segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

É possível morrer de susto?


Saiba como o corpo reage na hora do susto e quais as consequências desta reação física para a saúde

Chris Bertelli , iG São Paulo

De um segundo para o outro, o rosto perde a cor, os olhos ficam arregalados, as pupilas dilatam, os pelos do corpo se eriçam e o coração bate num ritmo mais acelerado. Todas essas sensações podem vir acompanhadas de um grito involuntário e, em alguns casos, perda dos sentidos e desmaio.

Nesta semana, uma brincadeira exibida no programa Silvio Santos mostrou a reação de diversas pessoas ao se depararem com uma menina caracterizada como um fantasma e virou hit na internet.



“O susto é um evento biológico intenso e hiperagudo. O cérebro entende que está em perigo e aciona o alarme: o sistema de luta ou fuga. O corpo, então, ativa uma série de mecanismos para se preparar para o confronto ou para a fuga rápida”, explica o neurologista Leandro Teles.

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O interessante, observa o médico, é que a resposta fisiológica (física e mental) na hora do susto ocorre da mesma maneira, seja uma ameaça real (um assalto, um tiroteio, um acidente), ou uma brincadeira – como foi o caso apresentado no programa do SBT.

A primeira reação é uma grande descarga de adrenalina na corrente sanguínea, que vai deixar o organismo em alerta, fazendo o coração bater mais rápido e elevando a pressão arterial. Em pessoas saudáveis, o susto raramente pode levar a um quadro mais grave do que um desmaio. Após cinco ou 10 minutos, quando a quantidade de adrenalina no corpo diminui, o ritmo respiratório vai voltando ao normal até atingir a calma. No entanto, pessoas com doenças cardíacas podem estar em sério risco.

“Para quem já tem algo, como um problema no coração ou até pressão alta, esse é exatamente o tipo de situação que pode trazer piora, ou gerar uma alteração importante, porque causa desequilíbrio no corpo e traz consequentes prejuízos à saúde”, explica Cesar Jardim, cardiologista e supervisor do pronto-socorro do Hospital do Coração, em São Paulo.

Leia mais sobre os riscos da hipertensão na Enciclopédia da Saúde

O susto pode resultar em um infarto ou até em morte súbita. A adrenalina faz com que os vasos sanguíneos se contraiam, o que estreita a passagem do sangue. Se já houver um quadro de hipertensão, essa elevação abrupta da pressão pode causar um acidente vascular cerebral (AVC) . O batimento acelerado pode ainda predispor a um quadro de arritmia cardíaca .

Reprodução

Cenas da pegadinha de Silvio Santos, que ganhou repercussão internacional

Além disso, há um enorme número de pessoas que desconhecem as próprias condições de saúde e, embora acreditem ser saudáveis, podem estar com os vasos sanguíneos comprometidos ou ter alterações musculares cardíacas importantes.

“Quem tem fatores de risco como tabagismo, diabetes, sedentarismo ou histórico familiar, por exemplo, pode ser doente coronariano e não saber disso. Essa pessoa tem chance de ter um infarto no mesmo momento do susto”, alerta João Vicente, cardiologista do Hospital São Luiz, de São Paulo. Em alguns casos, pode haver morte súbita, embora essa condição seja mais rara.

O susto também pode ter um impacto emocional importante. Logo após o medo intenso, pode surgir vontade de chorar ou raiva. Dependendo da intensidade do que foi vivido, a pessoa pode desenvolver estresse pós-traumático, uma condição que vai se manifestar geralmente como ansiedade, maior sensibilidade ou até depressão .

“Parece uma brincadeira inofensiva, mas pode levar a um alto grau de estresse. No caso do vídeo, por exemplo, pode levar um tempo até que aquelas pessoas entrem num elevador novamente sem sentirem, no mínimo, um desconforto”, explica a psicóloga Cláudia Santos Silva.

Conheça as principais manifestações do susto no corpo e saiba por que o organismo reage assim:

Palidez no rosto e nas extremidades – o sangue passa a circular menos nas extremidades e na pele, sendo direcionado para o cérebro e para os demais órgãos essenciais do corpo.

Olhos arregalados e pupilas dilatadas – esse mecanismo permite que a pessoa veja melhor o todo sem se ater a detalhes. Isso ajuda na tomada de decisão (lutar ou fugir).

Grito involuntário – os especialistas acreditam que essa é uma herança biológica dos nossos antepassados que, ao se depararem com algum perigo, gritavam para afastar o inimigo em potencial.

Tremor – o excesso de adrenalina no corpo pode causar tremedeira, que deve passar em 10 minutos.

Pelos eriçados – possivelmente mais uma herança biológica. Os pelos eriçados dão a impressão de que aquela pessoa é maior do que realmente é.

Contração muscular (sobressalto) – a musculatura se contrai e fica pronta para fugir ou lutar. Quando não nenhuma das duas opções, a pessoa se encolhe.

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Minas Gerais amplia liderança em olimpíada de matemática da rede pública


Estado conquistou 154 medalhas de ouro na competição entre alunos de escolas públicas de 2012

Tatiana Klix - iG São Paulo


Estudantes de Minas Gerais ampliaram seu domínio na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) em 2012. Conforme o resultado divulgado nesta sexta-feira , dia 30, o Estado conquistou 152 medalhas de ouro, das 500 distribuídas. Na competição realizada desde 2005 para incentivar o estudo de matemática, Minas lidera o quadro de medalhas na comparação com outros Estados desde a terceira edição e este é o melhor resultado já conquistado.

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Ao todo, Minas Gerais já ganhou 726 ouros desde 2005, sendo os dois melhores resultados obtidos nos últimos anos: 113 (2010) e 111 (2011) . São Paulo liderou a competição nas duas primeiras edições com 67 (2005) e 74 (2006) medalhas de ouro.

Em 2012, os mineiros ainda receberam 229 medalhas de prata, entre as 900 concedidas e outras 946 de bronze, das 3.100 que a olimpíada distribui. O segundo Estado mais premiado foi São Paulo, com 110 medalhas de ouro, 226 de prata e 750 de bronze. Rio de Janeiro aparece em terceiro lugar em conquistas, com 43 ouros, 84 pratas e 176 bronzes.

Além de premiar alunos com medalhas de acordo com os três níveis de participação (nível 1: alunos do 6º ou 7º ano do ensino fundamental; nível 2: alunos do 8º ou 9º ano; e nível 3: alunos matriculados em qualquer ano do ensino médio), a Obmep dá 46.200 certificados de menção honrosa a estudantes.

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Participaram do torneio educacional mais de 19 milhões de alunos de 46.728 escolas. Com base nos resultados na 2ª fase da olímpiada, realizada no dia 15 de setembro, ainda foram premiados professores, escolas e secretarias de educação.

Entre as escolas que se destacaram este ano, como tradicionalmente acontece, três colégios militares lideram em conquistas de ouros: do Rio de Janeiro (18), Brasília (15) e Porto Alegre (13). Se não forem levadas em consideração as escolas da rede federal , o melhor resultado de uma instituição ocorreu no sertão da Paraíba: a Escola de Ensino Fundamental Cândido de Assis Queiroga, de Paulista, recebeu quatro medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze. No mesmo município, que tem apenas 12 mil habitantes, a escola José Jerônimo Neto, levou uma medalha de ouro, uma prata e uma de bronze.

Menos ouros para Cocal dos Alves

O município de Cocal dos Alves , no Piauí, que foi destaque nas duas últimas edições por conquistar muitas medalhas, continua com bons resultados, mas recebeu apenas um ouro. As demais conquistas foram uma medalha de prata e oito de bronze. Em 2011, alunos cocalalvenses receberam três ouros, duas pratas e cinco bronzes. Em 2010, foram quatro de ouro, três de prata e cinco de bronzes.

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Heptacampeões

Nesta edição, dois estudantes do 3º ano do ensino médio conquistaram uma marca inédita na olimpíada: sete medalhas de ouro em sete participações, desde o 6º ano do ensino fundamental até o 3º ano do ensino médio. Os heptacampeões da matemática brasileira são os estudantes Henrique Gasparini Fiuza do Nascimento, de 16 anos, do Colégio Militar de Brasília, e André Macieira Braga Costa, de 17 anos, do Colégio Militar de Belo Horizonte.

Os resultados completos da Obmep 2012 serão divulgados no site www.obmep.org.br .

Região Norte tem apenas 13 escolas de elite no ensino médio


Maioria das escolas com média superior a 600 no Enem 2011, considerada uma nota que retrata excelência, ficam no Sudeste. Desigualdades atingem todas as redes de ensino

Priscilla Borges - iG Brasília

Os sete estados da Região Norte têm juntos apenas 13 escolas de ensino médio que podem ser consideradas de elite. As instituições fazem parte do grupo de 974 colégios que atingiram médias gerais (das provas objetivas) superiores a 600 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2011. Essas unidades de destaque representam somente 3,6% das escolas brasileiras.

As notas das escolas no Enem 2011 foram apresentadas na semana passada pelo Ministério da Educação. Apenas as médias obtidas por 10.076 escolas (40,56% do total de participantes) foram divulgadas. Os colégios com menos de 10 alunos inscritos no exame ou com participação de menos de 50% de seus alunos não tiveram as médias conhecidas.

Apesar de não mostrar a realidade de todas as escolas – nem ser o únicos e mais completo indicador para avaliar a qualidade delas – o resultado do Enem em 2011 confirma que as desigualdades regionais do País, já conhecidas na oferta educacional, não se restringem a nenhuma rede de ensino.

O iG analisou as médias divulgadas pelo MEC e fez um recorte a partir da nota exigida dos estudantes que querem tentar uma bolsa no Programa Ciência sem Fronteiras, por exemplo. O governo considera que uma nota a partir de 600 no exame demonstra excelência do candidato. Essa é também a média que poderia ser considerada equivalente a de países desenvolvidos .

Mesmo na rede privada, considerada, em geral, de melhor qualidade do que a pública (seja porque seleciona seus alunos, seja pela cobrança feita pelos pais), as diferenças entre Estados e regiões são imensas. Em toda a região Norte, há 13 escolas nessas condições. Apenas uma é pública (e federal). Amapá e Roraima não possuem colégios com média superior a 600.

A maioria das escolas brasileiras que oferece ensino médio – 26.944, segundo o Censo Escolar de 2011 – está longe do desempenho ideal. Acima de 600 pontos, há 974 escolas. Destas, 898 são privadas, 55 são federais, 20 estaduais e uma é municipal, a Escola Técnica de Paulínia, em São Paulo. O Estado, aliás, possui a maior quantidade de unidades de elite: 336.

Concentração

A região Sudeste concentra a maior parte das escolas de bom rendimento. São 695 colégios com desempenho superior a 600 na média das provas objetivas. A quantidade de toda a região Norte chega somente a metade do número de escolas de elite do Estado com menos colégios de desempenho excelente no Sudeste, o Espírito Santo, que possui 25. Desse total, seis são institutos federais e o resto é da rede privada.

Diferentemente do que ocorre na região Norte, esses colégios estão mais distribuídos pelo território estadual e não se concentram nas capitais. Em São Paulo, das 336 escolas de melhor rendimento, 318 são da rede privada, 16 escolas técnicas estaduais, uma federal e uma municipal.

A região Nordeste, mesmo com o maior número de Estados, não conseguiu ultrapassar a quantidade de escolas de excelência da região Sul. A primeira reúne 105 colégios com mais de 600 pontos e a segunda, 116. Alguns estados nordestinos têm poucos estabelecimentos de elite. Alagoas só possui três (todos privados), assim como o Maranhão.

