segundo Nelson a World Web Wide com suas páginas estruturadas com hiperlinks não configuram uma rede hipertextual. Para Nelson uma rede hipertextual apresenta links bidirecionais. Os links da Internet são unidirecionais, pré-determinados por um autor, cuja interligação não permite inclusão de novos links

Alguns autores (Lévy, 1993) denotam o caráter associativo do hipertexto como similar ao funcionamento do cérebro humano:
o hipertexto conecta palavras e frases cujos significados ligam-se uns aos outros, ou seja, o texto, na verdade, é sempre um hipertexto, já que estabelece na mente do leitor uma rede de associações. (Lévy, 1993 apud Aquino, online, pg. 3).
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O que é bilateriaridade? Como exemplo, a bilateriaridade distinguida por Nelson na rede hipertextual, pode ser detectada em alguns exemplos na Europa Moderna: os manuscritos (“textos menos fixos e mais maleáveis do que os impressos” (Aquino online), ou seja outras pessoas além do autor podiam acrescentar ou tirar algo do que copiavam. Portanto, a bilateriaridade se mostrava nos manuscritos, pois oportunizava para quem copiava e lia modificar os seus conteúdos.

Outro exemplo na História de escrita hipertextual encontra-se na idade média com Leonardo da Vinci (Aquino)

Leornado anotava nas margens das páginas de seus escritos. Nos séculos XVI e XVII haviam as chamadas “marginálias”, ou seja, anotações feitas à mão nas margens dos livros impressos da época

Em forma de índices pessoais, citações de textos e remissões a outras partes ou outros textos, as marginálias eram transpostas para um caderno de “lugares comuns” para posteriores consultas (Aquino, online pag. 4).
Os rodapés dos nossos livros impressos não poderiam ser um hipertexto, embora similar às anotações às margens dos textos pelos leitores, não proporcionam modificações dos mesmos, ou seja, a bidirecionabilidade.

Os sites da Internet, ainda não permitem participação ativa do usuário na construção dos seus textos. No entanto, a ferramenta Blog, pode auxiliar na modificação de sites, uma vez que os blogs permitem postagem de comentários sobre os textos postados e podem estar conectados aos sites.
Entendemos um site como um local na web que representa uma pessoa ou entidade, e possui um endereço virtual chamado URL (Uniform Resource Location).

Como já dito anteriormente, a rede hipertextual nos remete ao modo similar ao funcionamento da mente: por associações. Nós vamos de uma representação a outra ao longo da rede. As diversas mídias estão disponíveis para nós conectá-las seguindo nossa própria rota. Mas na realidade os textos digitais com hiperlinks não nos permite traçar nossa própria rota, apenas podemos escolher que hiperlinks desejamos clicar.

Alguns autores criticam esse modo de navegar em textos digitais constatando que esse “tipo” de interação fragmenta o pensamento de quem o lê. No entanto, alguns argumentam que este modo é dinâmico, ao contrário do fixo e linear. Precisamos refletir o que acontece na organização do pensamento na navegação por hiperlinks em textos na web.

Para Nelson (Aquino, online) na idéia de hipertexto, os links não quebram, ou seja, os documentos são modificados freqüentemente e se mantém conectados entre si. A prática hipertextual disseminada pela WWW não é exatamente o que Nelson pensou, como já vimos anteriormente.
Berns-Lee (Aquino, online) inventou o HTML , um formato para armazenar documentos no disco rígido de um computador com acesso permanente à internet. Cada computador teria localização específica denominada URL . Para acessar a URL é necessário um protocolo o HTPP .

Forma-se links que dependem das URL. Para poder lê-los precisa-se de um Browser . A criação de links é de acordo com a vontade do programador. Neste sentido, essa idéia de hipertexto se distancia da idéia de Nelson, pois configura a ausência da coletividade da prática hipertextual (Aquino, online).
A idéia básica, então, de hipertexto é a conexão entre documentos construídos coletivamente, permitindo a participação de escritores e leitores ativamente na elaboração dos textos.

A coletividade se faz presente na escrita hipertextual. Nos Wikis a coletividade se dá ao permitir que outras pessoas escrevam e incluam links na elaboração do texto. O exemplo desta escrita hipertextual é a Wikipedia. Os links bidirecionais propostos na idéia de Nelson de hipertexto podem ser modificados e a conectividade constante entre os documentos salientam a possibilidade de construção coletiva dos textos na Wikipedia.
Coletividade é um conceito ligado diretamente ao de interação e a Escola do Interacionismo Simbólico traz uma definição adequada de uma situação de comunicação efetivamente interativa (Aquino)

A interdependência entre os atores da comunicação na interação proporciona uma interatividade. A prática hipertextual da Web não é interativa, no sentido que aqui estamos colocando e como reforça Aquino:

De acordo com os preceitos do Interacionismo, não é possível considerar a prática hipertextual da Internet de hoje como efetivamente interativa. Isso porque o usuário da rede não interage totalmente nas páginas, ou seja, ele não possui a possibilidade de se manifestar criando novos links, mas age de forma limitada, somente escolhendo caminhos que o levarão a lugares pré-determinados pelos programadores das páginas (Aquino, online pag. 10)
A possibilidade da escrita hipertextual de forma coletiva, só é possível pelo hipertexto cooperativo. Uma situação de comunicação que possibilite a interação, ou seja, a atuação recíproca de seus atores, sem isso não se pode falar em cooperativo e coletividade.

Enfatizando a construção coletiva de conhecimento, a Wikipedia apresenta-se como uma real possibilidade dos usuários participarem da tessitura da teia de nós da internet como já afirmou anteriormente.

Criado em 1995, por Ward Cunningham, o sistema wiki (que significa “rápido” no Havaí) funciona através de um script instalado no servidor permitindo que qualquer usuário da Internet possa alterar/editar o conteúdo das páginas que funcionam dentro desse sistema, sem a prévia autorização do autor da página, o que acaba fazendo com que todos sejam autores e que o texto nunca tenha uma versão definitiva, mas que fique em constante modificação. Cada alteração realizada permanece salva dentro do sistema, podendo ser verificada retrospectivamente.

Em janeiro de 2001, Larry Sanger e Jimmy Wales lançam a Wikipédia, a qual acabaria se tornando o maior projeto wiki até hoje realizado. Anterior a esta criação, Sanger já trabalhava no projeto Nupedia (http://www.nupedia.com), criado por Wales, que consistia em uma enciclopédia online escrita por especialistas. Porém, diferente da Nupedia, que era construída por especialistas, a Wikipédia tinha como proposta ser redigida por internautas comuns, ou seja, não exigia nenhum pré-requisito, apenas a disposição do usuário para fazer parte do projeto.

A Wikipédia é estruturada em verbetes, os quais estão disponibilizados em diversos idiomas, entre eles até mesmo o latim e o esperanto. O sistema também possui uma versão em português (http://pt.wikipedia.com/wiki.cgi?HomePage). De acordo com Primo e Recuero (2003) convém lembrar que cada alteração, cada inclusão de link dentro de um verbete modifica toda a rede hipertextual da Wikipédia e dessa forma constrói-se um hipertexto do tipo cooperativo. Assim, o sistema condiz com a noção inicial de hipertexto, pois concede a plena atividade do usuário na construção da trilha hipertextual (Aquino online, pag. 13).

A web nos coloca numa fonte inesgotável de informação e num fluxo dessas informações, mas ainda não possibilita a escrita hipertextual conforme os parâmetros aqui expostos.

Vamos abordar mais a frente os conceitos de interação e interatividade próprios da lógica comunicacional da Sociedade da informação.
Tratamos aqui sobre o que é o hipertexto e aspectos que o fundamenta. Concluímos que nem sempre o que é denominado a interatividade que ele proporciona com a singularidade de ser bidirecional e coletivo. Outro significado mais coerente para o que se apresenta na Web e que se traduzem em textos, hiperlinks que usamos para navegar nestes textos digitais e mídias digitais são os que podem ser denominados hiperdocumentos.

Fonte:
AQUINO, Maria Clara. O Hipertexto como Estrutura Editorial Básica da Internet: Construção Coletiva e Interatividade na Escrita Hipertextual. 2004.
1.1 Potencialidades educativas do Hipertexto para o espaço de aprendizagem
Estudos apontam que uma aprendizagem em cooperação através da interação social tem efeitos mais duradouros do que a aprendizagem competitiva e individual. A cooperação é decorrente do aspecto interativo da aprendizagem.

O Hipertexto é só uma tecnologia de acesso á informação, ao conhecimento ou existem vantagens reais em termos da aprendizagem com estes sistemas? Podemos falar de um lado através de uma perspectiva tecnológica, e, de outro, através de uma perspectiva educacional. O ponto-chave é: se o hipertexto, que possibilita a criação de ambientes em que o usuário tem uma autonomia enquanto navega na informação, ou interage com a informação, pode contribuir para que este utilize estratégias individuais de aprendizagem, e que seja sujeito responsável pelo seu próprio processo de aprendizagem. Nesta linha, há diferentes perspectivas: os que consideram o hipertexto como um sistema de aprendizagem em que ocorre algum tipo de aprendizagem, e que utilizam como um sistema de apresentação da informação (Mayes et. Al, 1990 a ; Duchastel, 1990); e aqueles que o definem como sistema de ensino, portanto ligado a contextos educacionais formais e a tarefas orientadas por objetivos (Whalley, 1990).

A seguir apresento uma tabela, onde identifico alguns resultados de pesquisas e algumas perspectivas relacionadas ao hipertexto e a aprendizagem nestes dois aspectos, implicadas em duas abordagens de aprendizagem. Essa síntese foi feita baseada no texto de Lina Morgado: O lugar do Hipertexto na aprendizagem: alguns princípios para sua concepção.





Sistema de Apresentação da Informação
Sistema de Ensino visto sob a perspectiva do aluno



Aprendizagem pela descoberta Num ambiente que se caracterize pela existência de uma rede de conhecimento interligado, que possibilite o movimento através desse espaço de informação conceptual, o utilizador aprenderá, sem dúvida, também de modo acidental enquanto explora este espaço, aprendendo peloa descoberta e experiência pessoal. O fato de navegar e pesquisar seguindo a intuição, trará sempre maiores benefícios do que estando limitado às características do ensino programado. Romiszowski (1990) afirma que só se processa aprendizagem pela descoberta se existirem ligações entre conhecimento prévio e a aprendizagem que pode ser realizada pelos alunos autonomamente. A exploração ativa no hiperespaço não é de forma alguma um processo semelhante a uma exploração ao nível conceitual, verificando-se que, em certos casos, os sujeitos se envolvem de tal modo na aprendizagem dos conteúdos apresentados que se “esquecem” de fazer a aprendizagem da utilização dos mecanismos de exploração.
O que se verifica nos primeiros contatos com o hipertexto, é que os sujeitos ou aprendem a navegar no hipertexto ou se centram nos conteúdos propriamente ditos, não o fazendo em simultâneo. Observa-se um aumento de uma utilização flexível do hipertexto.
Neste sentido, os sistemas devem ser concebidos para apoiar a aprendizagem, providenciando mecanismos de representação do espaço conceitual diferentes das ligações e nós do hiperespaço, e instrumentos para o aluno construir, modificar e interagir com o seu próprio mapa conceitual.


Aprendizagem Associativa A utilização do hipertexto em contextos de aprendizagem formal é problemática, dada a diferença estrutural e conceptual entre eles. É sobretudo no campo da aprendizagem informal, e potenciando os fatores de ordem motivacional, que ele oferece vantagens. O hipertexto não é adequado a tarefas com um grau de estruturação elevado, adaptando-se preferencialmente a uma aprendizagem associativa.



