O adolescente tem vários sentimentos: a sensação de onipotência, em que nada
de mal pode acontecer com ele (somente com os outros), ou a baixa autoestima ou
o excesso de autoconfiança, assim como o imediatismo (a satisfação das
necessidades no momento em que se apresentam). Neste quadro turbulento e nesta
urgência de viver “tudo ao mesmo tempo agora” entra a escola.
O que a maioria das escolas oferece aos adolescentes? A primeira reflexão é que num momento em que a afirmação da identidade é prioridade na vida do adolescente, muitos professores não conhecem nem o nome dos seus alunos, tratando-os pelos números de chamada. Quer dizer, onde ele mais precisa de acolhimento, encontra sucessivas vezes a indiferença.
Didática apropriada
A maioria das escolas trabalha no fim do Ensino Fundamental e início do Ensino Médio apenas com o livro didático. Muitas vezes as aulas se resumem a ler, fazer exercícios e corrigi-los, tornando a aprendizagem monótona e desinteressante. Enquanto isso, o mundo lá fora oferece mil aventuras e emoções diferentes. A escola, na adolescência, na maioria das vezes deixa de ser só um local de aprendizagem. É também o local de reunir a turma, namorar e para servir como desculpa para sair de casa. Outro problema é o fato de que a aprendizagem no final do Ensino Fundamental e no Ensino Médio tem uma organização curricular que entende que o jovem tem condições de abstração e pensamento complexo, compatíveis com o período operatório formal estudado por Jean Piaget. Pesquisas realizadas no Brasil comprovam que a maioria dos adolescentes não chega a este estágio de desenvolvimento cognitivo, ficando no período operatório concreto. Isto significa que, para aprender, não bastam exercícios do livro e teorizações, mas são necessárias experiências concretas de aprendizagem.
Tarefa coletiva
A solução para muitas dificuldades passa principalmente pela formação de professores. É crucial o entendimento de que os adolescentes são um público diferenciado que exige uma motivação para a aprendizagem. Trazer materiais inovadores, assuntos do interesse do jovem, a possibilidade dele se manifestar em sala (com debates, júris simulados,...) são estratégias que podem manter o jovem na escola e fazê-lo interessar-se pelos assuntos abordados. O próprio debate sobre a adolescência é pertinente em diversas disciplinas. Algumas escolas utilizam como estratégia horários de Relações Humanas ou de Psicologia para que haja um trabalho de reflexão/ação, ajudando nas escolhas pessoais e profissionais do jovem, que se apresentam nesta fase. A forma como a família valoriza o estudo e estimula ou desestimula o jovem tem repercussão na continuidade e sucesso nos estudos. Além disso, os programas de governo existentes hoje para jovens em vulnerabilidade proporcionam a inserção no mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que exigem o aproveitamento nos estudos, realizando o sonho da maioria dos jovens de uma certa independência econômica. Atualmente, as opções para que o jovem permaneça na escola com motivação para aprender se traduzem em várias experiências bem-sucedidas em escolas de diferentes classes sociais. Como todas as situações, não há receita pronta, é conhecendo o perfil do jovem que frequenta a escola e entendendo suas necessidades que se constroem estratégias adequadas para a motivação e o sucesso da aprendizagem nesta fase. É possível, sim, estudar e vivenciar todas as experiências ímpares e importantes da adolescência, desde que não haja um abismo entre a escola e a vida. Cabe aos educadores e pais a tarefa de aproximação e consolidação de estratégias para que o jovem e a escola deixem de ser incompatíveis.
O que a maioria das escolas oferece aos adolescentes? A primeira reflexão é que num momento em que a afirmação da identidade é prioridade na vida do adolescente, muitos professores não conhecem nem o nome dos seus alunos, tratando-os pelos números de chamada. Quer dizer, onde ele mais precisa de acolhimento, encontra sucessivas vezes a indiferença.
Didática apropriada
A maioria das escolas trabalha no fim do Ensino Fundamental e início do Ensino Médio apenas com o livro didático. Muitas vezes as aulas se resumem a ler, fazer exercícios e corrigi-los, tornando a aprendizagem monótona e desinteressante. Enquanto isso, o mundo lá fora oferece mil aventuras e emoções diferentes. A escola, na adolescência, na maioria das vezes deixa de ser só um local de aprendizagem. É também o local de reunir a turma, namorar e para servir como desculpa para sair de casa. Outro problema é o fato de que a aprendizagem no final do Ensino Fundamental e no Ensino Médio tem uma organização curricular que entende que o jovem tem condições de abstração e pensamento complexo, compatíveis com o período operatório formal estudado por Jean Piaget. Pesquisas realizadas no Brasil comprovam que a maioria dos adolescentes não chega a este estágio de desenvolvimento cognitivo, ficando no período operatório concreto. Isto significa que, para aprender, não bastam exercícios do livro e teorizações, mas são necessárias experiências concretas de aprendizagem.
Tarefa coletiva
A solução para muitas dificuldades passa principalmente pela formação de professores. É crucial o entendimento de que os adolescentes são um público diferenciado que exige uma motivação para a aprendizagem. Trazer materiais inovadores, assuntos do interesse do jovem, a possibilidade dele se manifestar em sala (com debates, júris simulados,...) são estratégias que podem manter o jovem na escola e fazê-lo interessar-se pelos assuntos abordados. O próprio debate sobre a adolescência é pertinente em diversas disciplinas. Algumas escolas utilizam como estratégia horários de Relações Humanas ou de Psicologia para que haja um trabalho de reflexão/ação, ajudando nas escolhas pessoais e profissionais do jovem, que se apresentam nesta fase. A forma como a família valoriza o estudo e estimula ou desestimula o jovem tem repercussão na continuidade e sucesso nos estudos. Além disso, os programas de governo existentes hoje para jovens em vulnerabilidade proporcionam a inserção no mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que exigem o aproveitamento nos estudos, realizando o sonho da maioria dos jovens de uma certa independência econômica. Atualmente, as opções para que o jovem permaneça na escola com motivação para aprender se traduzem em várias experiências bem-sucedidas em escolas de diferentes classes sociais. Como todas as situações, não há receita pronta, é conhecendo o perfil do jovem que frequenta a escola e entendendo suas necessidades que se constroem estratégias adequadas para a motivação e o sucesso da aprendizagem nesta fase. É possível, sim, estudar e vivenciar todas as experiências ímpares e importantes da adolescência, desde que não haja um abismo entre a escola e a vida. Cabe aos educadores e pais a tarefa de aproximação e consolidação de estratégias para que o jovem e a escola deixem de ser incompatíveis.
Cynthia Castiel Menda psicóloga escolar e clínica, mestre em Educação, professora
convidada na Faccat e tutora em EAD na UFRGS, Porto Alegre, RS. cyncamen@terra.com.br
Publicado no jornal Mundo Jovem, edição 420 - agosto 2012 - p.11
Publicado no jornal Mundo Jovem, edição 420 - agosto 2012 - p.11
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