Para poucos: Colégios da elite do Enem têm poucas turmas e fazem vestibulinho

A Paraíba tem quatro privadas nessa condição. O Rio Grande do Norte e Sergipe, seis cada um (dois institutos federais no Rio Grande do Norte). Piauí tem 14 escolas privadas de destaque e Pernambuco mais 15 colégios, sendo dois federais. O Ceará tem 20 e a Bahia é o estado com mais escolas de excelência: 34. Apenas uma é federal, o Colégio Militar de Salvador, mas todas estão bem distribuídas entre outras cidades.

Na região Centro-Oeste, só 45 colégios tiveram o desempenho de ponta. Do total, 23 fica em Goiás e 11 no Distrito Federal.

Pública X privada

As diferenças entre o desempenho médio das escolas públicas e das privadas também se reflete na média geral das provas objetivas. De acordo com o Ministério da Educação, os estudantes que estavam concluindo o ensino médio e fizeram as provas objetivas ficaram com uma média de 494,6 pontos .

Considerando essa pontuação, 6.077 escolas do total de 10.076 (as que tiveram as notas divulgadas) tiveram desempenho superior a essa média. Delas, 4.476 escolas são privadas, 1.348 são estaduais, 183 federais e 70 municipais.

Opinião: O jogo do perde e perde da divulgação das notas do Enem


Apesar de nem todas as escolas do País terem participado do Enem e menos da metade ter as notas divulgadas, as diferenças no desempenho impressionam. O País possui 7.791 colégios privados e, por esse critério, quase 60% teve desempenho acima da média. A situação no caso das estaduais, responsáveis pela maioria das matrículas do ensino médio no País, é a inversa.

Há 18.381 colégios estaduais no Brasil. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não divulgou quantos deles participaram do Enem, mas 4.968 tiveram médias divulgadas. As que ficaram acima da média representam apenas 7,33% do total. No caso das federais, por sua vez, 55,8% ficaram com nota acima da média: 183 escolas das 199 cujas médias foram divulgadas.

Confira a distribuição de escolas com médias superiores a 600 pontos por Estado:

Acre: uma escola (privada)

Amapá: não tem

Amazonas: quatro escolas (privadas)

Alagoas: três escolas (privadas)

Bahia: 34 escolas (uma federal)

Ceará: 20 escolas (uma federal)

Distrito Federal: 11 escolas (privadas)

Espírito Santo: 25 escolas (seis federais)

Goiás: 23 escolas (uma federal)

Maranhão: três escolas (privadas)

Minas Gerais: 186 escolas (175 privadas e 11 federais)

Mato Grosso do Sul: nove escolas (uma federal)

Mato Grosso: duas escolas (privadas)

Pará: três escolas (uma federal)

Rondônia: duas escolas (privadas)

Roraima: não tem

Paraíba: quatro escolas (privadas)

Pernambuco: 15 escolas (duas federais)

Piauí: 14 escolas (privadas)

Paraná: 38 escolas (29 privadas e oito federais)

Rio de Janeiro: 148 escolas (131 privadas, 16 federais e uma estadual)

Rio Grande do Norte: seis escolas (duas federais)

Rio Grande do Sul: 51 escolas (45 privadas, quatro federais e duas estaduais)

Santa Catarina: 27 escolas (privadas)

Sergipe: seis escolas (privadas)

São Paulo: 336 escolas (318 privadas, 16 estaduais, uma federal e uma municipal)

Tocantins: três escolas (privadas)

Dilma veta trecho da lei dos royalties do petróleo que altera contratos vigentes

Presidenta também encaminhará medida provisória ao Congresso com mudanças na lei, na qual tentará resgatar repasse de 100% dos royalties futuros para a educação

iG São Paulo

A presidenta Dilma Rousseff vetou nesta sexta-feira o artigo da nova lei dos royalties do petróleo que alterava a divisão das receitas provenientes dos campos atualmente em exploração. Além de alterar este item do projeto, Dilma anunciou que encaminhará uma medida provisória ao Congresso para resgatar o repasse de 100% dos royalties futuros para a educação, numa tentativa de reverter a derrota sofrida pelo governo na votação da proposta no Legislativo.

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A decisão sobre a manutenção dos contratos vigentes já era esperada desde o meio desta semana e ocorre após a presidenta se posicionar em favor do uso "responsável" dos royalties. A decisão também atende às pressões conduzidas nas últimas semanas por Estados produtores, em especial Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Com o veto de Dilma, continuará valendo, nas áreas em que já há concessão, a regra atual para a exploração do petróleo. A mudança na distribuição dos recursos valerá somente para contratos futuros, o que inclui campos de exploração como o pré-sal.

Dilma convocou ministros para uma reunião no Palácio do Planalto e incumbiu a equipe de formalizar o anúncio do veto. Foram chamados os ministros da Casa Civil, Gleisi Hoffmann; de Minas e Energia, Edison Lobão; das Relações Institucionais, Ideli Salvatti; e da Educação, Aloizio Mercadante.
Gleisi esclareceu que o governo procurou resguardar integralmente a distribuição dos recursos aprovada pelo Congresso, embora tenha optado por alterar as regras para sua aplicação. “O veto colocado ao artigo terceiro resguarda exatamente os contratos estabelecidos e também tem o objetivo de fazer a readequação, ou seja, a redistribuição dos percentuais dos royalties”, disse Gleisi. “A presidenta procurou conservar em sua maioria as deliberações do Congresso Nacional, garantindo contudo a distribuição de recursos para a educação brasileira.”


O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, acrescentou que Dilma procurou preservar o "patrimônio brasileiro", sem que isso signifique uma afronta ao Congresso Nacional. "Não há nenhum desapreço ao Congresso Nacional com esse veto." Segundo ele, a decisão da presidenta procurou evitar que a lei não interfira no "direito adquirido". "O que o governo agora faz é em complemento àquilo que nos veio do Poder Legislativo. A nosso ver, há uma inconstitucionalidade de alguns artigos, em especial o artigo terceiro ( que altera a regra para contratos em concessão )", emendou Lobão.

Como o veto à lei foi parcial, o governo poderá poderá fazer leilões por esse modelo já em 2013. Segundo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o primeiro leilão de partilha será feito em novembro do próximo ano.

Educação

A proposta do governo federal de destinar a aplicação de royalties futuros na educação já havia sido derrubada no Congresso durante a tramitação do projeto. Mercadante comemorou a insistência do Planalto em levar o assunto a apreciação no Legislativo. De acordo com o ministro, 50% de todo o rendimento do Fundo Social, que receberá parte dos royalties, também será destinado para educação.

"Só a educação vai fazer com que o Brasil seja uma nação efetivamente desenvolvida. Se o petróleo e o pré-sal são o passaporte para a educação, não há futuro melhor do que investir na educação", disse o ministro.

*Com informações da Agência Estado

"Aluno deve decidir processo educativo", diz diretor de escola inovadora


 Educador colombiano diz que sistema educativo impõe metas aos alunos quando é preciso que cada um construa as suas

A instituição que foi fundada pelos psicólogos colombianos Emilia e Buenaventura Fontán, no fim da década de 80, em um modelo experimental, faz parte hoje do Super Mentor Schools, seleto grupo de escolas mais inovadoras do mundo criado pela Microsoft. Ao estimular que seus alunos fossem autodidatas, o Colégio Fontán foi na contramão do modelo tradicional e apostou na autonomia dos estudantes. A aposta deu certo e chegou a ser reconhecida pelo Ministério da Educação da Colômbia como “primeira instituição de inovação educativa do país”. No Fontán, os alunos têm total liberdade para montar o seu currículo e decidir se estão aptos ou não para passar de nível escolar.

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Julio Fontán, diretor da instituição e filho do casal que fundou o colégio, esteve no Brasil a convite do Instituto Natura, falando sobre o trabalho na Colômbia e conhecendo casos inovadores do país. Em entrevista, ele conta como surgiu o modelo de ensino e defende o uso da tecnologia como ferramenta de empoderamento para o aprendizado dos estudantes. Segundo Fontán, infelizmente, muitas escolas ainda não estão preparadas para adotar um modelo como o colombiano por conta do “medo e comodismo dos professores”, o que impede que as crianças se tornem mais autônomas. “Muitas vezes, os alunos não têm senso de realidade e são excluídos da tomada de decisão sobre seu processo educativo; simplesmente fazem coisas prontas”, diz. Confira abaixo a conversa com o especialista.

Como surgiu a ideia do modelo Fontán?

Julio Fontán: O projeto começou em 1957, na Colômbia, com os meus pais, que eram psicólogos catalães. Na época, eles abriram um consultório de psicologia do aprendizado. As crianças iam para lá e meus pais as ajudavam a resolver seus problemas de aprendizagem. Chegou um momento em que os estudantes não queriam mais voltar à escola e preferiam ficar no consultório. Lá, eles trabalhavam os conteúdos autonomamente e, como forma de validação dos estudos escreviam, uma espécie de relatório, mostrando o que haviam aprendido. Já nos anos 1970, os alunos passaram realmente a estudar no consultório e abandonaram a escola.

Como o modelo passou a ser reconhecido pelo Ministério de Educação?

Fontán: Nos anos 80, o Ministério de Educação visitou o consultório para conhecer o que estávamos fazendo já que apenas 26% dos alunos do país eram aprovados nos testes nacionais de avaliação de desempenho, enquanto os estudantes do consultório alcançavam 98% de aprovação. O MEC passou a acompanhar nossas metodologias e os especialistas ficaram encantados com o sistema. Em 1987, o ministério reconheceu o modelo como “primeira instituição de inovação educativa da Colômbia”. A metodologia chegou inclusive a inspirar algumas diretrizes do ministério.

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O que é preciso para que essas escolas, de fato, se tornem inovadoras?

Fontán: Inovar nunca pode ser o resultado, mas aquilo que está disposto a realizar. Quem está do outro lado são crianças e qualquer processo imposto pode interferir diretamente na qualidade de vida delas. Inovar em educação é uma coisa séria. Normalmente as escolas adotam certos sistemas de ensino que simplesmente dão as respostas às crianças ou então criam modelos a partir de uma teoria X; que Piaget disse isso ou aquilo e, por isso, deve ser assim ou assado. É como na medicina, que não se pode brincar com a saúde dos pacientes. Na educação é a mesma coisa: não podemos brincar com o futuro das crianças. A inovação tem que partir da pesquisa e da prática, não de ideias fabulosas ditas por alguém, como costuma acontecer.

Como as crianças desenvolvem o autodidatismo?

Fontán: As crianças estão sempre aprendendo, assim como nós, desde que nos levantamos até a hora que dormimos, desde que nascemos até o momento que morremos. Aprender quer dizer que a gente vai se armando, e cada vez mais vamos fazendo mapas mentais maiores. O problema é que todo mundo esquece o que passa no cérebro da criança. Acreditam que se não ensinarmos as crianças, elas não aprendem. Mas, na verdade, elas estão sempre aprendendo. Um exemplo que costumo dizer é imaginar o caso de um aluno que chega ao colégio e faz um teste para identificarmos o que ele conhece sobre história. Talvez ele conheça alguns presidentes, como surgiu o país, algo de Napoleão… Mas quando fazemos um diagnóstico do “pensamento de avaliação em história” nos damos conta de que ele não domina a temporalidade, ou seja, para ele, o que aconteceu há 50 anos é o mesmo que há 500. Ele não consegue distinguir o que foi antes ou depois. Não consegue perceber a causalidade da história, o que vai gerando o que. Isso mostra que o simulacro de aprender história numa aula acaba não fazendo sentido. E o mesmo acontece com quase todas as outras áreas. É a diferença em se pensar o ensino a partir de como uma criança aprende no lugar de começar do que se quer transmitir. É o que normalmente se passa em todos os países. Dizem que a educação é um direito e colocam na lei. No entanto, para isso, precisam de um currículo em que isso possa ser cumprido. A preocupação precisa ser com as crianças, não com o governo e com o currículo. É preciso se preocupar para que cada criança tenha qualidade de vida. Para que a educação seja trabalhada realmente para gerar oportunidades para todos, é preciso desenvolver as potencialidades e diferenças de cada estudante.

