WILSON SANTOS
O marinheiro Leverger
tinha como missão montar a defesa de Cuiabá
O maior nome de Mato Grosso no século XIX, Augusto
Leverger, era francês e chegou em Cuiabá em 1830, por determinação da Marinha
brasileira, incorporado havia 6 anos. Leverger desembarca em nossa Capital na
patente de 1º Tenente e na condição de estrangeiro não naturalizado. O
marinheiro Leverger tinha como missão montar a defesa de Cuiabá e da região
fluvial mato-grossense.
Os primeiros 3 anos em nossa cidade foram suficientes para desanimar o oficial, que diagnosticou a total falta de condições para cumprir sua meta. Nessa estada inicial em Cuiabá, Leverger aproveitou o tempo para explorar rios da região e estudar arquivos públicos. Elaborou e encaminhou ao ministro da Marinha um amplo relatório sobre a precariedade da região e de sua pouca importância em Mato Grosso.
Os primeiros 3 anos em nossa cidade foram suficientes para desanimar o oficial, que diagnosticou a total falta de condições para cumprir sua meta. Nessa estada inicial em Cuiabá, Leverger aproveitou o tempo para explorar rios da região e estudar arquivos públicos. Elaborou e encaminhou ao ministro da Marinha um amplo relatório sobre a precariedade da região e de sua pouca importância em Mato Grosso.
"Quando
reapresenta na Marinha é informado que foi reformado, sem direito à
remuneração"
Em 1834, Augusto Leverger vai ao Rio de Janeiro e expõem seus trabalhos topográficos, hidrográficos e sua avaliação sobre a conjuntura da província e em seguida licencia se por um ano e meio, permanecendo na capital do Império. Quando reapresenta na Marinha é informado que foi reformado, sem direito à remuneração. Com 35 anos, reformado sem salário e sem perspectivas de trabalho no Brasil, preparava se Leverger para voltar à sua França, quando foi convidado pelo ministério da Marinha a retornar a Mato Grosso, no comando de uma comissão responsável pela organização de uma esquadrilha que faria a defesa da Província.
A Marinha lhe prometeu anular o ato de reforma; promovê-lo a capitão e fornecer todas as con-dições logísticas para desenvolver suas ações em Mato Grosso. Leverger aceitou, abriu mão da restituição financeira que lhe era de direito e retornou a Cuiabá. Sua volta à Capital Pantaneira em 1837 levou a população cuiabana ao delírio de alegria. A promoção a capitão e a nulidade do ato de reforma foram cumpridos pelo Império, porém o apoio logístico, tão importante, mais uma vez, não foi cumprido pelo alto comando da Armada.
Nesta segunda fase em Mato Grosso, o capitão Leverger se vira como pode e começa a construção do arsenal da Marinha; explora os rios Cuiabá, São Lourenço e Paraguai; percorre duas vezes a fronteira com o Paraguai; visita duas vezes em Assunção, o presidente Carlos Antônio Lopez e se casa com a cuiabana Ignez de Almeida Leite. Em sua última viagem ao Rio de Janeiro, em 1844, Leverger foi recebido pelo jovem imperador Dom Pedro II, 18 anos, presta conta da sua atuação na Província; é nomeado oficial da Ordem da Rosa; recebe orientações para avançar nos trabalhos científicos e naturaliza se brasileiro.
Em 1851 toma posse pela primeira vez (ao todo foram quatro vezes e 7 anos e 9 meses) na presidência da Província de Mato Grosso. Nesse governo que durou 6 anos e 2 meses, priorizou a organização da Guarda Nacional, procurando descontaminá-la dos interesses dos partidos Liberal e Conservador; pacificou pequenas revoltas; tratou de questões limítrofes com países vizinhos e assistiu apreensivo, a preparação crescente do Paraguai para invadir Mato Grosso, e diante disso transferiu a sede do governo para o forte de Coimbra, onde permaneceu por 22 meses (1855/56), só retornando a Cuiabá quando a situação amenizou. Segundo o Visconde de Taunay “a defesa de Mato Grosso se constituía apenas na figura de Augusto Leverger”.
WILSON SANTOS é historiador e ex-prefeito de Cuiabá
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