sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Alfabetização, letramento e políticas públicas

Jean Gaspar - comunicacao@ligadodesporto.com.br
Mestre em Filosofia pela PUC/SP, é apresentador do programa Filosofia no Cotidiano (TV Cantareira) e presidente da Liga do Desporto.

A capacidade de ler e escrever e de utilizar a leitura e a escrita nas diferentes situações do cotidiano são, sem dúvida, necessidades inquestionáveis tanto em termos individuais, para o pleno exercício da cidadania, quanto em termos sociais e políticos, para o desenvolvimento da sociedade.

Dada a sua importância, a Organização das Nações Unidas instituiu o dia 8 de setembro como o Dia Mundial da Alfabetização, com o objetivo de combater o analfabetismo e as consequentes desigualdades de um mundo globalizado. A promoção da alfabetização deve ser uma luta constante, tendo em vista conquistas como a paz, a erradicação da pobreza e a democratização.

É um dever do Estado garantir o acesso de todos os cidadãos ao direito de aprender a ler e a escrever, pois este é uma das formas de inclusão social, cultural e política e de construção da democracia.

Apesar da redução no número de analfabetos, o Brasil ainda está longe de poder comemorar neste 8 de setembro. O Indicador do Alfabetismo Funcional (Inaf) 2011-2012, divulgado em julho do ano passado, mostrava que, embora a escolaridade média do brasileiro tenha melhorado nos últimos anos, a inclusão no sistema de ensino não representou aumento significativo nos níveis gerais de alfabetização da população. São quase 13 milhões de pessoas analfabetas, segundo o relatório de 2012 da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), organizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com base em dados de 2011. O Brasil tem uma dívida com sua população.

É dever do Estado garantir o acesso de todos os cidadãos ao direito de aprender a ler e a escrever.

E não basta combatermos o analfabetismo apenas em termos quantitativos. Temos um enorme déficit qualitativo a enfrentar. Afinal, a sociedade moderna exige mais do que entender as letras do alfabeto. É preciso também fazer uso do ler e do escrever para responder às exigências contínuas que a sociedade nos impõe. Como propõe o educador brasileiro Paulo Freire, “a alfabetização é mais, muito mais, que ler e escrever. É a habilidade de ler o mundo, é a habilidade de continuar aprendendo e é a chave da porta do conhecimento”.

Vem daí a criação, nos anos 1980, no Brasil, do termo “letramento”, para dar conta da ampliação do sentido de alfabetização, como um conhecimento em construção. Ainda que não haja uma definição única e unânime de seu sentido, é possível pensarmos numa síntese. Nas sociedades letradas contemporâneas, a leitura e a escrita são bens culturais cujo acesso deve ser propiciado aos indivíduos, bem como a sua participação efetiva. Ler é um processo que envolve também a construção da interpretação de textos, assim como escrever implica a capacidade de comunicar-se adequadamente com um leitor em potencial: é um processo de expressão de ideias e de organização do pensamento sob a forma escrita.

Somente o fato de uma pessoa ser alfabetizada não garante que ela seja letrada. Também não significa que ser alfabetizada e letrada garanta o pleno exercício da cidadania. Mas, sem dúvida, há uma forte correlação entre letramento, alfabetização, escolarização e educação.

A leitura e a escrita são habilidades individuais, mas que precisam ser ensinadas e aprendidas. Nesse sentido, a escola é o local privilegiado, ainda que não exclusivo, para aquisição desse conhecimento. Indicadores como Inaf têm buscado identificar habilidades de letramento, relacionando o grau de instrução com os níveis de letramento.

Na história da educação brasileira, houve um tempo em que não saber ler e escrever era considerado como uma ignorância particular. Mas hoje se percebe que essa falta é reconhecida como uma necessidade social e política prioritária, com a decorrente demanda por um projeto de educação escolar e de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita. Logo, o letramento pode ser tomado como um importante eixo articulador de todo o currículo da educação básica.

O momento, portanto, é oportuno para demandarmos aos poderes públicos a adoção de políticas que considerem o letramento e a educação escolar como conceitos e práticas relacionadas e complementares entre si, para avançarmos na conquista de direitos humanos básicos e que devem ser igualmente acessíveis a todos os brasileiros, para o pleno exercício da cidadania.

A gestão escolar e a mediação dos conflitos na escola

Jacir José Venturi - jacirventuri@hotmail.com
Engenheiro, professor de matemática e presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR).

Considere uma escola de porte médio, 800 alunos. Multiplique por 4 e terá 3.200 pessoas, que chamaremos comunidade escolar, composta de professores, funcionários, pais, avós e estudantes. Essa é a abrangência de ação dos diretores, pedagogos e funcionários administrativos, ou seja, os gestores. Minha experiência de 41 anos dentro de escolas públicas e privadas, em todos os níveis, indica que cerca de 15% dessa comunidade é capaz de comprometer a administração escolar e o precioso tempo dos gestores. É onde está o ninho da serpente, fonte precípua dos conflitos e aborrecimentos. Porém, são adultos, adolescentes ou crianças que necessitam da orientação dos educadores. É óbvio que os outros 85% têm demandas, cobranças e pontualmente geram desavenças, mas se enquadram dentro da normalidade.

Como reduzir os conflitos? Elenco alguns motes ou regrinhas de ouro:

1) Difundir a cultura de que a diversidade é uma riqueza. Isso torna o ambiente escolar mais amistoso e menos conflituoso. Somos diversos, porém não adversos. A Floresta Amazônica contém bilhões de árvores. Não há duas árvores iguais, quanto mais nós, humanos, dotados de inteligência e sentimentos. Apara muitas arestas a implementação da Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner.

