segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

         
  

A cidade e o Natal

                                                                     José Antonio Lemos dos Santos 

A cidade é uma só e de todos, da cidadania, ou não é de ninguém e começa a morrer.


Ainda refletindo sobre Civilização, Cidade e Cidadania é fácil ver que o conceito de Liberdade também é visceralmente ligado a estas três gêmeas inseparáveis.

Peguei o tempo em que a liberdade de um terminava onde começava a do outro. Mas o mundo evoluiu e todos nos transformamos com ele. As melhores tendências do mundo atual apontam para uma visão de inclusão, compartilhamento e sustentabilidade. Hoje seria mais correto dizer que a liberdade de um não mais termina, mas se complementa na liberdade do outro. Não mais a liberdade solitária, mas a liberdade solidária. Ou somos todos livres ou não somos livres.
    
O Natal celebra o nascimento de Jesus Cristo que veio para religar o homem a Deus, como Maomé, Buda e outras figuras grandiosas, conforme seus seguidores de fé. Aliás, essa “re-ligação” com o divino está na origem da palavra “religião” e é o mais importante estágio da evolução humana, mesmo que o homem ainda evolua muito. Religado a Deus o homem pensa no outro como irmão e que a felicidade está na comunhão, comum-união de todos na grande família divina. A felicidade solidária, não solitária. Amar o próximo como a si mesmo e a Deus sobre tudo.
    
A cidade é uma invenção humana, a maior e mais bem sucedida delas. Um objeto artificial que é construído numa construção permanente. Importante é que se trata de uma construção coletiva, feita no dia-a-dia com o trabalho de cada cidadão, que por isso é seu verdadeiro dono. A cidade é do cidadão, célula da cidadania.

Ele constrói a cidade com sua casinha, do casebre à mansão, com seu estabelecimento comercial, da pequena borracharia aos grandes empreendimentos. E a cidade é construída para ser o lócus das múltiplas relações urbanas, sendo justamente a convivência lado a lado dessas diversas relações, na integração e no conflito de seus diferentes interesses que surge a fantástica sinergia das cidades que faz a Humanidade dar saltos de desenvolvimento cada vez mais rápidos ao longo da História.

A cidade é a unidade dessa diversidade e por isso é solidária. Ou pensamos um no outro, do passado, do presente e do futuro, ou perecemos como seres urbanos, como civilizados.
    
Como no conceito de Liberdade, a cidade de cada um não mais termina onde começa a cidade do outro, elas se complementam. A cidade de um embeleza ou enfeia, ajuda ou atrapalha a cidade do outro, pois não existe uma cidade para cada um, a cidade é uma só, ainda que percebida pelas pessoas de maneira diferente, de acordo com o uso individualizado. A cidade é uma só e de todos, da cidadania, ou não é de ninguém e começa a morrer. É a expressão máxima da comunhão do espaço na grande obra destinada ao bem de todos. É o bem comum a ser compartilhado, convivido por todos. E aí ela é divina. Talvez por isso as cidades ficam especialmente belas no Natal.
    
A grave crise das cidades no mundo, em especial Cuiabá e Várzea Grande só será resolvida quando a cidadania retomar a cidade como sua, seu maior bem, feita por ela e que tem as autoridades públicas como seus funcionários para coordenar e promover essa grande obra.

Não basta mais cada um fazer sua parte e, muito menos, apenas esperar El-Rey. Além de fazer nossa parte, temos direito a que o outro faça a parte dele, de acordo com o projeto comum firmado nas leis urbanísticas, no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano que, por isso, deve ser técnica e democraticamente elaborado.

Construir a cidade, além de cada um fazer bem sua parte, é participar ativamente, apoiar, discutir, criticar, aplaudir e cobrar. Só ou em grupo. E já existem bons sinais nesse sentido. Além da cidade de cada um, há sempre a cidade do outro. Nada mais cristão, nada mais natalino.

