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Educar e evangelizar: as diferenças entre Ensino Religioso e Catequese Por Antonio Boeing, Gerente de Pastoral da Rede Salesiana de Escolas (RSE) O Ensino Religioso é reconhecido na legislação brasileira como uma disciplina da área do conhecimento e que tem como objeto o fenômeno religioso. No entanto, nas instituições católicas de ensino, muitas vezes há pouca compreensão sobre as diferenças entre essa disciplina e a Catequese.
A Igreja Católica, tanto em âmbito mundial como nacional, tem tratado dessa questão em diversos documentos e é com base neles que pretendemos fomentar uma reflexão que auxilie o trabalho de professores e coordenadores das escolas católicas.
A Educação é um tema central para a Igreja Católica, que tratou dessa questão em diversos documentos resultantes do Concílio Vaticano II e das conferências episcopais latino-americanas de Medellín (1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007). Em todos os documentos, a preocupação da Igreja é com a formação integral do ser humano e com o respeito à liberdade religiosa. Nesses documentos a escola católica aparece como responsável por ajudar a desenvolver a educação da fé. Entretanto, quando se faz referência ao Ensino Religioso, este é tratado como ensino da religião, pastoral educacional, educação pastoral, educação religiosa escolar etc. Essa diversidade de termos permitiu que, ao longo da história, houvesse uma interpretação dúbia quanto à natureza, ao conteúdo, aos objetivos e à identidade do Ensino Religioso que é ministrado na escola.
Em nosso País, também a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) sempre tratou a Educação como uma questão fundamental para a Igreja Católica. Desde sua instalação até os dias atuais, tem dedicado tempo e espaço para a Educação em geral – e para a Educação católica mais especificamente – em seus debates e documentos, e manifesta uma preocupação constante com o Ensino Religioso, exercendo sobre ele uma grande influência.
No caso dos documentos emitidos pela CNBB, fica mais claro o posicionamento da Igreja Católica de diferenciação entre o Ensino Religioso e a Catequese. O Ensino Religioso é considerado como parte integrante de uma área do conhecimento, e deve ser ministrado com respeito à diversidade cultural e religiosa do povo brasileiro e de acordo com a legislação nacional. Essa concepção vem se fortalecendo ao longo dos anos e está expressa em diversos documentos, entre os quais pode ser dado como exemplo o Documento da CNBB 47, “Educação, Igreja e sociedade”, no qual a Conferência preocupou-se com a identidade do Ensino Religioso, seus objetivos, métodos e relações com as demais disciplinas. Nesse texto, afirma-se que “O Ensino Religioso escolar visa a educação plena do aluno, a formação de valores fundamentais através da busca do transcendente e da descoberta do sentido mais profundo da existência humana, levando em conta a visão religiosa do educando. O Ensino Religioso deve encaminhar os alunos para a respectiva comunidade de fé, onde nas Igrejas cristãs se dá a evangelização, através da Catequese, da celebração, da prática e da vivência religiosa”.
Nossa compreensão, com base nessa reflexão histórica, é de que a relação entre o Ensino Religioso na escola e a Catequese é uma relação de distinção e de complementaridade. O Ensino Religioso penetra no âmbito da cultura e nas relações com outras formas do saber; ele faz parte do saber veiculado na educação pelas diferentes disciplinas curriculares e colabora para a aquisição das diferentes formas de conhecimento do universo cultural que o aluno é capaz de interiorizar e aprender.
O Ensino Religioso escolar é uma disciplina com as mesmas exigências das outras, e deve ser ministrado com o mesmo rigor. Não se situa como um acessório na escola, e sim, necessita fazer o diálogo interdisciplinar no mesmo patamar das demais disciplinas curriculares que buscam a formação da personalidade do aluno. Assim, este ensino, mediante o diálogo interdisciplinar, desenvolve e completa a ação educadora da escola.
Enquanto a Catequese é o campo específico para tratar o conteúdo da doutrina cristã, o Ensino Religioso necessita de uma linguagem pedagógica e seu conteúdo precisa respeitar a diversidade cultural religiosa do educando. Quando a Catequese e o Ensino Religioso trabalham o mesmo conteúdo, com a mesma metodologia e linguagem, corre-se o risco de criar no aluno certa antipatia por determinados conteúdos e até mesmo certo afastamento de futuros aprofundamentos na própria doutrina cristã.
O professor não precisa, e não deve, esconder sua opção religiosa, assim como a escola católica enquanto instituição não pode em momento algum esquecer que é uma escola confessional. O que ressaltamos é que o Ensino Religioso escolar pode levar o aluno a compreender que os grandes problemas existenciais são comuns a todas as religiões e diferentes culturas. E pode ajudá- lo na busca de aprofundamento e conhecimento da mensagem cristã, em sua comunidade eclesial. Mas, para isso, é importante que o professor de Ensino Religioso tenha um profundo conhecimento da matéria e adote uma postura inclusiva e dialogante. Assim, a educação cristã na família, a Catequese na comunidade eclesial ou no contra-turno escolar e o Ensino Religioso na escola, cada qual com suas próprias características, estão correlacionados com a formação integral das crianças, dos adolescentes e dos jovens.
Sugestões de Olho: -Olho 1: “O Ensino Religioso escolar é uma disciplina com as mesmas exigências das outras, e deve ser ministrado com o mesmo rigor.”
- Olho 2: “Em todos os documentos, a preocupação da Igreja é com a formação integral do ser humano e com o respeito à liberdade religiosa.”
