domingo, 7 de dezembro de 2014

Política para o livro e a leitura em MT

Torna-se imperioso a criação de um ‘Plano Estadual do Livro e da Leitura’ destinado à democratização do acesso ao livro


A variada presença humana em nosso território, que vem acolhendo gentes de todos os quadrantes do país e até do exterior, constitui um rico amálgama cultural e humano, fazendo deste torrão um caldeirão fervilhante de possibilidades étnicas e culturais. Nesta série de artigos que escrevi, em meio a notícias que nos dão conta de reformas administrativas que, tanto no âmbito estadual como no metropolitano, pretendem atingir os órgãos de cultura, procurei situar tais organismos como fomentadores de um processo social e humano que é de vital importância para o futuro dos mato-grossenses.

De igual modo, ressaltei a importância da participação da sociedade como parceira nesse rico processo. Em outras palavras, quis dizer que a questão cultural, como a ambiental, por exemplo, é daquelas que só pode ter inteiro sucesso se for democraticamente compartilhada e dividida por todos, em deveres e direitos. Nem a esfera pública pode assumir papel tutelador, nem a sociedade terá forças suficientes, menos ainda em regiões periféricas como a nossa, para desenvolver todos os elementos componentes do fator cultural. É inequívoco, que tal fator - o conhecimento, a informação, a leitura - constitui no mundo contemporâneo um fundamento vital do processo democrático e civilizador. Encerro, pois, esta série de breves apontamentos tratando de um aspecto que, sem sombra de dúvida, é capital nesse processo.
"A Secretaria de Educação deve se empenhar para que o ensino da literatura, da história e da geografia do Estado sejam componentes efetivos do currículo em toda a rede do ensino fundamental e médio"

Trato hoje de uma política para o livro. Para o livro e a leitura em Mato Grosso, coisa que nunca por aqui existiu.

Torna-se imperioso a criação de um ‘Plano Estadual do Livro e da Leitura’ destinado à democratização do acesso ao livro e ao estímulo e valorização da leitura. Tal Plano deve ser ambicioso o suficiente para abarcar todas as vertentes possíveis dessa atividade da cultura. Ele tanto deve caminhar ao lado da pedagogia educacional, como deve estar voltado para a comunidade mais ampla, além, é evidente, das áreas culturais que lhes são adstritas. Deve ser amplo o bastante para dele igualmente participar os setores industriais e comerciais ligados à produção e à comercialização do livro. Para gerir e implementar essa política seria muito interessante criar-se o ‘Instituto Mato-Grossense do Livro’.

A Secretaria de Educação deve se empenhar para que o ensino da literatura, da história e da geografia do Estado sejam componentes efetivos do currículo em toda a rede do ensino fundamental e médio. De igual modo, devem ser obrigatoriamente incluídas nos exames vestibulares obras de autores mato-grossenses ou de textos sobre Mato Grosso. Paralelamente, devem ser formados mediadores de leitura extracurricular para atuarem tanto junto aos jovens como à comunidade, dando à atividade da leitura a mais ampla participação social. De igual modo, deve-se objetivar dotar todos os municípios, sem exceção, de, no mínimo, uma biblioteca média, na qual a literatura mato-grossense, seja a de ficção, a histórica e geográfica, a científica e a poesia, se faça notoriamente presente. Devem ser criados programas de estímulos específicos para o livro, como o ‘Vale Livro’, o ‘Vale Cultura’ e o ‘Vale Material Escolar’, os dois primeiros abertos para a população em geral, e o último destinado à comunidade escolar. Enfim, num Estado contumaz em abrir mão de impostos como forma de incentivo fiscal, por que não criar um incentivo fiscal para o livro e a leitura?

Para os autores e pesquisadores devem-se institucionalizar mecanismos, indo desde bolsas de pesquisas até a viabilização de publicação, com a realização de concursos literários e de eventos específicos visando à divulgação, a comercialização e a circulação do livro, tais como Feiras, Bienais e Festivais a serem periodicamente realizadas nos municípios polos.

Neste contexto, será de vital importância o estímulo oficial para a criação de uma economia do livro, para cuja participação deverão ser convocados os setores industriais a ele ligados, como gráficas, editores e livreiros do Estado, que, além de uma linha de financiamento público, terão uma legislação fiscal especifica incentivadora. Com cursos técnicos e programas de profissionalização se buscará estimular a formação de mão de obra para a cadeia produtiva, distributiva e mediadora do livro.

Existem, evidentemente, outras medidas a serem criadas e adotadas para que o livro se torne um real instrumento da educação e da cultura, do conhecimento e da formação de uma cidadania autêntica. O amplo acesso ao livro deve ser tido, por um governo verdadeiramente democrático, como um dos direitos humanos fundamentais. Exige-se, para tanto que se tenha um governo com a dimensão do estadista voltado para as gerações vindouras e que a construção do futuro seja um claro objetivo posto no horizonte.

SEBASTIÃO CARLOS GOMES DE CARVALHO
é ensaísta, historiador, advogado, professor e membro, entre outras instituições, da Academia Mato-Grossense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso e do Instituto dos Advogados Brasileiros (RJ).

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Site disponibiliza 14 mil livros digitais para escolas e bibliotecas


Para popularizar a leitura entre os brasileiros, a Árvore de Livros oferece 14 mil eBooks de mais de 100 editoras diferentes para instituições de ensino e bibliotecas. Por meio de assinatura mensal, a ideia é ampliar o acesso às publicações criando acervos digitais customizados. A plataforma também gera relatórios sobre os hábitos de leitura dos usuários.

Cada instituição tem acesso a todas as obras e também pode fazer uma seleção das publicações que deseja disponibilizar, personalizando sua própria “árvore”. Os livros já vêm categorizados por faixa etária e gênero. Os usuários têm login e senha próprios e todo projeto possui um gestor, que recebe relatórios sobre os títulos lidos pelos cadastrados.

Um professor, por exemplo, pode acompanhar o avanço nas leituras de seus alunos por meio de gráficos que mostram, inclusive, o tempo que um determinado estudante gastou em cada parte do livro ou se deixou alguma para trás. “Com esse controle, é possível identificar dificuldades que o aluno apresente, como déficit de atenção”, explica João Leal, sócio-fundador e diretor de operações da empresa. O educador pode, ainda, usar a plataforma para recomendar bibliografia e propor exercícios online a fim de avaliar interpretações sobre as leituras.

Por se tratar de edições digitais, é possível fazer marcações e alterar o tamanho da letra. Além disso, os usuários podem interagir entre si para comentar obras e tirar dúvidas. Há, ainda, o recurso da tradução para Libras, possibilitando que pessoas com deficiência auditiva possam, também, usufruir da plataforma. Os eBooks podem ser acessados de qualquer dispositivo – computadores, tablets, celulares –, mesmo offline.

Lançada em abril de 2014, a Árvore de Livros já firmou parceria com a Associação Brasileia dos Municípios e está presente em 350 bibliotecas públicas do país. “Em uma dessas instituições, a facilidade de acesso aos livros elevou a média de leitura dos frequentadores para 14,4 títulos por ano, enquanto a média nacional é de dois. Agora é a vez das escolas”, conta o diretor de operações.

Os pacotes da Árvore de Livros variam conforme o número de usuários, com preços entre R$ 2,50 e R$ 9,90 mensais por cadastrado. A meta é começar o ano atendendo dez redes municipais de ensino e escolas privadas melhor classificadas no ENEM, além de alcançar mil bibliotecas públicas.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

A questão da Secretaria de Cultura

SEBASTIÃO CARLOS
Se a proposta para a extinção é motivada por sua inoperância, isto merece uma discussão mais aprofundada




Volto a tratar da possibilidade levantada sobre a permanência ou não da Secretaria de Cultura no quadro da administração estadual do futuro governo. Todavia, não sem antes dizer que a questão da Secretaria de Cultura não é ainda a questão da Cultura no Estado de Mato Grosso. O órgão oficial gestor é tão somente um dos aspectos que envolvem o fazer cultural como um todo, pois este tem uma abrangência bem maior e superior.











Esta é uma situação que se impõe fique bem clara desde sempre. O órgão cultural oficial deve ser apenas um instrumento estimulador e animador da ação cultural, nunca o elemento balizador e orientador daqueles que tem, na atividade cultural, sua ação primordial, em quaisquer dos diversos segmentos em que se desdobram as linhas da arte e do pensamento reflexivo. A admitir um papel de absoluta preeminência ao órgão de cultura oficial, estaríamos aceitando igualmente uma ação interventora numa área, a da criação, que, mais que nunca, deve ser inquestionavelmente livre e independente.
"Prefiro imaginar que a proposta de fusão, ou extinção, passa muito mais pelo real desconhecimento do papel a ser cumprido – sublinho, a ser cumprido - pelo órgão oficial da cultura, do que por uma indisfarçada má vontade contra a cultura e pelo que ela significa"

Mas, retornando à hipótese de “fusão” da Secretaria, que na realidade significa a sua extinção, levantada pela equipe de transição, tal serviu para demonstrar que, infelizmente, existe o desconhecimento não apenas da função constitucional do ente estatal, mas igualmente sobre o real e vital papel que exerce a cultura no mundo contemporâneo.