2) Combater diuturnamente o bullying, uma das principais fontes de desavenças entre alunos. A intensidade do bullying indica o quanto moralmente a escola está comprometida. É responsabilidade dos gestores e professores duas frentes de combate: prevenção e ação. É preventiva a implementação de uma cultura de respeito, tolerância e aceitação de que somos diferentes. Ação vigilante, proativa e punitiva sobre os agressores. Em resumo: ação como remédio e prevenção pelo comportamento ético.

3) Atacar o problema no nascedouro, antes que a marola vire um tsunami, antes que a minhoca se transforme numa cobra. No início de uma contenda, o mediador deve aliviar a tensão com um toque de humor ou com uma frase de efeito como a clássica de Shakespeare: “A tragédia começa quando os dois lados acham que têm razão”.

4) Encarar o problema de frente e não apenas tangenciar. Mergulhar fundo. Muitas vezes, temos que contar com o decurso dos dias. O travesseiro é um bom conselheiro – ensina a sabedoria popular.
5) Minimizar as posturas antagonistas de alguns pais – como se família e escola em trincheiras opostas estivessem. A escola erra sim e a família também. A tolerância ao erro, dentro de certos limites, é uma virtude e um aprendizado para a vida adulta. Sigmund Freud bem assevera: “educar é uma daquelas atividades em que errar é inevitável”.

6) Ser bom ouvinte. A natureza nos concedeu uma boca e dois ouvidos. A mensagem anatômica é explícita: ouça os dois lados e fale menos. Oportuno é o refrão popular: ”bom juiz é o que ouve o que cada um diz”. É comum, nos arranca-rabos entre alunos, haver duas versões antagônicas. E quando a versão contraria os fatos, a primeira vítima é o fato.

7) Manter a hierarquia e a disciplina, requisitos indispensáveis para uma boa organização. Ao não punir convenientemente os alunos, os gestores e professores pensam que estão sendo liberais. No entanto, então sendo concessivos, bonzinhos, e a futura vida profissional cobrará de nossos alunos respeito às normas e à hierarquia. A escola é um laboratório para a vida adulta.

8) Normatizar a escola. Esta necessita de uma boa rotina, e para tanto regras bem estabelecidas e bem cumpridas. Fazem parte de uma boa rotina professores pontuais e com boa didática, funcionários solícitos, suporte tecnológico que funciona, banheiros e corredores asseados.

9) Transmitir valores. O educando precisa de um projeto de vida. Desde pequeno, é importante que desenvolva valores inter e intrapessoais, como ética, cidadania, respeito ao próximo, responsabilidade socioambiental, autonomia, o que enseja adultos flexíveis e versáteis, que sabem trabalhar em grupo, são abertos ao diálogo, às mudanças e às novas tecnologias. De todas as virtudes, a mais importante é a solidariedade: base das relações sociais e a partir da qual se fundamenta uma convivência pacífica.

Coluna 10 - notícias

Não podemos escolher como vamos morrer. Ou quando. Podemos somente decidir como vamos viver.

Joan Baez

A importância do café da manhã para as crianças

Segundo pesquisa da Nestlé, realizada pela MarketTools, com 207 mães de crianças com idades entre 6 e 15 anos, 87% das mães gostariam que os filhos tivessem uma alimentação mais saudável e 77% concordam que o café da manhã é uma refeição muito importante para o desempenho escolar. De acordo com o pediatra Moisés Chencinski, “se não comer pela manhã, a tendência é que a criança não consiga manter a atenção, o que dificulta o aprendizado. Além disso, o mau humor, sonolência e fraqueza provêm da baixa quantidade de açúcar no sangue”. Tanto para atividades físicas quanto cerebrais, essa refeição é essencial para o aprendizado.

Álcool x energéticos

Um em cinco universitários brasileiros mistura álcool com bebidas energéticas, o que aumenta a probabilidade de se engajarem em comportamentos de risco. A combinação eleva em cinco vezes as chances de exagerar na bebida, triplica o risco de dirigir em alta velocidade e quadruplica o risco de envolvimento em acidentes com feridos. A conclusão é de um estudo inédito da USP, que envolveu 8.672 universitários das 27 capitais que relataram ter bebido nos últimos 12 meses.

Missão Netuno

“Um mundo mais sustentável. Uma família feliz. Um mundo com mais paz.” Estes são alguns dos desejos de estudantes, do Colégio Novo Ateneu, de Curitiba, que participaram da Missão Netuno, projeto desenvolvido pela Petrobrás para celebrar seus 60 anos. A missão irá fixar a bandeira do Brasil e uma cápsula com mensagens de brasileiros na região do pré-sal, a 2.000 metros de profundidade. A cápsula só será resgatada e aberta em 2023, quando alguns brasileiros serão chamados a relembrar as aspirações feitas em 2013. Dentro do projeto, estão previstas visitas em 60 escolas brasileiras para que estudantes possam participar da Missão Netuno.

Sem patrocínio

A atleta Priscilla Carnaval, atual melhor brasileira no ranking mundial de BMX, tem sofrido na pele o drama vivido por muitos outros atletas que não contam apoio de patrocinadores. A ciclista de apenas 19 anos, iniciou sua carreira aos 6 anos de idade e desde então, coleciona diversos títulos de peso. Entre eles: o Pré-Pan Americano de Bicicross (2005), o Sul Americano (2010), o campeonato Europeu (2011), campeão dos jogos regionais (2012) e mais recentemente, garantiu três títulos importantes, sendo campeã na Copa America´s Globo, 6.° lugar no campeonato Panamericano e semi finalista na Copa do Mundo de Super Cross, na Holanda. Mesmo sem patrocínio a atleta, que defende a seleção brasileira desde 2010, tem participado de algumas edições de corridas importantes a fim de acumular os pontos necessários para ser escalada para as Olimpíadas.

