domingo, 14 de outubro de 2012

Dificuldades profissionais

Durante mais de meio século de efetivo exercício profissional, uma das maiores dificuldades que enfrentei foi o desafio de convencer portadores de conflitos emocionais para que se submetessem a um tratamento especializado.

A grande maioria não aceita essa orientação, e, pior que isto, em alguns casos, rompe relações de amizade com o médico.

Em outras patologias, certos pacientes até divulgam a sua doença. É o velho e arraigado preconceito com relação às doenças da alma.

O cérebro é o grande responsável por tudo que somos. Escrever artigos e publicá-los é uma prova de sanidade mental, onde, despojados, seremos analisados e julgados pelo nosso leitor no mais amplo sentido de julgamento.

Pela escrita é possível, muitas vezes, também se conhecer o caráter do escritor, os seus méritos e fraquezas.

É tão importante a escrita que, para ser admitido em uma empresa privada, é indispensável a análise de um pequeno texto escrito pelo candidato. É o suficiente, tal uma radiografia, para especialistas fecharem um diagnóstico psicológico.

Na política esses cuidados básicos não são observados, e vemos criaturas em posições importantes, totalmente inadequadas psicologicamente. A nossa história, desde tempos coloniais, está repleta desses casos de mandantes sem condições emocionais.

No meu retiro voluntário, afastado há trinta anos da política partidária, observo, com preocupação, a maldade humana.

Não vejo ninguém ajudando esses homens públicos vitimados por esses processos emocionais, mas que são possíveis de serem resolvidos pela medicina.

São pessoas que estão em processo de sofrimento agudo, fazendo seus amigos sofrerem também.

Apresentam delírios de toda sorte, dentre os quais, os mais frequentes são os de grandeza e de perseguição.

Acham que são reis, imperadores, líderes, salvadores da pátria sofrendo perseguições.

As alucinações chegam ao ponto de ler o pensamento alheio e ouvir insultos.

O distúrbio de caráter, que é outro tipo de transtorno psicológico, não tem cura, mas exige cuidados especiais para a proteção de terceiros e do próprio paciente.

Nestes, a agressividade está sempre presente, intercalada com momentos de doçura, incompreensível ao leigo.

É difícil fazer alguma coisa em benefício dessas pessoas, a não ser, pedir a proteção divina.



Gabriel Novis Neves


 

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