Fonte: http://www.webartigos.com/articles/63870/1/O-que-e-Hipertexto/pagina1.html#ixzz1JnbQXU5R

Artigo - Diálogo como pressuposto educativo

Luiz Etevaldo da Silva,
Professor da rede pública do Estado do RS, atua em escolas na cidade de Ijuí.
Especialista em Humanidades.


O ser humano se humaniza através do diálogo. Por seu intermédio ele apropria-se da cultura do meio social em que vive. Como ser antropológico, o Homem necessita dos outros para constituir sua humanidade. Ele é um ser de relações, aprende a viver em sociedade por meio da partilha de experiências e das reflexões. Através da dialogicidade compreende a condição humana, entende suas dimensões sociológica, filosófica e psicológica. Ela é uma das características que diferencia o animal homem dos demais. A capacidade de pensar, enquanto ser racional, se configura com a comunicação. Neste caso, a linguagem é um traço distintivo entre as espécies, que permite a troca de conhecimentos e saberes, construir e reconstruir conceitos, ou seja, aprender a pensar.

Paulo Freire foi um educador que nos legou o conceito de dialogicidade, como categoria fundamental do processo educativo. Sem ela, segundo ele, não acontece efetivamente a educação. Em Pedagogia do Oprimido encontramos, por exemplo, reflexões acerca da dimensão do diálogo como construção cultural de humanização. Pensa-o pedagógica e filosoficamente numa perspectiva crítica, como condição para libertação.

O pensar crítico

Através do diálogo aprendemos a pensar, a construir conceitos, a questionar, a perguntar, a duvidar, a argumentar, isto é, a codificar e decodificar os processos culturais. O diálogo é constituidor da visão crítica, da busca de justificativas para nossos princípios e concepções. Na troca de ideias vamos ampliando nosso repertório de experiências, compreendendo melhor a sociedade e o mundo, em suas diversas dimensões. Ouvindo e falando vamos nos inserindo no contexto cultural, político e social. Ser crítico, neste caso, é formar um leque de possibilidades, de hipóteses prováveis, para fazer uma leitura da realidade levando em consideração as múltiplas facetas que a constitui dinâmica e dialeticamente. É não se contentar com respostas simplificadas, baseadas no senso comum; é ir além das aparências e descobrir as dimensões ocultas ou veladas da realidade.

Aprender a penar é condição de humanidade. O Homem, através da postura crítica, vai criando formas de expressar entendimentos e encontrar caminhos para chegar às respostas. Vai elaborando questionamentos, assumindo a práxis como meio de construir conhecimentos. O diálogo oportuniza perceber nossas possibilidades e limites, a revelar nossas incoerências e nos desafia a reconstruir nosso pensamento. Ele implica ver o mundo em movimento, como devir. Por meio da criticidade, então, vamos qualificando nossa perspectiva filosófica, definindo nosso imaginário e desenvolvendo nossa criatividade.

A dialogicidade é uma postura diante do outro e do mundo. É uma relação com o diferente ou com o igual, que nos provoca a dizer a palavra para nos constituir como ser político, que busca, através da crítica defender seu modelo de sociedade. O diálogo crítico-reflexivo cria possibilidades de novas formas de sociabilidades, com alteridade e equidade. A democracia não se consolida sem relações dialógicas. É por meio dela que buscamos os entendimentos, o consenso ou a discussão para chegar à decisão da maioria. Ser crítico é necessário para constituir nossa racionalidade e nos preparar para tomar decisões com menos incertezas. É condição de inteligência.

Educação e diálogo

Não é possível se pensar o processo educativo desprovido do diálogo. A apreensão dos conteúdos cognitivos, atitudinais ou procedimentais se dá por meio dele. Aprendemos a pensar quando entramos em contato com o outro. Os entendimentos se dão com ideias, que são construções culturais. Precisamos do outro para nos constituir como sujeito. Tudo que sabemos aprendemos com os outros.

O Homem dialoga para definir sua ética, questionar a moral, para explicar a ciência, para buscar a sobrevivência, fazer comércio, organizar-se politicamente e na conversação cotidiana. Educar, portanto, é ensinar esta condição, pois assim estamos ensinando a dinâmica dos processos culturais, os conhecimentos historicamente construídos, a interpretar o mundo, a buscar o equilíbrio entre racionalidade e emoção. Vamos aprendendo a dizer o que queremos, o que não queremos, por que, como, a denunciar e anunciar formas de construir sociabilidades.

Dialogando nos transformamos dia a dia, encontramos sentidos e significação para os dilemas existenciais, para agir de acordo com as circunstâncias, construímos consciência do mundo que nos cerca e nos colocamos na condição de sujeito. Segundo Paulo Freire, a relação dialógica é o fundamento primordial do processo libertador. Assim, nas interações nos espaços educativos ela é indispensável, é, na sua visão, um encontro amoroso dos homens que mediatizados pelo mundo o pronunciam.

Questões para debate: 1 - As relações entre educadores e educandos em sua escola propiciam relações dialógicas?
2 - Que situações evidenciam dificuldade das pessoas dialogarem democraticamente?
3 - Qual a importância do diálogo no mundo contemporâneo?

Fonte:Mundo Jovem

Formação - Eja

Alfabetização de Jovens e Adultos nos centros de atenção psicossocial


Cícera Maria Mamede Santos


Para que tenhamos bem-estar físico, social e mental, faz-se necessário que possamos conviver em sociedade, buscando respeitar as diferenças existentes, em relação ao gênero, etnia, opção religiosa, classe social etc. Esta forma de convivência nos faz mais solidários e colabora para o nosso crescimento pessoal e social. Neste contexto, os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS, existentes em nosso país devem servir como referência para o tratamento de pessoas com transtornos mentais ou sofrimento psíquico (psicose, neurose, etc.). Estes centros são classificados de acordo com a clientela atendida. Esta divisão é realizada para otimização dos serviços prestados e segundo critérios do Ministério da Saúde, dentre os quais estão o número de habitantes e a necessidade local. Esta classificação é a seguinte:

• CAPS I E II – tem atendimento diário de adultos;
• CAPS III – atendimento diário e noturno de adultos;
• CAPSi – atendimento diário de crianças e adolescentes;
• CAPSad – atendimento diário para pessoas com dependência de álcool e drogas.
• Residência Terapêutica – moradia, inserida na comunidade, destinada a cuidar de pessoas com transtornos mentais, que passaram muito tempo em internações psiquiátricas, e não possuem suporte social ou laços familiares.

Quando uma cidade dispõe de toda essa infraestrutura, dizemos, então, que ela possui uma rede de atenção à saúde mental. Quem ganha com isso? Sem dúvida, a população, principalmente aquela que depende exclusivamente do SUS.

O trabalho realizado, em cada um desses centros, é feito através de equipe multiprofissional, onde a presença de cada um tem sua importância para o êxito do tratamento. Esta equipe é basicamente formada pelos seguintes profissionais: médico(a) psiquiatra, enfermeiro(a), assistente social, terapeuta ocupacional, pedagogo(a), professor(a) de Educação Física, assistentes e auxiliares (que colaboram para a efetiva concretização das atividades desenvolvidas). Dessa forma, cada profissional tem sua especificidade, sendo que as metas traçadas devem levar a um objetivo comum, ou seja: estimular a integração social e familiar, para que os clientes atendidos possam conviver com seus familiares de forma mais feliz e com maior autonomia. Isto é, sem dúvida, exercício da cidadania.

É importante enfatizar, também que, além do tratamento medicamentoso, realizado com remédios chamados psicoativos ou psicofármacos, existem diversas atividades realizadas diariamente, como por exemplo:
- Atendimento individual, em grupo e familiar;
- Atividades comunitárias, assembleias ou reuniões;
- Psicoterapia individual ou em grupo;
- Oficinas terapêuticas;
- Atividades artísticas;
- Atendimento domiciliar;

Convém mencionar ainda que a função desenvolvida pelo pedagogo(a) é imprescindível para que os clientes possam usufruir de uma terapia onde sintam-se co-participantes do processo. Dentre as atividades propostas, existe a oficina de alfabetização. Ela nos auxilia para que possamos utilizar o espaço de tratamento como lugar de reflexão, buscando democratizar o saber. Oportunizando às crianças, jovens e adultos sua inserção ou aprimoramento no mundo letrado. Dessa forma, alia-se aos medicamentos e terapias a luta constante pelos direitos de cidadão. A maioria das pessoas que frequenta os CAPS não teve oportunidade de ir à escola. Através dos avanços obtidos na área de saúde mental temos consciência de que muitos têm condições de progredir, de frequentar salas de aula do ensino regular. Pois segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB 9394/96, a inclusão deve estar presente preferencialmente nos estabelecimentos educacionais (ensino regular). Embora tenhamos consciência de que ela tem que ser efetivada precisamos de muito apoio. Faz-se necessário uma melhoria na infraestrutura escolar: salas de aula com maior espaço, rampas de acesso: Capacitação continuada dos professores; diminuição do número de alunos e, sem dúvida, apoio técnico. O professor sozinho não tem como desenvolver bem o seu trabalho. Eu fico às vezes me questiono quando escuto algumas pessoas dizendo: professor hoje em dia tem que ser psicólogo, pai, mãe etc. Refiro-me a algumas questões em relação à indisciplina, falta de apoio familiar. Questiono-me porque: professor é professor, não é psicólogo, terapeuta, assistente social etc. A exigência em relação ao seu trabalho pedagógico é muito grande. A escola deve buscar uma maior integração com a família, para que esta exerça com mais responsabilidade seu papel, colaborando para o sucesso do processo educativo.

Temos registrado que alguns dos nossos clientes estão conseguindo conciliar o tratamento com o estudo, no ensino regular. Este fato nos deixa, sinceramente, com o coração cheio de felicidade, pois é o resultado do trabalho realizado em equipe. Portanto a grande função social do CAPS é, sem dúvidas: fazer com que as pessoas que o frequentam possam estar em contato com seus familiares, ampliando também, a convivência na sociedade. E a Educação de Jovens e Adultos é uma grande aliada neste processo que enriquece e fortalece os laços de cidadania. Paulo Freire, em Pedagogia da Autonomia, descreve como o professor, através de sua ação dialógica, pode conduzir o processo educacional como um ato de luta e respeito às diferenças.

Questões para debate:
- No município que você mora, existe CAPS? Você já teve oportunidade de conhecer os serviços oferecidos nesta unidade de saúde mental?
- Para você, de que forma a Educação de Jovens e Adultos pode proporcionar a inserção na sociedade?
Música:
Balada do Louco - Ney Matogrosso
Composição: Arnaldo Baptista / Rita Lee

Dizem que sou louco por pensar assim
Se eu sou muito louco por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz

Se eles são bonitos, sou Alain Delon
Se eles são famosos, sou Napoleão

Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu

Se eles têm três carros, eu posso voar
Se eles rezam muito, eu já estou no céu

Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu

Sim sou muito louco, não vou me curar
Já não sou o único que encontrou a paz

Mas louco é quem me diz
E não é feliz, eu sou feliz

• Após ouvir a música, abrir espaço para debate.Cícera Maria Mamede Santos

Fonte:Jornal Mundo Jovem
Cícera Maria Mamede Santos
Pedagoga. CAPS, Barbalha - CE.