Os órgãos oficiais de cultura, nos três níveis da administração pública, têm como um dos seus objetivos primaciais, estimular um dos fatores dos mais importantes para o desenvolvimento sócio econômico de uma nação. Se entendermos, como é o correto, a cultura como irmã siamesa do processo educacional, se verá que a presença do governo como estimulador e dinamizador da produção cultural é extremamente necessária. Esquecer esse princípio basilar será o mesmo que defender a retirada do Estado como mantenedor e garantidor da escola pública gratuita.

Prefiro imaginar que a proposta de fusão, ou extinção, passa muito mais pelo real desconhecimento do papel a ser cumprido – sublinho, a ser cumprido - pelo órgão oficial da cultura, do que por uma indisfarçada má vontade contra a cultura e pelo que ela significa. Tal hipótese, a ser concretizada, representará um retrocesso amplamente inconcebível num governo que se pretende atual, modernizador e democrático.

Prefiro entender que a iniciativa para esse reordenamento administrativo tenha sido motivada apenas pelo que se refere à questão orçamentária. Então, rebato tal argumento. É sabido que a Secretaria de Cultura é um dos órgãos de primeiro escalão, talvez, de menor orçamento.

A SEC tem a insignificante dotação de menos de meio por cento do orçamento do Estado, com o qual mantém os museus (Histórico, de Artes, de Arqueologia, de Arte Sacra e, ainda do Cine Teatro Cuiabá), os intercâmbios e convênios, os investimentos nos projetos culturais, o chamado Proac: Programa de Apoio à Cultura, e ainda as despesas com a folha de pagamento e de custeio. Vale dizer, bem inferior, ao que na prática seria necessário para implementar tarefas importantes numa área geográfica imensa como a de Mato Grosso. Mas, não exclusivamente por isso.

Se, no entanto, a proposta para a extinção é motivada por sua inoperância, omissão ou desvirtuamento de função, isto já merece uma discussão mais aprofundada. De todo modo, a sugestão do comitê de transição teve o inegável mérito de provocar o debate sobre a função e a atuação do órgão oficial de cultura do Estado. Porque, é preciso que se diga, e acredito que a maioria das pessoas preocupadas com a questão igualmente assim pensa, se somos contra a extinção da Secretaria de Cultura, somos igualmente contra a que ela permaneça com a atuação que até agora vem tendo.

Defender a sua permanência é também advogar que tanto ela, como o Conselho Estadual de Cultura, passe por uma reforma, digamos, seja submetida a uma repaginação para que tenha uma dinâmica nova, que seja convocatória dos diferentes segmentos sociais e culturais, tendo como fundamento uma política cultural abrangente, moderna, democrática. Voltarei ao tema.

SEBASTIÃO CARLOS GOMES DE CARVALHO é advogado, professor, e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso e do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás.

Cuiabá e Campinápolis têm o melhor e o pior IDHM de Mato Grosso, segundo o Pnud

De Brasília - Vinícius Tavares
Foto: Reprodução
Atlas mostra descompasso no desenvolvimento regional no Estado
Atlas mostra descompasso no desenvolvimento regional no Estado


O Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios (IDHM) em Mato Grosso, obtido através da análise da renda, da escolaridade e da longevidade das populações urbanas e rurais, colocou Cuiabá e Campinápolis em colocações opostas no Atlas do Desenvolvimento Humano divulgado nesta segunda-feira (29.7) pelo Programa Das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

Enquanto a capital aparece com o melhor índice, com 0,785 pontos, a cidade do Araguaia desponta entre as três piores do Estado, com índice de 0,538 pontos. Também em situação preocupante estão Nova Nazaré (0,595) e Porto Estrela (0,599).

Estes três municípios são os únicos do Estado com IDH na penúltima das quatro faixas da análise, com índice que variam de 0,500 a 0,599 e que é sinalizado no mapa do Pnud com a cor laranja.

Ou seja, Porto Estrela está a apenas 0,001 ponto de alcançar a média da cor amarela, onde se concentra mais de 60% dos municípios do Estado. Seguindo este raciocínio, Cuiabá está a 0,015 pontos de alcançar o IDHM da faixa azul, onde a pontuação varia de 0,800 a 1.

Ainda na ponta de cima da tabela, aparece em segundo lugar o município de Lucas do Rio Verde (0,768), seguido de Nova Mutum (0,758), Sinop (0,754), Primavera do Leste (0,752) e Campo Verde (0,750).

Confira abaixo a lista dos municípios do Estado com melhor IDHM:

Cuiabá                                         (0,785)
Lucas do Rio Verde                   (0.768)
Nova Mutum                                (0.758)
Rondonópolis                             (0,755)
Primavera do Leste                   (0,752)
Campo Verde                             (0,750)
Barra do Garças                         (0,748)
Sorriso                                         (0,744)
Campos de Júlio                       (0,744)
Santa Rita do Trivelato             (0,735)
Jaciara                                         (0,735)
Várzea Grande                          (0,734)
Pontal do Araguaia                   (0,734)
Campo Novo do Parecis         (0,734)
Sapezal                                       (0,732)
Tangará da Serra                      (0,729)
Água Boa                                    (0,729)
Ipiranga do Norte                      (0,727)
Araputanga                                 (0,725)
São José dos Quatro Marcos   (0,719)
Conquista D’Oeste                     (0,718)
Diamantino                                  (0,718)
Matupá                                          (0,716)
Torixoréu                                      (0,716)
Juína                                             (0,716)
Santa Carmem                           (0,715)
Tapurah                                        (0,714)
Nova Santa Helena                    (0,714)
Juscimeira                                   (0,714)
Alta Floresta                                 (0,714)
Colíder                                          (0,713)
Itanhangá                                    (0,710)
Cáceres                                        (0,708)
Rio Branco                                  (0,707)
Guiratinga                                   (0,705)
Alto Taquari                                (0,705)
Mirassol D’Oeste                        (0,704)
Nova Xavantina                          (0,704)
Alto Araguaia                              (0,704)
Arenápolis                                   (0,704)
Nova Marilândia                         (0,704)
Pontes e Lacerda                       (0,703)
Guarantã do Norte                      (0,703)
Nortelândia                                  (0,702)
Marcelândia                                 (0,701)
Alto Garças                                  (0,701)

Atualizada às 11h46

Educação melhora, mas Cuiabá segue com o oitavo melhor IDHM das regiões metropolitanas


Da Redação - Wesley Santiago


O Vale do Rio Cuiabá (composto por Cuiabá, Santo Antônio do Leverger, Nossa Senhora do Livramento e Várzea Grande) ficou na oitava posição do ranking de IDHM (Indício de Desenvolvimento Humano de Municípios), com um índice de 0,767. A lista com as 16 regiões metropolitanas do país foi divulgada nesta terça-feira (25). A educação foi o ponto que mais cresceu.

O ranking foi divulgado no Atlas do Desenvolvimento Humano, lançado pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) em parceria com o Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), órgão ligado ao governo federal, e a Fundação João Pinheiro. A escala do índice vai de 0 a 1, quanto mais próximo de 1, melhor o desempenho.

De acordo com o levantamento, o IDHM do Vale do Rio Cuiabá (dados de 2010) foi de 0,767, considerado alto. A população da região é de 833.766 habitantes, o que representa uma densidade demográfica de 38.70 habitantes por km². O número revela um crescimento, já que em 2000 o IDHM era de 0,668.

O principal ponto onde a região cresceu foi na educação. Em 2000, o índice era de 0,533, já em 2010 houve uma significativa melhora e o índice ficou em 0,700, A longevidade também melhorou e passou dos 0,766 (2000) para 0,834 (2010). A renda teve uma pequena melhora e foi de 0,729 (2000) para 0,773 (2010).

Ainda segundo os dados, 88,46% das crianças de 5 a 6 anos estão frequentando a escola, enquanto 85,26% dos que tem de 11 a 13 anos estão frequentando os anos finais do ensino fundamental. 66,23% dos alunos de 15 a 17 anos tem o ensino fundamental completo e 48,17% (18 a 20 anos) tem o ensino médio completo.

A pesquisa mostra ainda que na região metropolitana de Cuiabá, a expectativa de vida ao nascer passou dos 71 (2000) para 75,1 (2010) anos. A renda per capita foi de R$ 746,19 (2000) para R$ 984,91 (2010). Somando-se todos estes fatores, o Vale do Rio Cuiabá ficou na oitava posição. Nesse ranking, o maior IDHM é 0,794 (São Paulo) e o menor é 0,720 (Manaus).