Índice de Inovação

Um novo Índice de Inovação foi divulgado recentemente e coloca o ensino e a aprendizagem à frente de "tecnologia e entusiasmo" quando se trata de inovações digitais para a sala de aula. O Índice de Inovação, desenvolvido por Michael Fullan e Katelyn Donnelly da Pearson, é descrito no relatório, "Alive in the Swamp", que analisa a forma como é avaliado o impacto da tecnologia na aprendizagem. "Alive in the Swamp" foi publicado pela Nesta (britânica) e pela New Schools Venture Fund (norte-americana). Com base no trabalho que Fullan apresentou no seu livro Stratosphere, o Índice de Inovação foi concebido como uma ferramenta de avaliação prática para os responsáveis pela tomada de decisões nas escolas - K-12 nos EUA e do primário ao secundário no Reino Unido - sobre quais tecnologias investir e quando. Ele ajuda os usuários a avaliar a inovação em três dimensões - pedagogia, o potencial de mudança de sistema e uso da tecnologia.
As escolas particulares da capital terão reajuste da mensalidade acima da inflação em 2014. Pesquisa feita pela reportagem em dez escolas nas cinco regiões da cidade mostrou que as instituições estão informando aos pais que aplicarão aumentos entre 7% e 11% nas mensalidades de 2014. Os valores ficarão acima da inflação deste ano. A inflação medida pelo IPCA deve fechar em 5,82% neste ano, segundo economistas consultados pelo Boletim Focus, do Banco Central.
A Folha de S. Paulo lançou o blog Maternar, que vai tratar das descobertas, dúvidas e consequências da maternidade. Escrito pelas jornalistas Fabiana Futema, 41, e Giovanna Balogh, 32, o blog é um espaço para falar sobre parto, amamentação, desfralde, comportamento, saúde e outros temas relacionados à criação dos filhos. "O blog também oferecerá dicas de lazer para mães. Algumas vezes ficamos sem saber se um lugar bacana é adequado para levar uma criança pequena", diz Fabiana.

Educação aprova orientação de escolas a pais sobre vacinação

13/9/13 - SEXTA-FEIRA -

A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou, na quarta-feira (11), proposta que permite que as escolas públicas e privadas solicitem aos pais dos alunos com até dez anos de idade a apresentação do Cartão da Criança ou a Caderneta de Saúde da Criança durante a matrícula. O objetivo é que as escolas orientem as famílias cujos cartões estejam desatualizados sobre a importância da vacinação e os cuidados à saúde necessários às crianças.

A medida está prevista no Projeto de Lei 3146/12, do deputado Weliton Prado (PT-MG), mas foi aprovada na forma de um substitutivo proposto pelo relator na comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Segundo o relator, o substitutivo mantém a essência da proposta e apenas torna o texto mais adequado à terminologia na legislação educacional vigente.

“É importante esclarecer que a proposta não condiciona a matrícula dos alunos à apresentação da documentação exigida e, portanto, não fere o direito à educação obrigatória, garantido pela Constituição Federal”, esclareceu o relator. “Ou seja, trata-se apenas de instrumento que permite uma ação preventiva e educativa da escola junto às famílias”, completou.

Serraglio lembrou ainda que a Comissão de Educação já se posicionou favoravelmente a iniciativa no mesmo sentido em dezembro de 2009, ao aprovar o Projeto de Lei 3904/08, da deputada Sueli Vidigal, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) para tornar obrigatória a exigência da caderneta de saúde da criança na efetivação de matrícula na educação infantil.

O relator entende que a medida contribui para que as crianças brasileiras sejam imunizadas regularmente e se mantenham livres de males que podem ser evitados por meio do acesso sistemático às vacinas oferecidas gratuitamente pelo Ministério da Saúde.

O projeto tem caráter conclusivo e ainda será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Comissão da Câmara aprova isenção de IR para bolsas de estudo

13/9/13 - SEXTA-FEIRA -

Agência Câmara -

A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou quarta-feira (11) o Projeto de Lei 846/11, do deputado Hugo Leal (PSC-RJ), que concede isenção do Imposto de Renda (IR) às bolsas de estudo para cursos de graduação, pós-graduação, extensão e pesquisa, concedidas a alunos e docentes por entidades públicas ou privadas de fomento.

De acordo com o texto, serão incluídas na isenção as bolsas concedidas em razão de acordo ou convenção coletiva de trabalho.

Pela proposta, as bolsas não integrarão o salário ou rendimento do trabalho desde que: sejam caracterizadas como doação; sejam recebidas exclusivamente para proceder a estudo, pesquisa ou extensão; e os resultados das atividades não representem vantagem financeira para o doador nem importem contraprestação de serviços.

A Lei 9.250/95, que altera a legislação do Imposto de Renda (IR) das pessoas físicas, já estabelece a isenção do IR para bolsas de estudo e de pesquisa nos mesmos termos da proposta, mas sem fazer referência a entidades públicas ou privadas. Na prática, as bolsas de entidades privadas eram questionadas por poderiam mascarar o pagamento adicional de salários para fugir de obrigações trabalhistas.

De acordo com o relator na comissão, deputado Newton Lima (PT-SP), as doações precisam ser fomentadas. “Financiadas com recursos do próprio setor evidenciam as possibilidades que o segmento tem de promover seu aprimoramento”, disse. Lima lembrou que as bolsas não podem servir para cumprir a exigência de ter 3 em cada dez professores universitários com regime de trabalho integral.