Para refletir ...Falta Tempo?

Marioly Oze Mendes
Fonte Jornal Mundo Jovem

Se há algo extremamente difícil de ser resolvido nos dias atuais, é a falta de tempo. Não sobra tempo para mais nada. Não conseguimos arrumar tempo para sentar calmamente, tomar um café da manhã e conversar com a família. Não arrumamos tempo para praticar atividade física. Enfim, o corre-corre diário torna nossa vida alucinada e, no final de algum período, temos a impressão de que pouco se fez.

O problema do excesso de atribuições que chegam diariamente, e se acumulam ao longo dos meses, é o resultado "danoso" da Era da Informação, que acaba atrapalhando a nossa saúde, qualidade de vida, produtividade e foco de atenção.

Questiona-se. Será que é assim com todos?

Como explicar que há pessoas bem-sucedidas que sabem dividir seu tempo com as suas atividades e dê "conta do recado" de maneira satisfatória? O que ela faz para ainda conseguir "curtir" a família e os amigos, estar presente em eventos sociais e praticar esportes?

A solução está em saber equilibrar as aptidões de organização, planejamento e prioridades.

Para ser produtivo e ter qualidade de vida é necessário saber se organizar. A tomada de decisão deve ser célere e fazer parte do cotidiano.

Com tantas ocupações para fazer e compromissos a desempenhar, o planejamento é o modo mais eficaz de administrar o tempo e fazer tudo "caber na agenda", inclusive os imprescindíveis momentos de lazer e de descanso.

Diante de tantos afazeres importantes, saber priorizar é um desafio e, por esse motivo, é preciso definir e redefinir suas prioridades constantemente. O importante é não perdê-las de vista.

Não há como esquivar". O dia tem "somente" 24 horas. Providos de vontade, disciplina, perseverança e mudança de alguns hábitos são possíveis administrá-las e fazer delas as mais extraordinárias horas da nossa vida.

Vamos tentar "ter tempo"?

Opinião - De Columbine a Realengo

Autor de best-seller sobre massacre em colégio nos EUA fala do período posterior ao crime ocorrido há 12 anos

Leonardo Cazes


RIO - A Columbine High School, nos EUA, e a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, estão a milhares de quilômetros uma da outra, mas foram aproximadas por tragédias parecidas.Nesta quarta-feira (20), terão se passado 12 anos desde que dois alunos do colégio americano mataram 13 pessoas na escola; e 13 dias desde que o Wellington Menezes de Oliveira assassinou 12 alunos da instituição onde ele estudou. Segundo Dave Cullen, jornalista do "New York Times" e autor de um livro sobre o crime de 1999, é cedo para saber como os sobreviventes da Tasso da Silveira vão se recuperar do impacto do massacre. Mas o que aconteceu depois do horror em Columbine pode dar pistas disso.


VIOLÊNCIA:Ex-aluno armado invade escola municipal em Realengo e deixa mortos e feridos

- O ensino médio de quem sobreviveu nunca mais foi o mesmo. Depois do que aconteceu, os estudantes falavam sobre isso sempre que se encontravam. Ao entrar na faculdade, ninguém dizia que era de Columbine. Falavam simplesmente que eram de Colorado (estado americano onde fica a escola) ou dos arredores. Quando saíam do colégio, eles queriam deixar a tragédia no passado - conta o autor do best-seller "Columbine" (2009), não lançado no Brasil. - Agora, a grande maioria conseguiu superar isso.

Os adolescentes Eric Harris e Dylan Klebold deixaram uma marca profunda na vida dos outros 2 mil estudantes. Cerca de dez dias após o massacre, os alunos voltaram às aulas, mas num colégio próximo, e em meio expediente. A polícia só liberou Columbine depois de dois meses, e muita coisa estava fora do lugar. Das 25 saídas da escola, restaram apenas cinco. Pais de alunos trabalhavam como voluntários em cada uma delas para controlar a entrada e saída dos estudantes. As mochilas eram revistadas todos os dias (e ainda são), para tentar evitar um novo e eventual ataque.

Várias medidas de segurança foram adotadas, mas Cullen ressalta que, ao longo dos anos em que acompanhou a escola em Columbine, viu as regras se flexibilizarem. E acha que é inútil transformar escolas em prisões de segurança máxima. Todos respeitam por alguns dias e depois...

- Adolescentes são adolescentes. Passados os anos, ninguém pensa mais que entrará outro atirador na escola. E as coisas voltam a ser como eram - comenta o jornalista.

Ainda de acordo com o autor, uma série de rumores encheu os corredores da escola de medo. Ele conta que, quando as aulas por lá recomeçaram, boatos davam conta de que amigos dos atiradores estavam planejando "terminar o serviço" dos dois. Vários estudantes passaram dias sem ir às aulas.

No memorial onde 15 cruscifixos foram colocados para lembrar os 13 mortos, e também os assassinos, um pai, revoltado, destruiu as duas cruzes com um machado. Ao final da temporada regular de basquete, o craque do time de Columbine se suicidou na garagem de casa, e foi encontrado pelo pai. Outros dois estudantes foram assassinados no metrô.

Diferentemente de Realengo, Cullen explica que, no caso de Columbine, a polícia só liberou o acesso a provas fundamentais do crime sete anos depois. E as evidências desmentiram a tese de que os assassinos eram antissociais.

- As pessoas diziam que eles sofriam bullying, eram vistos como perdedores, não tinham amigos... Quando li a agenda dos dois, vi que eles levavam vidas de adolescentes normais. Eric, por exemplo, não tinha nada de baixa autoestima. Ele era como um psicopata, e tinha uma confiança elevadíssima. Achava-se melhor que todo mundo - explica o jornalista, que morava perto de Columbine, mas hoje vive em Nova York.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao

Opinião - Cuiabá, 292 anos de belas histórias

Autor: Guilherme Maluf

"Virtude plusquam auro" é assim que está escrito no brasão de Mato Grosso: "confiemos na virtude, mais que no ouro", como muito bem grafou Dom Aquino Correa. Cuiabá é Mato Grosso, explico: Cuiabá (Forquilha) nasce em 1719 e Mato Grosso, em 1748. Por isso uso o lema do brasão do estado para reacender a chama que fulgura em ambos os brasões e despertar a Fênix que repousa sobre os mesmos. Cuiabá precisa de virtude, Cuiabá necessita de Amor...

Diz a sabedoria popular que para conhecer e amar alguém é necessário que se coma um saco de sal juntos, então é necessária uma vida inteira. Atualmente, fala-se em milhão pra isso, milhão pra aquilo e só não se ouve o som da palavra Amor. Amor pela terra em que se nasceu, Amor pela cidade na qual se vive e dela tira-se o sustento, enfim... Amor pela Cuiabá dos nossos filhos e netos. A Cidade Verde precisa, sim, de dinheiro; todavia, necessita de Amor de verdade. Como diz o cantor e compositor Peninha: "Quando a gente gosta é claro que a gente cuida". Não se pode mais conviver com o gostar, com o amar por conveniência, chega do "Fala que me ama só que é da boca pra fora".

Mas é teu aniversário, minha querida e adorada Cuiabá, e em teu dia, gostaria de falar-te, com palavras singelas, muito Obrigado por tudo: Deste-me a sabedoria em Dom Francisco de Aquino Correa, fizeste-me poeta com o lirismo de Ivens Cuiabano Scaff, ensinaste-me a simplicidade com o professor Ezequiel de Siqueira, trouxeste-me a sensibilidade com Dunga Rodrigues e o maestro China, vieste-me inteira na prosa de Pedro Rocha Jucá; permitiste, com Dr. Agrícola Paes de Barros, que a medicina fosse meu trabalho, contaste-me histórias nas palavras de Lenine de Campos Póvoa; colocaste, através de Benedito Sant"Anna da Silva Freire, em meus olhos o brilho dos que fazem dos sonhos uma possibilidade concreta. Eis um pouco do muito que veio a mim através de ti, minha Cuiabá. Não sabes o orgulho que carrego quando digo "minha Cuiabá", és minha e de todos que sabem da viola de cocho, da paçoca de pilão, do rasqueado, da pedra 21, do tanque dos bugres, do siriri e cururu, da carne com banana, do beco quente, e do beco do urubo, onde nasci e cresci, do pacu na folha de bananeira, da Prainha, da alavanca de ouro, do escaldado, do campo d"Ourique, do doce de caju,das cadeiras na calçada, dos quintais sem muros e da manga chupada no pé...

Kiiaverá... Ikuiapá... Cuiabá... Rio da lontra brilhante... Lugar do (pesca com) arpão... Por Amor a Cuiabá... Sim, Por Amor a Cuiabá e ao povo cuiabano (nascidos ou bem-vindos) que acredito ser possível uma outra Cuiabá. A Cuiabá das virtudes, do olho no olho, do respeito com o bem público, da cultura e da tradição, da cidade verde, do muxirum, do rio Cuiabá vivo, das crianças com saúde e boas escolas, da acessibilidade, da humanização do trânsito, da Unemat aqui e da segurança para, de novo, colocarmos aúfa de cadeiras nas calçadas...Parabéns Cuiabá, são 292 anos de belas histórias.

Guilherme Maluf é médico e deputado estadual pelo PSDB.

Opinião - Massacre de alunos no RJ

“bullying”, armas de fogo, insegurança nas escolas...


Luiz Flávio Gomes

O massacre dos alunos no Rio de Janeiro numa escola pública revela o quanto ela está desamparada no nosso país. Falha no conteúdo (o Brasil, em matéria de educação, só ganha do Zimbábue) assim como no item segurança (são incontáveis os episódios de invasão de escolas e disparos de arma de fogo, sem que providências concretas sejam tomadas pelo poder público).

Charlatões oportunistas, políticos e alguns setores midiáticos, que sabem explorar a emoção (e comoção) popular gerada por tragédias impactantes como a do Rio de Janeiro, certamente vão propor endurecimento das leis penais, “lei do gatilho fácil” (liberdade para a polícia matar), pena de morte etc. É um tipo de irresponsabilidade que não pode mais ter espaço na nossa sociedade.

É chegado o momento de pensarmos em soluções, não em alucinações. O Brasil é o campeão mundial em assassinatos de jovens (segundo a Unicef), sexto país mais violento do mundo (com 46 mil mortes intencionais por ano, segundo o Mapa da Violência), campeão mundial em mortes por armas de fogo (34,3 homicídios) e um dos únicos do mundo em que construir presídios é mais prioritário que abrir escolas.

Estudo realizado pelo nosso Instituto de Pesquisa verificou (a partir dos dados do Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que no período compreendido entre 1994 e 2009 houve uma queda de 19,3% no número de escolas públicas do país, já que em 1994 tínhamos 200.549 escolas públicas contra 161.783 em 2009[1].

Em contrapartida, no mesmo período, o número de presídios aumentou 253%. Isto porque, se em 1994 eram 511 estabelecimentos, este número mais que triplicou em 2009, com um total de 1.806 estabelecimentos prisionais.

Vivemos num país que está virado de ponta-cabeça. O que é mais importante não tem merecido a devida atenção do poder público. Mais um exemplo: a investigação das causas dos crimes (assim como seu combate).

Dois terços dos casos de massacres dentro de escolas envolvem alunos ou ex-alunos (caso de Wellington de Oliveira) que foram vítimas de “bullying” (Glenn Stutzky, especialista em violência escolar, Folha de S. Paulo de 08.04.11, p. C3). Muito provavelmente nenhuma investigação séria sobre a vida do assassino será feita. Fontes preciosas de informações que poderiam evitar futuros assassinatos em série são totalmente menosprezadas.