Os números ainda apontam que 50,75% da população são de mulheres e que 96,06% dos moradores do Vale do Rio Cuiabá vivem em área urbana. 71,05% tem de 15 a 64 anos, enquanto que 23,82% são menores de 15 anos e 5,13% tem 65 anos ou mais.  A mortalidade infantil (mortalidade de crianças com menos de um ano de idade) passou de 24,7 por mil nascidos vivos, em 2000, para 15,3 por mil nascidos vivos, em 2010. Outros pontos podem ser conferidos 

Educação ambiental


Autor: Marilea Cristina Coelho de Souza


Educação ambiental é uma novidade da educação, já praticada em alguns países, foi proposta em 1999 no Brasil, tem o objetivo de disseminar o conhecimento sobre o ambiente. Sua principal função é conscientizar à preservação do meio ambiente e sua utilização sustentável. Pode ser incluida como uma disciplina.

 É uma metodologia de análise que surge a partir do crescente interesse do ser humano em assuntos como o ambiente devido às grandes catástrofes naturais que têm assolado o mundo nas últimas décadas.

 No Brasil, a Educação Ambiental assume uma perspectiva mais abrangente, não restringindo seu olhar à proteção e uso sustentável de recursos naturais, mas incorporando fortemente a proposta de construção de sociedades sustentáveis. Mais do que um segmento da Educação, a Educação em sua complexidade e completude.

 A educação ambiental tornou-se lei em 27 de Abril de 1999. A Lei N° 9.795 – Lei da Educação Ambiental, em seu Art. 2° afirma: "A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal.
 
A educação ambiental tenta despertar em todos a consciência de que o ser humano é parte do meio ambiente. Ela tenta superar a visão antropocêntrica, que fez com que o homem se sentisse sempre o centro de tudo esquecendo a importância da natureza, da qual é parte integrante.Desde muito cedo na história humana para sobreviver em sociedade, todos os indivíduos precisavam conhecer seu ambiente. "A educação ambiental é a ação educativa permanente pela qual a comunidade educativa têm a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os seres humanos estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas. "A educação ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificações de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A educação ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhora da qualidade de vida.
 
"Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade."
 
Art. 1o da Lei no 9.795 de abril de 1999
 
"Processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental, garantindo o acesso à informação em linguagem adequada, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica e estimulando o enfrentamento das questões ambientais e sociais. Desenvolve-se num contexto de complexidade, procurando trabalhar não apenas a mudança cultural, mas também a transformação social, assumindo a crise ambiental como uma questão ética e política."

 Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN - sugerem que o tema meio ambiente seja de cunho transversal.
 
Os problemas causados pelo aquecimento global obrigaram o mundo a refletir sobre a necessidade de impulsionar a educação ambiental. O cenário é muito preocupante e deve ser levado a sério, pois as consequências vão atingir a todos, sem distinção.
 
Aquele que prática a educação ambiental no âmbito de ensino, é conhecido como Educador ambiental e não necessariamente trata-se de um professor. Qualquer indivíduo da sociedade pode-se tornar um educador ambiental desde que tenha seu trabalhado voltado aos temas ligados.

Marilea Cristina Coelho de Souza – Tecnologo Gerenciamento de Serviços Executivos.
Lindimar Regina de Souza Oliveira – Especialista em Psicopedagogia e Licenciada em Letras.
Maria da Gloria de Souza Neta – Especialista em Psicopedagogia e Licenciada em Pedagogia.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Advocacia e Justiça Social

No Dia do Advogado, reafirmamos a aliança de valores com a sociedade

"São os homens e não as leis que precisam mudar.

Quando os homens forem bons, melhores serão as leis.

Quando os homens forem sábios, as leis por desnecessárias,

deixarão de existir.

Mas isto, será possível somente, quando as leis estiverem escritas e atuantes no coração de cada um de nós."

Hermogenes, filósofo grego

Nesta segunda-feira (11), se comemora o Dia do Advogado. A data foi reservada para lembrar o ano de 1827, quando foram criados os dois primeiros cursos de Direito no Brasil – um em São Paulo, outro em Pernambuco, na cidade de Olinda.

Poucos anos a instalação desses faculdades, teve início o movimento para criar o embrião do que hoje é a Ordem dos Advogados do Brasil, com a criação em 1843 do Instituto dos Advogados Brasileiros. Mas, somente na Revolução de 1930, é que foi criada a OAB, no dia 18 de novembro daquele ano.

Como se nota, desde então a advocacia no Brasil é feita de grandes lutas. Algumas seguem por anos e anos. Há lutas seculares. Muitas das conquistas têm sabores especiais, ganham notoriedade e nos fazem encher de orgulho enquanto participantes ativos desses processos.

Em que pese, muitas vezes, é verdade, o enorme sacrifício desprendido para alcançar as grandes metas. As perdas ocorridas durante o período da ditadura militar são algumas.

Didaticamente, afirma-se que o Direito é a ciência das normas que regulam as relações entre os indivíduos na sociedade. Porém, com o passar do tempo, essa forma cartesiana e catedrática se viu obrigada a avançar, de forma a fazer com que a sociedade tivesse respostas eficientes em todos os aspectos.

Quase uma exigência! Mais que vencer as causas dos clientes, a advocacia brasileira passou a ser ativo participante na busca de decisões que permitissem a melhoria da elaboração das leis, o bom entendimento e a sua execução.

Tal postura fez com que a profissão que abraçamos se transformasse mais que um meio de vida, mais que uma forma de sustento de família ou de crescimento profissional; nos fez crescer como cidadãos, como ser humano que somos.

Transformou-nos em porta voz e guardiães do interesse coletivo. A advocacia brasileira constituiu, seguramente, uma aliança histórica e eterna com a sociedade brasileira.

E não foi, senão pela Justiça Social, por um país em que fé e razão estejam sintonizadas, que nós advogados, com orgulho e esmero, trilhamos esse caminho, até alcançar a respeitabilidade de hoje.

A elaboração da Constituição de 1988 , a rigor, foi fundamentada nesse conceito, em que as políticas econômicas e sociais buscam garantir o direito à saúde e educação e acesso aos bens de consumo, lazer e novas tecnologias, através do aumento da renda e capacidade de consumo. Ou seja: a advocacia tem participação ativa e efetiva nessa luta.

Em Mato Grosso, particularmente, temos sido, sem falsa modéstia, um exemplo na luta pela Justiça Social. Mesmo com pouco espaço, as ações da classe tem dado mostras da sintonia e em favor da sociedade, principalmente daqueles que mais precisam.

Buscamos sem transigir um maior acesso do cidadão ao Judiciário para discutir suas demandas; aliamos pelo fortalecimento da Defensoria Pública; travamos uma eloquente luta pelos Direitos Humanos, e contra a violência das ruas e dentro das casas; empunhamos a defesa do confronto permanente ao tráfico de drogas e pela melhoria da segurança; primamos pela defesa da mulher e das minorias como um todo; brigamos pelo Direito Agrário para que a terra seja produto de meio de vida e não apenas uma complexo de expoliação para beneficiar a poucos, entre outros.

Como presidente da OAB, encabeçamos inúmeras lutas, na qual destaco a defesa da ética e principalmente a das prerrogativas. Não porque buscamos privilégios, mas, sobretudo, porque queremos exercício pleno do direito de defender o cidadão em qualquer situação e garantir a soberania constitucional nas relações entre indivíduos e o sistema.

Somos e seremos sempre incansáveis combatentes a todos aqueles que ousam violar o direito do cidadão.

Por isso, nesta data, neste 11 de agosto, queremos mais uma vez reafirmar nossos compromissos com a classe dos advogados e, sobretudo, soldar a consolidação dos valores que firmamos em aliança com a sociedade na defesa dos seus interesses.

Dizer que você, advogado, é importante e que não é à toa que a nossa profissão está presente na Constituição Federal, como fundamental e necessária a distribuição da Justiça – e, essencialmente, da Justiça Social

FRANCISCO FAIAD é ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB-MT).


