quarta-feira, 26 de junho de 2013

Fica a dica, com Beatriz Kuhn



Depois de estudar Psicologia e Arqueologia, Beatriz Kuhn fez formação psicanalítica na Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio e pertence à IPA (International Psychoanalytical Association). Quando sobra tempo, pode ser também militante política, como aconteceu em 2004: no auge da violência carioca, fundou o Movimento “BASTA!” de repercussão nacional. Bia Kuhn, instalada na Lagoa, está entre aquelas que vivem de consultório lotado. Foi convidada aqui para dar dicas que podem contribuir para que você tenha uma boa cabeça. (beatrizkuhn@terra.com.br).
1
A ética se constrói
Aquele que foi capaz de transformar a moral em ética… O moralista não tem uma cabeça boa; menos ainda um sujeito amoral ou imoral. A ética se constrói de dentro pra fora, a partir da percepção do outro, da empatia que nos coloca no lugar dele e nos impede de lhe fazer mal. É solida. A moral é imposta de fora pra dentro, goela abaixo, e é sustentada pelo temor à penalidade.
2
Rir de si próprio
Muitos pontos para aquele que se tornou capaz de rir de si próprio e das vicissitudes da vida. Temos aqui os dois pontos mais indicativos da evolução de uma pessoa ou de um grupo cultural: ética e senso de humor.
3
O outro não é um objeto
Ser capaz de perceber que o outro é um sujeito (pessoa), e não um objeto de uso pessoal. Parece simples e banal, mas não é: trata-se de uma aquisição psíquica.
4
Imaginar o que sente
Empatia. Uma vez percebida a existência de uma pessoa no outro, ser capaz de colocar-se em seu lugar e imaginar o que sente.
5
Aceitar as diferenças
Tolerância à alteridade. Não é possível ter-se uma cabeça boa, sem saber lidar e aceitar as inevitáveis diferenças entre o eu e o outro.
6
Duas doses de ceticismo
Quanto mais primitivo for o sujeito ou o grupo cultural, mais estará mergulhado em crendices e magia. Pessoas e sociedades evoluídas encaram mais de frente e com menos ilusão o desamparo e a impotência humana. Vide o Haiti…
7
Idealizações moderadas
Na paralela das crendices do mundo mágico, encontramos as idealizações. Poucas coisas contribuem tanto para a infelicidade da alma como o excesso de idealizações. Nem nada e nem ninguém são satisfatórios quando comparados a essas idealizações, a começar pela própria pessoa.
8
Inveja e gratidão
Ter feito o percurso que leva da inveja à gratidão. O que subsidia a inveja é a idealização da vida do próximo. É aquele cara que acredita no que vê na revista “Caras” e acha que só a vida dele é que é “Bundas”. Quanto mais a pessoa é capaz de perceber que estamos todos no mesmo barco, que Deus não deu asas a cobras, mais e mais se torna capaz de reconhecer e valorizar seus ganhos e, por fim, agradecer por eles.
9
Solidão é para felino
Autonomia e independência, para conjugar no singular, toda vez que se faz necessário ao longo do percurso. A autossuficiência não é para nossa espécie, que é gregária. Solidão é coisa para felino – leopardo é que curte viver sempre sozinho.
10
Bom é aqui e agora
Resumindo: cabeça boa tem aquele sujeito que deixou de ser patológico e tornou-se um “pato lógico”. O que é isso? É aquele cara que abandonou as falsas esperanças, as grandes pretensões e desistiu de choramingar suas mazelas, porque a lógica se sobrepôs ao medo e lhe fez ver que bom é aqui e agora, mesmo que imperfeito e insatisfatório; depois, só piora… Como é “lógico”, sabe que seu destino inexorável é tornar-se um “magret de canard” (peito do pato).

Ser chefe não é sinônimo de estresse



Estudo aponta que sensação de controle garante baixo nível tensão a quem lidera equipes
iG São Paulo
Thinkstock/Getty Images

Quanto maior o grau de chefia, menor o estresse

As responsabilidades e cobranças que estão naturalmente atrelados aos cargos de chefia não são garantia de estrese constante. De acordo com estudo realizado pela universidade de Harvard, em parceria com professores das universidades California San Diego e Stanford, quanto maior a posição de liderança dentro da organização, menor costumam ser as taxas de ansiedade e estresse – este medido pela quantidade de cortisol liberado no organismo.
O estudo, que envolveu 200 líderes de todo o mundo – incluindo militares, administradores de empresa, empresários e agentes do governo –, tinha como objetivo descobrir como essas pessoas tomam decisões e lidam com o estresse. Publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, dos Estados Unidos, o resultado do estudo não surpreendeu os cientistas.
Quando classificados tendo em vista o número de subordinados diretos, o nível de autoridade e o grau de autonomia dentro da instituição, descobriu-se que quanto mais alta a posição da chefia na pirâmide organizacional e maior for a equipe liderada, menor será a presença do hormônio associado ao estresse.
Entre as inúmeras razões para este resultado está o sentimento de controle vindo da própria posição, que acaba agindo como antídoto natural para o estresse. Quanto maior a autonomia e poder de decisão – para contratar, demitir, realocar verbas... –, maior a liberdade para lidar com as diferentes situações de forma macro, sem ter de se incomodar com as pequenas coisas que nos tiram do sério diariamente.