Educar e evangelizar: as diferenças entre Ensino Religioso e Catequese Por Antonio Boeing, Gerente de Pastoral da Rede Salesiana de Escolas (RSE) O Ensino Religioso é reconhecido na legislação brasileira como uma disciplina da área do conhecimento e que tem como objeto o fenômeno religioso. No entanto, nas instituições católicas de ensino, muitas vezes há pouca compreensão sobre as diferenças entre essa disciplina e a Catequese.
A Igreja Católica, tanto em âmbito mundial como nacional, tem tratado dessa questão em diversos documentos e é com base neles que pretendemos fomentar uma reflexão que auxilie o trabalho de professores e coordenadores das escolas católicas.
A Educação é um tema central para a Igreja Católica, que tratou dessa questão em diversos documentos resultantes do Concílio Vaticano II e das conferências episcopais latino-americanas de Medellín (1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007). Em todos os documentos, a preocupação da Igreja é com a formação integral do ser humano e com o respeito à liberdade religiosa. Nesses documentos a escola católica aparece como responsável por ajudar a desenvolver a educação da fé. Entretanto, quando se faz referência ao Ensino Religioso, este é tratado como ensino da religião, pastoral educacional, educação pastoral, educação religiosa escolar etc. Essa diversidade de termos permitiu que, ao longo da história, houvesse uma interpretação dúbia quanto à natureza, ao conteúdo, aos objetivos e à identidade do Ensino Religioso que é ministrado na escola.
Em nosso País, também a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) sempre tratou a Educação como uma questão fundamental para a Igreja Católica. Desde sua instalação até os dias atuais, tem dedicado tempo e espaço para a Educação em geral – e para a Educação católica mais especificamente – em seus debates e documentos, e manifesta uma preocupação constante com o Ensino Religioso, exercendo sobre ele uma grande influência.
No caso dos documentos emitidos pela CNBB, fica mais claro o posicionamento da Igreja Católica de diferenciação entre o Ensino Religioso e a Catequese. O Ensino Religioso é considerado como parte integrante de uma área do conhecimento, e deve ser ministrado com respeito à diversidade cultural e religiosa do povo brasileiro e de acordo com a legislação nacional. Essa concepção vem se fortalecendo ao longo dos anos e está expressa em diversos documentos, entre os quais pode ser dado como exemplo o Documento da CNBB 47, “Educação, Igreja e sociedade”, no qual a Conferência preocupou-se com a identidade do Ensino Religioso, seus objetivos, métodos e relações com as demais disciplinas. Nesse texto, afirma-se que “O Ensino Religioso escolar visa a educação plena do aluno, a formação de valores fundamentais através da busca do transcendente e da descoberta do sentido mais profundo da existência humana, levando em conta a visão religiosa do educando. O Ensino Religioso deve encaminhar os alunos para a respectiva comunidade de fé, onde nas Igrejas cristãs se dá a evangelização, através da Catequese, da celebração, da prática e da vivência religiosa”.
Nossa compreensão, com base nessa reflexão histórica, é de que a relação entre o Ensino Religioso na escola e a Catequese é uma relação de distinção e de complementaridade. O Ensino Religioso penetra no âmbito da cultura e nas relações com outras formas do saber; ele faz parte do saber veiculado na educação pelas diferentes disciplinas curriculares e colabora para a aquisição das diferentes formas de conhecimento do universo cultural que o aluno é capaz de interiorizar e aprender.
O Ensino Religioso escolar é uma disciplina com as mesmas exigências das outras, e deve ser ministrado com o mesmo rigor. Não se situa como um acessório na escola, e sim, necessita fazer o diálogo interdisciplinar no mesmo patamar das demais disciplinas curriculares que buscam a formação da personalidade do aluno. Assim, este ensino, mediante o diálogo interdisciplinar, desenvolve e completa a ação educadora da escola.
Enquanto a Catequese é o campo específico para tratar o conteúdo da doutrina cristã, o Ensino Religioso necessita de uma linguagem pedagógica e seu conteúdo precisa respeitar a diversidade cultural religiosa do educando. Quando a Catequese e o Ensino Religioso trabalham o mesmo conteúdo, com a mesma metodologia e linguagem, corre-se o risco de criar no aluno certa antipatia por determinados conteúdos e até mesmo certo afastamento de futuros aprofundamentos na própria doutrina cristã.
O professor não precisa, e não deve, esconder sua opção religiosa, assim como a escola católica enquanto instituição não pode em momento algum esquecer que é uma escola confessional. O que ressaltamos é que o Ensino Religioso escolar pode levar o aluno a compreender que os grandes problemas existenciais são comuns a todas as religiões e diferentes culturas. E pode ajudá- lo na busca de aprofundamento e conhecimento da mensagem cristã, em sua comunidade eclesial. Mas, para isso, é importante que o professor de Ensino Religioso tenha um profundo conhecimento da matéria e adote uma postura inclusiva e dialogante. Assim, a educação cristã na família, a Catequese na comunidade eclesial ou no contra-turno escolar e o Ensino Religioso na escola, cada qual com suas próprias características, estão correlacionados com a formação integral das crianças, dos adolescentes e dos jovens.
Sugestões de Olho: -Olho 1: “O Ensino Religioso escolar é uma disciplina com as mesmas exigências das outras, e deve ser ministrado com o mesmo rigor.”
- Olho 2: “Em todos os documentos, a preocupação da Igreja é com a formação integral do ser humano e com o respeito à liberdade religiosa.”
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