Do Coxipó do Ouro à Globo e a criação do Totó Bodega


Por: JORGE MACIEL
Fonte: Diretor de Redação
Um dos mais talentosos atores do Estado (e do Brasil) conta a caminhada pelos teatros mambembes, São Paulo, Europa, Rede Globo e como surgiu ‘Totó Bodega'

A arte cênica se manifestou como desponta em qualquer artista, ainda na infância do pequeno Romeu Benedicto Lucialdo. Mas ele não se tocou e a arte e talento para representar ficaram ali, bem perto, na órbita, aguardando até que o menino travesso chegasse ao período juvenil, ainda no ginásio. Insistente, a arte voltou a bater à sua porta, agora decidida a ficar. Mergulhado na responsabilidade de estudar e ser ator, Romeu Benedicto, um cuiabano de chapa e cruz, que estudou no São Gonçalo e fez teatro infanto-juvenil amador,  foi destaque em filmes e outras peças, já como profissional.
Ele terminou conciliando uma coisa e outra por algum tempo, até que casou, bem jovem. Já pai de família, atuou em peças e festivais em Salvador, Curitiba, São Paulo, Europa e no interior do Estado, acabando por aportar na Rede Globo, no Rio de Janeiro,. Lá, contracenou com estrelas de quinta grandeza do brilho de Stênio Garcia,  Domingos Montagner, Zezé Polessa, Antonio Fagundes,    Cláudia Ohana, Luiz Fernando Guimarães, Cauã Reymond, Débora Bloch, entre tantos, em novelas e minisséries como Malhação, Belissíma, Duas Caras, Da Cor do Pecado, Carga Pesada, Fina Estampa ou Cordel Encantado, na Globo, e Bicho do mato, na Record. Longe da esposa Mônica e dos filhos Heitor e Fernanda, Romeu, com muita saudade, retornou à General Mello, em Cuiabá, onde, vez e outra, atende ao chamamento da Rede Globo para novos trabalhos.  Enquanto ficou aqui, se inspirou em um típico matuto malandro, morador do Coxipó do Ouro, e compôs o personagem Totó Bodega, certamente o mais famoso brega cuiabano, ao lado da dupla Nico e Lau, aliás, amigos que lhe deram a luz para tornar o Totó Bodega, com humor impagável, em uma grande celebridade.   
Na semana passada, o ator atendeu a um convite de ODOCUMENTO para a entrevista que se segue:


Com Isadora Ribeiro em evento da Globo, no Rio
ODOC -Como começa sua vida artística. Como se materializa o fato de você ser um ator de melhor projeção nacional do Estado e um comediante para risos largos?
ROMEU BENEDICTO – Bem, começou com um sonho. Sempre gostei do teatro. Comecei no amador mesmo com um grupo na UFMT [universidade federal] e, assim, fui pegando gosto, o prazer de fazer teatro. E as coisas corriam paralelamente: o sonho e a realidade. Fui construindo assim uma carreira, fazendo festivais nas cidades, fazendo teatro mambembe, onde a gente sempre abria e fechava o festival com peças.
 ODOC - Antes de enveredar nessa estrada, o que fazia?
 ROMEU BENEDICTO - Eu saí da adolescência, estudei no Colégio São Gonçalo (segundo grau), e como profissão eu escolhi Educação Física, fiz faculdade, abri uma academia, dei aula de ginástica e até fazia apresentações de ginástica aeróbica. Paralelo a isso, atuava no teatro. Parei um tempo com o teatro para “brigar” contra o sistema, arrumar emprego “sério”. Casei com 20 anos e estou casado até hoje, há 25 anos, tenho dois filhos, Fernanda e Heitor.
 ODOC – Mas alguém te levou? Como começa o teatro?
ROMEU BENEDICTO  - Começou por iniciativa própria, primeiro fazendo apresentações locais, depois me lancei aos festivais nacionais, corri  para Curitiba (PR), Salvador (BA) e interior de Mato Grosso. Acabei sendo premiado aqui no Estado no “Festival de Cinema”, como ator revelação no mesmo festival de teatro mato-grossense, que hoje não existe mais. Depois surgiu o convite para apresentação em São Paulo. Fiz Curitiba e assim surgiu uma temporada na Europa. Com o grupo, apresentamos um monólogo “O Belarmino e o guardador de ossos”, texto maravilhoso de Guilherme Dikie, escritor mato-grossense premiadíssimo. Isso aconteceu há uns oito anos e a peça foi muito bem aceita pelos críticos e público. Depois disso acabei no Rio de Janeiro e me cadastrei na Rede Globo. Na verdade [risos] fui bater na porta da Globo, porque meu sonho era ser conhecido nacionalmente. Todo ator sonha com a vitrine nacional, isso é um mito. Mas é um caminho cheio de rumos...
ODOC – E como foi?
ROMEU BENEDICTO - Eles gostaram do meu material e pediram que eu gravasse um vídeo. Fiquei surpreso. Um colega me disse, na época, que eles geralmente não agem dessa forma. Pois bem: voltei à  Globo decidido, me deram um texto e eu gravei o vídeo. Era uma participação na novela “Pecado Capital”. No meu primeiro trabalho na Rede Globo fiquei feliz e amedrontado, pois eram cenas com astros iluminados como Stênio Garcia e Antonio Fagundes, no seriado Carga Pesada. Uma cena em que o Fagundes estava com problemas de saúde, o Stênio o levou ao hospital e eu era o médico. O Stênio percebeu, de início, minha ansiedade, e foi supergeneroso, me acalmava antes da cena, pois o nervosismo era grande em função de gravar com dois monstros da televisão brasileira. Depois não pararam Malhação, Da cor do pecado, todas em participações com diálogos longos, sempre ao lado de grande elenco.  Retornei para “Carga Pesada”, com uma participação bem maior, e voltei para Malhação. A coisa engrenou: fiz Duas Caras, Belíssima e Cordel Encantado. Participar da produção cinematográfica da Rede Globo em Cordel Encantado foi muito significativo para mim. Eu entrava na trama com personagem, para prender o Miguelzinho, que era o Matheus Mastergard, e depois eu me arrependia de tê-lo prendido. Eu era um cangaceiro do bando contrário ao deles. Daí eu fui para o outro bando, do Herculano, e ajudava a soltar o Miguelzinho. Puxa, foram 20 capítulos.
 ODOC – Realmente, foram muitas aparições, muitos trabalhos...
ROMEU BENEDICTO- ... Olha, eu posso dizer que eu cheguei lá, que toquei no meu sonho, mas eu segurei ele na mão [do sonho] e lhe disse: “Fique aí que eu volto mais tarde”. Nessa época do Cordel, eu estava morando no Rio de Janeiro. Fiquei um ano. Como tive uma experiência difícil com a temporada da Europa, quando fiquei longe da família, olhei para mim e decidi que não queria mais isso para mim, longe da minha família. Quando fui para Europa meu filho era um bebê, quando voltei, ele não me conheceu, me olhou espantado. Então decidi ficar ao lado da família e quando retornei ao Rio, levei todos. Planejei isso, porque essa história de seguir o sonho no meu caso, senti muita solidão, não é simples, foi muito difícil.  E a Globo não é fácil. A minha primeira estada lá eu peguei diária pequena, justa, mas pequena. Você tem que estar morando lá para que a coisa continue. Mas ainda participei recentemente das novelas Fina Estampa e Em Família.
O DOC - Sempre Globo?
ROMEU BENEDICTO  - Sempre na Globo. Aliás, só recentemente fiz uma participação na Record, em Bicho do Mato. Eles vieram aqui [Cuiabá] gravar e o produtor do elenco que já foi da Rede Globo, me chamou e eu gravei participação na novela, em Cáceres. Há alguns dias, com as gravações da novela Boogie Oogie ,que estreou, o Luciano Rabelo, que me chamou lá atrás para Cordel, me mandou um e-mail para eu entrar em contato. Ele me apresentou para o diretor, mas ainda não rolou.
ODOC – Vamos voltar para Mato Grosso. E a questão do humor?
ROMEU BENEDICTO  - O humor entrou na minha vida naturalmente, embora não me considere um humorista, me considero um ator. Meu ‘debut’ foi com a dupla – essa sim, de ótimos humoristas - Nico e Lau, que são meus amigos e fazíamos teatro juntos. Eles procuravam um personagem para participar de uma cena onde esse personagem tinha que entrar na casa do Lau para arrumar a tevê, e ele vai ficando, daí almoça, depois quer esperar o jantar, um tipo folgado. Topei a empreita. Foi na peça Quebra Galho, escrita e produzida por Nico e Lau.  Gostei da experiência, gostei das risadas. Logo depois compus o personagem “Totó Bodega”.
 ODOCDe onde vem a inspiração para criar o Totó Bodega?
ROMEU BENEDICTO - A minha infância foi em Cuiabá e no Coxipó do Ouro, no Arraial dos Freitas. Ali existia um homem chamado Dito Baixo, que pegava galinhas [pra matar... risos], pegava água no rio e participava das festas religiosas, quermesses... Ele era do estilo Totó Bodega, camisa apertadinha, de cor extravagante, cabelo grenho, brilhantina, ia aos bailes  e dançava sozinho se não tivesse par. Usava relógio “Orient”, que balançava no pulso, chamando atenção. O perfume que ele usava era Diamante negro, lavanda conhecida como perfume brega. Depois de umas cachaças, mesmo com respeito, chamava asa moças para dançar ou ficava na dança-solto se fosse recusado. O Totó Bodega vem daí, um trabalhador rural, vítima do êxodo rural, humilde, mas extrovertido, divertido. O personagem tem 14 anos de criação. A partir daí, o Totó Bodega foi crescendo em aceitação do público. Desse personagem surgiram outros igualmente hilários, divertidos ...
 ODOC - Você faz no improviso ou segue um roteiro?
ROMEU BENEDICTO - O improviso está presente no humor. Não se faz humor por encomenda. O que existe é o roteiro básico. Atualmente, eu faço muitos shows para empresas, o que elimina custos de palco, iluminação e outros. Eu tenho umas músicas gravadas, de fundo, e faço play-back em cima. Gravei com Roberto Lucialdo [seu irmão, o compositor e produtor musical], mas utilizo também as músicas bregas, no estilo de cada personagem. Fui para a tevê com o Totó Bodega. Na Band, por exemplo, fiquei lá oito anos no programa Cidade 40 Graus, depois a gente assumiu o programa e, na TV, o Totó Bodega ganhou destaque estadual. Alí, eu criava os quadros, dirigia e atuava. Foram 60 quadros de muito sucesso do Totó Bodega.
ODOC – É verdade, o Totó tem muita fama ...
ROMEU BENEDICTO - ... Verdade Totó Bodega entra onde eu não entro. Quando o Totó representou Cuiabá durante a Copa do Mundo, no site do Ministério dos Esportes, o pessoal de Brasília ficou curioso. Vieram aqui, gravaram comigo e divulgaram no Terra, no Uol, entre outros portais. Eu cheguei à Arena de Totó Bodega e entrei para trabalhar com o personagem, enquanto outros famosos, jornalistas e  autoridades esperavam credenciais para entrar. Saí de Toto e, quando voltei, sem as vestes do personagem, fui barrado, o Totó Bodega não. Se tentar furar a fila como Romeu não dá certo, mas o Totó não enfrenta fila e entra onde quiser...
 ODOC - Hoje você faz apresentações comerciais, campanhas publicitárias ...
ROMEU BENEDICTO -  É verdade, as agências sempre me procuram. O caso do MT Cap [empresa de sorteios que faz as conferências pela televisão] o pessoal pesquisou e me chamou, mas não apresento como Totó Bodega, e sim como Romeu, que foi uma exigência da empresa. É um grupo muito sério de fora que veio para cá, me procurou e acertamos.
ODOC – E daqui para frente, volta para a Rede Globo, fica por aqui?
ROMEU BENEDICTO – Olha, sou um profissional  que almeja o melhor na profissão, mas posso trabalhar contanto que não a tenha que me afastar muito da família
 ODOC – E como é que você faz a dupla com a Comadre Pitú?