O relator rejeitou uma proposta apensada (1620/11), que também isenta as bolsas de estudo do IR. Segundo ele, a medida vai contra o projeto inicial e a legislação ao deixar de caracterizar as bolsas como doação.

Imprensa brasileira vira boa notícia


Habituada a descobrir más notícias, a imprensa é, neste momento, uma das melhores notícias do país. Numa aliança involuntária e movida pela conquista de novos leitores, nunca tantos veículos de comunicação se empenharam conjuntamente numa ação capaz de melhorar o nível de aprendizado.

Estamos falando aqui de cerca de 7 milhões de estudantes potencialmente impactados.
Tudo isso por causa do Enem --e graças às novas tecnologias que baratearem a transmissão de dados e a interatividade.

Todos os principais veículos de comunicação estão disseminando simulados gratuitos para o Enem. Consegue-se, em alguns casos, usando o chamado ensino adaptativo, dar um atendimento individualizado, com os programas identificando as falhas de cada aluno e propondo exercícios.
É uma porta que se abre para que a imprensa, com seu poder de comunicação e usando as tecnologias de informação, ganhe leitores entrando em sala de aula. Mas também desenvolva ou apoie plataformas que ajudem na aprendizagem.

Sempre apostei na tendência de que o cruzamento da comunicação e da educação acabaria por criar uma nova área de conhecimento: a educomunicação.

E, certamente, aqui está uma das alternativas para se melhorar a educação com mais rapidez e menores custos.

*Separei alguns links dos simulados:
1) Da Folha
2) Do 'Estado de S.Paulo'
3) Da Universia Brasil
 
Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.

A manchete é uma, mas a notícia...

DE SÃO PAULO
 

Quem já fez a prova de português de algum dos concursos da ESAF (Escola de Administração Fazendária) talvez tenha tido de responder a uma questão típica dessa prestigiada instituição. A coisa funciona assim: dá-se o início (um ou dois parágrafos) de um texto real, publicado em algum jornal ou revista. Nas alternativas que compõem o enunciado, dão-se as possíveis continuações daquela matéria. O candidato deve assinalar a sequência pertinente.

Algum analista precípite talvez diga que a banca quer saber se o candidato leu a tal matéria e tem memória de elefante. Nada disso. Não é preciso ter lido aquela matéria quando foi publicada; basta (saber) ler o trecho dado e (saber) relacionar as ideias para ser capaz de apontar a continuação do texto.

Fora eu membro duma equipe de treinamento de funcionários de algum dos tantos infames serviços de teleatendimento deste país, incluiria esse tipo de avaliação, que seria item eliminatório. Não passou nesse tipo de questão, não trabalha no serviço de tortura, digo, de teleatendimento.

Esse exercício também seria interessante em escolas de jornalismo, de onde sai muita gente que não consegue relacionar ideias etc., o que se comprova por algumas manchetes que ou não têm nada que ver com a matéria ou, pior, invertem a relação entre os fatos noticiados.

Quer um exemplo, caro leitor? Lá vai um, bem fresquinho. Um avião da TAM, que fazia a rota Madri-Guarulhos, teve de descer em Fortaleza. O motivo? Uma forte turbulência deixou feridos alguns passageiros. Agora veja esta chamada de capa (publicada, ou seja, não inventada por mim): "Pouso de emergência de voo da TAM deixa feridos no CE". E vamos à página em que estava a matéria. O título que lá se lia era este: "Passageiros ficam feridos após turbulência, e avião da TAM faz pouso de emergência".

E então, caro leitor? O que me diz da chamada da capa? Condiz com o que de fato ocorreu? Os passageiros se feriram durante o pouso? Não e não. O pouso imprevisto se deu porque a forte turbulência deixou feridos alguns passageiros e destruiu partes do teto da aeronave.

A esta altura o leitor talvez se pergunte a que se devem esses títulos falsos. Seja qual for a razão, o procedimento é grave, condenável.

Vou dar outro exemplo, mais "bobinho". Estava num site esta chamada: "Scheila Carvalho e amante posam juntas para foto". Como a foto mostrava duas mulheres, deduz-se que a outra mulher é amante de Scheila Carvalho. Vamos à pagina à qual a chamada da capa remetia. Lá se lia este título: "Scheila Carvalho e Kamila Simioni já posaram juntas para fotos". E tome lambança! A troca de "posam" por "posaram" e a inclusão do advérbio "já" mudam tudo, não? Pois bem. A leitura do começo do texto muda tudo de vez, visto que lá se informa que Kamila é amante do marido de Scheila, e não da própria Scheila. Lambança, lambança, lambança!

Por fim, vale citar o que um grande e saudoso amigo chamava de não notícia, ou seja, a transformação em notícia (manchetada!) do que não é notícia ou do que não é a essência da notícia. Um exemplo: na semana passada, o MEC divulgou algumas redações que obtiveram nota máxima no último ENEM. Uma delas --impecável, muito bem escrita, bem articulada, bem fundamentada-- apresentava um pequeno senão: a palavra "espanhóis" grafada sem acento em uma das suas duas ocorrências. O título era este: "MEC publica exemplo de redação nota 1.000 com erro de português".

Exagero, não? Ninguém perguntou, mas digo que também daria 1.000, sim, apesar da falta do acento. Devagar com o andor. É isso.

Pasquale Cipro Neto é professor de português desde 1975. Colaborador da Folha desde 1989, é o idealizador e apresentador do programa "Nossa Língua Portuguesa" e autor de várias obras didáticas e paradidáticas. Escreve às quintas na versão impressa de "Cotidiano".