O que as escolas precisam para implantar um modelo como o Fontán?

Fontán: Primeiro, é preciso que os professores percam o medo. Os educadores estão cômodos: vão dar aulas, terminam e voltam para casa. As crianças vão mal porque o problema é sempre delas. Elas precisam se adaptar ao currículo e, se não conseguem, têm problemas, precisam ser levadas ao psicólogo, a professores particulares. A realidade é que todos os alunos são diferentes. O problema não é deles. Um estudante com síndrome de down, por exemplo, se tiver o que precisa dentro de sua realidade, será uma criança feliz e produtiva na escola. Ele não tem um problema, mas uma diferença. O problema somos nós quem criamos, nós que não damos o que ela precisa.

Como deve ser então um modelo de ensino ideal para potencializar as habilidades de cada estudante?

Fontán: Uma das tragédias da educação é que o desenvolvimento intelectual funciona muito mal. Os educadores querem simplesmente ensinar um conteúdo e fazer com que os alunos, impostamente, o aprendam. Não importa quem seja a criança, o que gosta ela quer ser, o que está passando. O sistema educativo já impõe as metas, quando é preciso que cada criança construa a sua. O ideal é fazer com que professor e aluno possam planejar, construindo minuto a minuto, o que tem que fazer. Muitas vezes, os alunos não têm senso de realidade e são excluídos da tomada de decisão sobre seu processo educativo; simplesmente fazem coisas prontas. Isso acaba não gerando um sentido de responsabilidade. A posição que o sistema impõe às crianças é sumariamente aversiva. Não permite que eles desenvolvam o que têm de desenvolver para poder encarar o mundo.

Como você avalia o papel da tecnologia no processo de aprendizado dos estudantes?

Fontán: A questão mais importante não é como a tecnologia transforma a pedagogia, mas como a pedagogia usa tecnologia como ferramenta. Temos à nossa disposição muitas informações oriundas da internet e precisamos usá-las para não perdê-las. No caso do nosso modelo, que usa uma metodologia chamada Serf (Sistema Educativo Relacional Fontán), centrada na realidade de cada estudante e em que cada um deles tem um projeto educativo pessoal, a tecnologia é indispensável para que eles possam montar e trabalhar seus currículos.

Brasileiros e britânicos dividem os pódios no primeiro dia da natação


Foram disputadas oito finais nesta sexta, na piscina olímpica (50 metros) do Complexo Esportivo do Verdão

Secom-MT

Delegação convidada para disputar as Olimpíadas Escolares Cuiabá 2012, a Grã-Bretanha dividiu o pódio com os atletas brasileiros na tarde de sexta-feira, dia 30, na estreia da natação. O Embaixador Britânico no Brasil desde dezembro de 2008, Alan Charlton, o diretor do Departamento de Esporte de Base e Alto Rendimento do Ministério do Esporte, André Arantes, e o Gerente de Esportes e Serviços das Olimpíadas Escolares, André Mattos, entre outras autoridades, acompanharam o evento in loco.

Foram disputadas oito finais nesta sexta, na piscina olímpica (50 metros) do Complexo Esportivo do Verdão, em Cuiabá (MT). A equipe britânica somou cinco ouros e uma prata nas sete provas que disputou – a exceção foi Nathan Theodoris, que ficou em quarto lugar nos 50m livre. No pódio, por ser uma competição nacional, os britânicos dividiram o pódio com atletas brasileiros.

Logo na primeira prova a nadadora olímpica Jessica Ashley Lloyd venceu os 50m livre com a marca de 26s46. “Essa é a minha primeira vez no Brasil. É ótimo conhecer uma cultura nova. Está superando as expectativas”, disse a jovem de 17 anos, que fez parte da equipe britânica finalista do revezamento 4x100m livre nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, quando o time da casa alcançou a quinta colocação, com 3m37s02.

“Disputar os Jogos Olímpicos em casa foi muito além das expectativas. Eram mais de 15 mil pessoas torcendo por nós. Foi uma experiência única”, disse Jessica, que ainda ajudou a equipe britânica a conquistar a medalha de ouro no revezamento 4x100m livre em Cuiabá e ainda vai nadar os 100m e 200m livre. “Sou especialista nos 100m livre. Espero subir novamente no pódio amanhã (sábado)”.

A seleção da Grã-Bretanha conseguiu ainda a primeira colocação com Helena Sheridan, que venceu os 100m borboleta, com 1min01s40; Matthew Ian Johson nos 1.500m livre, com a marca de 15min e nos revezamentos 4x100m livre masculino (além de Matt, a equipe britânica conta com Harry John Stanley, James George Guy Ackland e Nathan Keith Theodoris) e feminino. Jessica e Helena tiveram a companhia de Danielle Lowe e Natasha Claire Hofton para subir no alto do pódio.

O carioca Luiz Altmir Lopes melo, de 16 anos, e que disputa a sua quinta Olimpíada Escolar estava entusiasmado ao dividir o pódio com o britânico James Guy nos 100m borboleta. “Disputo as Olimpíadas Escolares desde que tenho 12 anos e essa é a primeira vez que tem uma equipe europeia na competição. Isso mostra o quanto o nosso esporte está evoluindo. Esse intercâmbio é muito importante. A gente aprende com eles e eles aprendem conosco”, disse o medalhista de prata da prova.

Seis novos recordes de campeonato foram batidos na tarde desta sexta. Quatro nas provas individuais: Pedro França Vieira, do Colégio Amorim (SP) conseguiu a melhor marca nos 100m borboleta, com 54s63; Matheus Santana, do Colégio Legrand (RJ), venceu os 50m livre com 23s21; Giovanna Dorigon fez 1min03s26 nos 100m borboleta; e Bianca Giacon Avella venceu os 800m livre com 9min04s38.

A equipe feminina de São Paulo do revezamento 4x100m livre marcou 3min58s55, nova marca da competição e a equipe masculina do Rio de Janeiro venceu a mesma prova com 3min31s22. Neste sábado, as provas eliminatórias estão marcadas para as 9 horas e as finais serão às 16 horas, sempre na piscina do Complexo Esportivo do Verdão.

Alunos avaliam matemática como prova difícil do vestibular da Uece


G1

Após duas horas de provas, os primeiros candidatos deixam as salas onde são realizadas as provas do vestibular da Universidade Estadual do Ceará (Uece), neste domingo (2). Na avaliação dos alunos entrevistados pelo G1, matemática é a disciplina mais difícil na primeira fase do exame.

“Gostei de todas as provas, menos matemática, foi a mais difícil, sem dúvida”, avalia a estudante Sara Coutinho, de 16 anos, que faz o vestibular pela primeira vez. Ela tenta entrar na faculdade de nutrição.

“História e biologia estavam bem legais, com nível equilibrado, já em matemática acho que fui mal. Espero que meu desempenho nas outras disciplinas compensem a parte ruim de matemática”, diz Rodrigo Menezes, de 17 anos.

Já Roberto Marcos, de 17 anos, candidato a uma vaga no curso de educação física, diz que, apesar da dificuldade da prova de matemática, se preparou e se saiu bem. “Os professores sempre alertam que matemática normalmente é o que pega no pé dos alunos, aí eu me preparei bem. Deu para resolver todas as questões. Estou esperando o gabarito agora”, diz.

Nesta etapa, todos os candidatos terão que responder 60 questões objetivas das disciplinas do ensino médio: língua portuguesa (14), língua estrangeira (6), geografia (6), história (6), matemática (10), física (6), química (6) e biologia (6). Os alunos mais bem avaliados se classificam para a segunda fase, cuja prova será em 12 de dezembro. A prova deste domingo começou às 9h e os alunos têm até 13h para resolver 60 questões.

A Uece disponibiliza 2.205 vagas em sete cidades do Ceará. O curso mais concorrido é o de medicina, que tem 40 vagas e 3.338 pessoas inscritas.

MT - Na Capital, equipe cuiabana derrota time britânico no voleibol masculino


Da Redação - Renê Dióz

O time masculino de voleibol do colégio Isaac Newton venceu a equipe britânica por 2 sets a 0 em partida disputada no último sábado pelas Olimpíadas Escolares. O jogo, realizado no ginásio João Balduíno Curvo (bairro Quilombo), teve parciais de 25x17 e 26x4.

Válido pela terceira divisão, os garotos de Cuiabá abriram o placar e se valeram dos erros da equipe britânica. Os europeus até reagiram no segundo set, intensificando os ataques, mas não contiveram os cuiabanos, deixando o set escapar por dois pontos.

O time formado para disputar com os britânicos é recente, montado em janeiro. O técnico Márcio Sobhie atribuiu à união dos garotos o desempenho positivo obtido e comemorou a realização dos jogos em Cuiabá.

“Considero as Olimpíadas Escolares como a principal competição hoje no país, muito mais importante do que qualquer liga ou campeonato, porque é aqui onde se formam grandes jogadores, onde eles têm a chance de mostrar todo seu potencial e talento. Eles são exemplos para essas crianças que estão aqui hoje na arquibancada assistindo aos jogos”, declarou o técnico, agradecendo ainda o apoioda torcida que foi convidada pelos atletas, através das redes sociais, à comparecer ao ginásio”, declarou.

(As informações são da assessoria de imprensa do COB)

Biblioteca Itinerante visita Emeb Irmã Maria Betty S. Pires


Redação 24 Horas News
A Biblioteca Itinerante da Secretaria Municipal de Educação (SME) esteve durante todo o dia de hoje (30/11) na Escola Municipal de Ensino Básico Irmã Maria Betty S. Pires, oferecendo um mundo de oportunidades de leitura para os mais de 350 alunos da unidade escolar do bairro Novo Mato Grosso. A Emeb desenvolveu durante os últimos meses um trabalho especial envolvendo a leitura, concluindo com a presença do ônibus biblioteca.

Para a coordenadora da Emeb Irmã Maria Betty, professora Maria Aparecida, a leitura tem gerado um resultado muito positivo na aprendizagem dos alunos, que passaram a se concentrar melhor durante o dia-a-dia escolar.
“Nos últimos seis meses realizamos várias atividades com a leitura com nossos alunos e o resultado é muito maior do que esperávamos. Ontem (29) foi o nosso Dia D da leitura e os trabalhos dos alunos provam que ler é talvez a ferramenta mais importante no processo de construção do conhecimento”, disse Maria Aparecida.

A coordenadora afirmou que a ideia de trazer a Biblioteca Itinerante coroou com chave de ouro todo o trabalho realizado dentro de sala de aula, ampliando o aprendizado dos alunos.

O ônibus foi reinaugurado neste mês de novembro e está equipado com TV, DVD e notebook com internet móvel, toldo para proporcionar atividades externas com maior conforto as crianças, leitores e visitantes, além de um acervo de aproximadamente 3.000 exemplares de livros, revistas e gibis, além de obras de escritores mato-grossenses. O ambiente conta ainda com fantasias de personagens da literatura infantil, mala literária e o baú surpresa, em que a criança imagina e conta sua história.