ROMEU BENEDICTO – A Comadre Pitú é uma parceira do Totó Bodega.  Nós fomos chamados para apresentar o Festival de Siriri e Cururu, uma vez e não paramos mais. De lá para cá, a gente vem apresentando todo ano, faz onze anos. Nesse meio tempo, sempre fazemos outras apresentações juntos. O ator [Vital Siqueira] é um grande amigo, amigo de infância.  Fizemos Buxixo Cuiabano, e muitas outras aparições juntos, é um excelente ator, criativo, escreve, interpreta, dirige, e tem uma veia humorística muito forte. A gente monta os espetáculos e apresentações juntos. Minha agenda hoje é corrida, mas estou arrumando tempo e tocando. Totó Bodega é MT CAP, é a Secretaria de Fazenda, teatro e quando a Globo chama vamos trabalhando. Atualmente, giro com a peça “Viver é raso”, do Amaury Tangará, fizemos turnês por São Paulo e Rio de Janeiro. Uma peça contemporânea que fala quão rasa é nossa vida hoje. Muito bonito o texto.
ODOC  - Como é a arte cênica em Mato Grosso?
ROMEU BENEDICTO - Hoje eu vejo a arte cênica tentando sobrevier em Mato Grosso. Antes, tínhamos os festivais de teatro, música, exposições de arte. O espaço para se apresentar está caro e escasso, muito, mas  muito difícil. Há o teatro da UFMT, que esta em reforma, o Teatro da Escola Técnica (IFMT) também em reforma ... Temos apenas o Cine Teatro, o Liceu Cuiabano, o Sesc Arsenal e alguns espaços alternativos. Hoje o artista sofre muitas dificuldades para colocar uma peça de pé, porque é como uma empresa. Você tem que contratar, divulgar , e contar com alguns patrocínios. O patrocínio hoje em dia está complicado, porque os empresários investem apenas em quem já tem destaque, estimular o artista que está começando é uma prática em extinção. As poucas companhias de teatros que temos sobrevivem com muita dificuldade devido [á falta de patrocínio e apoio estatal. E olha que temos artistas bons, companhias premiadas e bons espetáculos.
ODOC – O Estado [governo, prefeitura] não ajuda?
ROMEU BENEDICTO  - O Estado não ajuda em nada. A lei de incentivo à cultura é apenas um símbolo. O valor é irrisório, um valor é muito pouco,  limitado. Por exemplo: no cinema, o valor é de R$ 70 mil. E não se faz um filme nem com R$150,000,00. A locação do Centro de Eventos Pantanal é R$ 6.000,00 para uma única apresentação, e, ai, você tem que cobrar o ingresso a R$ 40,00 porque 50,00 já é muito. R$ 40 já é muito, é preciso uma política de incentivo, mais patrocinadores, para que o artista se apresente a preços módicos, a 15, 20 reais. Sem incentivos, cobra-se 40 reais, aí tem a obrigação de reserva para “meia”, e cotas. É muito complicado. Eu acho que deveria ter uma politica cultural mais consistente voltada mais para contemplar o artista.


ROMEU BENEDICTO - Não me vejo como celebridade, sou um ator. Eu me sinto na obrigação de responder aos fãs, às crianças, e as crianças adoram o Totó Bodega. Mas adultos , idosos, mulheres, querem me pagar para tirar fotos, me param na rua, e eu dou total atenção. Eles são a razão de eu ter sucesso, de estar trabalhando.
ODOC - E o futuro?
ROMEU BENEDICTO - O Totó Bodega é eterno, e também tenho um outro personagem do curso que eu fiz no rio, lá eu criei um personagem que é vendedor de “raquetes” dessas que se mata mosquito. Eu  estou trabalhando em cima desse personagem que é mais nacional , não tem uma vertente regional. O artista precisa ter o ócio criador, e estou com uma vida muito corrida, sem tempo pra estar criando um personagem. Sou um pai presente, estudo com minhas crianças. Pai tem que estar presente, participar da vida do filho e também se dedicar à sua esposa, porque a saúde da vida do casal é muito importante para sua vida profissional seja sucesso. Toda pessoa precisa ter uma base familiar, religiosa.
 ODOC - Como você concilia o seu trabalho como funcionário  publico e sua carreira artistica?
ROMEU BENEDICTO - Graças a Deus consigo conciliar muito bem, sou funcionário publico concursado há 20 anos,. Na verdade minha carreira só deu uma deslanchada depois que eu consegui manter o meu sustento. Antes, eu não conseguia pensar na minha carreira artística como eu penso hoje.  Igual á teoria de que “O ser humano só consegue pensar no outro e contribuir com seu meio, depois que ele tem sua necessidade básica suprida.” E isso é verdade, porque eu só consegui ficar tranquilo e até fazer escolhas na carreira, depois que garanti o meu sustento.
DOC – Vamos fazer umas perguntas pessoais:
Você acredita em signo?
Acredito e às vezes dou uma olhada na influência astral.
E nas pessoas, você acredita?
Eu quero acreditar.
E no esporte, o que você é?
Eu sou do vôley. Não sou ligado ao futebol.
Que tipo de musica gosta?
Eu não tenho preconceito sobre estilo. Eu gosto de musica que me toca, me traz algo, conteúdo. Adoro Vinicius, Toquinho , Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Zeca Baleiro. Gosto do Pescuma, Roberto, Lucialdo, Roberto Carlos...
No cinema?
Eu gosto de cinema, e assisto a 3 filmes por semana, leio um livro pro semana
E o País, o que é você é politicamente?
O problema do nosso  País é que exige muito do brasileiro. O brasileiro tem que trabalhar três vezes mais, para  ter o mínimo para sobreviver.
Você tem filiação partidária?
Não tenho nenhuma ligação com partidos políticos.
E a família?
Pra mim família é um estágio para você viver em sociedade. Meus filhos, Heitor, Fernanda, minha esposa Mônica são a razão do meu viver. Na minha família tenho pessoas que são entre si diferentes, e convivendo aprendemos muito, mas amo todos. Meu pai é um exemplo pra mim. Meu pai criou seis filhos com dificuldade e nos colocou no patamar que estamos hoje. Honestidade pra ele era tudo.
O que representa Cuiabá pra você?
Cuiabá é meu berço. Aonde  vou eu levou o orgulho de ser cuiabano. Lá no Rio de Janeiro eu faço questão de falar que sou cuiabano. Cuiabá é minha identidade, meu sotaque é prova disso. Nos meus shows um grupo de Siriri sempre me acompanha o Beira Rio.
Eu quero deixar uma mensagem pra todo mundo. Siga seus sonhos. Agente nunca pode abandonar nosso sonho. Eu não sei se eu irei conseguir realizar meus sonhos, eu tenho um sonho de fazer uma novela, uma minissérie de época, no cinema eu tenho o sonho de fazer grandes filmes.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Privatização do ensino superior?