Wellington de Oliveira massacrou suas indefesas vítimas utilizando dois revólveres e um arsenal impressionante de projéteis. Uma das armas foi roubada do seu dono em 1993. Compra-se arma de fogo por preço de banana em qualquer esquina do nosso país. Rouba-se arma de fogo com total facilidade.

Milhões delas (sete milhões, dizem) estão na ilegalidade. Apesar da letalidade das armas de fogo, muita gente continua contra o absoluto desarmamento da população.

Num país conflitivo como o nosso, que soma violência (sexto país do mundo mais violento) com um dos maiores índices de impunidade do planeta (85 mil inquéritos de homicídios, instaurados até 31.12.2007, estão parados), permitir o armamento flácido e generalizado da população significa juntar gasolina com fogo. Não é por acaso que o Brasil é o campeão mundial em mortes por armas de fogo (34,3 mil por ano).

A contenção da violência no nosso país é uma das tarefas mais prioritárias. É preciso enterrar de uma vez por todas a cultura da guerra civil permanente, que aqui foi instalada oficialmente em 1822.

Luiz Flávio Gomescontato@professorlfg.com.brDoutor em Direito penal pela Universidade Complutense de Madri e Mestre em Direito Penal pela USP. Diretor-Presidente da Rede de Ensino LFG.

Opinião - Cem anos esta tarde

Wanda Camargo

No dia 25 de março de 1911 aconteceu uma tragédia que não deve ser esquecida: cento e quarenta e seis trabalhadores de uma indústria de confecções de Nova Iorque morreram em um incêndio, era sábado, cinco da tarde.

Este evento é associado aos movimentos pelos direitos das mulheres trabalhadoras, e a data em que ocorreu é muitas vezes dita a origem do Dia Internacional da Mulher, o que não é verdade. Desde meados do século XIX as mulheres operárias lutavam bravamente ao lado de seus companheiros por melhores condições de trabalho e salário, nesta época as jornadas de até quinze horas eram comuns para homens e mulheres, mas os salários das mulheres eram significativamente inferiores aos dos homens, chegando a valer menos da metade daqueles.

Fala-se que o incêndio da “Triangle Shirtwaist Company” teria sido intencional, há versões de que os trabalhadores realizavam uma assembleia para decretação de greve e que os patrões teriam mandado trancar as portas e atear fogo ao prédio. Esse crime pode não ter ocorrido desta maneira, a confecção localizava-se nos últimos andares de um edifício com estrutura e pisos de madeira, sem condições de segurança e evacuação rápida; era prática comum manter trancadas as portas de instalações industriais para controlar a entrada e saída dos trabalhadores, até as idas ao banheiro eram controladas e racionadas.

Quando o incêndio começou, provavelmente causado por pane em instalações elétricas sabidamente precárias, havia mais de quinhentos trabalhadores na fábrica, cento e quarenta e seis morreram, dos quais cento e vinte e cinco eram mulheres. Mesmo tendo sido não intencional, e sim de descaso, de descuido, de irresponsabilidade, de ganância, foi um crime brutal e imperdoável.

Há uma frase infeliz sobre as “limpezas” étnicas e políticas do nazismo e do stalinismo: o assassinato de um ser humano é um crime, o assassinato de um milhão de seres humanos é um dado estatístico. Além de infeliz a frase é mentirosa, cada vítima dos dachaus, gulags, hiroshimas e revoluções culturais era uma pessoa, teve sonhos, amou, foi amada, teve desilusões; jamais poderá ser reduzida a apenas um número. Da mesma forma, não podemos estabelecer comparações numéricas entre o crime bárbaro que ocorreu há cem anos e os demais crimes bárbaros do barbaramente criminoso século XX, na verdade não devemos fazer comparações de qualquer tipo, as monstruosidades também ocorrem cada uma à sua maneira.

Hoje é mais intenso o estudo sobre a situação feminina, tanto na educação e vida familiar, quanto no trabalho e na política. Sua saúde reprodutiva e o acompanhamento das violências sexuais ou domesticas são objetos de profundas análises nas universidades, organizações não governamentais e grandes unidades de pesquisa. Destas, decorreu o conceito de gênero, sociologicamente construído para diferenciar o papel social e comportamento feminino de sua caracterização sexual, campo marcado essencialmente pelo estabelecimento das relações de poder, simbólico ou efetivo, entre homens e mulheres, característicos de cada cultura e época.

A complexidade e ambiguidade da sexualidade permeiam todo o relacionamento humano e influencia até os perfis epidemiológicos de cada região, já que os valores norteadores dos comportamentos idealizados dos tipos masculino ou feminino, dos papéis diferenciados tanto nos aspectos laborais quanto na reprodução, cuidados de saúde, das crianças e da casa, são preponderantemente marcados pela divisão sexual das tarefas.

No Brasil, a ausência masculina no ambiente doméstico, mesmo quando a companheira dedica igual tempo ao trabalho fora de casa é percebida na grande maioria dos estados, mesmo que isso afete a qualidade de vida de ambos, mas o aumento expressivo do número de famílias chefiadas por mulheres colabora para uma demarcação menos estrita das desigualdades de gênero.

A perspectiva mais otimista, porém, é a da maior permanência das meninas nas escolas, que seria uma ótima notícia, se não ocorresse em detrimento da retirada precoce dos meninos do ambiente escolar para entrada, sem qualificação e preparo emocional adequado, no mercado de trabalho.

O Dia Internacional da Mulher foi proposto pela militante pelos direitos da mulher Clara Zetkin em um Congresso Socialista ocorrido em 1910 na Dinamarca, mas apenas alguns anos depois definido para o dia 8 de março. Esta não é (ou não deveria ser), uma data de comemoração. É um dia de homenagem aos milhares de mulheres e homens que perderam até a própria vida pela causa da igualdade e da justiça entre gêneros.

O momento é adequado para refletir sobre a condição feminina enquanto condição humana, contemplarmos os ganhos e avanços, que são muitos, e as perdas e retrocessos, que infelizmente também são. O Dia da Mulher apenas será um dia de comemoração plena quando não for mais necessário que exista um Dia da Mulher.

Wanda Camargo assessoria@unibrasil.com.brPresidente da Comissão Central de Processo Seletivo da UniBrasil.

Opinião - Educação e Poder

Autor: Veralucia Guimarães de Souza


Nós, profissionais da educação do estado de Mato Grosso, estamos prestes a vivenciar algo inédito na história da educação no país: A eleição direta para Assessores Pedagógicos dos municípios do estado.

Este feito não é uma conquista de agora, talvez haja alguém na educação do estado que não vivenciou ou não se lembra, mas é uma das conquistas da década de 90, quando conseguimos a eleição direta para diretores, a eleição entre o grupo de professores da unidade escolar para os coordenadores. Jornada de 30 horas sem a obrigatoriedade de contra-turno. A Lei Orgânica dos Profissionais da Educação Básica. Parece mentira, mas uma luta do SINTEP .

Antes, tínhamos uma gestão escolar completamente partidária e autoritária. Os cargos vagos de profissionais da educação eram preenchidos por meio de bilhetes de governador, deputados, prefeitos e, até mesmo, vereadores. Tudo indicado! A lei era burlada. Só existia para aqueles que não pertenciam ao partido político que estava no poder.

Nesse momento, em que seremos chamados a escolher o nosso Assessor Pedagógico, é o momento em que devemos refletir sobre a gestão pública. Se for um professor, como é seu desempenho acadêmico e a sua relação interpessoal dentro da unidade escolar em que trabalha? Se já é ou foi um Assessor, como é ou foi a sua gestão? Foi uma gestão compartilhada com a comunidade educativa do município? Ou foi uma gestão desenvolvida por circulares que ferem LOPEB impedindo a jornada dos educadores com acúmulo de cargo? Apesar de muitos serem contra, é garantindo na Constituição Brasileira.

Muitas pessoas sentem-se poderosas quando assumem cargos de chefia. Esquecem que o poder é transitório. Não se diz, estou diretor, estou coordenador, estou assessor, mas sou diretor, sou coordenador ou sou assessor. Esquecendo- se de duas coisas: há uma grande diferença entre estar e ser e representam seus colegas de profissão, profissionais do ensino, são, na verdade, meros professores, como aqueles que estão na sala de aula. Isso é um tanto perigoso! O poder corrompe o lado humano e o ser se degrada e acaba com todos que estão ao seu redor.

Quando se diz em poder na gestão pública, parece ser cabível uma alusão à famosa fábula de George Orwell, que apesar de ser uma crítica ao totalitarismo que fora posto em prática por Stálin, cujos personagens são representados por Major como Lênin, Bola-de-Neve como Trotsky e Napoleão como Stálin, pode retratar o contexto da gestão pública. Assim, cabem a nós alguns questionamentos. O que tem a fábula em comum com a gestão pública? Talvez a sede pelo poder levando as pessoas se esquecerem do essencial, o bem comum. No caso da educação, o bem comum de cada comunidade escolar que tem seu contexto histórico, social e cultural.

Na fábula, quando Mayor morre, Bola-de-Neve é escorraçado por Napoleão, começando assim uma gestão que visava o bem comum apenas daqueles que estavam no poder: os porcos. Estes, por suas vez, adestraram os cachorros para coagir as vozes que lutavam pelos ideais da revolução, igualdade para todos. As leis criadas para regulamentar o bem comum da Granja dos Bichos foram substituídas por outras que atendessem a interesses particulares. Os outros animais viraram escravos, o que é pior, foram enganados, pois, quando fizeram a revolução, confiaram o poder aos porcos.

Nesse momento de escolha de chefia municipal para conduzir a educação da rede estadual de ensino em cada município, temos que estar atentos a tudo, para não sermos vilões da famosa frase de "A Revolução dos Bichos"
"Todos animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais do que outros!" George Orwell

Veralucia Guimarães de Souza - professora da Rede estadual de Ensino desde 1987. Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Linguística da Universidade de Brasília.
veraluciags@terra.com.br

Opinião - Razão e emoção – É preciso inteireza

Fabiano Brum

Existem situações em nossa vida onde temos que escutar as informações, os sons e os sentimentos que nos rodeiam para tomarmos decisões, caminhos ou realizar escolhas.

São inúmeras estas informações como por exemplo:

Externas - conselho de amigos, de especialistas, análises financeiras, opinião pública, pesquisar o cliente, etc.

Próprias – nossas percepções, sentimentos, experiências, nosso conhecimento técnico, nossa razão e nossa emoção.

Muitas vezes não existe um caminho único a ser seguido e como também não existe uma verdade absoluta a ser acreditada. Muitas escolhas podem até nos levar para os mesmos lugares, ou até mesmo para resultados bem distantes.
Certa vez o filósofo Confúcio disse: “Onde quer que vás, vá de todo o coração”.

Confúcio estava nos dizendo que precisamos ser fiéis a nós mesmos, utilizar da razão porém embebida na sensibilidade, estarmos presentes em razão e emoção. Devemos agir tecnicamente, porém com o sentimento daquele que ama o que faz, respeita seus ideais e principalmente tem respeito por outras pessoas.

Basta você olhar para os lados e verá quantas pessoas estão trabalhando sem nenhum tipo de sentimento, “ligadas no modo automático”, exercendo suas funções de forma mecânica, alheias aos acontecimentos e aos outros seres humanos que os cercam. São pessoas que atuam sem prazer, sem vida, sem amor próprio ou amor pelo próximo.