Saber com Sabor

Além do ônibus, as Bibliotecas Saber com Sabor contam com mais sete unidades espalhadas por diversas regiões da cidade, gerenciados e mantidos

O primeiro espaço foi a da Clóvis Cardozo, inaugurada em 2001 pela prefeitura de Cuiabá. As demais estão localizadas nos bairros Santa Isabel, Pedregal, Dom Aquino, Pedra 90, Cidade Verde e Osmar.

Atualmente as unidades contam com terminais de acesso à internet e algumas já estão climatizadas. O acervo chega a 58 mil livros nas áreas de literatura infantil, infanto-juvenil, mato-grossense, clássica e estrangeira, além de revistas, gibis, livros didáticos e dicionários.

Governo federal orienta políticas públicas sobre educação alimentar


Agência Brasil

Os ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), da Saúde (MS) e da Educação (MEC) lançaram hoje (30) o Marco de Referência em Educação Nutricional e Alimentar, documento oficial para guiar as políticas públicas sobre educação alimentar e nutricional.

De acordo com o MDS, o objetivo é consolidar práticas e conceitos da educação alimentar e permitir uma atuação multidisciplinar sobre as políticas que promovem o direito a uma alimentação adequada, previsto na Constituição e em tratados internacionais.

O Marco de Referência servirá de base para a revisão do Guia Alimentar da População Brasileira, publicado pelo MDS em 2006 e atualmente em fase de atualização.

Além disso, o espaço virtual Ideias na Mesa, primeiro desdobramento do Marco de Referência, entrou no ar. Destinado à discussão permanente sobre educação alimentar e nutricional, a rede virtual foi criada para compartilhar experiências de pessoas, instituições do governo e organizações da sociedade civil.

O Marco de Referência foi criado a partir de discussões entre representantes dos três ministérios, de universidades e da sociedade civil. De acordo com a Secretaria de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, o aumento da renda média do brasileiro não significou melhoria na qualidade dos alimentos consumidos pelas famílias.

Para a secretaria, no momento atual, é importante incentivar o debate sobre o que o brasileiro consome, como a qualidade da alimentação reflete na saúde dos brasileiros e qual é a melhor forma de abordar as questões ligadas à alimentação na elaboração e execução de políticas públicas.

Portugal é principal destino de alunos de graduação do Ciência sem Fronteiras

Gilberto Costa
da EBC em Portugal

Portugal é o principal destino dos estudantes brasileiros de graduação bolsistas do Programa Ciência sem Fronteiras. Do total de 12.193 alunos incluídos no programa, praticamente um em cada cinco optou por cursar parte do ensino superior em uma instituição lusitana. Há em Portugal 2.343 alunos do Brasil – 20 a mais do que o número de bolsistas de graduação nos Estados Unidos, principal destino no programa se forem considerados também os pesquisadores (pós-graduandos). Os dados, referentes a setembro, são do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Os 783 bolsistas da Capes estão matriculados em mais de uma dezena de cursos (desde a área de saúde à tecnologia espacial) de 41 universidades e institutos portugueses. O CNPq não informou à Agência Brasil a distribuição detalhada dos seus bolsistas. Além dos graduandos, Portugal recebe 329 doutorandos (84 fazendo curso integral no país, com duração de cerca de quatro anos) e mais 103 pós-doutorandos, por meio do programa.

O total de estudantes e pesquisadores brasileiros das áreas de tecnologia e biomédica em Portugal (2.775) é inferior apenas ao dos Estados Unidos (3.898). O número já supera o de destinos tradicionais de pesquisadores brasileiros como a França (2.478), Espanha (2.261), o Canadá (1.408), a Alemanha (1.111) e o Japão (680).

Entre os motivos para a escolha de Portugal está a inexistência de barreira linguística, uma vez que o país não exige exame de proficiência dos brasileiros, diferentemente dos Estados Unidos, por exemplo, que cobram de estudantes estrangeiros o Test Of English as a Foreign Language, Toefl. Outro fator que atrai estudantes brasileiros é a possibilidade de integração à produção científica na Comunidade Europeia. Além disso, Portugal, apesar da crise, mantém subvenções como a oferta de albergues para estudantes da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e tem custo de vida mais baixo que outros destinos da Europa com atividade econômica mais forte, como a Alemanha, Inglaterra e França.

Estudante de Química Industrial na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) Aline Pacheco Albuquerque diz que a escolha de Portugal foi motivada pelo fato de o país não exigir fluência em nenhum outro idioma. “É uma universidade boa que não ia exigir domínio de outra língua no processo de seleção”, diz a estudante se referindo à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, onde é bolsista.

Para o vice-reitor da Universidade de Coimbra, Joaquim Ramos de Carvalho, o estudante do Ciência sem Fronteiras tem a oportunidade de ter contato com a produção científica europeia. "Estamos muito empenhados para que os estudantes do Ciência sem Fronteiras não se limitem à presença em sala de aula, queremos que tenham interação com toda parte de inovação e transferência de saber e também com a nossa rede europeia de contatos e de projetos."

A presença de tantos acadêmicos brasileiros em Portugal muda o patamar de cooperação dos dois países, avalia o Itamaraty. Juntamente com o Ano do Brasil em Portugal, o Programa Ciência sem Fronteiras tem sido citado pela diplomacia brasileira como um dos principais alavancadores da aproximação entre os dois países. “Não é só a celebração [cultural] que nos aproxima, mas também a modernidade dos dois países”, comentou o chanceler brasileiro Antonio Patriota ao receber em setembro, em Brasília, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Portas.

Para o embaixador do Brasil em Portugal, Mario Vilalva, os dois países vivem “um momento mágico das elações bilaterais” e “há uma enorme convergência de interesses”, como na área de cooperação científica.

Segundo o edital da Capes e do CNPq, o Programa Ciência sem Fronteiras visa a “propiciar a formação de recursos humanos altamente qualificados nas melhores universidades e instituições de pesquisa estrangeiras”. O objetivo é promover a internacionalização da ciência e tecnologia nacional, estimulando estudos e pesquisas de brasileiros no exterior, com a expansão do intercâmbio de graduandos e graduados.

Sociedade civil quer que recursos de royalties sejam destinados à educação


Heloisa Cristaldo
de Brasília

Com o anúncio feito ontem (30) pelo governo federal de vincular integralmente os recursos dos royalties do petróleo de futuros contratos à educação, a sociedade civil já começa a se mobilizar para garantir a destinação desses recursos para educação pública.

“Vamos analisar o texto da medida provisória, esse é o primeiro passo. Não adianta colocar no contexto dos royalties a destinação para educação. Tem que especificar que essa destinação é para educação pública. A gente não pode financiar a ineficiência do setor privado na educação”, argumentou Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

Com o veto da presidenta Dilma Rousseff ao artigo do projeto de lei que propunha mudança na distribuição dos royalties do petróleo de campos já em exploração, os estados e municípios produtores continuarão recebendo os mesmos percentuais dos contratos no regime de concessão já firmados. Em medida provisória (MP), o governo vai regulamentar os contratos já estabelecidos e futuros, além de garantir a distribuição das riquezas do petróleo e o fortalecimento da educação brasileira.

A educação também vai receber 50% dos rendimentos do Fundo Social. A reserva é uma poupança pública com base em receitas da União. O Fundo Social, criado em 2010, prevê investimentos em programas e projetos de educação, cultura, esporte, saúde e de combate à pobreza, entre outros.

De acordo com Daniel Cara, o dinheiro oriundo dos royalties ainda vai demorar para chegar nas escolas públicas brasileiras, mas garantirá a implementação do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê o investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a área.

Os recursos vão possibilitar ainda a implementação do Custo Aluno-Qualidade inicial (CAQi), também previstos pelo PNE, que garante um padrão mínimo de qualidade na educação pública. O indicador aponta o quanto deveria ser investido por aluno em cada etapa e modalidade da educação básica para que o país ofereça uma boa qualidade de ensino.

“O CAQi é calculado com base em insumos como remuneração adequada do professor, política de carreira, formação continuada, número de alunos por turma e infraestrutura pedagógica”, explicou Daniel Cara. Segundo o PNE, o CAQi deve ser implementado no prazo de até dois anos após a aprovação do plano pelo Congresso Nacional.

Ciência sem Fronteiras muda imagem do Brasil em Portugal


Gilberto Costa
da EBC em Portugal

A presença cada vez maior de estudantes brasileiros em Portugal tem feito com que a imagem do Brasil – distorcida muitas vezes por causa de clichês e estereótipos – mude aos olhos dos lusitanos. Na avaliação de estudantes do Programa Ciência sem Fronteiras, alunos e professores de grandes instituições portuguesas têm se deparado com uma nova visão do Brasil a partir da vivência com os bolsistas.

“A gente está mostrando um outro lado do Brasil para eles”, diz Maiara Sakamoto Lopes, aluna de engenharia ambiental na Universidade Estadual Paulista (Unesp, Rio Claro), que, desde setembro, estuda na Universidade de Lisboa.
“A visão que eles [os portugueses] têm é a do Tropa de Elite e a do Carandiru [filmes brasileiros que abordam a violência]. Achei curioso, eles vieram perguntar onde há mais favela - se é no Rio ou em São Paulo. Sempre perguntam de futebol e acham que no Brasil só tem axé”, lamenta a estudante. Estigmas e clichês à parte, o Brasil tem sido “muito bem visto” por causa do Ciência sem Fronteiras, avalia a bolsista. “Eles sabem que os estudantes estão aqui por incentivo do governo.”

Aluno de enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Elias Dias faz graduação-sanduíche na Universidade de Coimbra. “Em uma aula sobre saúde da mulher e saúde da criança eu dei informações sobre o nosso SUS [Sistema Único de Saúde] que eles [colegas e professores portugueses] não conheciam. Não há um sistema assim aqui.”

Para alguns bolsistas, além de melhorara imagem do Brasil no exterior, o Programa Ciência sem Fronteira elevaa autoestima dos brasileiros. “O complexo de vira-lata que [o dramaturgo e cronista] Nélson Rodrigues dizia nunca foi tão falso”, diz Gabriel dos Passos Gomes, estudante de química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e bolsista na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Segundo ele, o contato com os alunos e professores portugueses e de outras partes do mundo na instituição é interessante para comparar a formação e a capacidade dos brasileiros.

“Não somos menos capazes”, avalia, destacando que o estudante brasileiro é autodidata e “aprende a se virar muito bem”. De acordo com o aluno, uma das diferenças do ensino entre os dois países é que, em Portugal, as aulas aliam teoria e prática. “Não temos aula para praticar no Brasil com acompanhamento do professor. Isso faz falta”, diz Gabriel.

“Pude ver aqui a aplicabilidade do que aprendi”, confirma Aline Pacheco Albuquerque, estudante de química industrial na Universidade Estadual da Paraíba (Campina Grande). Assim como Gabriel, ela é bolsista na Universidade de Lisboa e lembra que, no Brasil, não teve “aula para praticar”.

O paraibano Henrique Borborema, aluno de biologia da Universidade Federal da Paraíba, também elogia o modelo português. “O que a gente vê aqui na teoria a gente imediatamente vê na prática, nos laboratórios ou nos computadores”, conta. “Na minha universidade, e no Brasil, há essa deficiência de a teoria ficar às vezes solta”, completa.

Os estudantes entrevistados pela Agência Brasil acreditam que o comportamento extrovertido dos brasileiros favorece o relacionamento com colegas e professores. “Eles [os estudantes portugueses] não perguntam tanto. Às vezes estão lá, sem entender, e não perguntam”, observa a estudante Aline Albuquerque.