União de grupos aumenta a força das universidades privadas


 
 
Está aumentando a força das universidades privadas no Brasil. A última ação nessa área, a união dos grupos Kroton e Anhanguera, chama a atenção.

Parece que só na China tem um grupo em educação superior privado como esse.

O novo grupo do Brasil terá mais de um milhão de estudantes. Seu valor de mercado chega a 13 bilhões de reais e irá faturar cerca de um bilhão por ano.

O grupo terá 96% de concentração no ensino superior e 4% no ensino básico. O filé é o ensino superior.
"O novo grupo do Brasil terá mais de um milhão de estudantes. Seu valor de mercado chega a 13 bilhões de reais e irá faturar cerca de um bilhão por ano"


Em 2004, foi criado o Prouni pelo governo federal e depois o Fies, um fundo para financiamento estudantil, com a finalidade de dar bolsas para graduação em instituições privadas do ensino superior.

Estas universidades são isentas de tributos para dar a bolsa aos estudantes. Há também pagamento direto para essas instituições. Praticamente acabou a inadimplência, o governo federal é o grande comprador do produto.

Tem elogios ao Prouni, mas tem muita crítica também. Quase ninguém é contra o programa porque não podia deixar ao relento mais de um milhão de brasileiros prontos para entrar no ensino superior.

Mas se diz também que ele deveria ser por um tempo determinado, como no caso das cotas nas universidades. Que eternizar o programa é a mercantilização e privatização no longo prazo do ensino superior.

Já há uma movimentação do capital financeiro para esse lado. Sabem que a coisa vai continuar, pois dos 10% do PIB para a educação se terá eternamente dinheiro para o Prouni e o Fies.

Outra critica é que, em um Prouni por tempo determinado, as universidades federais teriam que ser ampliadas para receber a nova leva de estudantes.

Depois, o dinheiro gasto com o Prouni, ajudaria a manter essa universidade ampliada. Nela se tem muito melhor ensino que nas universidades privadas.

Jogam os estudantes com bolsas do Prouni e do Fies, no geral os mais pobres, em universidades que ensinam pouco.

Quantos doutores têm nas universidades privadas? Alguém acredita que essas universidades vão mandar professores fazer doutorado fora e pagar seus salários por quatro anos?

Quantos livros, artigos acadêmicos, em revistas nacionais e internacionais, são publicados nas universidades particulares? Faça uma comparação com os das universidades públicas?

Nas universidades privadas, a ênfase se dá em cursos sem muita aceitação no mercado de trabalho. Geologia, agronomia, matemática, física, medicina são coisas raríssimas.

Mais achados dos especialistas? A renúncia fiscal para aquelas universidades, de 2006 a 2013, cresceu 166%. O dinheiro para as universidades federais no mesmo período cresceu 86%.

O Chile enviesou pela quase privatização do ensino desde o governo Augusto Pinochet. Michele Bachelet, recentemente eleita, quer voltar atrás. O Brasil caminha na direção que o Chile está abandonando.

Mas o Prouni e o Fies dão votos e ajudam no discurso e na eleição.

Ninguém vai bulir nisso, nem a oposição se chegar ao governo.

As universidades públicas que se cuidem.

ALFREDO DA MOTA MENEZES é professor universitário e articulista político em Cuiabá.
pox@terra.com.br
wwwa.alfredomenezes.com

Fusão leva grupo a vender faculdades em Mato Grosso

No Estado, Grupo Iuni foi comprada por empresa por R$ 600 milhões, há quatro anos

MidiaNews

A Unic, na Avenida Biera-Rio, em Cuiabá, integra o Grupo Kronton, mas não será vendida





ISA SOUSA
DA REDAÇÃO

Duas instituições de Ensino Superior de Mato Grosso serão vendidas para atender as recomendações do Conselho de Administração de Defesa Econômica (Cade), autarquia federal vinculada ao Ministério da Justiça.

São elas: Anhanguera, em Cuiabá, e a unidade Kroton (Unic), em Rondonópolis (212 km ao Sul da Capital).

A determinação federal é reflexo da compra do Grupo Iuni - ao qual pertence a Universidade de Cuiabá (Unic), por exemplo - pela Kroton Educacional.

O Iuni, que pertencia ao empresário Altamiro Belo Galindo - irmão do ex-prefeito de Cuiabá, Chico Galindo (PTB) -, foi adquirido em 2010, pelo montante de R$ 600 milhões.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, nesta semana, o empresário Rodrigo Galindo, filho de Altamiro, afirmou que empresas nacionais e estrangeiras haviam expressado interesse no processo, que deve ser “competitivo”.

Ao MidiaNews, por meio de sua assessoria, a direção da Kroton explicou que há prazo para atender as exigências do Cade e, durante o processo, não será levada em consideração apenas a oferta em valor.
"Não será levada em consideração apenas a oferta, mas também a capacidade do comprador em manter a operação com qualidade, para minimizar qualquer impacto para a operação"

“Mas também a capacidade do comprador em manter a operação com qualidade, para minimizar qualquer impacto para a operação. Além disso, os grupos mantêm o compromisso de prosseguir normalmente com todas as operações das instituições, sempre garantindo a excelência acadêmica, respeito aos alunos, professores e colaboradores”, disse a assessoria.

Apesar de, segundo a Folha, a venda dos ativos começar agora, no segundo semestre, a Kroton afirmou ao MidiaNews que as negociações com possíveis interessados são confidenciais, bem como o prazo.

Estrutura em Mato Grosso

A compra do Grupo Iuni pela Kroton Educacional não altera, pelo menos neste primeiro momento, a estrutura das unidades de ensino e nem seus nomes.

Em Mato Grosso, fazem parte desta fusão a Universidade de Cuiabá (Unic), o Centro Universitário Cândido Rondon (Unirondon) e polos da Unopar e da Anhanguera.

“O modelo acadêmico e os ajustes das mensalidades seguirão conforme planejamento original dos grupos, prévio à aprovação do Cade. Qualquer mudança será devidamente comunicada e com a antecedência necessária para os alunos”, completou a assessoria.

18 estados

Com a integração de parte da Anhaguera, a Kroton passou a contar com 125 unidades de ensino superior, em 18 estados e 83 cidades brasileiras, além de 726 polos de Graduação de Educação a Distância (EAD) credenciados pelo Ministério da Educação (MEC), localizados em todos os estados brasileiros e também no Distrito Federal.

A Kroton não informou dados sobre número de cursos e volume financeiro por região. Segundo a instituição, eles não são públicos.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

MT - Projetos integram práticas para fortalecer o Paz na Escola


O projeto “Rede Digital pela Paz”, da Polícia Judiciária Civil, e o “Mais Educação”, desenvolvido pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc), foram temas da reunião da Comissão Executiva do Programa Paz na Escola, na terça-feira (08). Os integrantes da Comissão tiveram a oportunidade de conhecer os dois projetos e os resultados obtidos. As ações de ambos servirão de modelo para a formatação do Paz na Escola cujo objetivo é a redução dos índices de violência registrados nas unidades.

Na exposição, a gerente de Gestão de Projetos e Coordenadora do Programa Mais Educação, Luzia Abich, mostrou aos participantes a evolução das adesões ao Programa, atualmente com 350 escolas estaduais participantes.

O programa desenvolve atividades no contraturno escolar como, dança, música, esportes.
As investigadoras da Polícia Civil, a frente do Rede Digital pela Paz, também apresentaram os resultados do projeto que nasceu em 2012. Edleuza Afonso Mesquita e Evellyn Laura de Oliveira Borges relataram  que o objetivo do Rede é a construir atitudes que fortaleçam a mudança. As investigadoras afirmam que o Rede Digital nasceu da necessidade de trabalhar com as crianças e adolescentes os crimes cibernéticos, uma vez que o acesso as redes sociais é cada vez mais constante nesta faixa etária.

“Vamos às escolas, fazemos palestras, promovemos as discussões, afinal, na maioria das vezes os adolescentes nem sabem que estão em situação de risco. Por isso, trabalhamos a conscientização dos alunos e diminuir os índices de criminalidade”, diz Edleuza Mesquita.

Na ocasião, as investigadoras apresentaram os números de violência no ambiente escolar registrado pela Polícia Civil. Em 2012, por exemplo, foram: 294 extravios de documentos; 281 furtos; 160 ameaças; 87 lesões corporais; 10 casos de uso de droga; e 02 homicídios. No total, 1260 ocorrências. Já em 2013,  foram registrados: 376 extravios de documentos; 277 furtos; 118 ameaças; 88 lesões corporais; 07 casos de uso de drogas; e três homicídios. Total 1373 casos.