Na vida é preciso agir com inteireza. Inteireza é uma palavra definida no dicionário como: a qualidade ou estado daquilo que é inteiro; com integridade física e moral.

Precisamos estar inteiros para darmos o melhor de nós mesmos por aquilo que estamos fazendo naquele momento. Estar inteiro também é estar com o outro, pelo outro, interessados no bem estar e no sucesso do outro (clientes, parceiros, família, amigos, comunidade). Um trecho da música Por Inteiro do cantor e compositor Wilson Sideral diz: “Não importa o arranjo, em conjunto somos mais do que solo”. Estar inteiro não é estar sozinho, mas sim em sintonia com o mundo. Juntos somos mais do que um.

Da próxima vez que tiver que tomar uma decisão, estiver atendendo um cliente, ou se relacionando com algo ou alguém, esteja por inteiro. E não se esqueça do velho amigo Confúcio: “Onde quer que vás, vá de todo o coração”.

Afine-se para o sucesso!

Fabiano Brumcontato@fabianobrum.com.brPalestrante especialista em motivação.

Opinião - Nossos filhos estão seguros na escola?

Marcelo Augusto de Araújo Campelo

Os ataques ocorridos em escolas do Rio de Janeiro nesta semana nos fazem pensar se nossos filhos estão seguros quando os deixamos na escola. Em primeiro lugar todo o prestador de serviço tem o dever de guarda. Quando se prestam serviços de educação na qual a escola "recebe" a criança, esta terá que garantir todos os mecanismos de proteção existentes, seja contra quedas, tendo instalações compatíveis, seja contra professores despreparados ou alunos que cometam bullying. Assim, jamais se poderia admitir a entrada de um ex-aluno nas dependências da escola, ainda portando arma, e cometendo uma atrocidade de tamanha proporção. A escola é responsável, e solidariamente o Estado, como um todo, pois quem estava prestando serviço público era este.

Ademais, insere-se neste contexto a problemática das armas, pois há alguns anos tivemos o estatuto das armas que retirou do cidadão a posse de qualquer armamento. Vozes que foram combatidas à época insistentemente defenderam que o problema das armas estava na fiscalização e não no porte. O noticiário irá dizer qual a origem das armas que cometeram tal brutalidade contra inocentes crianças. Mais uma vez o Estado no sentido amplo da palavra é o responsável.

As famílias deverão ser indenizadas pelo município do Rio de Janeiro, responsável pela escola. Todavia, cabe lembrar que qualquer recompensa monetária será pouco em relação às vidas perdidas. O mínimo que a Administração Pública deve fazer neste momento é amparar os familiares e tomar atitudes para que novas barbáries como esta não aconteçam em nossa pacífica nação. As indenizações, seja de âmbito moral ou material, levarão anos para serem discutidas e definidas na justiça, mas as famílias precisam neste momento de amparo. O choque que sofreram é incomparável a qualquer perda. Somente quem sente sabe o quanto dói a perda de um ente querido numa das fases mais maravilhosas da vida.

A família do agressor é também uma vítima do sistema. Os motivos do crime ainda não foram esclarecidos e quem sabe jamais o serão. No entanto após uma investigação profunda das causas e consequências do crime, algumas evidentes, morte de crianças, os bens do agressor, se os tiver, ficarão à disposição da Justiça para reparar os danos e despesas sofridos pelas famílias. Porém, não é simples. Um processo penal deverá ser instaurado juntamente com o inventário, buscando verificar quais os bens do agressor.

Tragédias como a ocorrida somente servem para demonstrar que a sociedade brasileira precisa realizar mudanças urgentes. A violência que pulula em nossas ruas, a falta de policiamento, a insegurança que se vive, agora também chegou às crianças. Vidas jovens foram perdidas. Algo deve ser feito e mudado. As causas precisam ser apuradas, pois ninguém pode ficar inseguro no momento de deixar seus filhos na escola.

Marcelo Augusto de Araújo Campelomac@athayde.com.brGraduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná em 2000. Atualmente é advogado associado do escritório Athayde & Athayde.

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Artigo - A atratividade da carreira docente

Francisca Romana Giacometti Paris

O Ministério da Educação apresentou um projeto estabelecendo os objetivos da educação para a próxima década (2011-2020). O texto traz várias metas que pretendem alterar a realidade das escolas no sentido de qualificar o atendimento, principalmente no ensino básico. Todas as metas poderão ser atingidas desde que haja políticas públicas consistentes, continuidade dessas políticas e investimento na formação e valorização do quadro de professores.

O objetivo de assegurar a todas as crianças e jovens o ensino básico e permitir que cada um conclua o processo de escolarização básica pode continuar sacrificando a qualidade em função da quantidade.

Todavia, sabemos que a realidade da escola poderá ser mudada se, sobretudo, as metas propostas estiverem apoiadas na confiança, na ação e no empenho dos professores. Isso significa que, se os professores não acreditarem na força e na seriedade das políticas educacionais e não as efetivarem no contexto das escolas, o Plano Nacional de Educação será apenas mais um plano bem intencionado, porém ineficaz. Deve existir um projeto social e político que aponte, por meio de ações concretas, o desejo de se transformarem significativamente as metodologias e os conceitos que hoje determinam os fazeres escolares.

Ninguém ignora que é a intervenção pedagógica adequada dos educadores que faz quase toda a diferença na escola. Todos defendem que a atividade docente está cada vez mais complexa e exigente; no entanto, também é consensual a ideia de que a carreira docente com um estatuto social decadente, formação fragilizada e remuneração baixa não atrai à profissão os estudantes mais qualificados nem anima os melhores profissionais a manter-se nas escolas públicas.

Em um tempo em que nós, a sociedade como um todo, e as autoridades educacionais buscamos uma escola que atenda mais e melhor à população que dela faz uso, é imprescindível que medidas palpáveis sejam estabelecidas a curto e médio prazo, a fim de tornarmos a carreira docente um pouco mais atraente.

É preciso que os jovens sejam motivados a serem professores e encontrem incentivos e sentido no magistério. Uma profissão que não atrai os “bons” com certeza será ocupada por aqueles que, do ponto de vista profissional, não tiveram opções melhores. Assim sendo, estaremos encaminhando pessoas desmotivadas à carreira docente, sem empenho e, sobretudo, que não acreditam que podem. Por isso mesmo, elas provavelmente não farão a diferença, posto que não “escolheram”, mas foram social e economicamente “escolhidas” para serem professores.

Para inverter o “desprestígio” da carreira de professor é imperativo que se efetivem medidas claras de formação continuada dos docentes e, ao mesmo tempo, se definam com clareza novas condições para o exercício da profissão.
O PNE 2011-2020 aparece em hora propícia e deseja o desenho de um novo projeto social para a escola pública. Todavia, o primeiro e mais importante passo para tal empreitada é devolver a decência à docência.

Francisca Romana Giacometti Parisfrgparis@editorasaraiva.com.brDiretora pedagógica do Agora Sistema de Ensino, pedagoga e mestra em educação e ex-secretária de Educação de Ribeirão Preto (SP).

Artigo - Concepções de avaliação institucional

Autor: Claudia Lisiane Oro Ribeiro Ramos

No Brasil, os programas de pós graduação e ensino superior já são avaliados a um bom tempo, inclusive com altas taxas de credibilidade. Apesar disso ainda não temos nenhum sistema de avaliação da educação básica consolidado, pelo contrário o máximo que encontramos são modelos pontuais de avaliação institucional.

A avaliação é ainda muito estigmatizada, ou seja, não é vista ou considerada como uma alternativa de melhoria de gestão e de processo. Quando ouvimos falar em avaliação logo nos vem na mente o sentido de cobrança, inquirição, provas, e tantos outros conceitos que estão impregnados em nosso subconsciente, que nem paramos para pensar no sentido real da avaliação.

Segundo Perrenoud (1.999), avaliar é criar hierarquias de excelência, ou seja, classificar pessoas, instituições, idéias, em ordem de qualidade, do melhor para o pior. Para ele avaliar é também valorizar o que é feito de bom e mostrar o que precisa ser melhorado, é uma forma de definir modelos, padrões para certificações ou cobranças.

Hofmann (1991) também apresenta a avaliação como uma reflexão que deve ser transformada em ação e que esta ação é que deve nos impulsionar para novas reflexões, novos trabalhos e novas idéias.

A avaliação não é o ponto final, conforme apresenta Esteban (2006) é justamente o contrário disso. A avaliação deve ser um conjunto de ações que venham a contribuir no processo de ensino aprendizagem, e que ao mesmo tempo tragam novas possibilidades de organização e reflexão pedagógica.
Ela nos apresenta também que a "avaliação como prática de investigação" tem um horizonte móvel, pois pode nos apresentar novas facetas do que já conhecemos ou do que pensamos conhecer, nos mostra novos caminhos, novas perspectivas de organização e de trabalho que antes podíamos nem perceber.

A avaliação, no entanto não pode estar desassociada do planejamento, este pensamento podemos encontrar em Gitirana (2006), quando ela coloca que avaliar deve estar explícito no processo de gestão e aprendizagem e que para que isso ocorra a avaliação deve ser apresentada junto com o planejamento escolar de qualquer instituição de ensino.

A pragmática da avaliação nos apresenta o ato de avaliar como um ato de que deve sempre vir associado ao agir. Perrenoud (1999) cita quer mesmos aquelas avaliações feitas fora do contexto pedagógico devem ter unicamente como objetivo a correção orientação e inovação dos processos de ensino. Nesta perspectivas podemos ver a avaliação como uma corrente para o ajuste periódico do currículo e também para um controle do processo de ensino aprendizagem.

Acontece que avaliação institucional é muito mais do que isso. Quando falamos em avaliação de aprendizagem estamos nos referindo unicamente ao ato de avaliar o que o aluno aprendeu, ou quanto ele aprendeu em determinado momento de sua vida escolar.

Quando nos referimos a avaliação institucional o processo é bem maior e mais complexo. Não basta somente avaliar o ensino, é preciso avaliar todo o processo que gerou ou gera este ensino no aluno. Avaliar o professor, o diretor, o projeto pedagógico, a estrutura de ensino, ou seja, todo o processo envolvido na comunidade escolar.

Avaliação institucional precisa ser entendida como um processo de emancipação da escola, um processo de aprendizagem e crescimento do projeto político pedagógico que nos orienta para uma melhoria necessária.

Freinet, já na década de 30 nos mostrava que a democracia governamental tinha que vir acompanhada da democracia na escola. Regime autoritário que não aceita a avaliação sistemáticas não pode ser um modelo aceitável de gestão democrática.

O sentido amplo da avaliação institucional é aquele que trás melhorias consideráveis a toda comunidade escolar, que deve participar do processo efetiva e entusiasticamente.

Claudia Lisiane Oro Ribeiro Ramos - diretora de Ensino da UNINOVA

Bibliografia
HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação: mito e desafio: uma perspectiva construtivista. Porto Alegre, Mediação, 1991.
PERRENOUD, Philippe. Avaliação: Da excelência à regulação das Aprendizagens. Porto Alegre, Artmed, 1999.
SILVA, J F da, HOFMANN, Jussara e ESTEBAN, Maria Teresa (orgs.) Práticas avaliativas e aprendizagens significativas em diferentes áreas do currículo.Porto Alegre, Editora Mediação, 2006.

