segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Desempenho do Brasil piora em leitura e 'empaca' em ciências



Parte do mau desempenho do país pode ser explicado pela expansão de alunos de 15 anos na rede em séries defasadas

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Em 2012, o desempenho dos estudantes em leitura brasileiros piorou em relação a 2009. De acordo com dados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), o país somou 410 pontos em leitura, dois a menos do que a sua pontuação na última avaliação e 86 pontos abaixo da média dos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Com isso, o país ficou com a 55ª posição do ranking de leitura, abaixo de países como Chile, Uruguai, Romênia e Tailândia. Segundo o relatório da OCDE, parte do mau desempenho do país pode ser explicado pela expansão de alunos de 15 anos na rede em séries defasadas.

Quase metade (49,2%) dos alunos brasileiros não alcança o nível 2 de desempenho na avaliação que tem o nível 6 como teto. Isso significa que eles não são capazes de deduzir informações do texto, de estabelecer relações entre diferentes partes do texto e não conseguem compreender nuances da linguagem.

Em ciências, o Brasil obteve o 59° lugar do ranking com 65 países. Apesar de ter mantido a pontuação (405), o país perdeu seis postos desde o 53° lugar em 2009. Nessa disciplina, a média dos países de OCDE foi de 501 pontos.

No exame de ciências, 55,3% dos alunos brasileiros alcança apenas o nível 1 de conhecimento, ou seja, são capazes de aplicar o que sabem apenas a poucas situações de seu cotidiano e dar explicações científicas que são explícitas em relação às evidências.

Ligeira melhora em matemática

Matemática foi a única disciplina em que os brasileiros apresentaram avanço no desempenho, ainda que pequeno. O Brasil saiu de 386 pontos, em 2009, e foi a 391 pontos --a média da OCDE é de 494 pontos. A melhora não foi suficiente para que o país avançasse no ranking e o Brasil caiu para a 58ª posição em matemática.

Apesar da melhora, 2 em cada 3 alunos brasileiros de 15 anos não conseguem interpretar situações que exigem apenas deduções diretas da informação dada, não são capazes de entender percentuais, frações ou gráficos.

Inclusão de alunos

Segundo o relatório da OCDE, o progresso do Brasil em incluir alunos na rede de ensino altera negativamente os resultados do desempenho dos estudantes.

Em 2003, 65% dos jovens de 15 anos estavam na escola. Em 2012, a taxa passou para 78%. Parte desses novos estudantes são de comunidades rurais ou de grupos sociais vulneráveis, o que muda consideravelmente o grupo de alunos que fizeram o exame em 2003 e em 2012, aponta o relatório.
Além disso, o país ainda sofre com um grave problema de defasagem idade-série, isto é, muitos estudantes de 15 anos --que fazem o exame-- não estão na série escolar adequada à sua idade, o que compromete seu desempenho em relação ao de jovens da mesma idade em outros países.

O que é o Pisa

O Pisa busca medir o conhecimento e a habilidade em leitura, matemática e ciências de estudantes com 15 anos de idade tanto de países membro da OCDE como de países parceiros.

Figuram entre os países membros da OCDE Alemanha, Grécia, Chile, Coreia do Sul, México, Holanda e Polônia. Países como Argentina, Brasil, China, Peru, Qatar e Sérvia aparecem como parceiros e também fazem parte da avaliação.

A avaliação já foi aplicada nos anos de 2000, 2003, 2006 e 2009. Os dados divulgados hoje foram baseados em avaliações feitas em 2012.

Redação reprova quase 39% das escolas do país



Das instituições 'reprovadas', 3.919 são escolas estaduais, 377 são instituições privadas, 28 são escolas municipais e 11 são federais

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A nota da redação "reprova" 38,6% das escolas do país no ensino médio. Esse é o resultado de um levantamento feito pelo UOL com os dados do Enem por Escola 2012 (Exame Nacional do Ensino Médio) divulgados pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) na última semana.

Das 11.239 escolas que tiveram participação de ao menos 50% de seus estudantes, 4.435 instituições não alcançaram 500 pontos em redação --nota mínima, segundo o MEC, para o estudante que quer certificação de conclusão do ensino médio. O desempenho médio dos alunos do melhor colégio em redação no exame de 2012 foi de 810,53 pontos.