O levantamento mais recente, de 2014, apontou até junho, 126 casos de extravio de documentos, 109 furtos, 39 ameaças, 36 lesões corporais, 03 casos de uso de droga e nenhum homicídio.

Segundo a integrante da Comissão do Paz na Escola na Seduc, professora Enelinda Scala, as parcerias são muito importantes e só vem a somar para mudar a realidade. A professora diz que conhecer os dados dos projetos que estão em desenvolvimento é essencial para a construção deste novo trabalho. “Temos que ter a esperança de que podemos mudar esta realidade. E nós só vamos conseguir atingir a cultura da paz quando chegarmos a um patamar social diferente, temos que somar as forças” afirma Enelinda Scala.

ALINE MARQUESAssessoria/Seduc-MT

MT - Indígena do Xingu conclui mestrado na UnB


O indígena Makaulaka Mehinako,  33 anos, que mora na aldeia Kaupüna do Parque Nacional do Xingu, em Mato Grosso, é o terceiro do território xinguano a conquistar um título de mestrado. Ele acaba de defender a tese pela Universidade de Brasília (UnB), uma das mais requisitadas do País. Estudou a língua Imiehünaku (Mehinaku), de família linguística Aruak, falada apenas por cerca de 300 integrantes da etnia Mehinako, da qual ele também faz parte.

Somente aos 14 anos Makaulaka aprendeu a ler e escrever, mas o professor dele logo viu que tinha capacidade intelectual e o incentivou a seguir em frente. Levando os estudos adiante, apesar das muitas dificuldades, em 2000 terminou o magistério, sob a coordenação do Instituto Socioambiental (ISA), que atua junto aos povos xinguanos.  No ano seguinte, em 2011, começou a funcionar o Projeto 3º Grau Indígena promovido pela Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), em Barra do Bugres (MT), que oferta cursos para a formação de professores indígenas, e ele fez Ciências Sociais. Depois fez ainda uma especialização na área da educação, chegando ao mestrado em linguística.

“Meu objeto de estudo foi minha própria língua. Aprofundei o parco conhecimento linguístico existente sobre a Mehináku”, explica. Cada um dos povos que vive no Xingu fala um idioma próprio. No caso da língua Mehináku, como explica Makaulaka, “é rica em verbetes como qualquer outra”, para que possam se referir a tudo que compõe o mundo em que vivem. Esse é um universo cultural brasileiro pouco conhecido e diverso.

Makaulaka atua hoje como professor concursado pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e recebe salário para isso. “Meu desafio é manter a vitalidade da língua Mehináku, que é boa, o que significa que é falada pela maioria da nossa comunidade. O que me preocupa é futuro dessa língua. Será um trabalho suado para fazermos uma política linguística, para que exista como é hoje”.
O povo Mehinako também fala português, mas, conforme Makaulaka, com dificuldade. Ou fala “gradativamente” ou “quase acelerado”.  Também chegaram ao mestrado os indígenas Aisanain Paltu e Wary, ambos da etnia Kamayurá, que também habita o Parque Nacional do Xingu. Eles já estão partindo para o doutorado.

Na universidade, Makaulaka, que eventualmente pinta o corpo, tinha medo de sofrer discriminação. Mas nunca presenciou alguém o atacando por ser indígena. “Essa é uma discussão que rola fora”, diz ele, se referindo a “rodas” onde os “diferentes” não frequentam.
Para Makaulaka, se especializar significa “ser protagonista da própria história, conquistar o reconhecimento como intelectuais assim como qualquer cientista, trabalhar com qualidade, reivindicar respeito que qualquer ser humano merece e ter capacidade de correr atrás daquilo que queremos de melhor para nossa vida individualmente e coletivamente”.

Fonte: Terra

Educar e Evangelizar: as diferenças entre Ensino Religioso e Catequese


Cód. 19AR03

Educar e evangelizar: as diferenças entre Ensino Religioso e Catequese Por Antonio Boeing, Gerente de Pastoral da Rede Salesiana de Escolas (RSE) O Ensino Religioso é reconhecido na legislação brasileira como uma disciplina da área do conhecimento e que tem como objeto o fenômeno religioso. No entanto, nas instituições católicas de ensino, muitas vezes há pouca compreensão sobre as diferenças entre essa disciplina e a Catequese.
A Igreja Católica, tanto em âmbito mundial como nacional, tem tratado dessa questão em diversos documentos e é com base neles que pretendemos fomentar uma reflexão que auxilie o trabalho de professores e coordenadores das escolas católicas.

A Educação é um tema central para a Igreja Católica, que tratou dessa questão em diversos documentos resultantes do Concílio Vaticano II e das conferências episcopais latino-americanas de Medellín (1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007). Em todos os documentos, a preocupação da Igreja é com a formação integral do ser humano e com o respeito à liberdade religiosa. Nesses documentos a escola católica aparece como responsável por ajudar a desenvolver a educação da fé. Entretanto, quando se faz referência ao Ensino Religioso, este é tratado como ensino da religião, pastoral educacional, educação pastoral, educação religiosa escolar etc. Essa diversidade de termos permitiu que, ao longo da história, houvesse uma interpretação dúbia quanto à natureza, ao conteúdo, aos objetivos e à identidade do Ensino Religioso que é ministrado na escola.

Em nosso País, também a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) sempre tratou a Educação como uma questão fundamental para a Igreja Católica. Desde sua instalação até os dias atuais, tem dedicado tempo e espaço para a Educação em geral – e para a Educação católica mais especificamente – em seus debates e documentos, e manifesta uma preocupação constante com o Ensino Religioso, exercendo sobre ele uma grande influência.

No caso dos documentos emitidos pela CNBB, fica mais claro o posicionamento da Igreja Católica de diferenciação entre o Ensino Religioso e a Catequese. O Ensino Religioso é considerado como parte integrante de uma área do conhecimento, e deve ser ministrado com respeito à diversidade cultural e religiosa do povo brasileiro e de acordo com a legislação nacional. Essa concepção vem se fortalecendo ao longo dos anos e está expressa em diversos documentos, entre os quais pode ser dado como exemplo o Documento da CNBB 47, “Educação, Igreja e sociedade”, no qual a Conferência preocupou-se com a identidade do Ensino Religioso, seus objetivos, métodos e relações com as demais disciplinas. Nesse texto, afirma-se que “O Ensino Religioso escolar visa a educação plena do aluno, a formação de valores fundamentais através da busca do transcendente e da descoberta do sentido mais profundo da existência humana, levando em conta a visão religiosa do educando. O Ensino Religioso deve encaminhar os alunos para a respectiva comunidade de fé, onde nas Igrejas cristãs se dá a evangelização, através da Catequese, da celebração, da prática e da vivência religiosa”.

Nossa compreensão, com base nessa reflexão histórica, é de que a relação entre o Ensino Religioso na escola e a Catequese é uma relação de distinção e de complementaridade. O Ensino Religioso penetra no âmbito da cultura e nas relações com outras formas do saber; ele faz parte do saber veiculado na educação pelas diferentes disciplinas curriculares e colabora para a aquisição das diferentes formas de conhecimento do universo cultural que o aluno é capaz de interiorizar e aprender.

O Ensino Religioso escolar é uma disciplina com as mesmas exigências das outras, e deve ser ministrado com o mesmo rigor. Não se situa como um acessório na escola, e sim, necessita fazer o diálogo interdisciplinar no mesmo patamar das demais disciplinas curriculares que buscam a formação da personalidade do aluno. Assim, este ensino, mediante o diálogo interdisciplinar, desenvolve e completa a ação educadora da escola.

Enquanto a Catequese é o campo específico para tratar o conteúdo da doutrina cristã, o Ensino Religioso necessita de uma linguagem pedagógica e seu conteúdo precisa respeitar a diversidade cultural religiosa do educando. Quando a Catequese e o Ensino Religioso trabalham o mesmo conteúdo, com a mesma metodologia e linguagem, corre-se o risco de criar no aluno certa antipatia por determinados conteúdos e até mesmo certo afastamento de futuros aprofundamentos na própria doutrina cristã.

O professor não precisa, e não deve, esconder sua opção religiosa, assim como a escola católica enquanto instituição não pode em momento algum esquecer que é uma escola confessional. O que ressaltamos é que o Ensino Religioso escolar pode levar o aluno a compreender que os grandes problemas existenciais são comuns a todas as religiões e diferentes culturas. E pode ajudá- lo na busca de aprofundamento e conhecimento da mensagem cristã, em sua comunidade eclesial. Mas, para isso, é importante que o professor de Ensino Religioso tenha um profundo conhecimento da matéria e adote uma postura inclusiva e dialogante. Assim, a educação cristã na família, a Catequese na comunidade eclesial ou no contra-turno escolar e o Ensino Religioso na escola, cada qual com suas próprias características, estão correlacionados com a formação integral das crianças, dos adolescentes e dos jovens.