Artigo - A educação nua e crua

Por Rosimeire Soares da Silva

“Câmera, ação!” Jargão do mundo da telenovela que incessantemente é repetido na vida dos atores comuns diante de recursos comuns de captação de imagem.

Cidadão comum, ator comum, professor comum e real. Este representa a massa de utópicos que vê o processo educacional sem as maquiagens cinematográficas e isenta do realismo fantástico de transformação de mundo.
Despir o professor e vesti-lo com a máscara da hipocrisia é horrendo, todavia traz felicidade. Ignota felicidade.

O cenário é perfeito e vigiado para que o equilíbrio e a nova roupagem da educação possam revelar a fragilidade mediante as câmeras. Cenas perfeitas! Cenas reais e realistas. Faltou ação.

Despir o professor é encorajá-lo da tênue certeza hipotecada nas instituições de ensino.

Vestir o professor é entregá-lo às câmeras do dia-a-dia e colocá-lo na vitrine do impensante, porém vestido. Bem vestido.

As chaves trancam portas e janelas do âmbito educacional e para assegurar total lisura das vestes educacionais a mão fecha a maçaneta, porém os olhos da tecnologia captam as cenas mudas.

Vestir o professor da soberania que não tem e da patente que sequer conhece denota torná-lo grotesco, lânguido, inexpressivo, ridículo, todavia é possível e, pior, necessário!

As medidas que vestem o professor não se encaixam. Falta tecido. Falta decisão. Sobram incertezas surreais, bizarrices. Educação nua e crua.

Salas sem professor. Alunos desprovidos da consciência escolar. Pode a tecnologia captar e editar tais fatos? Não. É notória a necessidade de que mídias sejam eficientes sem seres retrógrados, humanos e bem vestidos.

Por outro lado, há infame do reality show educacional, pois a estranheza está nos fatos de extrema relevância como diários escolares. Serão feitos a laser ou com caneta a pena? Ora, a educação não se faz “sem diários”? Vestem-se professores com a invisibilidade e evidencia o diário (único recurso educacional valorizado pelas câmeras)?

Despir e vestir. Vestir para despir o professor. Despir e vestir o professor, em tempo real, é provocar humor satírico, é exaltar a medíocre forma em que todos foram moldados.

Fonte: http://www.webartigos.com

Formação - Questão de concurso

Prefeitura de Teresópolis, RJ, 2005
Concurso para professor de Ciências

"Para que uma aprendizagem significativa possa acontecer, é necessário investir em ações que potencializem a disponibilidade do aluno para a aprendizagem, o que se traduz, por exemplo, no empenho em estabelecer relações entre seus conhecimentos prévios sobre um assunto e o que está aprendendo sobre ele." (PCN, 1998)

A afirmação acima destacada, partindo de uma perspectiva construtivista, convida o professor a refletir que, ao iniciar uma nova situação de ensino-aprendizagem, devemos considerar que:

a) Em geral, os conceitos prévios dos alunos são esquemas mentais alternativos, imperfeitos, incompletos e, por isso, devem, desde o primeiro momento, ser afastados do contexto da sala de aula e do ensino.

b) Antes de qualquer nova situação de ensino, deve ser feita uma investigação extensa de todos os conhecimentos prévios que possam influenciar o objeto de estudo, devendo ser discutidos apenas no início de uma situação de ensino.

c) O conhecimento prévio dos alunos constitui um amplo esquema de ressignificação, devendo ser mobilizado durante todo o processo de ensino-aprendizagem, pois a partir deles o indivíduo interpreta o mundo.

d) A natureza da estratégia didática não influencia a disponibilização dos conhecimentos prévios dos estudantes.

e) Todo conhecimento prévio surge do contexto social do estudante e, portanto, deve ser substituído por meio da transmissão clara e objetiva de novos materiais adequados de ensino.

Resposta: C.

Comentário

Os conhecimentos prévios dos alunos devem ser considerados pelos professores durante todo o processo de ensino. Para que isso ocorra, é preciso planejar situações desafiadoras, que coloquem em jogo o que os estudantes sabem, para que eles possam refletir sobre as diferenças entre o conhecimento antigo e o novo e seguir aprendendo.

Resumo do conceito
Conhecimento prévio
Elaboradores: Jean Piaget (1896-1980) e David Ausubel (1918-2008)

O termo designa os saberes que os alunos possuem e que são essenciais para o aprendizado. Na década de 1920, Jean Piaget identificou as estruturas mentais como condições prévias para aprender. Nos anos 1960, David Ausubel chamou de conhecimento prévio os conteúdos fundamentais para adquirir novos conhecimentos.

Formação - Conhecimento prévio não é sinônimo de pré-requisito

Um último ponto - fundamental - é desfazer a confusão entre conhecimento prévio e os chamados pré-requisitos. Apesar do uso corrente como sinônimos, no campo da Educação os dois termos não significam a mesma coisa. Enquanto conhecimento prévio diz respeito aos saberes que os alunos já possuem, os pré-requisitos constituem uma lista, muitas vezes arbitrária, de conteúdos e habilidades sem as quais, teoricamente, não seria possível avançar para o conteúdo seguinte. Há dois problemas com o uso de pré-requisitos. O primeiro é excluir do processo educativo alunos que não dominam determinado tema. O segundo é que, em muitos casos, os pré-requisitos determinados pelo professor são aleatórios e não têm relação com o processo de aprendizagem.

Na alfabetização, por exemplo, pensava-se há até pouco tempo que conhecer todas as letras do alfabeto era um pré-requisito para começar a escrever.

Hoje, as pesquisas psicogenéticas mostram que isso não é verdade, já que as letras do nome próprio funcionam como um primeiro referencial para as crianças arriscarem a escrita. "Trabalhar com conhecimento prévio, em vez de pré-requisitos, aprimora o ensino", finaliza Regina.

Trecho de livro

"Para que um novo instrumento lógico se construa, é preciso sempre instrumentos lógicos preliminares; quer dizer que a construção de uma nova noção suporá sempre substratos, subestruturas anteriores e isso por regressões indefinidas."

Jean Piaget, no livro Problemas de Psicologia Genética (coleção Os Pensadores)

Comentário

Para Piaget, todo conhecimento somente é possível porque há outros anteriores. É dessa maneira que se desenvolve a inteligência. Desde o nascimento, as pessoas começam a realizar um processo contínuo e infinito de construção do conhecimento, alcançando níveis cada vez mais complexos. Construídas passo a passo, as estruturas cognitivas são condições prévias para a elaboração de outras mais complexas. Ao agir sobre um novo objeto ou situação que entre em conflito com as capacidades já existentes, as pessoas fazem um esforço de modificação para que suas estruturas compreendam a novidade.

Formação - Conflitos no norte da África e no Oriente Médio

Como explicar os conflitos no norte da África e no Oriente Médio

Elisangela Fernandes

Tudo começou em dezembro de 2010, na Tunísia, quando um jovem ateou fogo ao próprio corpo após a polícia fechar sua fonte de renda, uma banca de frutas e verduras. O caso, potencializado por denúncias de corrupção do governo, deflagrou uma onda de levantes populares contra o desemprego, a pobreza e a inflação galopante. Em 14 de janeiro, o presidente Zine Al-Abidine Ben Ali (no poder desde 1987) deixou o país. Com o sucesso do evento, outras manifestações eclodiram em terras do norte da África e do Oriente Médio. No Egito, a nação mais inf luente da região, 18 dias de protestos foram suficientes para que, em 11 de fevereiro, o general Hosni Mubarak (presidente no poder havia 30 anos) também deixasse o território e o cargo. Os militares, que se recusaram a lutar contra os civis, assumiram o governo interinamente e ainda devem influenciar o processo de transição.

Na Líbia, os protestos estouraram no mesmo embalo. A população local clamava pela queda do ditador Muamar Kadafi, que mobilizou tropas militares para sufocar a ação dos rebeldes (até o fechamento desta edição, o país vivia uma guerra civil e era alvo de ataques aéreos internacionais).

O efeito dominó, que começou na Tunísia, alcançou Egito e Líbia e impulsionou a situação de tensão e os protestos em vários países do entorno (leia o mapa na página à direita), teve um componente especial. "Embaladas por um sentimento de igualdade, as pessoas pensavam: ‘Sefoi possível em Túnis e Cairo, por que não aqui?’", explica Marcelo de Souza, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Conhecer esses fatos é importante, mas insuficiente: os estudantes precisam saber como analisar o cenário criticamente (leia o projeto didático).

Encaminhe análises cartográficas sobre os três países de mais destaque. Use mapas políticos, econômicos, de recursos naturais e relacione-os a questões históricas. O petróleo, por exemplo, só passou a ter importância no cenário mundial com o advento da indústria moderna. Depois, ajude a turma a concluir que há várias similaridades entre essas nações e a vizinhança e que elas ajudaram para que a situação chegasse a esse ponto.

■ Economia A riqueza gerada com o petróleo não resulta em melhores condições de vida e distribuição de renda e o desemprego, em alta, impulsiona as taxas de imigração para a Europa.

■ Idioma A predominância do árabe facilita a troca de informação entre as populações e isso proporciona certa dose de reconhecimento entre os povos.

■ Educação O crescente acesso à universidade e informação fornecida pela internet levam a juventude a clamar por mais oportunidades de trabalho e maior liberdade política.

■ Passado colonial A região sofreu com o domínio do Império Otomano (entre 1453 e 1922), a colonização de franceses e ingleses após a Primeira Guerra Mundial e a influência norte-americana depois da Segunda Guerra Mundial.

Marcos Silva, docente da Universidade de São Paulo (USP), chama a atenção para a chance de esses levantes não serem genuinamente populares. Há a desconfiança de que eles podem ter sido orquestrados por grupos interessados em tomar o poder (mas ainda não é possível identificá-los). "No entanto, é inegável que as mobilizações têm um forte apoio das populações", ele enfatiza.

Formação - Conhecimento prévio


Entenda por que aquilo cada um já sabe é a ponte

Elisângela Fernandes

Virou quase uma obrigação. Não há (ou pelo menos não deveria haver) professor que inicie a abordagem de um conteúdo sem antes identificar o que sua turma efetivamente conhece sobre o que será tratado. Apesar de corriqueira nos dias de hoje, a prática estava ausente da rotina escolar até o início do século passado. Foi Jean Piaget (1896-1980) quem primeiro chamou a atenção para a importância daquilo que, no atual jargão da área, convencionou chamar-se de conhecimento prévio (leia um resumo do conceito na última página).

As investigações do cientista suíço foram feitas sob a perspectiva do desenvolvimento intelectual. Para entender como a criança passa de um conhecimento mais simples a outro mais complexo, Piaget conduziu um trabalho que durou décadas no Instituto Jean-Jacques Rousseau e no Centro Internacional de Epistemologia Genética, ambos em Genebra, Suíça. Ao observar exaustivamente como os pequenos comparavam, classificavam, ordenavam e relacionavam diferentes objetos, ele compreendeu que a inteligência se desenvolve por um processo de sucessivas fases (leia um trecho de livro na página 3). Dependendo da qualidade das interações de cada sujeito com o meio, as estruturas mentais - condições prévias para o aprendizado, conforme descreve o suíço em sua obra - vão se tornando mais complexas até o fim da vida. Em cada fase do desenvolvimento, elas determinam os limites do que os indivíduos podem compreender.