Análise: Rígida, grade curricular no Brasil deveria ser repensada

SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO
 

Avaliações internacionais de universidades se baseiam em critérios que devem estar presentes em universidades "world class", ou seja, que têm nível internacional.
Entre esses requisitos estão, por exemplo, professores renomados e bem qualificados, grande presença de alunos e de docentes estrangeiros, boa produtividade científica e aulas em inglês.
Ao fazer mudanças na sua grade curricular com foco em avaliação de especialistas internacionais e de maior fluência em inglês, a Faculdade de Medicina da USP mostra uma clara preocupação de se colocar entre as instituições de elite do mundo.
É isso que universidades chinesas, por exemplo, já têm feito há alguns anos, com bons resultados.

CHINA
 
A Universidade de Pequim já chegou ao 46º lugar no último ranking THE (Times Higher Education), o principal da atualidade. A USP está em 158º na mesma listagem.
O engessamento da grade curricular dos cursos de graduação do país, especialmente de medicina, ficou claro com o lançamento do programa federal Ciência sem Fronteiras, que tem o objetivo de enviar 100 mil alunos ao exterior até 2014. Cerca de metade já viajou pelo programa.
No caso específico de medicina, os alunos do programa federal que foram para o exterior encontraram um modelo de grade bem diferente da brasileira, que permite que o aluno escolha as disciplinas que pretender fazer.

REPETIU O CURSO
 
Alguns estudantes ficaram sem saber quais disciplinas deveriam cursar. Parte deles não conseguiu equivalência dos créditos feitos ao retornar ao Brasil --e acabou repetindo um ano do curso.
As universidades brasileiras precisam repensar sua grade curricular rígida, que não permite que os alunos façam opções, e seu formato de aulas expositivas em período integral se quiserem competir internacionalmente com outras instituições.

Além da Gramática: Prepare-se para as "saramandices" da língua

MSN Noticias
 
Se você acompanha a novela 'Saramandaia', da Rede Globo, já deve ter escutado muitas expressões que não estão no dicionário – são 'saramandices' como 'dexexplodir', 'respeitamento' e 'apenasmente'. As falas da trama estão recheadas de neologismos, fenômeno linguístico que consiste na criação de uma nova palavra, normalmente a partir de outras já existentes.
 
Essa e outras variações da língua portuguesa costumam aparecer não só nas novelas, mas também nos principais vestibulares. Saiba como esse assunto pode cair nas provas.
 
Você pode não perceber, mas conhece diferentes tipos de português. Um é o idioma usado na fala cotidiana com as pessoas, conhecido como forma coloquial. Já a forma padrão culta é a ensinada na escola e usada em textos jornalísticos, documentos oficiais e vestibulares.
 
“Costumo brincar que a aula deveria ter o nome de língua estrangeira: Português de Portugal”, conta Rodrigo Shiroma, linguista e professor de Gramática do Poliedro em São José dos Campos (SP).  Conhecer os dois é o melhor caminho para se sair bem nas provas.
 
Uma coisa que não falta na literatura brasileira é variação linguística. Prepare-se. As provas podem cobrar esse conhecimento com perguntas sobre os livros indicados. O recomendado é localizar essas ferramentas de escrita durante a leitura. Procure compreender os termos desconhecidos e qual o significado no texto.
 
“Se o aluno conhecer a palavra, vai ser bem mais tranquilo responder essas questões”, acredita Lélia de Oliveira Teixeira, professora de literatura do Colégio Albert Sabin, de São Paulo.
 
Durante o seu estudo de variações linguísticas, não se esqueça de entender como o recurso contribui para as obras literárias. Em “Capitães da Areia”, de Jorge Amado, você pode notar na linguagem elementos típicos de garotos de rua da Bahia.  Outro exemplo é 'Vidas Secas', de Graciliano Ramos, que traz o universo do sertão nordestino.
 
Fique sempre atento para identificar essas variações e compreender como o uso enriquece o texto.
 
Não é só nas novelas que ele aparece. Neologismo é uma das variações linguísticas e pode ser questionado em diferentes provas. Nesse caso, é importante lembrar a aula de formação de palavras para conseguir analisar a origem do termo.
 
Outra questão é compreender o sentido que ele dá ao texto. Por exemplo, no poema “Neologismo”, Manuel Bandeira cria o verbo 'teadorar' e diz que ele é intransitivo, ou seja, não precisa de complemento. “É uma declaração de amor única. Significa que o único objeto de adoração é você”, explica a professora.
 
Fique atento com os termos usados na redação. O recomendado é evitar o uso de neologismos. Mas, se você realmente precisar escrever, alguns cuidados são essenciais. “Se for utilizar um neologismo, sempre coloque entre aspas”, recomenda Rodrigo. “Tem que ser um contexto muito específico para você marcar que não há outra palavra para usar no lugar.”
 
É normal escrever palavras sem saber que elas ainda não constam no dicionário. Se você ficar em dúvida durante os estudos, é sempre bom consultar. Com o tempo, muitos termos podem ser incluídos nos dicionários. A versão on-line do inglês Oxford, por exemplo, é atualizada frequentemente com a inclusão de novas palavras, principalmente por conta das novidades tecnológicas. No Brasil, os dicionários também costumam evoluir, nem sempre com a mesma velocidade.
 
Outra maneira de questionar a variação linguística é fazer uma comparação do idioma em diferentes épocas. Segundo Rodrigo, é possível haver questões que tragam momentos diferentes.
 
Por exemplo, dois recortes de jornais, um com uma reportagem atual e outro com um texto publicado na década de 1950. “Você percebe que em mais de 50 anos muita coisa mudou, inclusive na sintaxe”, revela o professor. Esteja preparado para analisar a evolução da língua.
 