Desabafo - Refém da negligência profissional


Desabafo

Iza Aparecida Saliés

Em 2005 passei por forte dores que parecia ser cólica renal, então, procurei um médico, que ao fazer seus procedimentos clínicos de rotina, detectou problemas com os rins, até ai tudo bem, acreditei e fui logo buscar o tratamento.
Como estava tratando com um médico com muita prática, antigo, conhecido, com anos de caminhada na sua especialidade, sai do seu consultório na crença de ter encontrado a solução para minha dor.

E o que é pior, esse médico possui diplomas, belos quadros de certificação de cursos realizados na sua área, muitos adereços de qualificação continuada nas belas paredes do seu consultório, então, como diz a história não é pouca coisa não.

Fiquei tratando dos rins por quatro anos, conforme indicação dele, prescrita direitinha, tudo como manda o figurino, só que ao sofrer uma crise de dor, agora no ano novo, resolvi procurar outro médico, para ver se solucionava as crises que não passavam, conforme é descrita por pessoas que sofrem de cólica renal.

Ao buscar um clinica de tratamento dos rins encontrei um velho amigo Dr.Leonel Perez, urologista também, provavelmente com o mesmo tempo de dedicação medica do dito cujo, que prontamente ouviu minhas queixas, analisou meus exames e disse você não tem nada nos rins. O que? Então o que eu tenho? Você está com problemas na coluna.
Como pode uma pessoa tratar de uma doença desde 2005, ou seja, por quatro anos, segundo o diagnóstico de um urologista antigo, que leu e interpretou os exames, igual o atual médico e ficar sabendo que sua doença não é nos rins, e sim na coluna?

Vou mais além, como o susto aparente no meu rosto o Dr. Leonel teve a sábia paciência de explicar cuidadosamente que o meu estado de dor não era proveniente dos rins, em poucos minutos deu uma aula, sobre o corpo humano, e deixou bem claro porque essa dor é da coluna.

Quer saber? Eu acreditei, estou convencida de que o diagnóstico dele esta correto, pois ao explicar a doença no grau da minha compreensão, a complexidade da ciência, o que está acontecendo comigo, conclui que de fato o problema é outro.
Sabe que na hora fiquei pensando, como pude ficar quatro anos tratando do que não tenho e deixando de tratar do que tenho? Isso, sem contar com as insuportáveis crises de dor que passeie e estou passando.

O que me choca é a falta de compromisso de certos profissionais, (de todas as áreas) que agem com negligência com seu paciente, são relapsos, aparentemente cansados, porque não dizer, não está nem ai para as pessoas que precisam do seu trabalho médico, demonstram não levar a sério seu trabalho, são desprovidos de responsabilidade social, ética e humanidade.

Agora, faço a seguinte indagação, em quem devo confiar? Num médico recém formado, jovem, cuja prática médica ainda não está consolidada socialmente, sem clientela garantida? Qual é a minha segurança frente à negligência de médicos antigos e a prática de novos especialistas que ainda está construindo seu profissional? 

O que resta pensar é que Profissionalismo é coisa pessoal, está internalizado em nós, independe da formação acadêmica recebida, ele é constituído pelo conjunto de valores, formação, conhecimento, motivação, procedimentos, atitudes, respeito pelas pessoas e educação que recebemos no lar, na escola, na universidade, como também está respaldado no conceito de humanismo que cada um de nós tem.

Falando sério, fiquei preocupada e ao mesmo tempo aliviada, primeiro por saber que estava tratando dos rins e não obter melhoras, sofrendo crises de dores, e não saber o que é de fato, isso é angustiante e segundo por saber agora que passei quatro anos confiando num profissional negligente, que por motivos não sabido, não atendeu seu paciente conforme juramento e acima de tudo com humanismo.

