Por
Cândida Moraes
Profª
Esp. em Língua Portuguesa
“Respeito
é bom e eu gosto!” – um ditado popular
que impõe um tom agressivo ou defensivo? Não vem ao caso. Respeito sempre foi
bom e todos gostam. O que era antes um
valor ensinado como parte da educação vinda de nossos pais, hoje é raridade nas
atitudes das pessoas. Seja aqui, ali na esquina, no trânsito, no trabalho, nas
escolas. Em espaços públicos presenciamos constantemente cenas onde as pessoas
reagem de forma negativa a alguma atitude alheia. Não há postura de tolerância
nem de entendimento em relação ao erro do outro. Bom seria se tivéssemos a
compreensão de que somos responsáveis por um ambiente de respeito
mútuo.
Mais
que antes, precisamos da educação do respeito que começa e se molda
essencialmente em casa. Pais que não proporcionam um ambiente de respeito não
podem exigir de seus filhos posturas respeitosas. Agrava-se mais quando filhos,
que não têm atitudes positivas para com os pais, não sabem sequer respeitar quem
está lá fora.
Quem
deve ensinar aos filhos posturas respeitosas? A escola, a vizinhança, a
sociedade? Os pais são responsáveis pela educação de seus filhos e pelos limites
que impõem. Entenda-se aqui a ideia de limite como um processo de formação da
personalidade dos filhos que envolvem, além dessa conduta, valores éticos que
podem ser transmitidos e capazes de ajustar seus comportamentos à interação com
o coletivo, obedecendo a regras básicas de convivência. Sem deixar de lado que
agregada a esta realidade
está o fato de que as relações fora de casa também influenciam nas
atitudes.
É
verdade que não há manual que traz orientações de como lidar com relações
afetivas. Não há como ensinar atitudes de respeito através de teoria, mas há
possibilidades de rever ações já que os filhos são o reflexo dos pais. Chega uma
hora que não devem mais dar desculpas quando o assunto é a prole. Falta de tempo
- tudo é sempre muito corrido - ocupação com o trabalho, lides domésticas
corporificam e sustentam um discurso que tolhe cada
vez mais aquela “pausa” para olhar os filhos com compreensão e atenção. Aspectos
fundamentais para que se desenvolvam com autoestima e amor próprio
elevados.
O
hábito do respeito tem de ultrapassar a porta de casa sob a forma de
continuidade em um segundo ambiente a ser lembrado, o escolar. O professor tem muita importância em relação
a essa continuidade como exercício que condiz com a disciplina e a liderança no
ambiente de estudo. Ainda nesse espaço,
com a presença do educador atento, observador, que perfis podem ser
identificados como reprodução do que veem, ouvem e assimilam cotidianamente.
Alguns traduzem o quanto os pais não conseguem
lidar com o diálogo e limites justamente porque não se dão conta que têm grande
responsabilidade pelo comportamento dos filhos.
Outra
questão é que não deve haver
intolerância onde se promulga educação como regra de conduta. Educadores que
excedem sua autoridade não podem esquecer que a interatividade dialógica entre
aluno e professor passa sumariamente pelo respeito. Se este é uma via de mão
dupla, não descarregue seus problemas particulares, suas neuroses nos alunos.
Uma postura agressiva e desrespeitosa assim prejudica o equilíbrio da
aprendizagem, diga-se de passagem, também o torna vulnerável a uma educação de
troca: “Eu respeito, se você me respeitar!”.
Um
exemplo vale mais que palavras e há ser positivo sob a forma de exercício
constante. A conduta dos pais e de educadores deve ser coerente ao verbalizar o
que se apregoa como correto àquilo que se faz. Não peça calma aos filhos, se
você a solicita aos gritos. Quem respeita não negligencia regras. Quem exige
respeito deve ter bem claro o conceito e o hábito dessa virtude. Afinal, o ato
de respeitar não possui limites por excesso.
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