Dessa perspectiva, fica claro que o cerne de sua investigação relaciona-se à capacidade de raciocínio. Por não estudar o processo do ponto de vista da Educação formal, Piaget não se interessava tanto pelo conhecimento como conteúdo de ensino. Na década de 1960, esse tema mereceu a atenção de outro célebre pensador da Psicologia da Educação, o americano David Ausubel (1918-2008). "Ele foi possivelmente um dos primeiros a usar a expressão conhecimento prévio, hoje consagrada entre os professores", diz Evelyse dos Santos Lemos, pesquisadora do ensino de Ciências e Biologia do Instituto Oswaldo Cruz.

De acordo com Ausubel, o que o aluno já sabe - a ideia-âncora, na sua denominação - é a ponte para a construção de um novo conhecimento por meio da reconfiguração das estruturas mentais existentes ou da elaboração de outras novas. Quando a criança reflete sobre um conteúdo novo, ele ganha significado e torna mais complexo o conhecimento prévio. Para o americano, o conjunto de saberes que a pessoa traz como contribuição ao aprendizado é tão essencial que mereceu uma citação contundente, no livro Psicologia Educacional: "O fator isolado mais importante influenciando a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe. Descubra isso e ensine-o de acordo".

Ao enfatizarem aspectos distintos do conhecimento prévio, as visões de Piaget e Ausubel se complementam. "Para aprender algo são necessárias estruturas mentais que deem conta de novas complexidades e também conteúdos anteriores que ajudam a assimilar saberes", diz Fernando Becker, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Formação - Sondagens de saberes: como fazê-las bem

Não resta dúvida de que a força conferida ao conhecimento prévio transformou as rotinas das salas de aula (leia a questão de concurso na última página). Entretanto, ainda persistem alguns mal-entendidos relacionados ao tema. O mais básico deles é realizar a sondagem do que a turma sabe, mas não utilizar esse resultado no planejamento do trabalho diário. "De nada adianta coletar informações se elas não servirem como guia para orientar atividades, agrupamentos e intervenções", defende Tania Beatriz Iwaszko Marques, docente da UFRGS.

Outro engano recorrente diz respeito à forma como as sondagens são conduzidas. Para muitos professores, diagnosticar conhecimentos prévios equivale a conversar com os alunos e ver o que eles sabem sobre o assunto. Essa raramente é a melhor estratégia. Digamos, por exemplo, que o objetivo de um docente de Educação Física é ensinar futebol. Dificilmente ele vai conhecer a condição prévia de cada criança a não ser que as coloque para jogar. "O caminho mais indicado para identificar os saberes dos estudantes é propor situações-problema, desafios que os obriguem a mobilizar o conhecimento que possuem para resolver determinada tarefa", afirma Regina Scarpa, coordenadora pedagógica de NOVA ESCOLA.

Também vale pôr em xeque a tese de que todos os saberes que a turma possui sempre colaboram para a construção de um conhecimento. Na verdade, em alguns casos, eles podem até ser um obstáculo. No campo das Ciências, por exemplo, a experiência empírica das crianças as leva a pensar que, entre os seres vivos, aqueles que se locomovem são animais, enquanto os demais são vegetais. Essa noção pode dificultar a compreensão de que corais e esponjas sejam animais. A nova informação somente será compreendida quando os alunos perceberem a incoerência explicativa da ideia anterior. No caso, estudando as características específicas de celenterados e poríferos e compreendendo que animais e movimento não são características indissociáveis.

Artigo - Nietzsche e a grande política da linguagem.

Por Ismar Jovita Maciel


A transvaloração dos valores morais e éticos torna os móveis, fluídos, maleáveis.

Há algo irredutível, imutável e único; esse algo, segundo Nietzsche é o ser, a essência e a verdade.

Nietzsche pensa a história dos valores como um processo de constituição e desenvolvimento do niilismo, como busca de substituição da vida pela ideia.
A linguagem é a matriz do Niilismo, sendo a própria transvaloração dos valores, ou seja, redução ao nada; doutrina que nega as verdades morais e a hierarquia dos valores.

O mundo, tal como se apresenta aos seres humanos, é pura transformação, e nenhum conceito capta tal maneira de existir. É, portanto, um duplo esquecimento—o da forma de construção do conceito e o do objetivo utilitário do conhecimento produzido—que faz o homem ir além da vida, sempre contingente, para imaginar, de forma delirante, que está falando de entidades abstratas, metafísicas, que se referem à essência última de todas as coisas.

A linguagem é produto da necessidade psicológica de exclusão das diferenças, da vontade de nivelamento, e redução do medo da pluralidade e do conflito.

A genealogia para Nietzsche é uma rede de signos, produzidos pela linguagem, que dão significados às invenções do homem.
Filosofar com o martelo—dupla função=destruição e criação.

A verdade é uma ideia, uma construção do pensamento, tem história.
Toda coisa produzida é imediatamente vazada por interpretações, sendo que um interpretar é um modo novo, um ajustamento da coisa a novos fins.
A vida é uma vontade de potência porque todo ser vivente busca por expansão, ampliação, crescimento e para isso requer forças, é uma relação de guerra, de força sem munição. “Algo vivo quer extravasar a sua força”.
A vida é constante mudança, transformação, configuração provisória, pois o caráter intrínseco a toda manifestação de vida é a luta, o confronto, choque produzido por um movimento de expansão e resistência.

“Todo corpo específico aspira a tornar-se totalmente senhor do espaço e a estender sua força ( vontade de potência), a repelir tudo que resiste à sua expansão. Mas incessantemente choca-se com as aspirações semelhantes de outros corpos e termina por arranjar-se (“combinar-se”) com os que lhe são suficientes homogêneos: então conspiram juntos para conquistar a potência e o processo continua....”

A mudança, o vi-a-ser implica dor. A dor é uma constitutiva do processo de materialização das forças.Toda manifestação da vida implica uma dose de dor, toda tentativa metafísica de estabelecer um mundo sem dor é uma luta contra a vida.

Signos=possibilidade de representar, de simplificar a pluralidade que o homem encontrou o seu primeiro refúgio, sua morada, “seu outro mundo”.
A consciência é formada por duas faculdades: memória e esquecimento.
O signo gregário deve ter o mesmo significado para todos dentro de uma coletividade, comunidade. Sendo que a linguagem é o signo de comunicação do rebanho.

O esquecimento compõe-se de uma atividade como um mecanismo colocado em ação pela necessidade. Necessário para a sobrevivência do homem.
A função da palavra é esquecer, esconder a pluralidade ao contrário de dizer, a sua função é mascarar, ocultar. Isso significa a impossibilidade de fixação e sentido, de ser e de verdade.

Platão dizia, na obra Fédon, que a linguagem, a qual foi classificada como um pharmacon, palavra grega que significa remédio, mas que muitas vezes é um veneno devido ao seu poder de persuadir as pessoas.

O sistema de códigos da linguagem nasce com a necessidade de comunicação imposta pela vida em grupo, é fundamento de toda metafísica.

O homem, por tédio e por necessidade simultaneamente, diz Nietzsche, quer existir socialmente e gregariamente.

Verdade, para esse grande filósofo, é utilizar corretamente os códigos, é obedecer a esta convenção, pois quando o homem cria os primeiros códigos de linguagem, funda, a princípio, as primeiras leis da verdade. Eis porque a verdade depende da sua origem.

A figura de linguagem metáfora é muita utilizada no livro porque está a serviço da eloqüência, é uma forma de vida inanimada, um jogo com as palavras.

A arte é uma positividade: um prazer legítimo do homem, dada não pela ilusão da verdade, mas pela afirmação da verdade da ilusão. Ressalta-se que o homem tem necessidade da ilusão e devido a isso cria a razão. Parece-me que a vida, segundo a leitura e o pensamento nietzschiano, sem a ilusão é como se fosse uma utopia, lugar nenhum.

“A verdade é uma ilusão que não explicita que é ilusão, então a verdade é uma “mentira”.

“Então o que é a verdade? (...) as verdades são ilusões que esquecemos que o são, metáforas que foram usadas e perderam a sua força sensível, moedas que perderam o seu cunho e que a partir de então entram em consideração, já não como moeda, apenas como metal.”

Acreditamos tomar posse, através dos signos, de uma massa enorme e em certa medida, disforme, de fatos. O poder do intelecto não está em dominar, todavia acreditar que domina.

Toda interpretação é produto de um jogo de forças, de uma luta por domínios, que Nietzsche chama de vontade de potência, como citado no decorrer do substract.

Saber não é reconhecer, mas esquematizar, simplificar, traduzir a pluralidade e a função do conhecimento é traduzir o desconhecido em conhecido.

A razão é a órbita capaz de fazer o pensamento girar em torno da mesma idéia; a identidade, a causalidade, a não-contradição do ser. É a linguagem quem advoga a fazer do erro metafísico do ser, raciocinar é submeter o pensamento a este sistema.

O homem projeta nas coisas que ele gostaria ou imagina ser. É como se fosse a relação objeto/sujeito, ontognoseologicamente falando.

O que define o homem é capacidade de produzir conceitos a partir da esquematização das impressões, ou seja, a linguagem. A linguagem é o instrumento que sustenta todos os sistemas, principalmente o sistema de leis: ordem piramidal de castas e graus de privilégios e subordinações.

A verdadeira realidade é o mundo fixo, idêntico a si mesmo, enquanto a vida é vista como aparência, como engano, como ilusão. É esta inversão que Nietzsche busca desfazer da sua transvaloração dos valores: o lugar por excelência desta inversão é a lógica.

Os acontecimentos na natureza são inexplicáveis para nós. O que marca a busca humana por conhecimento é a impossibilidade do conhecimento verdadeiro, próprio de um mundo marcado pelo devir. Esta impossibilidade que leva a criação da rede de fixações e sentidos, esta rede de ficções chamada legião.

O que sustenta a busca por conhecimento é a crença de que, também, exista uma coisa irredutível, idêntica a si mesma, e que essa coisa é a essência da vida, o ser, a verdade.

A identidade é uma crença nascida do medo do caráter absolutamente transitório de tudo que vive.

A questão da antropomorfizaçao é bem refutada por Nietzsche, que o fenômeno do homem ser visto como medida de todas as coisas.

A subjetividade é produzida pela vontade, consciência e sujeito do conhecimento, que será a criação de causa.

O surgimento da linguagem é uma música, não uma música na essência da palavra, mas melodia original dos afetos. Uma língua dos afetos, puramente sonora, impossível de ser simbolizada, que seria o fundo de todas as coisas, segundo Nietzsche.

A linguagem das palavras é uma analogia apolínea, formal, coesa, clara; a música é uma analogia dionisíaca noturna.


Moisé, Viviane. Nietszche e a Grande Política da Linguagem. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

Fonte: http://www.webartigos.com

Espaço do Professor - Territórios etnoeducacionais

ELIAS JANUÁRIO


Prezado leitor, ainda inseridos nas discussões que perpassaram toda essa semana, onde se comemorou o dia do índio, tivemos várias matérias e depoimentos nestes dias, em diferentes jornais e sites, falando dos avanços e das dificuldades pelas quais passa esse segmento da sociedade brasileira, que ao longo de séculos tem procurado sobreviver aos embates imprimidos pelo que na antropologia chamamos de encontro de culturas.

Fazendo uma leitura do que foi abordado esse ano, deixando de lado as tradicionais matérias sobre o que existe de exótico nas culturas ameríndias, que é comum neste período, às reportagens em sua maioria abordaram temas mais reflexivos e propositivos, que envolviam questões de políticas públicas.

Isso é muito interessante e positivo, uma vez que se começa a pensar a temática indígena numa perspectiva de parte integrante da sociedade envolvente, com direitos e deveres a serem conhecidos e respeitados por todo cidadão brasileiro.