No levantamento foi usada a média das notas dos estudantes que fizeram o exame voluntário. "É um indicativo de que a maior parte dos alunos que fizeram a prova tiveram nota abaixo da mínima necessária", afirma Dalton Andrade, professor de informática e estatística da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
Como os microdados do exame ainda não foram divulgados pelo MEC, não é possível saber o número de alunos que teve nota inferior ao mínimo esperado para um concluinte do ensino médio.

Das instituições "reprovadas" na redação do Enem, 3.919 são escolas estaduais, 377 são instituições privadas, 28 são escolas municipais e 11 são federais.

Acre, Tocantins, Rondônia e Espírito Santo são os Estados com maior percentual de escolas que não conseguem a nota média de 500 na redação (confira quadro abaixo).

Reflexo parcial

A medida mostra apenas parte do problema da qualidade do ensino médio. Das 27.164 escolas com ensino médio no país, apenas 11.239 (41,37%) aparecem na lista divulgada pelo MEC, que só publica os resultados de instituições com mais de 50% e mais dez alunos examinados.

"O que se imagina é que a nota média superestima a qualidade do ensino geral. No fundo, quem está fazendo o Enem, de maneira geral, é o aluno que tem a expectativa de ingressar no ensino superior", explica Andrade.

No caso das escolas estaduais, o percentual de instituições com frequência de pelo menos 50% de seus alunos no exame é ainda menor: 31,88% delas estão nos dados do Inep.

"Você pode estar deixando de lado os dados dos alunos mais vulneráveis, mais importantes para considerar a qualidade", considera Ana Paula Corti, professora do IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo) e pesquisadora do tema. Para ela, nem os resultados do Enem têm servido para avaliar e melhorar o ensino médio e nem os resultados da Prova Brasil, mais adequada, estão sendo usados para políticas públicas.




A redação não é o único exame em que as escolas ficaram abaixo da média esperada. A média de 1.102 instituições em língua portuguesa não atingiu os 450 pontos exigidos para a certificação do ensino médio. O número cresce quando a prova é a de matemática: 1.479 instituições pontuaram abaixo dos 450 exigidos para a certificação. Mas é em ciências naturais que o problema aparece de maneira mais grave, 2.843 escolas não alcançam a nota mínima de um aluno concluinte do 3° ano do ensino médio.

Medidas necessárias

O desempenho dos alunos no Enem apenas confirma um problema percebido há anos: a baixa qualidade do ensino médio. Para piorar, no ano passado o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) apontou redução da qualidade do ensino em nove Estados: Acre, Maranhão, Espírito Santo, Pará, Alagoas, Paraná, Paraíba, Bahia e Rio Grande do Sul.

"Não adianta constatar [a deficiência], tem que ver que política pública vai ser feita com isso. Constatar, já constatamos", critica Ana Paula. "O Enem tem um apelo enorme e não estimula uma discussão séria sobre a qualidade do ensino médio."  

"Do ponto de vista de política pública, [o exame] tem servido principalmente para promover e valorizar as mensalidades das escolas privadas", aponta Ana Paula, que pesquisou o perfil do candidato do Enem entre 1999 e 2005.

O problema não está apenas na rede pública, mas também em escolas privadas. "Qualquer exame sério que seja feito vai perceber que nossos alunos não atingem os desempenhos esperados", diz Márcia Malavasi, professora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Para a professora, "faltam livros, salas, carteiras em estado decente. Falta boa formação dos professores, professores que tenham salários adequados". "Não temos tido investimento suficiente. Nós precisamos de coragem política para fazer investimentos sem fins eleitoreiros na educação", considera.

O UOL procurou o MEC para se posicionar a respeito dos resultados, mas não recebeu resposta até a publicação dessa reportagem.

Dilma fala em contratar 1.950 creches até fim de 2014



Segundo a presidente, outras 1.609 creches que foram contratadas na administração Lula estão sendo pagas e construídas agora

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A presidente Dilma Rousseff reforçou nesta segunda-feira, 25, a meta de contratar a construção de 6 mil creches durante o seu período de governo. "De 2011 para cá, nós já contratamos a construção de mais de 4,7 mil creches e quase 2 mil estão em obras ou já foram entregues. Além dessas creches, vamos contratar outras 1.950 creches até o final do ano que vem", disse, na edição de hoje do programa semanal de rádio "Café com a Presidenta".