Conhecer bem as diferenças entre o português padrão e o coloquial é uma das habilidades exigidas. É comum os vestibulares pedirem para que você altere de um modelo para outro. Nessas horas, é importante ficar atento aos detalhes.
 
“É difícil. Isso envolve regrinhas bem chatas”, avalia Rodrigo. “Por exemplo, o verbo chegar. A gente costuma utilizar no cotidiano com ‘chegar em algum lugar’. Na norma culta, a regência do verbo é com a preposição ‘a’.”
 
Uma das dúvidas dos alunos é saber se as variantes linguísticas podem ser usadas na redação. Na maioria das vezes, a resposta é não. Gírias e marcadores de oralidade devem ser evitados.
 
Porém, se o texto for narrativo, você pode empregar essa técnica em falas de personagens para caracterizar classe social ou grau de instrução. “Nesse caso, é permitido trabalhar com uma linguagem informal. Mas, quando você coloca a voz no narrador, não adianta. Tem que ser a língua padrão, a norma culta”, revela o professor.
 
As avaliações podem fazer uma relação entre a língua portuguesa e questões sociais. Segundo Rodrigo, é normal as provas usarem as variações linguísticas para destacarem sotaques, modos de fala ou palavras que são usadas em algumas regiões.
 
O papel do aluno é conhecer o significado e refletir sobre as características do grupo que apresenta esse costume.

Homens & Mulheres no ambiente de trabalho

Lair Ribeiro

Durante muito tempo as relações entre homens e mulheres no ambiente de trabalham eram, no mínimo, hostis. Até hoje, muitas mulheres ainda recebem salários inferiores aos de homens que ocupam o mesmo cargo e reclamam do modo como são tratadas. Muitos homens, porém, garantem que não há preconceito contra a mulher mundo coorporativo e que, quando incidentes dessa natureza acontecem, não raro são provocados pelas próprias mulheres, que apelam para o estigma do “”sexo frágil” em um cenário em que, agora, o que vale é a competência!
Os tempos de desconfiança e falta de respeito tendem, cada vez mais a ficar no passado. Hoje, empresas têm estimulado seus funcionários, homens e mulheres, a aprenderem com os benefícios que a diversidade pode proporcionar ao funcionamento do negócio, seja ele qual for.
O homem e a mulher têm características distintas, que, se utilizadas em conjunto, tornam-se armas muito mais potentes e eficazes do que se empregadas isoladamente, principalmente no que se refere ao caótico e competitivo mercado de trabalho. A mulher, por exemplo, é capaz de executar várias tarefas ao mesmo tempo e ainda se manter “antenada” no que ocorre ao seu redor. Se ouvir um colega do outro lado da sala dizer algo que lhe interessa, pode apostar que fará algum comentário, mesmo estando com a atenção comprometida com duas ou três atividades simultâneas. Enquanto isso, o homem trabalha com toda sua atenção focada em uma única tarefa, e ai daquele que o interromper.
A mulher, no seu papel de cuidar da segurança dos filhos, desenvolveu uma percepção aguçada para identificar alterações mínimas na aparência e no comportamento de outras pessoas, além de primar pela excelência nos resultados, pois, possuindo visão periférica, ela capta detalhes quase imperceptíveis ao homem, cuja visão é de longo alcance, porém tubular.
Para mostrar as diferenças entre homens e mulheres no ambiente de trabalho, podemos compará-los a computadores. A mulher é um modelo de última geração: multitarefas, com uma enorme capacidade de armazenamento de dados e memória otimizada, o que dá mais agilidade ao seu desempenho que, por natureza, já é ágil. O homem, por sua vez, só não é “monotarefa” porque não existe computador com tal especificação, mas é um modelo da primeira ou da segunda geração de máquinas, que costuma travar quando se tenta fazer duas coisas simultaneamente.
Características femininas, como falar muito ou ser mais sensível e levar tudo para o lado pessoal, faz alguns colegas se sentirem incomodados, principalmente se a conversa ultrapassar as fronteiras do negócio e for para o lado pessoal. Isso ocorre porque o homem usa a fala para comunicar fatos, enquanto as mulheres falam para se relacionar.
Os homens mantêm mais o foco em seus objetivos, são mais fechados e se atêm mais aos fatos, fazendo pouco uso de sua sensibilidade e intuição. Já a sensibilidade feminina ajuda a humanizar as relações de trabalho. Ainda assim, muitas mulheres se chateiam porque seus colegas as vêem primeiro como mulher e, depois, como profissional. Bem, isso é um fato! Não se pretende que o homem deixe de ver uma mulher ao olhar para uma ou vice-versa. Se a primeira coisa que enxergamos no outro é a aparência, não há porque pretender que colegas de trabalho ignorem isso. O homem e a mulher sempre se verão como realmente são, e a atração entre eles continuará a existir, seja em que ambiente for. O importante é que não se esqueçam da sinergia que poderão obter atuando em conjunto, pois, como suas características são complementares, sua produtividade, certamente, será maior trabalhando em parceria do que isoladamente.

Os 10 piores alimentos para as crianças

Com pouco ou nenhum valor nutricional e componentes que prejudicam a saúde a curto e longo prazo, alguns produtos devem ser descartados do cardápio infantil

DO IG SAÚDE


Assim que a criança entra na fase de alimentação sólida, a atenção dos pais deve se voltar à qualidade da comida que ela irá ingerir. Refeições nutritivas e saborosas são prioridade no prato dos filhos, e o que não trouxer benefícios à saúde deverá ser descartado da dieta diária. “Em alimentação e nutrição deve-se pensar em saúde e bem-estar e sempre agir de maneira preventiva. A preocupação não deve surgir apenas depois de problemas instalados”, afirma Ana Carolina Terrazzan, nutricionista materno-infantil da Nutrissoma Clínica de Nutrição.