Sugestões de Olho: -Olho 1: “O Ensino Religioso escolar é uma disciplina com as mesmas exigências das outras, e deve ser ministrado com o mesmo rigor.”

- Olho 2: “Em todos os documentos, a preocupação da Igreja é com a formação integral do ser humano e com o respeito à liberdade religiosa.”

A REFORMA DO ENSINO MÉDIO



Danilo Gandin*
O Quarto Congresso Internacional de Inovação, realizado na FIERGS (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul) nos dias 16 e 17 de novembro, começou com um painel chamado “Educação: Novos Fluxos de Conhecimento”. Durante toda a manhã falaram seis excelentes painelistas: dois pesquisadores da educação, uma da Alemanha e outro dos Estados Unidos, o criador da Escola da Ponte, de Portugal, o presidente do Instituto Alfa e Beto, o Diretor Regional da ABIMAQ e a representante da Secretaria de Educação do RS.

Todos convergiram em duas direções fundamentais: a primeira sobre a necessidade de mudanças profundas nas escolas, para acompanhar as exigências feitas pelas realidades atuais; a segunda sobre as principais características dessas mudanças.

Nesta segunda linha de reflexão, há uma concordância entre o que eles disseram e aquilo a que chegam os estudos mundiais e brasileiros desde a década de 70. Tomo como paradigma, porque representam muitas outras propostas, as conclusões da conferência mundial sobre ensino superior da UNESCO, especialmente dirigidas ao século 21 e publicadas em “As Demandas do Mundo do Trabalho”, de Ulrich Teichler, Centro para a Pesquisa sobre Ensino Superior da Universidade de Kassel, Alemanha.

Embora essas conclusões refiram-se ao ensino superior, elas concordam com tudo que os teóricos pensam para o ensino médio. Lembro-me de uma reunião entre empresários gaúchos e o então Departamento de Educação Média da SEC/RS, nos primeiros anos da década de 70, em que os empresários disseram aos educadores: “Ensinem Filosofia, o resto da profissionalização nós fazemos”.

São como dez mandamentos que reproduzo a seguir. Seja flexível, isto é, não se especialize demais. Invista na criatividade, não só no conhecimento. Aprenda a lidar com incertezas (o mundo está assim). Prepare-se para estudar durante toda a vida. Tenha habilidades sociais e capacidade de expressão. Saiba trabalhar em grupo, bons empregos exigem isto. Esteja pronto para assumir responsabilidades. Busque ser empreendedor, talvez você crie seu emprego. Entenda as diferenças culturais (o trabalho globalizou). Adquira intimidade com novas tecnologias, como a internet.

O ensino médio nunca teve uma identidade própria; sempre representou um hiato entre o ensino fundamental e o ensino superior, suportando os “conhecimentos” formalizados do vestibular. Julgo serem estes dez mandamentos um referencial suficiente para um dar-lhe uma direção. Uma proposta deste tipo será, também, uma vacina contra a ideia de profissionalização universal no ensino médio; sabemos que isto aprofundaria a diferença entre escolas para ricos e escolas para pobres. Uma proposta assim, também evitará o erro da década de 70; vivemos uma situação parecida, com um crescimento econômico importante, com a consequente falta de mão de obra especializada. Não é hora de fazer do ensino médio o lugar da profissionalização, mas de ter escolas técnicas, não muitas, mas de qualidade, de dar a todos um ensino transdisciplinar (não interdisciplinar), de retomar a vocação dos cursos mais rápidos do Senac, Senai, Senar... e de abrir facilidades para que empresas ofereçam cursos de preparação de profissionais, com rapidez e com destino já determinado.

*Professor, escritor e conferencista.

A importância das relações para a adaptação e aprendizagem dos alunos


Por Rúbia Beatriz Pienis, professora do Colégio La Salle São João - Porto Alegre / RS Estar com os alunos todos os dias, organizar materiais, explicar os conteúdos, avaliar, reavaliar, aprender a conviver com a classe, ensinar-lhes a ter consciência de seus deveres, formas de convívio social, valores e normas, fazem parte de uma grande relação diária.

No decorrer de todo processo de desenvolvimento, a afetividade é como uma “energia” que impulsiona as ações, ficando claro, no caso da escola, a importância da relação entre professor e aluno, de modo que ambos convivam em um ambiente de harmonia e que a aprendizagem possa fluir com mais facilidade, proporcionando maior rendimento e interação entre ambos. Nesta perspectiva, os educadores, hoje, precisam focar no desenvolvimento integral do educando, ressaltando neste processo, o lado afetivo/cognitivo, juntamente com o conhecimento do próprio “eu”, a fim de tornar a aprendizagem prazerosa e significativa.

Frison (2002) salienta que: “Todo ser humano traz consigo reações e emoções que se manifestam, diferentemente, em cada situação. Num processo de aprendizagem pode-se sentir afeto um pelo outro e demonstrá-lo. É uma maneira de se apostar nele, isso pode servir como catalisador para o desempenho positivo da boa aprendizagem” (p.254).

Existem várias formas de se demonstrar gratidão pelo carinho recebido das pessoas e, na escola, o aprender pode ser uma delas. Saber escutar o outro é uma demonstração de afeto de extrema importância nas relações interpessoais, pois o outro percebe que existe um envolvimento positivo nas ações, proporcionando um ambiente amoroso e tolerante com a aprendizagem. Almeida (2000, p.78), afirma que o homem, como uma pessoa completa, considerada em suas relações com o meio e em seus diferentes domínios, afetivo, cognitivo e motor, pode entender melhor a importância da afetividade englobando emoções, sentimentos e paixões em sua relação com a cognição. E reafirmar a importância do outro na formação do Eu.

Diante disso, o educador tem um papel muito importante e deve estar sempre preparado para as relações interpessoais em que contradições e conflitos fazem parte do contexto do aluno e o diálogo é a base que possibilita a exteriorização de sentimentos, valores, linguagem e pensamento. A escola é um ótimo local para se desenvolver a sensibilidade e diferentes tipos de contato. Na amizade grupal aprende-se a ter cooperação e responsabilidade. É a partir da convivência em grupo que o indivíduo vai procurar se identificar com alguém. A escola, portanto, deve voltar-se para a qualidade das suas relações, valorizando o desenvolvimento afetivo, social e não apenas cognitivo, como elementos fundamentais no desenvolvimento da criança como um todo.

Tem se pensado muito e investigado sobre a relação entre o professor e o aluno nos últimos tempos. Cunha (1989) em seu estudo sobre "o bom professor" investiga o dia-a-dia do professor como indivíduo e como educador; analisa, também, sua prática e metodologia e, a partir de uma caracterização desse profissional, propõe novas direções para a formação dos professores. Ainda segundo sua análise, a relação professor e aluno passa pela forma como o professor trabalha seus conteúdos, como ele se relaciona com sua área de conhecimento, por sua satisfação em ensinar e por sua metodologia. (p.70-71) HILLAL (1995) cita que: "o primeiro professor de uma criança tem grande importância na atitude futura desse educando, não só durante a sua fase de aprendizagem, mas na sua relação com os sucessivos professores." (p. 19) A importância da relação mestre e aprendiz para o sucesso do aluno em sua vida estudantil é fundamental, de forma que a predileção do estudante por algumas disciplinas, muitas vezes passa pelo gostar ou não de um determinado professor. A interação entre ambos é ainda importante para a adaptação do aluno ao processo escolar.

Contudo, é de fundamental importância que o professor esteja consciente de sua responsabilidade, tomando decisões de acordo com os valores morais e as relações sociais de sua época, considerando ainda as condições de vida familiar e social de seus alunos.

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, Laurinda Ramalho de. A dimensão Relacional no Processo de Formação docente: Uma Abordagem Possível. In: O coordenador pedagógico e a formação docente. São Paulo: LOYOLA, 2000. BORGES, Pedro F. O professor da década de 90. Artigo apresentado no simpósio de qualidade total na Universidade Mackenzie, 1995. CUNHA, Maria Isabel. O bom Professor e sua Prática. Campinas, Papirus: 1989.

D'OLIVEIRA, M. H. Analisando a Relação Professor-Aluno: do Planejamento à sala de Aula. São Paulo: CLR Balieiro, 1987. FRISON, Lourdes, M. B. O orientador educacional como mediador do processo pedagógico e das relações interpessoais. In: Educação e Contemporaneidade. Canoas: ULBRA, 2002.

HILAL, Josephina. Relação Professor-Aluno: Formação do homem consciente. São Paulo, Ed. Paulinas, 2ª edição, 1995. VYGOSTSKY, Lev S. - A Formação Social da Mente - Martins Fontes- São Paulo. 5ª edição, 1994.