Segundo Dilma, outras 1.609 creches que foram contratadas na administração Lula estão sendo pagas e construídas agora. Ela destacou ainda que o governo está conseguindo entregar as creches em quatro meses. "Antes, levava quase dois anos. Nós já temos aprovada, hoje, a construção de 1.877 creches por esse novo método, mais rápido, que foi licitado pelo Ministério da Educação, para ser usado por qualquer cidade do Brasil", afirmou.

A presidente explicou que a novidade adotada é um sistema de construção moderno. "Estruturas do prédio, vigas, paredes, telhado já vêm prontos de fábrica e só são montados no canteiro das obras", pontuou. Segundo ela, o governo começou a contratar em agosto a construção das creches com esse novo projeto e agora, em dezembro, será inaugurada a primeira delas, em Aparecida de Goiânia (GO). Segundo Dilma, por meio desse novo modelo a obra fica até 24% mais barata.

Todas essas creches, pelo método tradicional ou sob o novo sistema, são construídas em parceria com as prefeituras. "A prefeitura dá o terreno e faz a terraplenagem, e o governo paga toda a construção. O governo federal também repassa para a prefeitura o dinheiro para a compra de todos os móveis, carteiras, colchões, bercinhos, materiais pedagógicos, jogos e até equipamentos de cozinha. O governo federal também paga, por até um ano e meio, as despesas do dia a dia da creche, até que ela receba o dinheiro necessário que vem do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação)", ressaltou. Caso a creche receba crianças do Bolsa Família, o repasse federal à prefeitura é maior, destacou a presidente.

Dilma afirmou que as creches representam um instrumento importantíssimo para combater as desigualdades. "Toda criança, em especial as crianças das famílias mais pobres, têm o direito de frequentar uma creche. Lá, a criança vai receber os estímulos necessários para o seu desenvolvimento e esses estímulos vão fazer a diferença, a diferença no resto da vida dessas crianças", analisou. "O importante disso tudo não é a mãe, nem o pai. É a criança. É o desenvolvimento da criança que frequenta uma creche que nos importa aqui", destacou.

Investir no(a) professor(a)



Nem sempre que você aumenta o salário, a aprendizagem do estudante melhora. O professor também tem que estar bem preparado. É preciso fazer isso junto. Eu batalho sempre para salários mais dignos. Porque você não pode ter como referência para o professor o piso salarial que nós temos. Ele é um convite a não ser professor. E, por outro lado, se o formador é bem formado, nós podemos esperar que ele forme bem o estudante. É preciso cuidar muito da pedagogia, das licenciaturas, para que as pessoas saibam resolver os seus problemas.

Um fato me preocupa muito: o Ministério da Educação insiste que a alfabetização se dê em três anos. Na verdade, não existe criança que precise de três anos para se alfabetizar. É a escola que precisa de três anos porque não consegue alfabetizar. E ninguém de nós aceitaria que nosso filho demorasse três anos para se alfabetizar. As escolas privadas nunca perderam tempo com isso. O Movimento Internacional de Professores de Ciências pede que a alfabetização comece aos quatro anos de idade. Então nós estamos na contramão.

E quanto à formação dos professores, penso existe uma contradição endêmica. Porque a Pedagogia deveria ser o curso mais importante que a universidade tem hoje, porque é o curso que define o que aprender. Na verdade, todos os cursos teriam que se inspirar na Pedagogia para resolver essa questão: como é que se aprende bem? O que vemos é que o curso de Pedagogia geralmente é um dos piores, um dos mais fracos. 

Tem pouca Matemática, não tem Estatística, não tem cuidado científico, não tem cientificidade, não se pesquisa direito. E nesse sentido a gente não ajuda o professor. O professor chega na escola muito desassistido. É claro que não consegue alfabetizar uma criança num ano porque ele não tem apetrecho intelectual para isso.

Mas isso é possível resolver como outros países resolveram. Os Tigres Asiáticos todos começaram investindo no professor, eles cuidam do professor. Na Singapura, o professor é escolhido já no Ensino Médio, tem quatro anos de Pedagogia puxada e quando termina e é contratado, ele ganha um salário de engenheiro, porque ele é engenheiro. Ele é engenheiro dos engenheiros. A gente entra no Primeiro Mundo pela mão do professor. É a profissão das profissões.