sábado, 18 de setembro de 2010

Ontem falta de educação, hoje agressão, amanhã ameaças: sou professor o que fazer?

Iza Aparecida Saliés


Agora, nós professores convivemos constantemente com conflitos sociais que explodem na escola, sejam eles da parte dos alunos, da comunidade ou dos pais. A escola passou a ser o espaço de deságüe dos das frustrações sociais das crianças, adolescentes e jovens, dos desajustes emocionais, dos desacertos pessoais e amorosos deles.

Por ser desta forma, nós professores temos que preparar para saber lidar com situações de conflito sem que haja desgaste emocional da nossa parte. Sabemos que não será fácil ter que agir como “apoio fraterno” na sala de aula, só que, para o ensino e aprendizagem aconteça com sucesso faz-se necessário trabalhar o emocional dos alunos, fator sentimento, econômico e familiar, pois a sua história de vida, traz consigo o bônus e o ônus de uma vivencia satisfatório ou não.

No “Blog do Corumbá” mais precisamente na coluna educação tinha uma notícia sobre um fato que ocorreu no Centro de Assistência Integral à Criança de Juiz de Fora (MG), um aluno agrediu com palavras, pontapés, tapa no rosto e ameaça de morte a vice – diretora da instituição, tudo aconteceu porque foi solicitado ao aluno que tirasse o boné, o que não é permitido o seu uso dentro da escola.

E mais, revoltado com a solicitação, o aluno ofendeu a vice-diretora com palavras de baixo calão e ameaçou quebrar o carro dela, e para completar, disse gritando que iria trazer uma faca para afrontá-la e colocar o revólver na cabeça dela. Por questão de segurança a mesma teve que registrar queixa na Polícia, visando prevenir maiores conseqüências, uma vez que um adolescente de 13 anos com esse tipo de comportamento parece ser um inconseqüente.

Temos problemas na escola com o uso do celular, do boné, da pulseira do sexo, de tudo que faz parte do mundo jovem, que quando usado fora dos padrões, interferem consideravelmente na vivencia escolar. O consumo exacerbado, o ter para ser, a vontade de pertencer a uma tribo e de ser aceito pelos (as) amigos (as) são necessidades que angustiam os jovens quando tornam difícil ou impossíveis de alcançar.

Como conviver com situações de conflito na escola? Conflitos que tornam os professores vulneráveis, expostas e indefesas. Tudo isso está acontecendo com freqüência no espaço escolar transformando a instituição num local de amparo, imposta a agasalhar adolescentes e jovens infratores e desprotegidos do seio familiar.

Os acontecimentos desagradáveis que acontecem no espaço escolar transformam a instituição num local assustador, desprotegido e preocupante, onde professores e funcionários estão sujeitos à agressão, desacato de adolescentes e jovens inconseqüentes que tentam tumultuar a rotina escolar.

Infelizmente chegamos a esse ponto, pois a falta de educação dos adolescentes e jovens, a falta de respeito pelas pessoas está prejudicando consideravelmente o processo ensino e aprendizagem deles, dificultado a relação professor – aluno, como também, as relações interpessoais na sala de aula.

A escola agora passou a ser o espaço onde os alunos deixam explodir suas mazelas, mágoas, ressentimentos do que acontece dentro ou de fora dela, não importa se o fato aconteceu fora da escola, o combinado entre eles é, na hora da aula, resolveremos.

Não importar se eu e o outro, se nós estamos ofendendo as pessoas os amigos e colegas, o que importa é que eu estou defendendo o que é interessante para mim, o que sinaliza a falta de referencia, de valores, de formação familiar, o que faz deles vítimas das próprias atitudes sejam elas benéficas ou maléficas.

Houve um tempo em que a escola era uma instituição de respeito, local de estudo, concentração, mas atualmente, não é essa a impressão que temos dela. As novas demandas sócias chegam à escola antes mesmo dela conseguir resolver, mesmo com todo aparato pedagógico que possui, ainda assim, não conseguimos resolvê-los. Muitos são os motivos que permeiam esses desconhecidos acontecimentos que pipocam na escola, que são realizados muitas vezes por menores de idade que fazem coisas erradas e dificilmente são punidos.

Apesar do imperioso trabalho que os Conselhos Tutelares estão realizando pelo Brasil afora, ainda assim, as apurações dos casos ficam a desejar, como bem sabemos uma hora a falha é do Sistema ou da legislação, em outra é da família ou da escola.

A situação está tão grave que a cada dia que passa um professor pele afastamento por motivos de saúde, há casos em que o professor passou a fala sozinha (o), sente seu coração disparar sem motivo aparente, não consegue controlar os alunos na sala de aula, ou seja, estão tendo dificuldade de domínio de classe ou não consegue atrair os alunos. O mais grave de tudo é que tudo isso acontece no momento de passar o conteúdo para eles, poucos ficavam prestando atenção na fala do professor.

Para os professores que são comprometidos profissionalmente, ficam apavorados, sentem angustiados (das) e impotentes diante da situação, ficam sem saber com lidar com os alunos na sala de aula, acaba que o professor fica nervoso, confuso, sendo que antes de entrar na profissão não era assim, era calmo.

Isso está acontecendo com professor que acabaram de ingressou na rede pública de ensino, recentemente foi aprovado no concurso, considerado apto a dar aulas. E para surpresa do Sistema e dele mesmo, ao passar três anos trabalhando com sala de aula, precisa tirar licença médica por sentir ansiedade, depressão e inquietude, sintomas que motivam a renovação constante de seus afastamentos da sala de aula.

Vejamos como está a situação do profissional da educação, aquele que foi preparado para ensinar está passando pó momentos de dificuldade para desempenhar sua própria função docente por falta de educação das crianças, adolescentes e jovens que deveriam ir para a escola educada como antigamente.

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