José Antonio Lemos dos Santos é arquiteto e urbanista e professor universitário.    joseantoniols2@gmail.com

Cada sistema de ensino vai escolher como usar hora a mais

MEC não quer mais disciplinas na ampliação da jornada escolar para cinco horas/dia. Proposta para o Congresso não definirá modelos

Priscilla Borges, iG Brasília |
O debate sobre a ampliação da jornada de aulas nas escolas brasileiras promete ser longo ainda. O Ministério da Educação já anunciou que quer aumentar em uma hora por dia o turno escolar no País e está formulando uma proposta de concretização da medida para enviar ao Congresso Nacional. O texto, que está sendo elaborado por técnicos da pasta com a ajuda de gestores municipais e estaduais, no entanto, deixará lacunas para serem respondidas depois.

O ministro Fernando Haddad disse em setembro que gostaria de ampliar o tempo que as crianças e os adolescentes brasileiros passam na escola. A proposta inicial era aumentar o número de dias letivos anuais. Segundo o ministro, a “pouca exposição a conhecimento” dos estudantes prejudica o aprendizado. Na última semana, o MEC promoveu uma reunião entre professores, gestores, parlamentares e especialistas sobre o tema.

É a partir das discussões dessa reunião que um grupo de trabalho – formado por técnicos do MEC e representantes de gestores municipais e estaduais – definirá a proposta oficial que vai para o Congresso Nacional. Ouvidos pelo iG , integrantes desse grupo contaram que o texto final não definirá, por exemplo, como as escolas devem utilizar essa “hora extra”.

A ideia é que opções sejam oferecidas, mas cada sistema de ensino escolha o modelo que mais se adequar à própria realidade. Entre as sugestões colhidas na reunião técnica estão: trabalhos de projetos interdisciplinares, aulas de reforço ou atividades culturais. “Ninguém quer mais tempo para as crianças copiarem mais coisas do quadro. Precisamos reinventar o tempo escolar . O grande debate deve ser em torno de qual projeto educativo cada escola quer traçar”, afirma Jaqueline Moll, diretora de Currículos e Educação Integral do MEC.


Segundo Jaqueline, o MEC vai sugerir que as escolas sigam as orientações do Conselho Nacional de Educação (CNE) para a educação integral na elaboração de seus projetos pedagógicos. O ministério não enviará um projeto de lei sobre o tema para o Congresso Nacional. Como já existem projetos tramitando na Câmara e no Senado sobre o tema, o MEC enviará um parecer ao deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES) sobre o tema.

Lelo conta que há dez projetos sendo analisados em diferentes comissões do Congresso sobre a ampliação da jornada escolar. O deputado unirá as propostas e apresentará um substitutivo. O parecer do ministério, segundo ele, servirá como mais um subsídio. “Só houve um consenso na reunião: o de que não deveríamos aumentar os dias letivos. Acho que o ideal seria apresentarmos um conjunto de opções para que as escolas possam se adaptar a um deles”, diz.

O deputado admite que há muitos detalhes ainda para serem definidos. “Ninguém é contra mais tempo na escola, mas as visões gerais são muito díspares. Quero ouvir experiências que estão funcionando antes de fechar a proposta”, afirma Coimbra.

Adaptação em três anos

A presidenta da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Cleuza Repulho, que participa do grupo de trabalho do MEC, conta que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) está fazendo um levantamento de quantas redes de ensino já oferecem as 1 mil horas anuais de aulas. De acordo com Cleuza, há muitos municípios que oferecem essa jornada ampliada já. “Precisamos saber o que falta para as outras redes implantarem também”, comenta.

Só com esses dados o grupo deve fechar o relatório. A expectativa dela é terminá-lo em novembro e encaminhar ao Congresso antes do recesso parlamentar. Ela conta que os gestores pediram aos parlamentares para não “inventarem mais disciplinas” para ocuparem essa hora a mais de aulas.
“Temos de respeitar a autonomia dos sistemas. Mas não podemos ter mais disciplinas. Ouvir os educadores e os gestores nesse processo é fundamental”, afirma.

Para Cleuza, o prazo de adaptação que deve ser colocado na lei é de três anos. No máximo, pode ser ampliado para cinco. Mas ela ressalta, porém, que o aumento deve ser gradativo e só poderá ser concretizado com mais investimentos. “ Infraestrutura é fundamental para isso. Temos de ter escolas para todos e ainda não temos. Aposto muito no Plano Nacional de Educação para isso”, diz.