Para a presidenta da Associação de Pesquisadores e Estudantes Brasileiros em Coimbra (Apeb-Coimbra), Viviane Carrico, a maior aproximação do brasileiro ocorre porque “o contato institucional no Brasil é diferente” e menos formal.

Lei de Cotas pode mudar composição social e melhorar qualidade da escola


Thais Leitão e Heloisa Cristaldo
de Brasília

A implementação da Lei de Cotas pode mudar “radicalmente” a composição social da escola pública brasileira, principalmente no ensino médio, e influenciar também na melhoria da qualidade do ensino na rede pública. Na avaliação do coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, “as cotas colocam a escola pública no centro do debate”.

“Acredito que em dois ou três anos já veremos um aumento no número de matrículas das elites ricas nas escolas públicas”, diz.

Pela Lei de Cotas, regulamentada em outubro pelo Decreto nº 7.824, 50% das vagas em universidades e institutos federais serão destinadas a alunos que tenham cursado todo o ensino médio em escolas públicas. As seleções de ingresso já garantem para o próximo ano 12,5% das vagas aos estudantes da rede pública. A Lei, que tem implementação gradual, terá validade até 2022 e também considera critérios como renda familiar e raça.

A professora de políticas públicas em educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Dalila Oliveira, acredita que ainda é cedo para apontar os impactos que as cotas terão na configuração da escola pública. Segundo ela, são necessários pelo menos três anos para verificar a confirmação da tendência de mais matrículas por parte da população mais rica. Caso isso ocorra, ela avalia que a qualidade do ensino nas unidades públicas pode dar um salto de qualidade.

“Por enquanto, é apenas especulação, mas caso a tendência se confirme, será um movimento favorável”, avalia. “Afinal, pais mais escolarizados, com mais tempo, disposição e condições materiais para acompanhar o desenvolvimento dos filhos e participar da gestão escolar podem influenciar positivamente na escola”, completa.

Dados da Síntese de Indicadores Sociais: Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira 2012, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última quarta-feira (28), mostram que 8,6% dos estudantes do ensino médio matriculados nas escolas da rede pública são de famílias cuja renda per capita se situa na faixa dos 20% mais ricos do país. Na situação inversa, o índice é menor: apenas 3,8% dos estudantes de famílias pobres estudam em escolas particulares. Na rede privada, 53,2% dos estudantes do ensino médio pertencem à faixa de renda mais rica.

Além do sistema de cotas, Daniel Cara avalia que a implementação do Plano Nacional da Educação (PNE), que tramita no Senado Federal, também vai influenciar na mudança do perfil socioeconômico das matrículas na escola pública. “Em dez anos a gente deve mudar as características da educação pública e a tendência é expandir a matrícula nessa rede”, aposta Cara.

O PNE estabelece 20 metas educacionais que o país deverá atingir no prazo de dez anos. A principal delas é a que prevê um patamar mínimo de investimento em educação, a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB). Atualmente, os valores de investimento total em educação, em relação ao PIB, passaram de 5,8% para 6,1%, de 2010 para 2011. O investimento direto em educação em relação ao PIB subiu de 5,1% para 5,3% no mesmo período.

A professora Dalila Oliveira, que também é presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, avalia que a convivência no ambiente escolar entre crianças e adolescentes de diferentes classes sociais é enriquecedora, mas destaca a necessidade de o país continuar avançando na redução das desigualdades sociais.

Professor da Universidade de São Paulo (USP), o doutor em educação Rubens Barbosa acredita que as famílias não vão abrir mão do ensino privado, caso tenham condição financeira suficiente. Para ele, as cotas terão outro desdobramento na escola pública.

“Quem pode pagar, vai continuar pagando porque [o ensino privado] faz parte de uma opção familiar. Eu acho que o efeito mais significativo das cotas na escola pública será o estímulo a estudantes negros que, antes, sem perspectiva de acesso ao ensino superior, nem concluíam o ensino médio. Agora, muitos vão se esforçar para conseguir chegar ao fim porque sabem que têm mais chances de entrar na universidade”, avaliou.

Para ele, as cotas garantem, uma “inclusão inédita, com resgate de déficits culturais e históricos” no país.

Educação deve garantir a quilombolas acesso a conhecimentos tradicionais de seu povo


Agência Brasil


Em busca do resgate das raízes das comunidades remanescentes de quilombos, o Ministério da Educação publicou, no fim de novembro, as diretrizes curriculares nacionais para a educação escolar quilombola. O documento institui orientações para que os sistemas de ensino formulem projetos político-pedagógicos adequados à especificidade das vivências, realidades e história dessas comunidades.

Segundo a Fundação Cultural Palmares, existem 3.754 comunidades remanescentes de quilombos espalhadas pelo Brasil, a maioria concentrada nos estados do Maranhão, da Bahia e de Minas Gerais. Ao todo, as comunidades abrigam 130 mil famílias.

Para o diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro, Alexandro Reis, é necessário haver a contextualização histórica para garantir o respeito à identidade cultural das comunidades quilombolas. “Não adianta falar da história do Brasil, dizendo que o quilombo era espaço de resistência da escravidão sem trazer a importância da comunidade quilombola. O quilombo era um espaço de negros que fugiram da escravidão. Só isso? Quem eram esses negros? Quais eram suas línguas? Se não contextualizar, perde a riqueza histórica”, analisa Reis.

As diretrizes envolvem o financiamento, arquitetura escolar, condições de trabalho do professor, formação de professores, alimentação escolar, formas de ensinar e aprender e o processo didático-pedagógico específicos para a educação quilombola. Além disso, também incluem as orientações sobre a obrigatoriedade do ensino de história e da cultura afro-brasileira, como estabelece a Lei nº 10.639/2003. Segundo Reis, as diretrizes começam a ser implementadas a partir do ano que vem.

Para Reis, a escola precisa contar a realidade da comunidade quilombola para que o aluno tenha autoestima e perspectivas de um futuro e uma condição melhor. “Se olhar pelo viés econômico verá apenas pobreza, mas,se olhar o histórico, a produção cultural, a ancestralidade, sua forma de integração com a natureza, o aluno vai aprender e entender melhor seu passado.”

De acordo com dados do Censo Escolar de 2010, há 210,4 mil matrículas de alunos quilombolas distribuídos entre educação básica, ensino especial e de jovens e adultos. Nesse período, o maior crescimento proporcional verifico-se no ensino médio, onde o atendimento quadruplicou, passando de 3,1 mil para 12,1 mil matrículas.

Entretanto, de acordo com o cadastro único dos programas sociais do governo federal, 23,5% dos quilombolas inscritos no sistema não sabem ler.

Na contramão desse índice, está Dalila Lisboa, quilombola da comunidade Mesquista, da Cidade Ocidental, em Goiás. Ela é a primeira estudante quilombola formada pela Universidade de Brasília (UnB), no curso de Serviço Social. Aos 26 anos, a jovem enfrentou diversos obstáculos até alcançar seu sonho de concluir a graduação. “Pela dificuldade financeira, tive que optar entre estudar e ajudar a minha família. Trabalhei durante meses na casa de uma tia e passei dois anos e meio sem estudar.”

Ao ingressar na universidade, Dalila foi beneficiada com uma bolsa para auxílio e permanência oferecida pelo Grupo Afroatitude, do Centro de Convivência Negra da UnB. Atualment, o benefício está em R$ 400 e atende a cerca de 25 jovens. Nos oito anos de existência, o auxílio já beneficiou mais de 200 estudantes. “Sem a bolsa, não teria como me manter na universidade.”

Em louvor à Paz

José de Paiva Netto

Mundo em guerra, ou melhor, mundo sempre em guerra. Então, é igualmente o momento de falar na Paz e de lutar por ela, sem descanso, até que seja alcançada, incluída a paz no trânsito, em que os desastres vitimam tanta gente. Um dos perigos que a Humanidade atravessa é a vulgarização do sofrimento. De tanto assistir a ele pela necessária mídia, parcela dos povos pode passar a tê-lo como coisa que não possa ser mudada. Eis o massacre da tranquilidade entre pessoas e nações quando se deixam arrastar pelo “irremediável”. Ora, tudo é possível melhorar ou corrigir nesta vida.

Se, pelo massacre das notícias trágicas, as famílias se acostumarem ao absurdo, este irá tomando conta de suas existências.

Se não nos é possível evitar a Terceira Guerra Mundial, fruto da semeadura de milênios de loucuras humanas, não desejamos o remorso de não ter feito o possível e o impossível para lembrar ao mundo a Paz de Deus. Por todos os meios e modos, contrapomos há muito ao ditado latino: “Se queres a Paz, prepara-te para a guerra”, proclamando: Se queres a Paz, prepara-te para a Paz.

Do meu livro Reflexões e Pensamentos — Dialética da Boa Vontade (1987):

Num futuro que nós, civis, religiosos e militares de bom senso, desejamos próximo, não mais se firmará a Paz sob as esteiras rolantes de tanques ou ao troar de canhões; sobre pilhas de cadáveres ou multidões de viúvas e órfãos; nem mesmo sobre grandiosas realizações de progresso material sem Deus. Isto é, sem o correspondente avanço ético, moral e espiritual. O Ser Humano descobrirá que não é somente sexo, estômago e intelecto, jugulado ao que toma como realidade única do mundo. Há nele o Espírito eterno, que lhe fala de outras vidas e outros mundos, que procura pela Intuição ou pela Razão. A paz dos homens é, ainda hoje, a dos lobos e de alguns loucos imprevidentes que dirigem povos da Terra.

A Paz, a verdadeira Paz, nasce primeiro do coração limpo do Ser Humano. E só Jesus pode purificar o coração da Humanidade de todo ódio, porque Jesus é o Senhor da Paz. E Ele próprio, como tantas vezes lembrou Alziro Zarur (1914-1979), o saudoso Fundador da Legião da Boa Vontade, afirma: “Eu sou a Árvore, vós sois os ramos; sem mim nada podereis fazer. Não se turbe o vosso coração nem se arreceie. Eu estarei convosco, todos os dias, até o fim do mundo. Eu não vos deixarei órfãos. Novo Mandamento vos dou: Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos, se vos amardes como Eu vos amei. Ninguém tem maior Amor do que este: dar a sua própria Vida pelos seus amigos”. (Evangelho de Jesus segundo João, 15:5, 14:1 e 18, 13:34 e 35 e 15:12 e 13).

Deve haver um paradigma para a Paz. Quem? Os governantes do mundo?! Todavia, na era contemporânea, enquanto se põem a discuti-la, seus países progressivamente se armam? Tem sido assim a história da “civilização”... “Quousque tandem, Catilina, abutere patientia nostra?”. (Até quando Catilina, abusarás da nossa paciência?)

Que tal experimentá-lo?

A LBV humildemente faz uma sugestão: o planeta quer viver em Paz? Então se inspire e viva os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é o Senhor da Paz, a ponto de dizer: “Minha Paz vos deixo, minha Paz vos dou. Eu não vos dou a paz do mundo. Eu vos dou a Paz de Deus, que o mundo não vos pode dar”. (Evangelho do Cristo, segundo João, 14:27). Quer dizer: essa Paz existe, não é uma utopia. Negá-la é negar Jesus, menosprezar a civilização. Cumpre ao Ser Humano achá-la, enquanto há tempo.

A Paz de Deus pode parecer aos derrotistas algo longínquo, de tão bela... Entretanto, eliminar esse fosso depende unicamente de nós. Não será por parecer distante que devamos deixar de buscá-la. Pelo contrário, trabalhemos por ela — Já! São os grandes desafios o nosso maior amigo, pois nos impedem de desistir da Vida. Eia pois em frente, porque Deus Está Presente!

