Levantamento feito com 2,1 mil docentes faz parte de uma
pesquisa divulgada nesta segunda-feira, 24, pelo Sindicato dos Professores do
Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e o Instituto Data Popular
SÃO PAULO - A resistência dentro das escolas ao modelo paulista de progressão
continuada, em que não há chance de reprovação em todas as séries, foi medida em
números: 63% dos professores e 75% dos alunos são contrários. Entre os pais, a
rejeição sobe para 94%. Os dados são de uma pesquisa do Sindicato dos
Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), em parceria com
o Instituto Data Popular, divulgada nesta segunda-feira, 24.
O modelo estadual passou por mudanças neste ano. O ensino fundamental agora tem três ciclos e o aluno pode repetir ao fim de cada uma das etapas: 3.º, 6.º e 9.º anos. Até 2013 a reprovação só era prevista em dois momentos, no 5.º e no 9.º ano. A alteração foi anunciada pelo governo do Estado quatro meses depois de a Prefeitura de São Paulo ter ampliado a reprovação na rede municipal. No ensino médio, a reprovação é possível em todas as séries.
O principal argumento contra o sistema é a percepção de que os alunos passam de ano sem aprender a matéria - o que é admitido por 46% dos estudantes entrevistados na pesquisa. Outras justificativas são a baixa autoridade do professor sobre a classe e a falta de esforço dos alunos. A progressão continuada foi o 2.º maior problema das escolas na opinião dos docentes, atrás apenas da falta de segurança. A pesquisa ainda mostrou que 39% dos pais e 29% dos alunos acreditam que mais cursos e atividades extracurriculares são essenciais para melhorar a qualidade da escola.
Para a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, porém, não adianta aumentar as chances de repetência sem qualificar o ensino. "Não é só reprovar ou aprovar. Junto das alterações, devemos ter um conjunto de medidas para ter desenvolvimento pleno do aluno", diz. De acordo com ela, a elevada retenção no primeiro ano do ensino médio é fruto da aprovação sem domínio dos conteúdos. "É uma exclusão postergada", avalia.
O professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Ocimar Alavarse diz que, apesar de o baixo nível de aprendizado ser real, a política da repetência é onerosa e pouco eficiente. "Passar de ano também não significa que o aluno aprendeu", ressalta. "São necessárias estratégias para acompanhar os desempenhos."
Modelo estadual. Em nota, a Secretaria da Educação do Estado afirmou "que é equivocado dizer que há ausência de reprovação no sistema de progressão continuada da rede". Segundo a pasta, o modelo foi aperfeiçoado com maior chance de retenção para que "as defasagens de conhecimento sejam corrigidas mais prematuramente".
O texto diz ainda que "todos os alunos são constantemente avaliados, recebem boletins escolares bimestralmente e podem optar por três diferentes modalidades de recuperação". Além do novo modelo de escola de tempo integral, cursos técnicos e de idiomas, 300 mil alunos da rede desenvolvem alguma atividade extracurricular. Para a segurança, a escola tem apoio da polícia e capacita os educadores para ações preventivas.
O modelo estadual passou por mudanças neste ano. O ensino fundamental agora tem três ciclos e o aluno pode repetir ao fim de cada uma das etapas: 3.º, 6.º e 9.º anos. Até 2013 a reprovação só era prevista em dois momentos, no 5.º e no 9.º ano. A alteração foi anunciada pelo governo do Estado quatro meses depois de a Prefeitura de São Paulo ter ampliado a reprovação na rede municipal. No ensino médio, a reprovação é possível em todas as séries.
O principal argumento contra o sistema é a percepção de que os alunos passam de ano sem aprender a matéria - o que é admitido por 46% dos estudantes entrevistados na pesquisa. Outras justificativas são a baixa autoridade do professor sobre a classe e a falta de esforço dos alunos. A progressão continuada foi o 2.º maior problema das escolas na opinião dos docentes, atrás apenas da falta de segurança. A pesquisa ainda mostrou que 39% dos pais e 29% dos alunos acreditam que mais cursos e atividades extracurriculares são essenciais para melhorar a qualidade da escola.
Para a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, porém, não adianta aumentar as chances de repetência sem qualificar o ensino. "Não é só reprovar ou aprovar. Junto das alterações, devemos ter um conjunto de medidas para ter desenvolvimento pleno do aluno", diz. De acordo com ela, a elevada retenção no primeiro ano do ensino médio é fruto da aprovação sem domínio dos conteúdos. "É uma exclusão postergada", avalia.
O professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Ocimar Alavarse diz que, apesar de o baixo nível de aprendizado ser real, a política da repetência é onerosa e pouco eficiente. "Passar de ano também não significa que o aluno aprendeu", ressalta. "São necessárias estratégias para acompanhar os desempenhos."
Modelo estadual. Em nota, a Secretaria da Educação do Estado afirmou "que é equivocado dizer que há ausência de reprovação no sistema de progressão continuada da rede". Segundo a pasta, o modelo foi aperfeiçoado com maior chance de retenção para que "as defasagens de conhecimento sejam corrigidas mais prematuramente".
O texto diz ainda que "todos os alunos são constantemente avaliados, recebem boletins escolares bimestralmente e podem optar por três diferentes modalidades de recuperação". Além do novo modelo de escola de tempo integral, cursos técnicos e de idiomas, 300 mil alunos da rede desenvolvem alguma atividade extracurricular. Para a segurança, a escola tem apoio da polícia e capacita os educadores para ações preventivas.
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