Estrutura escolar

O horário de aulas das 11h às 15h, chamado de turno da fome e ainda praticado por muitos municípios para atender a demanda de alunos, terá de acabar. “É inaceitável que ainda haja alunos com menos de quatro horas diárias de aulas. Teremos de fazer um esforço para enfrentar as dificuldades que esses municípios e Estados enfrentam para acabar com esse turno”, ressalta a diretora do MEC.

Outra preocupação de quem participa das discussões é como garantir esse tempo maior de carga escolar para os estudantes do ensino noturno . Todos concordam que é impossível aumentar a carga horária diária. “Ainda não temos uma resposta sobre o que fazer no turno da noite. Precisamos discutir inclusive o que já é feito hoje, temos de pensar numa forma de dar significado ao ensino noturno”, admite Jaqueline.

Na opinião de Cleuza, é preciso rediscutir todo o planejamento para quem estuda à noite. Ela lembra que muitas redes têm matriculado adolescentes de 15 anos em cursos noturnos e não deveriam. Esse é mais um ponto que ficará aberto para discussões dentro do Congresso.

Validação para diplomas emitidos no exterior passa a ter novas regras

Reconhecimento nacional dos certificados deve acontecer no prazo máximo de 180 dias


 

 Portal Brasil publicado: 14/12/2016
 
Luiz Filipe Barcelos/ UnB Agência                        
 
 
O Ministério da Educação anunciou, nesta terça-feira (13), que a revalidação dos diplomas de estudantes brasileiros que concluíram cursos de graduação e pós-graduação no exterior poderá ser realizada de forma mais ágil e eficiente. As novas regras de validação do documento foram publicadas na edição desta quarta-feira (14) do Diário Oficial da União.
 
medida assinada pelo ministro da Educação, Mendonça Filho, altera as atuais regras e procedimentos. Uma das principais mudanças diz respeito ao prazo de revalidação. Antes, estudantes formados fora do País tinham que aguardar até 3 anos para conseguir que o diploma fosse aceito no Brasil. Com as novas regras, o documento deverá ser revalidado em até 180 dias. Bolsistas do programa Ciência sem Fronteiras terão prioridade e, para eles, o limite será de 60 dias.
 
Outra mudança importante faz referência à fundamentação da análise, que deve ser relativa ao mérito e às condições acadêmicas do curso ou programa efetivamente cursado. Deverá ser levado em consideração diferenças existentes entre as formas de funcionamento dos sistemas educacionais das instituições e dos cursos em países distintos.
 
“O passo que consagramos, a partir de hoje, é muito importante e vai em direção da facilidade para pesquisadores, professores e acadêmicos que estudam no exterior. A burocracia não pode atrapalhar a vida das pessoas,” disse o ministro.
 
No caso dos diplomas de graduação, caberá às universidades públicas fazer a validação. Já nos de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado), há também a permissão para que universidades particulares realizem os procedimentos de verificação.
 
Portal Carolina Bori 
 
Com o objetivo de facilitar o processo de revalidação, o MEC anunciou o lançamento do Portal Carolina Bori. O site, que homenageia a primeira mulher a presidir a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), reúne informações sobre a nova legislação e sobre o trâmite mais simplificado da documentação.
 
Tanto os responsáveis nas universidades, pelos processos de validação, quanto os diplomados no exterior vão poder consultar a legislação vigente e as orientações necessárias para submeter um diploma à validação. 
 
A diretora de Relações Internacionais da Capes, Concepta Margaret McManus Pimentel, explica que o portal estabelece uma plataforma única padronizada para a realização dos pedidos.
 
“Mesmo antes de sair do País para estudar no exterior, as pessoas terão conhecimento sobre os documentos necessários para o reconhecimento e revalidação dos diplomas no Brasil, os prazos para os procedimentos, bem como informações sobre os cursos no exterior em que os alunos que já tiveram seus diplomas validados”, disse a diretora.
 
