Vinícius Soares Pinto - vinicius@colegiomedianeira.g12.br
É responsável pela Educação Digital e a Comunicação do Colégio Medianeira. É formado em Publicidade e Propaganda (UP), especialista em Comunicação, Cultura e Arte (PUCPR) e Cinema (Tuiuti).
É responsável pela Educação Digital e a Comunicação do Colégio Medianeira. É formado em Publicidade e Propaganda (UP), especialista em Comunicação, Cultura e Arte (PUCPR) e Cinema (Tuiuti).
Uma cozinha bem equipada com liquidificador, processador de alimentos,
batedeira, fritadeira, chaleira elétrica, entre outras invenções do mundo
moderno é o ambiente da casa em que a minha vó, uma senhora de quase setenta
anos, mais gosta de passar o tempo. As máquinas, suas aliadas no preparo da
comida simples e de sabor incomparável, dividem espaço com as toalhas bordadas,
os pratos com detalhes na porcelana, além de panelas e travessas que, apesar de
antigas, estão impecáveis como novas. Transformou a cozinha num ambiente em que
a tecnologia divide espaço com a tradição e os costumes da família. Por exemplo,
servir uma refeição sobre uma mesa sem toalha e guardanapos? Jamais!
Sempre comenta comigo das dificuldades que passava para fazer essa ou aquela receita quando não se tinha um liquidificador ou um freezer. Como cozinheira experiente, me conta que a culinária é como uma alquimia, em que experimentar ingredientes e técnicas novas são condições básicas para quem quer ter domínio sobre as receitas. Comenta também que errar faz parte do processo, pois nem sempre o resultado final fica como o planejado, como tudo na vida. No entanto, sempre me alerta: "Informe-se o máximo possível sobre aquilo que você gosta. É lendo, estudando, escutando e experimentando que a gente aprende a fazer direito e errar menos. Você já reparou que fora da cozinha tô sempre com uma revista nova de receitas e que conheço todos os programas de receitas da televisão? Ainda mais agora com a tv a cabo no quarto!".
Quando ganha ou compra alguma novidade para a cozinha, como um triturador novo de alimentos, já sabe com clareza como que o utensílio vai lhe ajudar a melhorar a consistência do recheio crocante daquela torta, ou que vai conseguir preparar com mais facilidade um tempero para a salada. Ao mesmo tempo, não é porque se tem agora um triturador, por exemplo, que ela irá preparar uma refeição toda em torno do novo equipamento. Afinal, a vó sabe identificar os processos que considera mais trabalhosos, que lhe tomam mais tempo e que, talvez, um utensílio doméstico poderia lhe ajudar a tirar de letra.
Portanto, saber identificar melhorias para as atividades diárias a partir da tecnologia, acho que é um dos pontos principais que a minha vó me ensinou. Poder ter os pés no chão e dizer "não!" ao modo como a tecnologia tem nos sido empurrada goela abaixo, criando novas necessidades a todo momento e entulhando nossos dias com novas demandas a uma velocidade em que não estamos conseguindo mais acompanhar. Algo mais ou menos assim: não é porque você comprou um carro com freios de última geração que você irá dirigir de maneira imprudente no trânsito, porém você sabe que a tecnologia do freio está ali disponível, caso você julgue necessário utilizá-la. Parece um exemplo bobo, mas o motorista que se torna imprudente porque agora tem a tecnologia nas mãos não é diferente do homem moderno que conseguiu tornar-se refém dos aparatos tecnológicos, acreditando que conseguiria mais liberdade e qualidade de vida.
Esses exemplos podem ser muito bem aplicados à realidade escolar. Compreender que não é porque agora se pode ter uma lousa interativa ou um tablet em sala de aula, que precisamos, realmente, preparar aulas inteiras pensadas para esses equipamentos. Seria a mesma coisa se a minha vó só fizesse comida triturada depois da compra do triturador. Portanto, encerro citando o jornalista e educomunicador Alexandre Le Voci Sayad, autor do livro Idade Mídia: "Tecnologia sozinha não faz boa educação, mas é indispensável a ela, num projeto mais amplo."
Sempre comenta comigo das dificuldades que passava para fazer essa ou aquela receita quando não se tinha um liquidificador ou um freezer. Como cozinheira experiente, me conta que a culinária é como uma alquimia, em que experimentar ingredientes e técnicas novas são condições básicas para quem quer ter domínio sobre as receitas. Comenta também que errar faz parte do processo, pois nem sempre o resultado final fica como o planejado, como tudo na vida. No entanto, sempre me alerta: "Informe-se o máximo possível sobre aquilo que você gosta. É lendo, estudando, escutando e experimentando que a gente aprende a fazer direito e errar menos. Você já reparou que fora da cozinha tô sempre com uma revista nova de receitas e que conheço todos os programas de receitas da televisão? Ainda mais agora com a tv a cabo no quarto!".
Quando ganha ou compra alguma novidade para a cozinha, como um triturador novo de alimentos, já sabe com clareza como que o utensílio vai lhe ajudar a melhorar a consistência do recheio crocante daquela torta, ou que vai conseguir preparar com mais facilidade um tempero para a salada. Ao mesmo tempo, não é porque se tem agora um triturador, por exemplo, que ela irá preparar uma refeição toda em torno do novo equipamento. Afinal, a vó sabe identificar os processos que considera mais trabalhosos, que lhe tomam mais tempo e que, talvez, um utensílio doméstico poderia lhe ajudar a tirar de letra.
Portanto, saber identificar melhorias para as atividades diárias a partir da tecnologia, acho que é um dos pontos principais que a minha vó me ensinou. Poder ter os pés no chão e dizer "não!" ao modo como a tecnologia tem nos sido empurrada goela abaixo, criando novas necessidades a todo momento e entulhando nossos dias com novas demandas a uma velocidade em que não estamos conseguindo mais acompanhar. Algo mais ou menos assim: não é porque você comprou um carro com freios de última geração que você irá dirigir de maneira imprudente no trânsito, porém você sabe que a tecnologia do freio está ali disponível, caso você julgue necessário utilizá-la. Parece um exemplo bobo, mas o motorista que se torna imprudente porque agora tem a tecnologia nas mãos não é diferente do homem moderno que conseguiu tornar-se refém dos aparatos tecnológicos, acreditando que conseguiria mais liberdade e qualidade de vida.
Esses exemplos podem ser muito bem aplicados à realidade escolar. Compreender que não é porque agora se pode ter uma lousa interativa ou um tablet em sala de aula, que precisamos, realmente, preparar aulas inteiras pensadas para esses equipamentos. Seria a mesma coisa se a minha vó só fizesse comida triturada depois da compra do triturador. Portanto, encerro citando o jornalista e educomunicador Alexandre Le Voci Sayad, autor do livro Idade Mídia: "Tecnologia sozinha não faz boa educação, mas é indispensável a ela, num projeto mais amplo."
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