Todos estão profundamente preocupados com a selvageria que campeia na Terra, à cata de uma solução para pelo menos diminuir a violência, que saiu dos lugares ocultos, das madrugadas sombrias, ganhou as ruas e os lares, pois invadiu as mentes. Contudo, hoje, cresce o entendimento de que, se há violência, não é só problema dos governos, das organizações policiais, marcantemente, porém, um desafio para todos nós, sociedade. Se ela saiu da noite escura e mostrou-se à luz do dia, é porque habita o íntimo das criaturas. Existindo nas almas e nos corações, se fará presente onde estiver o Ser Humano.

É preciso desativar os explosivos que perduram nos corações.

Debate-se em toda a parte a brutalidade infrene e fica-se cada vez mais perplexo por não se achar uma eficiente saída, apesar de tantas teses brilhantes. É que a resposta não está longe, e sim perto de nós: Deus, que não é uma ilusão. Paulo Apóstolo dizia: “Vós sois o Templo do Deus Vivo”. Ora, João Evangelista, por sua vez, asseverou que “Deus é Amor”. Jesus, o Cristo Ecumênico, pelos milênios, vem pacientemente ensinando e esperando que, por fim, aprendamos a viver em comunidade. Trata-se da perspectiva nascida do Seu coração que é solidária e altruística, firmada no Seu Mandamento Novo: “Amai-vos como Eu vos amei’ (Evangelho de Jesus segundo João, 13:34), a Lei da Solidariedade Espiritual e Humana, sem o que jamais o este Planeta conhecerá a justiça social verdadeira.

Sem Amor, nunca conheceremos a Paz.

Conforme escrevi em Reflexões da Alma (Editora Elevação, página 122), a Paz desarmada jamais resultará apenas dos acordos políticos, todavia, igualmente, de uma profunda sublimação do espírito religioso. Como grandes feitos muitas vezes têm suas raízes em iniciativas simples, mas práticas e verdadeiras, de gente que, com toda a coragem, partiu da teoria para a ação, com a força da autoridade de seus atos universalmente reconhecidos, valhamo-nos deste ensinamento de Abraão Lincoln (1809-1865): “Quando pratico o Bem, sinto-me bem; quando pratico o mal, sinto-me mal. Eis a minha religião”. Ora, ninguém nunca poderá chamar o velho Abe de incréu.


José de Paiva Netto é radialista e escritor.

E o Brasil amadurece

José de Paiva Netto


Temos acompanhado um expressivo amadurecimento na cultura de nosso país. Forte indicativo disso foi a posse em 22/11, do eminente ministro Joaquim Barbosa na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), com mandato para dois anos. Primeiro negro a assumir o comando da Casa, ele é uma demonstração, entre inúmeras outras, de que competência não tem a ver com etnia, classe social ou gênero, mas com trabalho, esforço e dedicação às boas causas.

Parabéns, Brasil!


SAUDAR ALÉM DOS IRMÃOS

Há tempos observo-lhes que a miscigenação do mundo é inevitável. Da mesma forma, destaco que o Ecumenismo dos corações é o bom futuro da Humanidade.

As criaturas não sobrevivem no isolamento. A confraternização geral é um legítimo anseio que ignora fronteiras e segue unindo, apesar dos pesares, etnias, filosofias, religiões, pátrias, enfim, seres humanos e espirituais. Em Sua passagem pela Terra, Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, testemunhou, a todo momento, que esse é o caminho. Uma de suas frases didáticas ilustra bem isso: “Se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais?” (Evangelho segundo Mateus, 5:47).

Nosso país, ainda que precise avançar muito, incentiva e trabalha pelo respeito às diferenças. Um exemplo é a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, criada pelo governo brasileiro em 21 de março de 2003, atualmente sob o comando da ministra Luiza Bairros.

Em novembro, Mês da Consciência Negra, vale ressaltar a relevância das iniciativas dedicadas a tão nobre finalidade. A luta histórica de Zumbi dos Palmares (1655-1695) prossegue, alcançando crescente vitória nas consciências. O mundo se tornará mais feliz à medida que seus habitantes, sem exceção, receberem o devido apoio e usufruírem da liberdade seguramente adjetivada como responsável.

IDENTIFICANDO O PRECONCEITO

Um importante passo para que haja fraternidade mútua é o reconhecimento do preconceito, às vezes velado, que a maioria nem percebe que pratica.

Durante sua participação no programa “Conexão Jesus”, da Boa Vontade TV (canal 23 da SKY), o professor doutor Kabengele Munanga, antropólogo do Centro de Estudos Africanos da Universidade de São Paulo (USP), comentou: “Como o próprio termo diz, preconceito é um julgamento preconcebido sobre os outros, os diferentes, sobre os quais não temos, na realidade, um bom conhecimento. O preconceito é um dado praticamente universal, porque todas as culturas o produzem. Não há uma sociedade que não se defina em relação às outras. E, nessa definição, nos colocamos numa situação, achando que somos o centro do mundo: a nossa cultura é a melhor, a nossa visão do mundo é a ideal, a nossa religião é a melhor. Assim, julgamos os outros de uma maneira negativa, preconcebida, sem um conhecimento objetivo. A matéria-prima do preconceito é a diferença”.

Aliás, em “Reflexões da Alma” (2003), reafirmei que racismo é obscenidade (assim como preconceitos sociais, religiosos, científicos ou de qualquer outra espécie). Vai solapando não somente os esforços da etnia negra, mas também dos brancos pobres, dos índios, dos imigrantes... É preciso erradicá-lo, pois em seu bojo surgem os mais tenebrosos tipos de perseguição, que vêm dificultando o estabelecimento da Paz no planeta.
José de Paiva Netto é jornalista, radialista e escritor.

Diante do desconhecido, pergunte

Lair Ribeiro

Muitas das negociações que fazemos no dia-a-dia acontecem com interlocutores conhecidos, como familiares ou amigos, por exemplo. Nesses casos, quase sempre sabemos como a pessoa pensa, quais são as suas motivações... E o contrário também é verdadeiro: nossos interlocutores, nesse contexto, nos conhecem.

Entretanto, no campo profissional, nem sempre você conhece o seu interlocutor. Elementos subjetivos, como motivação e valores, por exemplo, são desconhecidos e, sem eles, temos menos chances de concluir uma negociação com sucesso e de forma harmoniosa.

O vendedor de eletrodomésticos que tenta vender uma batedeira a partir de suas próprias motivações corre o risco de levar uma compradora que luta para controlar o colesterol a imaginar-se batendo litros de chantilly!

Diante do desconhecido, pergunte. Perguntar é a única forma possível para obter informação a respeito do interlocutor. E além de perguntar, saiba escutar. Assim você terá mais opções a seu dispor. Lembre-se sempre de que, em uma negociação, o controle é reservado a quem tem o maior número de opções.

Saiba o que você quer e até onde pode ir

Nunca inicie uma negociação sem saber exatamente o que você pretende com ela (sem ter um objetivo) nem sem determinar para si mesmo quais são os seus limites, ou seja, até que ponto você está disposto a fazer concessões.

O objetivo bem definido permitirá que você persevere na sua capacidade de persuadir. E o conhecimento dos seus limites permitirá que você utilize, parcimoniosamente, as concessões.

Objeções

As objeções fazem parte das negociações. Quando as partes não objetam, supõe-se que concordam com que lhes é dito. Em geral, as objeções concentram-se em dois pontos: tempo e dinheiro. Como lidar com elas?

Na primeira vez que escutar uma objeção, faça de conta que não a escutou. Entretanto, se o seu interlocutor a repetir, significa que a continuará repetindo, a menos que você lide com a objeção. Dependendo da sua habilidade como negociador, uma objeção quanto a preço, por exemplo, pode ser uma excelente oportunidade para você evidenciar as qualidades do seu produto ou serviço.

Se houver uma objeção constante na negociação que você pratica rotineiramente, não espere que o seu interlocutor a mencione primeiro. Falando sobre a objeção antes do outro, você se antecipa às necessidades dele, e isso pode aumentar a confiança dele em você.

Ética e etiqueta profissional

Lair Ribeiro



Cada carreira profissional tem o seu código de ética. Grandes empresas investem na determinação de um conjunto de normas que definam a sua ética no mercado. E o profissional, independentemente do segmento de mercado ou da empresa à qual pertença, também precisa ter a sua conduta pautada por normas específicas de comportamento, que incluam ética e etiqueta.

Nada é obrigatório no campo da ética e da etiqueta profissional, mas o respeito de que você gozará no mercado depende fundamentalmente de segui-las.

A ética é relativa

Desde o início dos tempos, o comportamento humano vem sendo orientado por padrões que podem ser classificados do ponto de vista do bem e do mal, relativamente a cada sociedade. Cada grupo social de cada região do planeta tem as suas normas de conduta. O que é considerado ético no Alasca não é ético entre nós. O comportamento que costuma ser punido nos países árabes é por nós totalmente aceito.

No Alaska, o esquimó tem o hábito de oferecer sua mulher ao amigo, na primeira noite que este passar na sua casa. Nos países árabes, a mulher comete adultério se cruzar o olhar com o de outro homem que não seja o seu marido.

O que é ética

Ética é um conjunto de princípios que nos permite viver congruentemente de acordo com os nossos valores, tanto no campo pessoal quanto no profissional. Esses princípios têm por base a moral, e são definidos a partir da distinção entre o que é certo e o que é errado em cada contexto.

Ética, portanto, relaciona-se a integridade, honestidade, valores, confiança, dever, virtude, verdade, dignidade, lealdade, honra, bondade, fidelidade, consciência e a tantas outras palavras que constituem o “bem”, do binômio “bem e mal”, que faz parte da natureza humana.

Ética pessoal e profissional

Ética pessoal e profissional se confundem, mas não se deve supor que a existência de uma implique a existência da outra, ou seja: que um profissional absolutamente ético tenha o mesmo padrão de comportamento na sua vida particular, ou vice-versa.

Por exemplo: Um pai de família exemplar pode ser um profissional sem nenhuma ética, que não perde a oportunidade de aumentar a sua renda mensal com ganhos ilícitos. Todavia, outro profissional pode ser de uma integridade a toda prova e ser um péssimo marido e pai.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Estresse e Modernidade


Flávio Gikovate - Fevereiro/2001



Nossa mente tende, de modo espontâneo, a considerar tudo o que vem depois como uma evolução em relação ao que era antes. Temos a convicção de que estamos em uma caminhada em direção ao melhor dos mundos, como se estivéssemos retornando ao paraíso. Sequer consideramos a possibilidade de estarmos em uma rota equivocada, de que estejamos nos dirigindo para o precipício – apesar do alerta dos ecologistas e dos sinais de desequilíbrio, cujos efeitos já podemos sentir. Fazemos chacota daqueles que levam a sério as hipóteses de destruição do planeta. Consideramos isso tão improvável quanto nossa própria morte.

Assim, evolução é um termo que, para nós, significa coisa boa. Não pensamos na hipótese de haver “evolução demais”, assim como existe água quente demais para nosso banho. Ouvimos pessoas falando de estresse e relacionando a piora do nosso estado íntimo aos conflitos que se agravaram com a modernidade, e não sabemos exatamente o que pensar. Vamos ter de botar em dúvida as características da nossa evolução social? Ou vamos atrás de remédios capazes de atenuar este “pequeno” efeito colateral derivado do progresso e que tem sido objeto de exageros indevidos?

