Opinião é de empregadores de nove países ouvidos em estudo da McKinsey & Company
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Do Todos Pela Educação
Um estudo que envolveu empresários, instituições de ensino e jovens de nove de países mostra que, na opinião de 40% dos empresários, os jovens recém-formados não são preparados para cargos do nível iniciante no mundo do trabalho. Já entre as instituições de ensino, a opinião é mais positiva: 72% delas afirmam que os estudantes estão prontos para assumir cargos. Entre os próprios jovens, 45% dizem estar preparados.
A pesquisa foi apresentada pela consultoria McKinsey & Company durante o Encontro Nacional de Educação Empreendedora, promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em Brasília, no fim do mês passado. Os autores são Mona Mourshed, Diana Farrell e Dominic Barton.
O estudo, chamado “Educação para o trabalho: Desenhando um sistema que funcione”, avaliou os seguintes países: Alemanha, Arábia Saudita, Brasil, Estados Unidos, Índia, Marrocos, México, Reino Unido e Turquia. Eles foram escolhidos por formarem um grupo bem diversificado de contextos sociais, econômicos e educacionais. Os nove representam aproximadamente 40% do PIB global (FMI, 2011) e 30% da população mundial.
Em cada um deles, foram entrevistados no segundo semestre de 2012 ao menos 500 jovens entre 15 e 29 anos que estivessem trabalhando ou estudando e com a intenção de buscar um emprego nos próximos seis meses. No total, 4.656 jovens participaram da pesquisa. Também foram ouvidos 300 empregadores e 100 instituições de ensino em cada país, o que totaliza 2.700 empresários e 900 escolas em toda a amostra.
A pesquisa ainda destaca três desafios para a melhoria da qualificação dos jovens: oportunidades insuficientes para proporcionar aos formandos uma aprendizagem prática; a limitação de recursos das instituições de ensino e como encontrar um corpo docente qualificado e também a resistência dos empregadores em investir em treinamento.
Debate
Após a apresentação do estudo, houve debate entre especialistas e empresários, que discutiram os desafios da Educação Básica brasileira. “No Brasil, a indústria em geral acha que o problema é do Estado e do indivíduo. Não há um olhar integrado holístico”, afirma Luís Norberto Pascoal, presidente da DPaschoal e conselheiro do Todos Pela Educação. “Temos que pensar em conjunto e plantar uma Educação integrada.”
José Pastore, professor titular da Faculdade de Economia e Administração, da Universidade de São Paulo (USP), e da Fundação Instituto de Administração (FIA) destacou as habilidades que o mundo do trabalho exige hoje de seus futuros profissionais. “Os empregadores querem pessoas com domínio do ofício e com conduta adequada para o trabalho. O recrutamento é rigoroso, porque querem um profissional com bom senso, lógica e capacidade de raciocínio, de trabalhar em grupo e de se comunicar. Ou seja, querem o generalista e o especialista”, explica.
Para Pastore, isso impõe um desafio imenso às escolas. “A formação básica que vem do Ensino Fundamental é falha em muitos lugares”, afirma.
Educação Básica
Deficiências de aprendizagem que se arrastam desde os primeiros anos de escolaridade foram um dos pontos mais discutidos durante o debate. Marco Antonio de Oliveira, titular da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do Ministério da Educação (MEC), destacou que a maior parte dos problemas começa na alfabetização e vai até o Ensino Superior. “O MEC tem se preocupado em dar conta desses desafios nos diferentes âmbitos. No caso da alfabetização, lançamos o Pnaic (Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa), que ataca o problema que está na origem do déficit educacional de todo o sistema brasileiro”, disse.
Mozart Neves Ramos, assessor do Todos Pela Educação e membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), ressaltou a falta de atratividade na carreira docente e a fragmentação na formação básica. “O aluno sai do Fundamental e não há dialogo com o Médio e nem com o pós-Médio, caso do Tecnológico ou Superior”, explica. “Temos melhorado nos anos iniciais, mas o Ensino Médio ainda é gargalo. Não sabemos o que fazer com a escola do jovem. Qual é a escola que precisamos apresentar pra nossa sociedade?”, questiona.
Rafael Lucchesi, diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), destacou a necessidade de mais investimentos em Educação Profissional, citando o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), do governo federal, como exemplo de iniciativa. “Nosso índice é pequeno se comparado com o dos outros 30 países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto a média dos que fazem o Ensino Médio regular com profissional é acima dos 40%, temos 6,6% - muito atrás”, afirma. “Muitos deles também fazem faculdade depois, o que mostra que o jovem não precisa optar por um sistema em detrimento do outro.”
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