quarta-feira, 2 de abril de 2014

Respeito é bom e eu gosto!


Por Cândida Moraes
Profª Esp. em Língua Portuguesa

“Respeito é bom e eu gosto!” –  um ditado popular que impõe um tom agressivo ou defensivo? Não vem ao caso. Respeito sempre foi bom e todos gostam.  O que era antes um valor ensinado como parte da educação vinda de nossos pais, hoje é raridade nas atitudes das pessoas. Seja aqui, ali na esquina, no trânsito, no trabalho, nas escolas. Em espaços públicos presenciamos constantemente cenas onde as pessoas reagem de forma negativa a alguma atitude alheia. Não há postura de tolerância nem de entendimento em relação ao erro do outro. Bom seria se tivéssemos a compreensão de que somos responsáveis por um ambiente de respeito mútuo.

Mais que antes, precisamos da educação do respeito que começa e se molda essencialmente em casa. Pais que não proporcionam um ambiente de respeito não podem exigir de seus filhos posturas respeitosas. Agrava-se mais quando filhos, que não têm atitudes positivas para com os pais, não sabem sequer respeitar quem está lá fora. 

Quem deve ensinar aos filhos posturas respeitosas? A escola, a vizinhança, a sociedade? Os pais são responsáveis pela educação de seus filhos e pelos limites que impõem. Entenda-se aqui a ideia de limite como um processo de formação da personalidade dos filhos que envolvem, além dessa conduta, valores éticos que podem ser transmitidos e capazes de ajustar seus comportamentos à interação com o coletivo, obedecendo a regras básicas de convivência. Sem deixar de lado que agregada a esta realidade está o fato de que as relações fora de casa também influenciam nas atitudes.

É verdade que não há manual que traz orientações de como lidar com relações afetivas. Não há como ensinar atitudes de respeito através de teoria, mas há possibilidades de rever ações já que os filhos são o reflexo dos pais. Chega uma hora que não devem mais dar desculpas quando o assunto é a prole. Falta de tempo - tudo é sempre muito corrido - ocupação com o trabalho, lides domésticas corporificam e sustentam um discurso que tolhe cada vez mais aquela “pausa” para olhar os filhos com compreensão e atenção. Aspectos fundamentais para que se desenvolvam com autoestima e amor próprio elevados.

O hábito do respeito tem de ultrapassar a porta de casa sob a forma de continuidade em um segundo ambiente a ser lembrado, o escolar.  O professor tem muita importância em relação a essa continuidade como exercício que condiz com a disciplina e a liderança no ambiente de estudo.  Ainda nesse espaço, com a presença do educador atento, observador, que perfis podem ser identificados como reprodução do que veem, ouvem e assimilam cotidianamente. Alguns traduzem o quanto os pais não conseguem lidar com o diálogo e limites justamente porque não se dão conta que têm grande responsabilidade pelo comportamento dos filhos.

Outra questão é que não deve haver intolerância onde se promulga educação como regra de conduta. Educadores que excedem sua autoridade não podem esquecer que a interatividade dialógica entre aluno e professor passa sumariamente pelo respeito. Se este é uma via de mão dupla, não descarregue seus problemas particulares, suas neuroses nos alunos. Uma postura agressiva e desrespeitosa assim prejudica o equilíbrio da aprendizagem, diga-se de passagem, também o torna vulnerável a uma educação de troca: “Eu respeito, se você me respeitar!”.

Um exemplo vale mais que palavras e há ser positivo sob a forma de exercício constante. A conduta dos pais e de educadores deve ser coerente ao verbalizar o que se apregoa como correto àquilo que se faz. Não peça calma aos filhos, se você a solicita aos gritos. Quem respeita não negligencia regras. Quem exige respeito deve ter bem claro o conceito e o hábito dessa virtude. Afinal, o ato de respeitar não possui limites por excesso.


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