Não é o caso de refletirmos profundamente a respeito dos mecanismos que determinam as modificações que tem acontecido no nosso ambiente. Parece óbvio, porém, que elas têm acontecido de uma forma casual, fruto de avanços tecnológicos e do aproveitamento deles, feito por grandes empresas, para fins econômicos. Assim, produtos novos estão à nossa disposição a todo momento. Eles são mesmo tentadores, de modo que nos empenhamos cada vez mais em ganhar o dinheiro necessário para sua aquisição. As regras que regem o processo são mais as da economia do que aquelas determinadas pela nossa razão. Somos animais que se adaptam, de modo que temos de ir mudando à medida que o ambiente externo também muda – e ele tem estado em permanente e rápida alteração. O bem-estar dos homens não costuma ser objeto de discussão quando se reflete a respeito do lançamento de um novo produto. O que se pensa é como fazê-lo atraente para que se torne irresistível.

Ao longo deste século e, em especial, nas últimas décadas, temos vivido uma alteração rapidíssima de nosso meio externo em virtude do surgimento de um enorme número de novos produtos. Todos eles têm, sem dúvida, propriedades úteis e atraentes. Ninguém vai questionar os benefícios do computador, do telefone celular ou da informação mundial que nossos televisores nos proporcionam. Mas, além de estarmos sob pressão para ganharmos o dinheiro suficiente para termos acesso aos novos bens de consumo, temos de considerar alguns outros elementos. Tenho observado, por exemplo, que a memória das pessoas tem falhado mais do que há algumas décadas. Penso que estamos todos expostos a um volume de informações tão grande que não conseguimos mais guardar tudo o que ouvimos e lemos; isso nos provoca uma certa dispersão e nos torna desatentos, além de gerar uma tensão nova derivada da descoberta de que nosso psiquismo está no limite de sua competência e falhando.

Tenho percebido que nossos jovens falam de uma forma cada vez mais rápida, o que provavelmente significa que pensam mais depressa que os demais – talvez em virtude do uso dos jogos eletrônicos que substituíram os lentos brinquedos de nossa infância. Estamos cada vez mais apressados e mais impacientes por razões internas, além de mais tensos em decorrência do aumento do número de pessoas, carros e ruídos em geral. Estamos obrigados, cada vez mais, a fazer mais de uma coisa por vez: falamos ao telefone enquanto lemos, assistimos à televisão enquanto cozinhamos, ouvimos música enquanto conversamos. Estamos mais deprimidos do que nunca, como se estivéssemos nos sentindo alienígenas em nosso próprio planeta.

O que nos ocorre? Pensar que é hora de parar, que é preciso estancar o avanço tecnológico e seu aproveitamento econômico para o bem do ser humano e da natureza, ambos cansados e claramente ameaçados? Não! Pensamos em técnicas de relaxamento, em meditação, ioga e em tantas outras formas de diminuir o ritmo do nosso mundo interior e contrapor alguma paz de espírito a essa inquietação contínua a que estamos submetidos pelo lado de fora.

É curioso observar como nossa imaginação é precária quando se trata de criar novas formas de relaxamento. Parece que só sabemos achar novas tensões, coisas cada vez mais rápidas e que depois irão nos deixar mal. Temos de recorrer a práticas antigas, até mesmo milenares, quando queremos algum tipo de paz de espírito e de serenidade. Temos de olhar para trás e buscar os campos e as praias que ainda estão como Deus criou quando queremos descansar um pouco das cidades, dos carros e das obras dos homens. Será que não é chegada a hora de refletirmos mais profundamente sobre o que tem nos acontecido, já que somos também os agentes e não apenas as vítimas de tudo isso? Creio que, para nosso bem, temos de nos opor a um processo evolutivo que está nos fazendo mal, além de nos estar levando a pensar de uma forma superficial e muito pouco produtiva.

Terceirização da educação dos filhos


Por Jéssica A. Fogaça

Hoje em dia a educação dos filhos é um assunto que desperta muito interesse, o que é muito positivo. Os pais estão tentando melhorar suas relações com as crianças e estão seguindo mais as dicas de profissionais que estudam e lidam com o universo infantil. Ótimo! Devem continuar assim!

Mas por outro lado também, discute-se muito a tercerização da educação dos filhos. Mas o que é isso afinal? A tercerização da educação é quando os pais não assumem a responsabilidade de educar os seus filhos e delegam essa função, normalmente, para a escola ou para avós e babás.

É preciso ficar claro que pais que trabalham fora, mesmo com o pouco tempo que tem para ficar em casa e com as crianças, devem dar as orientações aos filhos e a quem os ajudar na criação dos mesmos. Cabe aos pais, que são os responsáveis, darem as diretrizes da educação que acreditam ser o melhor caminho para o desenvolvimento de seus filhos. Essa função não pode ser repassada porque, inclusive, traz prejuízos para o crescimento saudável da criança. Assim, os filhos crescem em um ambiente confuso, onde não sabem quem é que direciona e dá os limites adequados. Criança sem limites é criança que não sabe o que pode e o que não pode fazer, o que é certo e o que é errado.

Os pais são o principal modelo em que a criança se espelha, então, devem ser adequados e ensinar aos filhos os valores que acham mais corretos e que guiarão a conduta da família.

É claro que quem ajuda também influenciará na educação da criança, mas não cabe a ela ser a pessoa que dita as diretrizes a serem seguidas. Quem ajuda tem a função de colaborar e não de assumir o papel. Cada pai e mãe devem decidir juntos o que será melhor para seus filhos.

Dessa forma, é importante que os pais dialoguem entre si e estabeleçam acordos de conduta junto aos filhos, que escolham quais caminhos irão tomar. Em seguida, devem dizer de maneira clara para os filhos o que pode e o que não pode fazer, explicar as escolhas e quais serão as consequências, ensinando aos filhos que tudo que fazemos tem efeitos no meio em que vivemos. Os pais devem esclarecer aos filhos o que esperam deles e dar exemplos, para que as crianças entendam e consigam realizar o que é esperado.

Dedicar pouco tempo à educação dos filhos é melhor do que não destinar tempo nenhum. Mesmo que o trabalho demore um pouco mais de tempo para ser realizado, os pais terão certeza de será bem feito, pois terá sido feito por eles.

Educar crianças não é uma tarefa fácil, e precisa ser feita com paciência e amor. Isso leva tempo, eu sei. Mas começamos com dez minutinhos aqui, meia hora ali, um intensivão no final de semana e caminharemos para um futuro de crianças mais felizes e saudáveis.

'Terceirizar' educação dos filhos é preocupante, diz sexóloga

A psicóloga e sexóloga Zenilce Vieira Bruno criticou o que classifica como "terceirização da educação dos filhos". Zenilce participou do programa O POVO Quer Saber, cujo tema foi "a nova família brasileira"

A psicóloga e sexóloga Zenilce Vieira Bruno recomenda participação nas brincadeiras dos filhos. De acordo com ela, pais terceirizam educação das crianças

Numa consulta com o pediatra, o médico pergunta à mãe da criança se a babá veio junto. O menino teve febre? Alimentou-se bem? São questionamentos que a senhora não soube responder porque a empregada participa e entende muito mais da vida do menino.

A situação real partilhada pela psicóloga e sexóloga Zenilce Vieira Bruno, no programa O POVO Quer Saber, realizado ontem, exemplifica bem a falta de participação dos pais na educação dos filhos. O programa teve como tema “A nova família brasileira” e discutiu as mudanças e a maneira de lidar com as transformações.

“Mesmo que os pais tenham pouco tempo, a qualidade compensa a quantidade. À noite, quando chegarem do trabalho, que os pais possam participar da brincadeira junto com os filhos, até para conhecê-los melhor”, sugeriu a sexóloga.

O programa contou com a participação do apresentador Erick Guimarães, diretor-adjunto da Redação do O POVO; Cinthia Medeiros, apresentadora do programa Viva Domingo e Radar Nordeste, ambos da TV O POVO; e das repórteres do O POVO Mariana Toniatti (Núcleo de Cultura e Entretenimento) e Sara Rebeca Aguiar (Núcleo de Cotidiano).

Hoje, a formação da família está pautada principalmente pela afetividade, conforme defendeu a psicóloga. Se em décadas passadas os relacionamentos eram arranjados por interesses econômicos, por exemplo, hoje estão mais ligados ao desejo e ao amor, conforme defende Zenilce.

Apesar de permear as transformações das novas famílias brasileiras, o programa se concentrou nas discussões sobre a educação dos filhos. O principal questionamento foi sobre o modo como as famílias poderiam tratar as mudanças com os filhos. “Não existe uma fórmula. O que pode ser dito é que os pais respeitem o desenvolvimento da criança e respondam, com a linguagem da idade, na medida em que o filho pergunte”, apontou. A sinceridade é fundamental nesse quesito.

Uma situação que preocupa Zenilce Bruno é a “terceirização da educação do filho”. O motorista leva ao colégio, a babá coloca a criança para dormir, a empregada brinca com o menino. “O afeto é uma intenção, mas nem sempre as pessoas são treinadas para isso”, opina.

A participação do público no programa foi intensa. Em uma das perguntas, um telespectador questionou a maneira como uma criança absorve a ideia de ter pais ou mães gays. Segundo a sexóloga, toda a problemática está no adulto. Porque meninos e meninas lidam de forma bem mais natural com a homossexualidade. O importante, ela diz, é que pais ou mães se tratem com respeito e amor. “Tudo deve ser pensado respeitando os limites das famílias. Não adianta ultrapassar os seus limites”, informa.

ENTENDA A NOTÍCIA

A nova família brasileira foi o tema do terceiro programa O POVO Quer Saber, transmitido ao vivo pela TV O POVO, pelo O POVO Online e pela rádio O POVO/CBN. A transmissão é às segundas, das 10 horas ao meio-dia

Meu Filho


Eu lhe dei a vida, mas não posso vivê-la por você.

Posso ensinar-lhe muitas coisas, mas não posso fazer com que aprenda.

Posso ensinar-lhe o caminho, mas não posso estar lá para indicar-lhe.



Posso dar-lhe liberdade, mas não posso ser responsável por ela.

Posso levá-lo à Igreja, mas não posso fazer com creia em Deus.

Posso ensinar-lhe a distinguir entre certo e errado, mas não posso decidir por você.



Posso comprar-lhe roupas lindas, mas não posso fazer com que fique bem nelas.

Posso oferecer-lhe um conselho, mas não posso aceitá-lo por você.

Posso dar-lhe amor, mas não posso forçá-los a amar.



Posso ensinar-lhe como ser bom, mas não posso forçá-lo a ser bom.

Posso avisá-lo sobre seus amigos, mas não posso escolhê-los por você.

Posso contar-lhe sobre fatos da vida, mas não posso construir a sua própria reputação.



Posso avisar-lhe sobre o mal que a bebida acarreta, mas não posso dizer não por você.

Posso avisá-lo sobre as drogas, mas não posso impedi-lo de usá-las.

Posso falar-lhe sobre metas a serem alcançadas, mas não posso alcançá-las por você.



Agora é sua vez de agir.



Fonte: Pais e mães do “Amor Exigente” http://www.loreto.org.br/ago_pais.asp

Não basta gostar de criança - é preciso gostar de ter filhos


A formação de novas configurações de famílias, segundo Zenilce Vieira Bruno, no geral, é diferente quanto às classes sociais. Em famílias mais pobres, por exemplo, muitas pessoas da mesma família dividem casas muito pequenas. Normalmente, filhos, pais, avós, tios, netos etc.

