quinta-feira, 21 de abril de 2011

PF indicia ex-reitor da Ulbra por falsidade ideológica e fraude

G1

O ex-reitor da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), o pastor Ruben Becker, foi indiciado por falsidade ideológica e fraude pela Polícia Federal do Rio Grande do Sul nesta segunda-feira (18) em inquérito que apura fraude em processo de execução fiscal da União.

A investigação diz que Becker é responsável pela falsificação de assinaturas de vendedores de terrenos da universidade oferecidos em execução fiscal por um valor mais de trinta vezes maior do que o da avaliação de mercado. Segundo a PF, a Ulbra já havia adquirido os terrenos de forma fraudulenta. O ex-reitor foi ouvido na segunda-feira na Superintendência da Polícia Federal no Rio Grande do Sul.

O advogado de Becker, Daniel Gerber, disse que o tipo de operação feito “jamais é realizado pelo reitor. É feito pelo segundo ou terceiro escalão”. “No processo, se é que vai existir, vamos demonstrar que ele não tinha a menor ingerência sobre a situação”, afirmou. De acordo com Gerber, o valor do processo de execução fiscal era de cerca de R$ 180 milhões.

Becker renunciou ao cargo de reitor da Ulbra em abril de 2009. A instituição de ensino e assistência de Canoas, no Rio Grande do Sul, é mantida pela Comunidade Evangélica Luterana São Paulo (Celsp). A universidade tem cem mil alunos no ensino superior, 40 mil deles em cursos a distância. Tem ainda outros oito mil alunos em escolas de ensino fundamental e médio. A universidade tem unidades em várias cidades gaúchas, além de Manaus, Palmas (TO), Itumbiara (GO), entre outras.

Desde o final de 2008, a universidade está em uma crise institucional e financeira por causa de uma dívida calculada em R$ 2 bilhões com a Fazenda Nacional. Em abril do ano passado, uma greve de funcionários de hospitais da universidades levou ao fechamento de unidades.

Em maio de 2009, a Polícia Federal do Rio Grande do Sul indiciou Ruben em investigação sobre desvio de recursos da Ulbra. O processo apura os crimes de estelionato, fraude, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. A verba desviada da universidade passaria de R$ 63 milhões.

Uma ação conjunta da Receita Federal e da PF, intitulada Operação Kollektor, desencadeou a investigação em dezembro de 2009. Foram cumpridos 23 mandados de busca e apreensão. Durante a operação, foram apreendidos malotes na casa do ex-reitor. O inquérito segue sob análise da Polícia Federal em segredo de Justiça.

“A falta de conclusão do inquérito demonstra a ausência de crimes que possam ser imputados ao reitor. Foi uma jogada política. Se ele estivesse errado, haveria um relatório, uma denúncia”, disse Gerber.

O reitor da Ulbra, Marcos Fernando Ziemer, disse que se houve fraude, os responsáveis devem ser responsabilizados. “É importante que uma resposta comece a aparecer”, afirmou. Segundo reitor, os terrenos citados no inquérito da PF ainda estão em nome da mantenedora da instituição.

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