Fonte: Portal Brasil, com informações da Capes
Câmara aprova a medida provisória do ensino médio e encaminha proposta ao Senado Federal
    • Terça-feira, 13 de dezembro de 2016, 22h03
     
     O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, 13, os destaques ao texto-base da Medida Provisória nº 746, de 22 de setembro deste ano, que reformula o ensino médio no país. “O resultado foi exatamente o que esperávamos e consagrou um texto que valoriza a flexibilização do ensino médio, possibilita ao jovem definir sua trajetória formativa, possibilitando o acesso à educação técnica e profissionalizante junto com o próprio ensino médio”, disse o ministro da Educação, Mendonça Filho, ao final da votação. “É um grande avanço para a educação brasileira.”
     
    A medida provisória segue agora para apreciação do Senado Federal. “Como a MP foi fruto de um debate que envolveu as duas casas legislativas, tende a ter poucas alterações no Senado”, destacou o ministro. “O relator, o senador Pedro Chaves, fez um trabalho muito competente ao incorporar várias emendas, várias contribuições. Qualquer mudança será legítima por parte do Senado. Vou respeitar e debater politicamente, buscando o melhor caminho.”
     
    Ao todo, foram deliberados 13 destaques. Entre as medidas aprovadas nesta terça-feira, estão os critérios de financiamento para o ensino médio integral e a obrigatoriedade do ensino de filosofia e sociologia como conteúdos do ensino médio. O conteúdo, que será definido pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ocupará o máximo de 1,8 mil horas da carga total do ensino médio. O tempo restante será destinado às áreas de interesse do aluno, que deve definir suas prioridades com ênfase nas áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional.
     
    As disciplinas de português e matemática são obrigatórias durante os três anos do ensino médio, conforme já previa o texto-base aprovado na semana passada. Além dessas duas disciplinas, o texto-base tornou obrigatório também o ensino de educação física, artes e inglês como conteúdo do ensino médio.
     
    Motivação — Atualmente, mais de um milhão de jovens de 17 anos que deveriam estar no terceiro ano do ensino médio estão fora da escola. Outros 1,7 milhão de jovens não estudam nem trabalham. “A escola não é atraente, os alunos não veem motivação para o aprendizado”, lamentou o ministro. “Quando se pesquisa o mundo todo, os conceitos presentes são flexibilidade, protagonismo do jovem, foco e conexão com a educação técnica.”
     
    O resultado mais recente do índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb) também mostra a defasagem do formato atual do ensino médio brasileiro, segundo Mendonça Filho. O levantamento atual mostrou que o país está estagnado. Em 2015, o ensino médio não atingiu a meta estipulada, de 4,3 pontos no índice. O indicador se mantém estável desde 2011, na casa dos 3,7. Além disso, as taxas de abandono na escola são elevadas e o desempenho dos alunos do ensino médio está cada vez mais em declínio.
     
    Diante deste quadro, Mendonça Filho reforça a necessidade de mudanças estruturais para promover uma transformação radical na educação do Brasil, e é isso o que busca a medida provisória. O texto inclui, ainda, a criação da política de fomento à implantação de escolas de ensino médio em tempo integral. O MEC vai destinar R$ 2 mil, anualmente, por aluno. O dinheiro pode ser usado, por exemplo, na merenda escolar, concessão de bolsas e aquisição de material didático.
     
    O objetivo do Ministério da Educação é flexibilizar o currículo atual, excessivamente acadêmico e desconectado da realidade do mercado de trabalho, melhorar a gestão e valorizar a formação de professores. “O novo modelo dá mais liberdade para que o estudante escolha as áreas de conhecimento de seu interesse, de acordo com sua vocação ou projeto de vida”, defendeu Mendonça Filho. “Com a reforma do ensino médio, os jovens terão a oportunidade de formar o seu itinerário formativo.”
     
    Os dados apresentados pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), divulgado no dia 6 último, mostraram que o Brasil está estacionado há dez anos entre os países com pior desempenho. O levantamento mediu o conhecimento dos estudantes de 72 países em leitura, ciências e matemática. Nas três áreas, a média dos estudantes brasileiros ficou abaixo da obtida pelos demais países.
     
    Em matemática, o país apresentou a primeira queda desde 2003, início da série histórica da avaliação, e constatou que sete em cada dez alunos brasileiros, com idade entre 15 e 16 anos, estão abaixo do nível básico de conhecimento. “Esse resultado é uma tragédia para o futuro dos jovens brasileiros”, afirmou o ministro. “Precisamos gerar perspectivas de futuro, valorizar a flexibilidade do ensino e o protagonismo do jovem na definição da sua própria trajetória rumo à educação técnica profissionalizante ou rumo à universidade.”
     
