Não podemos esperar que uma criança se comporte com educação na escola quando o mesmo não acontece em casa.
Ela vai se comportar como sabe, como está acostumada. Isso também é válido quando se trata dos hábitos posturais como sentar, caminhar, correr, dormir etc. Dessas posições, a que mais preocupa é a forma como os alunos costumam sentar. O mau hábito vem de casa, do modo como senta ao comer, assistir televisão etc. E a criança age assim por não saber que está prejudicando a sua coluna. Então, qual é o papel da escola nesse processo?
Cabe à escola direcionar suas ações para um trabalho que vise o bem-estar e a saúde de seus alunos.
Mobiliário Escolar
Qualquer pessoa com o olhar mais atento vai perceber que o mobiliário escolar é padronizado e que os alunos com idade e tamanho diferentes sentam nas mesmas cadeiras.
Como disse no texto “Postura na hora de estudar”, a cadeira deve atender a determinados requisitos para não prejudicar a saúde do aluno e também o seu aprendizado.
Cadeiras – para que os alunos menores fiquem mais confortáveis, pode-se colocar algum apoio para os pés, evitando que sentem na beirada da cadeira, devido ao comprimento das coxas ser menor do que do assento. Esse procedimento ajuda a manter a lombar no encosto da cadeira. Para os alunos altos, a única forma de fazer com que sentem mais à vontade seria colocar almofadas no assento para compensar o comprimento das pernas, evitando que fiquem com os joelhos muito elevados. Em casa isso é possível, por em prática na escola me parece mais difícil.
Mesas – resolvido o problema da cadeira, resta saber que a superfície horizontal das mesas faz com que o aluno tenha que se inclinar para frente no momento de ler e escrever. Essa atitude acaba por aumentar a pressão dos discos intervertebrais da região lombar, causando desconforto com o passar do tempo e alterando significativamente a postura do aluno ao longo dos anos. A região cervical (pescoço) também é afetada nessa atividade, resultando em dores no pescoço e nos ombros.
A mesa ideal deve ter uma superfície inclinada, evitando que as costas se afastem do encosto da cadeira e facilitando a leitura.
Observe a imagem abaixo, retirada do site Cidades do Brasil. O texto em questão, Mobiliário escolar, apresenta o conjunto de mesa e cadeira (supondo que cada aluno possua um notebook) como uma tendência que fará parte da escola e que vai solucionar os problemas ergonômicos da sala de aula.
Realmente, a cadeira e a mesa são ajustáveis e resolvem a maior parte da questão. O que não foi levado em consideração é o fato de que o notebook não tem o teclado separado, o que dificulta muito a adequação da postura do aluno ao mobiliário, pois quando se ajusta a altura do monitor não há como ajustar a altura e posição dos braços e vice-versa.
O ideal é que seja utilizado um teclado com entrada USB. Saiba mais no post: Como você está sentado enquanto espia meu blog?
Conscientização da comunidade escolar
O que fazer enquanto não é possível obter móveis reguláveis?
Uma boa saída seria manter os professores e disciplinas em salas determinadas, como acontece na faculdade. Assim, o aluno se desloca ao encontro do professor. Esse pequeno tempo em que vai para a outra sala faz com que a pressão nos discos intervertebrais diminua, tornando o seu turno menos penoso e atenuando a ação de vícios posturais ao sentar.
Acredito que a solução para melhorar a qualidade de vida dos alunos passa pela incorporação das mesas e cadeiras reguláveis. E, também, que a relação custo/benefício justifica o investimento.
Porém, enquanto esses móveis não fazem parte da realidade da maioria das salas de aula, a prevenção através da conscientização e orientação da comunidade escolar é um passo muito importante.
Neste ponto, o professor de educação física tem um papel fundamental: orientar, tanto os colegas quanto os alunos.
Professores – devem ser alertados sobre o que acontece com o corpo do aluno devido ao longo tempo na mesma posição e, se possível, devem colaborar com o professor de educação física, corrigindo a postura dos alunos em sala de aula e promovendo pequenas sessões de alongamento no início ou no fim das aulas. É mais um trabalho para o professor, mas esse procedimento funciona como na ginástica laboral, são 5 minutos que vão preparar o aluno para mais um ou dois períodos de aula e traz muitos benefícios.
Professor de Educação Física - Além de orientar os colegas, o professor de educação física tem a obrigação de esclarecer os alunos sobre a importância da educação postural e de hábitos posturais saudáveis. Deve, também, fazer a avaliação postural dos alunos no início e no fim do ano letivo. Desse modo, pode verificar se há alterações na coluna e na postura do aluno.
Ações preventivas como colocar cartazes informativos com fotos em sala de aula, corredores, biblioteca etc e promover palestras para alunos e pais são um excelente ponto de partida para a conscientização de todos.
Devemos ter em mente que a infância e a adolescência são fases de movimento. Portanto, para a criança permanecer sentada durante quatro períodos é uma situação que vai contra a sua natureza.
O ponto mais importante nesse processo é que todos na escola devem estar engajados no projeto e acreditar que podem fazer a diferença na vida dos seus alunos.
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Artigo - A escola e a educação postural
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