Mas, com a correria do dia a dia, alimentos considerados ruins aparecem no cardápio caseiro quando a pressa fala mais alto do que a qualidade de vida. A nutricionista Karoline Basquerote, especializada em educação alimentar para crianças, explica que “a facilidade do acesso a alimentos prontos para o consumo acaba levando a refeições mais gordurosas e açucaradas e ao consumo de refrigerantes e guloseimas, o que contribui para problemas relacionados à obesidade infantil, por exemplo”.

Os vilões

Sucesso entre a criançada, a dupla refrigerante e salgadinho (de saquinho) é a maior vilã da alimentação infantil. Juntos ou isoladamente, a bebida e o petisco têm valor nutricional praticamente nulo e trazem muitos males, entre eles o risco de doenças e de enfraquecimento dos ossos, por causa da alta concentração de elementos como o sódio e da presença de ácidos nas fórmulas.

Sucos industrializados (em pó ou líquidos) e bolachas recheadas, também muito queridos pelos pequenos, são igualmente ruins para a dieta infantil. O motivo: altíssima concentração de açúcar em cada porção dos alimentos.


Algumas “soluções rápidas” para almoço ou jantar figuram entre os piores alimentos para as crianças. São os nuggets, os hambúrgueres e as salsichas, que muitas vezes entram como substitutos de um bife ou filé. Quase sempre feitos com carne processada, eles não têm as proteínas que muitos pais creem fornecer aos filhos quando os colocam no prato. Para piorar, a maioria dos hambúrgueres é rica em gordura trans. O melhor é se manter fiel à carne tradicional.

Sempre pense em alternativas

Para manter a saúde e o ritmo das atividades cotidianas, é preciso saber que alimentos priorizar. O caso do macarrão instantâneo é um dos mais fáceis. Considerado maléfico por ter muito sódio, muitos conservantes e poucas vitaminas, ele pode dar lugar ao macarrão regular. “O tempo médio de preparo de um macarrão instantâneo é de três minutos, o de um não instantâneo é de oito minutos. São cinco minutos a mais para oferecer um prato saudável ao filho. Vale a pena! E no tempo de cozimento da massa é possível fazer um molho bem gostoso”, sugere Ana Carolina Terrazzan.

O suco em pó ou de caixinha deve ser substituído pelo suco natural da fruta. E se a criança apenas estiver com sede ao longo do dia, precisa beber água. Refrigerantes podem ficar reservados a apenas um dia do fim de semana; se der para evitá-los até neste dia, melhor.

O resultado desse esforço poderá ser visto em todos os aspectos da vida dos filhos. “Mantendo uma boa rotina alimentar, rica em nutrientes, a criança terá mais facilidade no aprendizado, um melhor desenvolvimento do corpo e do sistema imunológico. Os bons hábitos evitam problemas graves de saúde no presente e no futuro”, diz a nutricionista Mariana Fróes.

Fontes: Ana Carolina Terrazzan (nutricionista materno-infantil da Nutrissoma Clínica de Nutrição e mestre em saúde da criança e do adolescente pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS), Karoline Basquerote (nutricionista clínica especializada em educação alimentar para crianças) e Mariana Fróes (nutricionista da Clínica de Nutrição Funcional Patricia Davidson Haiat).

Lei garante mais R$ 2,9 bilhões de crédito para financiamento estudantil

Dinheiro vai servir para novos financiamentos e adiantamento de fundos

DA REDAÇÃO
O governo federal publicou nesta sexta-feira (13), no "Diário Oficial da União", uma lei que aprova a abertura de um crédito extraordinário no valor de R$ 2.932.125.346,00 para Fundo de Financiamento ao Estudante de Ensino Superior (Fies).

Esta é a segunda vez no ano que o governo consegue por meio de uma medida provisória a abertura de crédito extraordinário para o Fies. Em março, o governo já havia conseguido R$ 1,68 bilhão para o Fies.

O projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados no dia 28 de agosto e pelo Senado na quarta-feira. O governo não indicou, na proposta, de onde sairão os recursos que permitirão a abertura do crédito. O dinheiro será usado para garantir o acesso de estudantes a universidades particulares por meio de novos financiamentos, adiantamentos de empréstimos já contratados e de contratos anteriores que não foram pagos.

Em agosto o governo comemorou a marca de mais de um milhão de contratos do Fies. Criado em 1999, o Fies financia até 100% do valor da mensalidade do curso do ensino superior e o estudante começa a pagar as prestações do financiamento a partir do 19° mês após a conclusão do curso.

MT - Financiamento para educação é foco de audiência pública da Conae 2014

Ideia é reverter o dinheiro para a valorização profissional dos professores

DA REDAÇÃO
Uma audiência pública na Assembleia Legislativa serviu para “aquecer” as discussões da etapa estadual da Conferência Nacional de Educação (Conae 2014), que começam na próxima semana. Entre os debates apresentados o grande foco ficou sobre o financiamento para a educação e a destinação dos royalts do Petróleo, aprovado esta semana pelo Congresso Nacional. O evento foi realizado na Assembleia Legislativa.

Segundo a presidente do Fórum Estadual de Educação e assessora especial da Secretaria de Estado de Educação, Rosa Neide Sandes de Almeida, o incremento de 75% destinado a Educação (Pré-Sal e royalts do petróleo) é fundamental para o desenvolvimento dos demais eixos de discussão da Conferência, como valorização profissional, Plano Nacional de Educação (PNE), Sistema Nacional de Educação, gestão democrática,qualidade da educação e diversidades.