Falaram-se muito nas conquistas que os povos indígenas obtiveram nestes últimos anos, nos avanços que se conseguiu para a melhoria da qualidade de vida e de manutenção das práticas culturais das mais de 210 etnias presentes no estado brasileiro.

Quero ressaltar nesta conversa de hoje, para reforçar o que foi dito em alguns noticiários, que entre as conquista mais significativas que as comunidades indígenas obtiveram nos últimos anos, podemos afirmar com convicção que a principal foi o decreto presidencial que criou os territórios etnoeducacionais em todo o país.

Para entender do que se tratam, os etnoterritórios foram uma forma de reconhecer que os povos indígenas vivem em distintos espaços físicos, com cenários e processos socioambientais e territoriais, que envolvem extensas redes de trocas de reciprocidades que extrapolam as fronteiras politicamente demarcadas.

O Ministério da Educação, ciente dessa complexa rede interétnica, geográfica e histórica, propôs a partir da reivindicação das diversas etnias e dos órgãos de apoio à causa indígena, a formulação de uma política onde fosse estabelecido um regime de colaboração, ou seja, uma gestão compartilhada, em que o planejamento e a gestão pública estivessem como ponto convergente o princípio do reconhecimento e afirmação da diversidade étnica e cultural dos povos indígenas brasileiros.

De maneira geral, a criação dos territórios etnoeducacionais visa à operacionalização e um tratamento mais específico para o desenvolvimento e fortalecimento da educação escolar indígena, buscando ações que contenham estratégias que possam atender a demanda dos povos indígenas nas mais diferentes situações, como é o caso dos povos indígenas que ocupam áreas de fronteiras. Acaba assim com a concepção de fronteira estática e as políticas públicas são pensadas por povo, independente do estado da federação em que estiver inserido.

A proposta também trás em seu bojo a preocupação da contratação de professores indígenas e outros profissionais dessas escolas, a ampliação da formação inicial e continuada de professores indígenas, a produção de materiais didáticos e a melhoria da rede física das escolas das aldeias.

Em Mato Grosso temos, até o momento, oficialmente criadas três regiões etnoeducacionais que são Xingu, Cinta Larga e Xavante. Outras estão em fase de discussão e planejamento para serem implantadas.

A criação pelo governo federal dos territórios etnoeducacionais, que estabelece ações mais efetivas para as etnias indígenas, independente da região em que se encontra, foi sem dúvida uma das mais importantes ações feitas nos últimos anos para as comunidades indígenas.

ELIAS JANUÁRIO é doutor em Educação, professor de Antropologia da Unemat. E-mail: eliasjanuario@terra.com.br

MEC - Autoriza contratar professores e técnicos

Institutos federais estão autorizados a contratar professores e técnicos

Redação 24horas

Os institutos federais de educação, ciência e tecnologia estão autorizados a contratar docentes e técnicos administrativos para as escolas federais de educação profissional em funcionamento no país. Portaria interministerial dos Ministérios da Educação e do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), que será publicada no Diário Oficial da União da segunda-feira, 25, altera anexos dos decretos do banco de professor-equivalente e do quadro de referência dos técnicos administrativos dos institutos federais.

Na prática, a medida amplia o banco e o quadro de referência, permitindo que as instituições contratem, via concurso público, pelo menos 2.800 professores e 1.800 técnicos administrativos. Aqueles institutos que possuam concurso válido poderão convocar e nomear o candidato aprovado de imediato.

O banco de professor-equivalente e o quadro de referência de educação básica, técnica e tecnológica dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia foram criados por decretos em setembro de 2010. No entanto, o quantitativo de vagas previsto estava desatualizado em relação às novas escolas da rede federal.

Antes da existência do banco e do quadro de referência, as instituições necessitavam pedir autorização do MPOG cada vez que servidores se aposentavam ou se desligavam da escola.

MT- Comemora dia do contabilista

UFMT realiza palestras nesta segunda (25) em comemoração ao dia do contabilista

Redação 24 Horas News

O Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) realiza na segunda-feira (25), o “Dia de Balanço”, com palestras às 7h30 e 19h. As atividades serão realizadas no Auditório de Pós-Graduação da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis (FAeCC), em comemoração ao Dia do Contabilista.

A primeira palestra terá como tema ‘’Desafio Sebrae’’, um jogo virtual que simula o dia-a-dia de uma empresa durante mais de seis meses, oferecido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Através dele, universitários de todo o País, organizados em equipes, testam sua capacidade de administrar um negócio, tomar decisões e trabalhar em equipe.

A segunda palestra será sobre “Internacionalização dos Procedimentos Contábeis”, conhecida pela sigla em inglês IFRS (International Financial Reporting Standard), a ser ministrada pelo professor de Ciências Contábeis, João Soares, às 19h. As palestras são destinadas aos alunos e profissionais da Contabilidade e Administração. Mais informações: (65) 3615-8511.

Desafio SEBRAE 2011

Abertas as inscrições para o Desafio SEBRAE 2011

Redação 24 Horas News


Estão abertas as inscrições para o Desafio SEBRAE 2011. Podem participar estudantes de cursos de graduação em instituições de ensino superior credenciados pelo Ministério da Educação (MEC), que estejam, na data da inscrição, com a matrícula ativa no 1º semestre de 2011. As inscrições podem ser feitas até 11 de maio pelo site www.desafio.sebrae.com.br. A competição acontece de maio a novembro de 2011. Este ano o tema é: A Indústria de Bicicletas.

O Desafio Sebrae é promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).

O objetivo principal é disseminar a cultura empreendedora para os universitários que buscam caminhos para o começo de sua vida profissional. O jogo difunde conceitos de competitividade, ética e associativismo e desenvolve a capacidade gerencial em pequenos e médios negócios.

Os participantes deverão se inscrever em equipes de no mínimo três e no máximo cinco estudantes, todos atendendo aos critérios previstos no regulamento. Além de aprender a gerenciar um médio e um pequeno negócio, os participantes concorrem a várias premiações.

MT- Mais Educação

Programa Mais Educação é ampliado em Mato Grosso

Redação 24 Horas News



O desenvolvimento de atividades em período integral em escolas da rede estadual será ampliado em Mato Grosso. A partir de 2011, o Programa Mais Educação será ofertado em mais 37 unidades. Atualmente são 89 unidades e, com as novas adesões, o número passará a 126, com expansão do atendimento para 24 municípios. Atualmente as atividades são desenvolvidas nas cidades de Alta Floresta, Cuiabá, Rondonópolis, Sinop e Várzea Grande. As unidades que desenvolvem o Programa abrem espaço para atividades extracurriculares. Quem estuda no período matutino fica mais três horas na escola, no período vespertino e vice-versa.

O Projeto Mais Educação - criado pelo Ministério da Educação e executado em parceria com a Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc/MT) - prevê a permanência do estudante por até sete horas nas unidades escolares. “Nossa preocupação não é somente de ampliar o número de escolas, mas fazer com que atendam dentro da perspectiva de educação integral, com atividades previstas dentro do Projeto Político Pedagógico da Escola (PPP).

“Eu participo desde o ano passado e me sinto mais estimulada a vir para escola. Antes eu ficava só no computador, sozinha em casa, mas não ficava estudando, só conversando mesmo. Agora não mais. Eu fico aqui, faço ginástica rítmica, fico na horta, faço vôlei. Meu dia passa bem rápido. Estou mais estimulada”, conta a estudante Joyce Rosa da Silva, 14 anos, que cursa a 3ª fase do 3º Ciclo na Escola Estadual Filogônio Corrêa, no Distrito de Nossa Senhora da Guia.

A meta estipulada pelo Ministério da Educação é a de que até 2020, 50% de todas as escolas da rede estadual estejam ofertando a educação em período integral. “Trabalhamos rumo a esse compromisso”, explica a relatora do Programa Mais Educação, Simone Cristina Rubim Ferreira, da Coordenadoria de Projetos Educativos (CPE), ligado à Superintendência de Educação Básica, da Secretaria de Estado de Educação em Mato Grosso (Seduc/MT).

A prioridade para atendimento do Programa Mais Educação é de unidades que estejam em localidades onde existem alunos em situação de vulnerabilidade e as unidades que obtiveram baixa pontuação junto ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). “Mas é oportuno dizer que existem escolas que já possuíam experiências com atividades de educação integral e que não se enquadram nessas características”, explica Simone.

MT- Escola Maria Dimpina/Cuiabá volta a funcionar

Educação Após reforma de anos, aulas começam no Maria Dimpina


Reportagem de Gabriela

Um verdadeiro mutirão foi realizado na tarde desta quarta (20), entre Secretaria Municipal de Educação (SME), Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Mato Grosso (Crea/MT) e Ministério Público Estadual (MPE), com um único objetivo: entrar em consenso para que as aulas da escola Municipal Maria Dimpina Lobo Duarte , comecem, após anos de reforma, na próxima segunda (25).

A primeira vistoria realizada a pedido do MPE junto ao Crea foi em novembro de 2010 quando foram encontradas diversas irregularidades, principalmente referentes a acessibilidade, já que a instituição possui 17 alunos deficientes. Mas o problema se arrasta, desde 2005, quando o então prefeito Wilson Santos (PSDB) anunciou a obra de melhoria na infraestrutura da escola. Na época, a promessa foi de quadra poliesportiva, cobertura e salas de aula climatizadas. “Eu não sabia que numa área tão privilegiada como essa tinha uma localização tão estratégica e uma escola com tão precárias condições. Hoje, não se admite mais uma cobertura com telhas como estas de Eternit. Uma área enorme de 7 mil metros quadrados. Vou fazer um compromisso com vocês. A Maria Dimpina será a mais bonita escola de Cuiabá. Vocês vão aprender que às vezes é mais difícil remendar uma calça, consertar o que já nasceu errar do que começar tudo da estaca zero”, disse o tucano aos alunos, professores e funcionários da escola.

Desde então começou o martírio dos pais, responsáveis e professores. Da promessa restaram os problemas. Como é impossível conciliar obra e alunos juntos foi alugado um imóvel, onde funcionava uma escola particular, com custo de aluguel de mais de R$ 10 mil. Como o problema se arrasta há quase dois anos, o secretário Permínio Pinto Filho, argumentou que a situação dos alunos no prédio alugado está insustentável. “Precisamos mudar o quanto antes”, disse.

Durante a inspeção, o engenheiro do Crea, Gilvado Dias Campos, verificou os detalhes que não foram cumpridos como guarda corpo, telefone para deficiente auditivo, banheiro sem barras principalmente para cadeirantes, portas, bebedouros, carteiras para obesos, dentre outros.

“Pessoalmente avalio que não começassem as aulas na segunda (25), mas a decisão final é do promotor do MPE. Porém, friso que os detalhes podem ser feitos em horários alternativos que não prejudique os alunos em sala de aula. O princípio de acessibilidade que é autonomia e segurança não está sendo cumprido”, justifica.

O promotor Miguel Slhessarenko, disse que, na próxima semana, será reformulado um Termo de Aditamento, com prazo de 30 dias para serem sanadas as observações feita pelo Crea. Ele informou que está satisfeito, mesmo que incompletas as solicitações apontadas em novembro. O promotor comenta que é apenas o primeiro passo e que a meta é fazer o mesmo trabalho em todas as escolas da rede municipal, onde estão matriculados cerca de 700 alunos deficientes.

Da redação Maricelle Lima