Além disso, nas classes mais pobres, é comum os pais deixarem os filhos com vizinhos para trabalhar. As crianças acabam recebendo a educação dos vizinhos. A criação é como se fossem filhos da nova família.

Como as famílias têm cada vez menos filhos, a psicóloga afirma que de alguma forma é necessário fazer com que a criança tenha experiências de negociar, disputar e até perder que elas teriam de forma natural com irmãos.

O tempo que os pais passam com os filhos não precisa ser compensação pela ausência, segundo Zenilce Bruno.

Os temas dos próximos programas do O POVO Quer Saber serão: “Quais os impactos das novas tecnologias na educação?, “Sucessão Municipal 2012” e “Acquário no Ceará: o que melhora na vida da cidade?””

O que leva os pais a terceirizar a educação dos filhos?


O casal reforça que todas essas maneiras de se terceirizar a formação dos filhos são equivocadas, pois a presença dos pais na educação é insubstituível. Resta analisar o motivo que leva alguns pais e mães a se convencerem que não têm alternativa a não ser ceder a outros o maravilhoso privilégio de educar seus próprios filhos. Entre as alegações estão o empenho no trabalho e a falta de tempo.

“A palavra chave aqui é tempo. Mas, o uso do nosso tempo, como de qualquer outro recurso (escasso) de que dispomos, é uma questão de preferência, de decisão própria segundo a aplicação de nossos valores pessoais”, salientam.

Com a experiência de 30 anos de casamento, com sete filhos e três netos, Ketty e Pedro salientam que são os benefícios do trabalho que justificam o investimento de tempo, portanto é fundamental não perder de vista que este é um meio e não um fim.

“Por outro lado, nosso cônjuge, nossa família e nossos filhos são o resultado de uma decisão consciente e livre que tomamos quando contraímos matrimônio, e os frutos desta que é nossa maior vocação de vida, jamais podem ser postos num plano inferior ao de qualquer outra atividade humana”, diz Ketty.

Portanto, delegar a terceiros a formação humana de valores, de princípios e de virtudes dos filhos, no que deve ser um processo condutivo ao desenvolvimento de pessoas íntegras, honestas, responsáveis, auto-confiantes, de caráter idôneo, preparadas para “servir os demais altruisticamente”, é uma das grandes causas de famílias mal-estruturadas, com filhos sem ideais nobres, pais ausentes e casais cuja união não é fundada no amor e na doação.

“A conciliação trabalho-família deve, inevitavelmente, passar pela realização de que aquele é um meio, de que um trabalho que exige tirar da família um pai ou uma mãe a ponto deste faltar às suas responsabilidades e deveres de esposo e de progenitor não é um trabalho para um pai ou uma mãe de família”, ressaltam.

Para Ketty e Pedro, é uma questão de priorização que deve ser estabelecida à luz de critérios de quem sabe que uma pessoa só pode ser bem sucedida profissionalmente se for, antes, um pai bem sucedido.

Desafios na educação dos filhos

Segundo o casal, o maior desafio dos pais hoje é desmascarar as falsidades embutidas nas diversas ideologias que promovem o hedonismo (teoria de que o prazer é o supremo bem), banalizando o sexo e colocando-o a serviço do prazer próprio numa atitude utilitarista do outro.

“Desmascarar a tirania do relativismo de uma sociedade permissiva, que despreza a vida na sua origem e nos seus últimos momentos e mostrar aos filhos a lógica retorcida por trás da ideologia do gênero que descaracteriza a sexualidade humana e cuja propagação ataca o conceito do amor humano que se realiza no seio de uma família” estão entre os maiores desafios na educação dos filhos, ressalta o casal.

Para eles, os pais não devem se desencorajar, pois a solução está ao alcance deles. Eles são os protagonistas na educação de seus filhos, ele é um direito inalienável. E ninguém mais do que eles tem o poder de impactar a vida de seus filhos ao viverem o amor enamorado, o amor doação e o amor conjugal.

“Uma escola de amor encarnado na vida de seus pais marca a vida dos filhos de forma permanente, imunizando-os às mentiras das ideologias, pois são testemunhas da verdade!”, enfatizam.





O trabalho não pode dominar a família, ele é um instrumento da família, mas não é o fundamental, diz pe. Wladimir


Trabalho x filhos

Padre Wladimir ressaltou, porém, que em algumas situações há pais que sabem lidar muito bem com isso, fazendo com que tenham qualidade os poucos momentos de presença, participando ativamente da vida dos filhos.
Esse é o caso da auxiliar administrativa Juliana Aparecida de Souza Martins Ângelo, casada e mãe de dois filhos. Como trabalha fora, ela disse que a necessidade de ter uma assistência mais profissional e especializada para seus filhos a levou a procurar uma escola para os dois.

“Apesar de não ser uma assistência exclusiva (na escola), porque são várias crianças por funcionário, você tem uma confiança maior do que deixá-las em casa sozinhas. É claro que se eu tivesse a opção de encontrar uma pessoa qualificada para ficar em casa seria melhor, mas como aqui nessa região do Vale isso é muito difícil, a escola é melhor”, ressaltou.

Ela contou que procurou várias escolas, visitando o local pessoalmente, e observou o espaço físico, mas isso não foi o fundamental. “Pra mim, mais importante do que equipamento ou coisas da moda era que as crianças estivessem bem cuidadas e felizes”.

Juliana afirma que a maior dificuldade em deixar Isadora, de quatro anos, e Ítalo, de um ano, na escola é a saudade, mas também menciona um sentimento de culpa por ter que trabalhar e não poder ficar os filhos. Ela ressaltou, porém, que estar distante não é estar ausente, pois tenta compensar o tempo perdido quando chega do trabalho.

“A criança, bem ou mal, percebe quando o pai e a mãe estão dando atenção a ela, mesmo estando longe. A gente pergunta se eles estão na escola, se a tia os tratou bem, se comeram ou não, se tomaram banho ou não. Existe uma diferença grande entre você largar na escola e você precisar deixar na escola; eu acho que as crianças, mesmo pequenas, percebem essa diferença”, finalizou.

Alerta: trabalho não é o fundamental

Padre Wladimir destacou que a tarefa de tornar de qualidade o tempo que os pais têm com os filhos implica um esforço muito grande por parte dos genitores, principalmente tendo em vista as características da sociedade atual.

“Isso é um esforço e uma luta muito grande também, ainda mais nesse mundo capitalista hoje em que o consumo e o dinheiro começam a prevalecer a ponto de o Papa agora, por exemplo, no Encontro Mundial, falar do trabalho. O trabalho não pode dominar a família, ele é um instrumento da família, mas não é o fundamental”, enfatizou.

O sacerdote acredita que quando os pais cumprem essa tarefa, conseguem fazer com que a criança utilize os terceiros como uma ponte. “Mas se há uma ausência e um desleixo que aconteça entre os pais e as crianças, elas vão buscando o seu refúgio e as suas convicções nos outros”, afirmou.

Pais não podem terceirizar a educação dos filhos

Com o empenho sempre maior por parte do pai e da mãe no mercado de trabalho, o tempo dedicado para estar com os filhos é cada vez menor e muitos acabam “terceirizando” o trabalho de educar. Quais as consequências disso para a formação das crianças?

Para o casal Pedro e Ketty de Rezende, formados pela Associação para o Desenvolvimento da Família e pelo Centro de Estudos da Educação, ao passar o trabalho de educar para a escola, a babá, ou ainda para a televisão, os pais estão abrindo mão de um grande privilégio e de um de seus maiores deveres.

“A principal confusão vem do fato de pensarem que educar e instruir são a mesma coisa; embora uma boa escola seja um excelente ambiente de instrução, poucas são as escolas aptas a ajudarem os pais na formação dos filhos em aspectos de caráter e personalidade que transcendem o aprendizado acadêmico”, destacam os entrevistados.

Da mesma maneira, uma boa babá pode cuidar muito bem dos filhos, mas não pode ser parte de sua função educá-los. No máximo, ela não os “deseducam”, alertam Ketty e Pedro.

Existem ainda aqueles que esperam que a televisão eduque seus filhos, o que é algo bem pior, no ponto de vista dos entrevistados.

“Como um dos objetivos principais da mídia televisiva é a geração de audiência que leva a se maximizar o lucro financeiro, as decisões sobre que programas devem ir ao ar são baseadas não em critérios que promovam valores familiares, mas em como podem ser exploradas situações que levam à fixação de atenção dos espectadores, por sua curiosidade, sua vulgaridade ou sensações de emoção”, ressaltam.

Terceirização da educação: quais as consequências para os filhos?


Jéssica Marçal

Da Redação

A escola tem desempenhado também o papel de transmitir valores, destaca psicóloga Elvira Araújo

As novas configurações de família presentes na sociedade moderna trazem impactos diretos quando o assunto é educação dos filhos. Não só o pai, mas agora também a mãe precisa sair para trabalhar e aí surge a questão: o que fazer com as crianças?

A psicóloga Elvira Aparecida Simões de Araújo, que leciona a disciplina Psicologia da Aprendizagem no curso de Psicologia da Universidade de Taubaté (Unitau), explica que, nessa nova realidade, é necessário pensar a educação de maneira mais ampla. Nesse sentido, consideram-se como agentes da educação todos aqueles que acompanham o ambiente em que a criança vive, não só pai, mãe e irmãos, mas também o núcleo familiar próximo, composto por avós, tios e grupos de convivência.

“Para além desse grupo, a gente também tem que pensar a escola, onde se dá a educação formal, e todos os elementos que circundam a vida da criança, por exemplo, os meios de comunicação, a convivência com a comunidade, se a família participa ou não de grupos religiosos e se a criança participa ou não”, comentou.

A psicóloga acredita que essa nova realidade das famílias, em que pai e mãe não podem se dedicar inteiramente à criação dos filhos, deve ser ponderada. A sociedade mudou, então, segundo ela, a educação também vai ter que se modificar para buscar uma adequação.

“Acho que todos os grupos terão que se adaptar aos novos modelos de relação social, nos quais pai e mãe estão menos presentes. Mas isso não indica que, obrigatoriamente, terá que ter menor qualidade”, disse. Elvira destacou que, modificando seu papel, a escola vai, de certa forma, substituir a família, não do ponto de vista afetivo, mas de uma aprendizagem de relações sociais e para a comunidade.

Terceirização da educação

A esse novo retrato de criação dos filhos, o assessor da Comissão Episcopal para Vida e Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Wladimir Porreca, confere o nome de ‘terceirização da educação’. O sacerdote explica que isso acontece por necessidade, comodismo ou porque os pais não se sentem aptos a criarem seus filhos.

Nessa situação, as crianças começam a ser educadas por terceiros, como avós e professores. Para o padre, isso provoca um distanciamento entre pais e filhos e faz com que as crianças passem a procurar seus valores e modelos onde eles são oferecidos, o que constitui uma grande preocupação.

“A terceirização da educação pode fazer os filhos crescerem dentro de valores que, às vezes, não são os valores dos pais, muitas vezes dentro de um ambiente, de uma situação que não condiz com sua família real”, destacou o padre.

Como a escola tem desempenhado também esse papel de transmitir valores, a psicóloga Elvira lembrou que a formação dos professores já contempla essa nova atuação, mas é necessário que a sociedade esteja atenta ao modo como essa formação vem acontecendo.

“Ver se as universidades e faculdades estão conseguindo repassar essa mensagem para os professores formados nessa direção ou se estão deixando também os professores construírem de modo ingênuo sua atuação educacional. Eu acho que é aí que a gente corre risco”, explicou.