Todos nós somos reféns de profissionais irresponsáveis, sei que isso acontece em qualquer profissão, com qualquer pessoa, seja ela pobre, rica, da classe média, mas deixar passar em brancas nuvens, não, nunca, precisamos e temos o direito de nos indignar com as barbaridades que acontecem na vida da gente.
Cuiabá, 20/01/2010

Lei que regulamenta cotas é publicada


Metade das vagas será destinada a quem estudou na rede públicaMetade das vagas será destinada a quem estudou na rede pública
G1
O governo federal publicou nesta segunda-feira (15), no "Diário Oficial da União", o decreto que regulamenta a lei que garante a reserva de 50% das vagas nas universidades federais, em um prazo progressivo de até quatro anos, para estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas. O critério de seleção será feito de acordo com o resultado dos estudantes no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). O decreto é assinado pela presidente Dilma Rousseff.

As universidades e institutos federais terão quatro anos para implantar progressivamente o percentual de reserva de vagas estabelecido pela lei, mesmo que já estejam adotando algum tipo de sistema de cotas na seleção. Atualmente, não existe cota social em 27 das 59 universidades federais. Além disso, apenas 25 delas possuem reserva de vagas ou sistema de bonificação para estudantes negros, pardos e indígenas. De acordo com a lei, 12,5% das vagas de cada curso e turno já deverão ser reservadas aos cotistas nos processos seletivos para ingressantes em 2013. As universidades terão 30 dias para adaptarem seus editais ao que diz a lei.

A lei afirma que as instituições federais vinculadas ao Ministério da Educação (MEC) que ofertam vagas de educação superior reservarão, em cada concurso seletivo para ingresso nos cursos de graduação, por curso e turno, no mínimo 50% de suas vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas, inclusive em cursos de educação profissional técnica.

Não poderão concorrer às vagas estudantes que tenham, em algum momento, cursado em escolas particulares parte do ensino médio.

Metade das vagas oferecidas será de ampla concorrência. Já a outra metade será reservada por critério de cor, rede de ensino e renda familiar (até um salário-mínimo e meio por pessoa da família).

Em relação às cotas raciais, a regulamentação prevê que a proporção de vagas deverá ser no mínimo igual à soma da porcentagem de pretos, pardos e indígenas na população da unidade da federação do local de oferta de vagas da instituição, segundo o último Censo Demográfico divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que será reservada, por curso e turno, aos autodeclarados pretos, pardos e indígenas.

A cota de 50% deverá ser implantada por todas as universidades e institutos federais até o início do segundo semestre de 2016. A lei exige que, até lá, as instituições apliquem pelo menos 25% da reserva de vagas previstas no texto a cada ano. Isso significa que, a partir de 2013, uma instituição com mil vagas abertas deverá reservar 12,5% delas para estudantes de escolas públicas, sendo que 7,25% das vagas serão para estudantes de escola pública com renda familiar de até 1,5 salário mínimo per capita e uma porcentagem definida pelo Censo do IBGE para estudantes de escola pública que se autodeclarem pretos, pardos ou indígenas.

A regulamentação permite ainda que as universidades, se quiserem, instituam reservas de vagas suplementares ou de outra modalidade (como, por exemplo, para pessoas com deficiência, ou uma cota extra para indígenas), além desta cota já garantida por lei.

Um comitê formado por dois representantes do MEC, dois representantes da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República e dois representantes da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República será instituído para acompanhar e avaliar o cumprimento da lei das cotas.
ENTENDA AS REGRAS DA NOVA LEI DE COTAS
Porcentagens definidas
pela nova lei
As vagas oferecida em cada curso e turno nas instituições federais (universidades
de ensino superior e institutos de ensino técnico em nível
médio) serão divididas
da seguinte forma:
AMPLA CONCORRÊNCIA:
50% das vagas
de cada universidade serão disputadas por qualquer estudante que tenha concluído o ensino médio (no caso dos institutos de nível médio, por qualquer estudante que tenha concluído o fundamental)

RESERVA DE VAGAS (COTAS):
1) 50% das vagas serão reservadas para estudantes que cumpram o seguinte requisito:
- ter concluído o ensino médio integralmente em escola pública (no caso dos institutos de nível médio, o candidato deve ter cursado integralmente o ensino fundamental na rede pública) ou ter obtido o certificado de conclusão do ensino médio (para a seleção nos institutos, o certificado de conclusão do fundamental)

2) Dentro destas vagas reservadas, uma porcentagem será destinada a estudantes de acordo com sua renda familiar e outra a estudantes pretos, padros e indígenas:
- pelo menos 50% das vagas reservadas (ou seja, 25% do total de vagas) serão destinadas a estudantes com renda familiar mensal bruta de igual ou inferior 1,5 salário-mínimo per capita (por membro familiar)
- a porcentagem de cotas para pretos, pardos e indígenas varia em cada Estado e será definida pelo peso de cada uma dessas populações segundo o mais recente Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); porém, os candidatos desses três grupos disputarão entre si um número de vagas equivalente à soma das três populações