    Ampliação — A carga horária do ensino médio será ampliada de 800 para 1,4 mil horas. As escolas farão a ampliação de forma gradual, mas nos primeiros cinco anos já devem oferecer mil horas de aula. Os recursos repassados a estados e municípios terão aumento gradual, proporcional à ampliação da carga horária.
     
    O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) também deve ter as receitas ampliadas, de forma a custear esse aumento da carga horária.
     
    Assessoria de Comunicação Social
    Presidente do CNE defende mudança no ensino médio e debate do tema com sociedade.
                                       Quinta-feira, 15 de dezembro de 2016
    Um dos temas mais debatidos na área da educação atualmente é a reformulação do ensino médio no país. Em entrevista à TV NBR, o presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Eduardo Deschamps, defendeu a implantação das mudanças. “Essa é uma demanda muito antiga; os resultados apontam para isso”, disse. “Eu participo da discussão da questão do ensino médio desde 2012. Discuti essa demanda como secretário da educação e como presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação [Consed] com seis ministros, e basicamente há um consenso.”
     
    Eduardo Deschamps foi o entrevistado da semana do programa Educação no Ar, produzido pela TV MEC e transmitido semanalmente pela TV NBR. A entrevista, veiculada na manhã desta quinta-feira, 15, será reprisada a partir das 16h10. Também será possível assisti-la na sexta-feira, 16, às 8h e às 19h. No sábado, 17, haverá reprise às 20h, e no domingo, 18, às 13h30.

    “Pelo Brasil é possível verificar que todos concordam que o ensino médio atual não dá conta das demandas que nós temos”, disse o presidente. Segundo ele, a proposta de mudança é fruto de vários estudos. “É lógico que o debate com a sociedade precisa ser aprofundado – e será, dentro do CNE. Há todo um processo ainda de construção a ser feito, e o conselho vai abrir as portas para que esse debate possa ser feito”, garantiu. “Mas, de maneira geral, é preciso olhar também para as experiências que têm dado certo no exterior e as adaptações que precisam ser feitas para o Brasil.”

    Atração — O presidente lembrou, no entanto, que a reformulação do ensino médio não trata só da mudança de currículo. Ele destacou que a proposta envolve, ainda, a formação de professores, a organização da escola, da estrutura, a forma de contratação dos professores e a chegada do material didático no ambiente escolar, além de questões relacionadas a novas tecnologias. “O principal é a forma de tornar esse ensino médio mais atrativo para o jovem, que faça sentido para ele”, ressaltou.

    “Para a imensa maioria dos jovens, o ensino médio é apenas uma etapa de passagem para a universidade. Mas, para outros, nem isso é. Então, eles acabam evadindo, reprovando. Eles acabam perdendo o estímulo com o ensino médio”, disse Deschamps. Atualmente, mais de um milhão de jovens de 17 anos que deveriam estar no terceiro ano do ensino médio estão fora da escola. “Esses dados apontam para a necessidade de fazer a reformulação.”

    Deschamps comentou que o trabalho do CNE neste processo implica a regulamentação das alterações propostas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), caso seja confirmada a aprovação da Medida Provisória nº 746/2016, que reformula o ensino médio no país. “Nós vamos ter que revisitar, por exemplo, as diretrizes curriculares nacionais do ensino médio para verificar onde há conflito com a nova legislação e fazer todo um trabalho de orientações para os sistemas estaduais de ensino acerca desse novo ensino médio”, explicou.

    A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) também está entre as atribuições do CNE. Segundo o titular do conselho, o órgão já possui uma comissão bicameral voltada à análise da proposta. “Assim que o Ministério da Educação encaminhar a última versão do documento, os conselheiros vão se debruçar sobre os textos que foram elaborados, realizar seminários, consultas públicas e audiências para aprimorar ainda mais a proposta e, a partir daí, gerar um parecer que poderá se transformar em resolução.”