“A qualidade da educação passa pelo financiamento. Os recursos darão o pulso para qualidade, que passa por remuneração dos professores, investimento em estrutura e formação profissional”, destacou.

Conforme ela, o tema da Conae 2014 o PNE na articulação do Sistema Nacional de Educação: Participação Popular, Cooperação Federativa e Regime de Colaboração. “Como vamos falar em Sistema Nacional de Educação, em financiamento para piso profissional nas escolas doeEstado e nos municípios?”, questionou.

Para o secretário adjunto de Gestão de Pessoas, Edilson Pedro Spenthof, que na oportunidade representou o secretário de Estado, Ságuas Moraes, a importância da Conferência está nos avanços que ela conquista a partir da discussão social. “Na Conae 2010, se trabalhou a perspectiva da implantação de um Sistema Único. Hoje discutiremos o Sistema com a concretização de financiamento para a Educação”, disse.

O presidente da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura e Desporto da Assembleia, deputado Alexandre César, informa que encaminhará ao governador uma minuta que garanta o repasse dos recursos federais do Petróleo para a Educação e Saúde. Estados e municípios devem se comprometer a destinar os recursos para as áreas referidas, já que serão encaminhados para um fundo único.

A etapa estadual que acontecerá a partir de segunda-feira, 16 de setembro, debaterá até sexta-feira (19.09) as propostas de Mato Grosso para a discussão nacional, que será realizada em fevereiro 2014, em Brasília. Ao todo 400 delegados representantes de diferentes segmentos, eleitos em conferências municipais, participarão das discussões.

Participaram da Audiência representantes do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), Universidade Federal de Mato Grosso, União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Universidade de Mato Grosso (Unemat), União dos Conselhos Municipais de Educação (Uncme) Câmara Municipal de Cuiabá, Associação dos Docentes da Universidade de Mato Grosso (Adunemat), Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública de Mato Grosso (Sintep-MT), representantes de movimentos sociais e estudantis.

O evento foi realizado na Assembleia Legislativa, nesta quarta-feira (11).

Por que tanta pressa em aprender a ler?

Seu filho já sabe ler? Seu filho ainda não sabe ler? Quando nós, os pais, vamos aprender que o tempo certo do ler não tem nada a ver com já ou ainda?

 
Quando nasce um bebê, nasce uma mãe, sabe-se, mas desconfio que a história é ainda mais complexa. Uma mãe nasce todo dia, quando aprende a amamentar, a trocar fralda, a curar machucado, a consolar. Uma mãe nasce lindamente quando o filho aprende a falar, balbucia palavras e, aí, um dia junta letrinhas e começa experimentar a leitura. Ah, esse momento é como renascer... e a mãe, entre embasbacada e realizada, precisa aprender, então, a dosar sua ansiedade para que o filho, de fato, comece a ler. E vou confessar, não é fácil! Dá uma pressa, parece, uma vontade louca de que então o filhote descubra os livros, as histórias, um desejo de dizer “meu filho já sabe ler!”

Pressa por que, vão dizer? A gente mesmo aprendeu a ler e escrever com quantos anos? Seis, sete? Mas aí, na escola infantil todo mundo fala da alfabetização moderna, fala que o velho método da cartilha era só defeito, que a “vovó-viu-a-uva” e “o a-e-i-o-u” não estimulava adequadamente. E aí têm todas as mães da pracinha comentando os brinquedos educativos recomendados pela Associação Americana de Pediatria, e têm os teclados alfanuméricos, e têm os apps e os softwares de estimulação precoce... E a gente, que é mãe de primeira viagem sim, mas superantenada e só quer o melhor pra os nossos filhos, diz: é isso, alfabetizar quanto mais cedo, melhor!

Só que, não! Sinceramente, não está comprovado que essa estratégia seja melhor, única ou ideal. Não é uma diretriz definitiva. É só acompanhar atentamente as discussões pedagógicas pra perceber que nada está consumado quando se trata de definir qual é a idade certa pra alfabetizar uma criança. No Brasil, a única coisa que está acertada por lei é que a criança deve entrar no ensino fundamental no ano que completar 6 anos e esse ajuste, que adiantou a idade mínima e incorporou o antigo pré-primário ao ensino fundamental (que por isso passou a ter 9 anos), teve muito mais a ver com a incompetência material do ensino público infantil em alfabetizar do que, de verdade, com uma diretriz pedagógica para alfabetizar antes dos 6 anos.

Na nossa casa foi assim: o João desde pequeno tinha um interesse surreal por letras e livros. Paixão igual carrinhos, massinhas, bola eram as histórias dele e as revistas e jornais que circulam aos montes pela nossa sala. Aos 4 anos juntou sílabas sozinho, lendo uma placa de rua – e nos causou espanto, mais do que alegria. Dali pra juntar letras, escrever o próprio nome foi um pulo. A Bruna, com mais livros e revistas à disposição, já que o acervo familiar incorporou a coleção do irmão também, nunca deu bola pra letrinhas. Na mesma escola, o mesmo método, o mesmo ritmo, demonstrava pra gente que queria ir mais devagar. Os coleguinhas escreviam B – N – N e a professora dizia que ali estava escrito “banana” – explicando que algumas crianças são silábicas com consoantes e outras com vogais. A Bruna desenhava a banana que era uma beleza... Mas acabou o G5, aos 6, alfabetizada: em outras palavras, entrou no ensino fundamental escrevendo seu nome e sabendo ler “vovó viu a uva”.

E na sua casa, o que pensam sobre a questão da alfabetização precoce?