domingo, 2 de dezembro de 2012

O trabalho não pode dominar a família, ele é um instrumento da família, mas não é o fundamental, diz pe. Wladimir


Trabalho x filhos

Padre Wladimir ressaltou, porém, que em algumas situações há pais que sabem lidar muito bem com isso, fazendo com que tenham qualidade os poucos momentos de presença, participando ativamente da vida dos filhos.
Esse é o caso da auxiliar administrativa Juliana Aparecida de Souza Martins Ângelo, casada e mãe de dois filhos. Como trabalha fora, ela disse que a necessidade de ter uma assistência mais profissional e especializada para seus filhos a levou a procurar uma escola para os dois.

“Apesar de não ser uma assistência exclusiva (na escola), porque são várias crianças por funcionário, você tem uma confiança maior do que deixá-las em casa sozinhas. É claro que se eu tivesse a opção de encontrar uma pessoa qualificada para ficar em casa seria melhor, mas como aqui nessa região do Vale isso é muito difícil, a escola é melhor”, ressaltou.

Ela contou que procurou várias escolas, visitando o local pessoalmente, e observou o espaço físico, mas isso não foi o fundamental. “Pra mim, mais importante do que equipamento ou coisas da moda era que as crianças estivessem bem cuidadas e felizes”.

Juliana afirma que a maior dificuldade em deixar Isadora, de quatro anos, e Ítalo, de um ano, na escola é a saudade, mas também menciona um sentimento de culpa por ter que trabalhar e não poder ficar os filhos. Ela ressaltou, porém, que estar distante não é estar ausente, pois tenta compensar o tempo perdido quando chega do trabalho.

“A criança, bem ou mal, percebe quando o pai e a mãe estão dando atenção a ela, mesmo estando longe. A gente pergunta se eles estão na escola, se a tia os tratou bem, se comeram ou não, se tomaram banho ou não. Existe uma diferença grande entre você largar na escola e você precisar deixar na escola; eu acho que as crianças, mesmo pequenas, percebem essa diferença”, finalizou.

Alerta: trabalho não é o fundamental

Padre Wladimir destacou que a tarefa de tornar de qualidade o tempo que os pais têm com os filhos implica um esforço muito grande por parte dos genitores, principalmente tendo em vista as características da sociedade atual.

“Isso é um esforço e uma luta muito grande também, ainda mais nesse mundo capitalista hoje em que o consumo e o dinheiro começam a prevalecer a ponto de o Papa agora, por exemplo, no Encontro Mundial, falar do trabalho. O trabalho não pode dominar a família, ele é um instrumento da família, mas não é o fundamental”, enfatizou.

O sacerdote acredita que quando os pais cumprem essa tarefa, conseguem fazer com que a criança utilize os terceiros como uma ponte. “Mas se há uma ausência e um desleixo que aconteça entre os pais e as crianças, elas vão buscando o seu refúgio e as suas convicções nos outros”, afirmou.

Pais não podem terceirizar a educação dos filhos

Com o empenho sempre maior por parte do pai e da mãe no mercado de trabalho, o tempo dedicado para estar com os filhos é cada vez menor e muitos acabam “terceirizando” o trabalho de educar. Quais as consequências disso para a formação das crianças?

Para o casal Pedro e Ketty de Rezende, formados pela Associação para o Desenvolvimento da Família e pelo Centro de Estudos da Educação, ao passar o trabalho de educar para a escola, a babá, ou ainda para a televisão, os pais estão abrindo mão de um grande privilégio e de um de seus maiores deveres.

“A principal confusão vem do fato de pensarem que educar e instruir são a mesma coisa; embora uma boa escola seja um excelente ambiente de instrução, poucas são as escolas aptas a ajudarem os pais na formação dos filhos em aspectos de caráter e personalidade que transcendem o aprendizado acadêmico”, destacam os entrevistados.

Da mesma maneira, uma boa babá pode cuidar muito bem dos filhos, mas não pode ser parte de sua função educá-los. No máximo, ela não os “deseducam”, alertam Ketty e Pedro.

Existem ainda aqueles que esperam que a televisão eduque seus filhos, o que é algo bem pior, no ponto de vista dos entrevistados.

“Como um dos objetivos principais da mídia televisiva é a geração de audiência que leva a se maximizar o lucro financeiro, as decisões sobre que programas devem ir ao ar são baseadas não em critérios que promovam valores familiares, mas em como podem ser exploradas situações que levam à fixação de atenção dos espectadores, por sua curiosidade, sua vulgaridade ou sensações de emoção”, ressaltam.

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