    O entrevistado explicou que a BNCC é um dos pilares para a nova organização do ensino médio, pois só a partir de sua aprovação é que a reformulação poderá ser colocada em prática. Isso não significa dizer, no entanto, que o que for aprovado agora na LDB será aplicado imediatamente. “Essas mudanças orientam a elaboração do novo ensino médio. Primeiramente, muda-se a arquitetura do ensino. Dessa mudança, é elaborada a Base Comum Curricular, e a partir daí, é feita a regulamentação, que levará às escolas as mudanças que todos estão esperando do ensino médio”, concluiu.

    A proposta de reforma, em debate no Congresso Nacional, acaba de ser enviada para apreciação do Senado Federal. Os destaques ao texto-base da Medida Provisória nº 746/2016 foram aprovados pelo plenário da Câmara dos Deputados na última terça-feira, 13.

    CNE – O Conselho Nacional de Educação é composto por 24 conselheiros, sendo dois membros natos – o secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, na Câmara de Educação Básica, e o secretário de Educação Superior, na Câmara de Educação Superior. Os demais 22 são escolhidos a partir de consulta à sociedade e de nomeação pela Presidência da República.

    O papel do CNE é o de regulamentar e normatizar as ações nacionais da educação brasileira. Uma das metas do conselho é zerar a pauta da educação superior ainda este ano. “Nós tínhamos uma demanda significativa e muitos processos represados. Eram mais de 600 processos, e agora nós estamos com cerca de 200”, celebrou Eduardo Deschamps. Segundo ele, houve um esforço muito grande dos membros da casa para fazer a relatoria dos processos, o que permitiu um grande avanço nos trabalhos. “A intenção é que nós possamos zerar essa pauta no início do ano que vem, na reunião de janeiro.”

    Assessoria de Comunicação Social 
    09/04/2013
     
    Poeta Moisés Martins fala sobre a história de Cuiabá

    Ao se posicionar hoje (09-04) na Tribuna Livre do Legislativo de Cuiabá, durante a Sessão Ordinária, o poeta cuiabano Moisés Martins discorreu sobre a história de surgimento do município e da própria cidade. O convite a Martins partiu do vereador e 1º secretário da Casa de Leis, Maurélio Ribeiro, PSDB. Moisés disse que se sentia feliz em estar presente no Parlamento para falar de Cuiabá, "agora com 294 anos de existência". Cuiabá é hoje a síntese das lutas empreendidas lá atrás, quando o foco principal das raízes dos seus habitantes era a exploração de ouro".
     
    Ele também disse que Pires de Campos poderia ser o descobridor de Cuiabá, não Paschoal Moreira Cabral. "Pires foi rechaçado, e ao regressar encontrou a comitiva de Cabral, informando-lhe sobre os índios que habitavam a terra. Cabral logo comprovaria que eram índios nômades, já ausentes no momento em que seu grupo chegou aqui".
     
    Na sequência, relembrou o poeta Moisés Martins, foi fundado o Arraial das Forquilhas na região do atual Coxipó, primeiro núcleo habitacional de Mato Grosso, que não dispunha de suprimento alimentar para os exploradores de ouro. "Miguel Sutil desceu para explorar plantio na orla da Prainha. Logo descobriram veio de ouro por lá, o que esvaziou o Arraial da Forquilha. O Arraial do Bom Jesus do Cuiabá (em relação ao rio) surgiu então como o segundo núcleo habitacional do Estado".
     
    Outra informação do historiador: o dia 8 de abril de 1719 não é o da descoberta de Cuiabá, mas, sim, da lavratura da ata de que Cuiabá existia. "Em 1729 foi elevada à categoria de Vila Real do Bom Jesus do Cuiabá, não de Cuiabá, conforme se diz usualmente".
     
    Moisés ainda citou que o antigo nome da Câmara de Cuiabá era Senado, instalada em 1831. "Respectivamente, surgiu a Academia de Letras em 1932 e a divisão territorial do Estado, em 1977".
     
    No final do seu pronunciamento na Tribuna Livre, ele externou que a cultura cívica cuiabana ainda é despreparada, "desleixada, não cuidada", principalmente em relação ao Hino de Cuiabá.  "O baú da nossa cultura ainda não foi aberto. A cultura cuiabana é colocada em cima do cururu, siriri e rasqueado, e também na área de gastronomia".
     
    João Carlos Queiroz Secom/Câmara