Iza Aparecida Saliés
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Quando via a convocação da seleção brasileira fiquei pasma, as estrelas não estavam na lista de convocados (os jogadores famosos) então, pensei o que houve? Analisando a tão comentada convocação do Dunga, tive o atrevimento de querer comentar sobre o assunto, mas, como sou apenas uma torcedora, sem muito traquejo para falar sobre futebol, ainda assim, quero arriscar e fazer alguns comentários neste artigo.
Quando Dunga divulgou o nome dos jogadores ouvi comentários de pessoas entendidas que a seleção convocada não inspirava segurança, sendo que o treinador optou por convocar jogadores que já tinham participado em jogos amistosos da seleção e não convocou as estrelas do futebol brasileiro e até internacional.
Por não dominar o futebol, fiquei apenas ouvindo, mas ao mesmo tempo pensando sobre as estratégias que o Dunga utilizou para convocar os jogadores. Percebi que as estrelas da copa passada, ou seja, Ronaldinho, Ronaldo, Roberto Carlos, Adriano e outros, deram pouco resultado, não fizeram parte do conjunto, preocupavam com a aparência pessoal, pouco desempenho no campo, chegaram arrebentados para jogar pelo Brasil, sendo que, eles sabiam jogar, tinham técnica, mas prescindia de harmonia e sincronia no conjunto do time.
Esse é o meu olhar de torcedora, que vibra, grita, chora, fica alegre, chama Deus, faz prece, torce os dedinhos. Então, entendi que Dunga agiu pensando no conjunto, pensando nos jogadores que transpiravam desejo de ser convocado, precisavam ser valorizados, reconhecidos, almejava uma oportunidade, tudo isso, para poder mostrar ao brasileiro o que eles podem fazer pela pátria, mesmo não sendo estrela reconhecida.
Saiu do baú da formação que Dunga tanto escolar como familiar, a sua séria, tão desejada e comentada convocação da seleção brasileira. Tudo isso, somado à experiência que teve como jogador apoiou seus argumentos no conceito de conjunto, de sentido de grupo, da vontade de vencer, de ter esperança, acreditar que é possível, da garra, juntou tudo, e trabalhou psicologicamente a habilidade de cada jogador e mostrou que o conjunto pode construir uma equipe competente.
Além da habilidade dos jogadores e a competências do conjunto, outro quesito importante que precisa ser destacado, foi à capacidade que Dunga teve de resgatar os valores éticos, profissionais e pessoais dos jogadores, enquanto grupo, essa é uma necessidade básica da atualidade, pois, concorrer com diversidade de estilos, jeito, técnicas de jogar futebol, que a pesar das regras, precisa necessariamente passar pela emoção, razão e conhecimento deles que estão lá para defender nossa pátria.
Falando em habilidades e competências, conceitos exigidos no mundo do trabalho e também enquanto pedagógico, pois, estamos constantemente sendo cobrados pela sociedade por eficiência e eficácia dos comportamentos, desempenhos, atos e atitudes que realizamos.
Fazendo um adendo aos conceitos citados no parágrafo anterior, discutindo esses conceitos voltados para o aspecto pedagógico, entendo que só pode considerar que houve aprendizagem quando o conhecimento é mobilizado para resolver problemas e seus referenciais teóricos são suficientes para amparar o conjunto de saberes que quando utilizados, precisam ser capazes de solucionar situações complexas.
O Gestor de Futebol, Dunga, sem alarde, agiu com rigor, competência, foi estratégico, seguro em suas concepções teóricas, forte o suficiente para calar os brasileiros que por ventura ameaçassem sua convocação, soube lidar com situações problemas, com as vaidades, os egos, como também, com os desafios do cargo, estes, foram pouco a pouco sendo transpostos por sucessivas vitórias em campo, mesmo sendo jogos amistosos.
A copa do mundo é um grande desafio para todos, técnicos, jogadores, torcedores, organizadores e para a nação que participa também, nesse momento precisamos apresentar o melhor que temos e que podemos conseguir realizar, ou seja, precisamos de jogadores bons que tenham competência e que estejam preparados para o inesperado e dar resultado.
Vale ressaltar que o momento é propício para refletirmos sobre gestão de pessoas e gestão do conhecimento, pois Dunga está mostrando o que é necessário para fazer parte da seleção brasileira, que seja composta por um conjunto de jogadores sem rótulo, do que convocar estrelas que não sabem jogar em conjunto.
O exemplo do Técnico da Seleção Brasileira de usar da razão, da emoção e do conhecimento que possui, faz dele, um profissional seguro para conduzir com certeza de que o que está fazendo é o correto para a seleção.
Confesso que aprendi uma lição, com o ocorrido com a seleção, à estratégia de Dunga passa a ser um referencial prático de como comportar, agir, e ser capaz de desempenhar bem seu trabalho, seja ele jogando ou em outra atividade laboral, ser estrela solitária não resolve problemas, o que resolve é o conjunto é a sincronia perfeita que o gestor preparou, precisamos saber aprender, ser, ter e fazer.
Acima de qualquer crítica e ou comentários o Dunga convocou jogadores que durante os trabalhos com a seleção, destacou, teve garra, lutou, teve bom comportamento, respeitou hierarquia, ou melhor, que reza na sua cartilha, que tem compromisso com o Brasil.
A exigência do mundo atual requer pessoas que saibam lidar com situações complexas, improviso, inusitado, esta é uma cobrança também no futebol, na escola, no trabalho, nas relações sociais, pessoais, em tudo precisamos saber ser, mesmo em situações de limite.
Agora mais do que nunca ficou comprovado que não precisa a pessoa ser estrela, precisa sim, saber trabalhar em grupo, só o conhecimento não basta, precisamos saber ser no conjunto, no grupo, para que possamos vencer os obstáculos da vida com sabedoria.