quarta-feira, 17 de junho de 2015

Como fazer observação de sala de aula - I

O papel da coordenação pedagógica é melhorar a prática docente na formação continuada na escola. E, para saber das necessidades da equipe para ensinar melhor, quem exerce essa função tem inúmeros recursos, como analisar o planejamento das atividades, as produções dos alunos e o resultado das avaliações. Contudo, existe uma ferramenta que vai direto ao ponto e permite um conhecimento mais estreito dos problemas didáticos: é a observação feita na sala de aula.

O objetivo dessa ferramenta de formação é analisar as interações que são construídas entre o professor, os estudantes e os conteúdos trabalhados (leia uma sugestão de pauta na última página). Muitas vezes, o próprio docente não percebe que uma pequena mudança em sua prática pode levar a resultados mais positivos - e uma pessoa de fora tem mais facilidade para apontar um caminho. Nesta reportagem, você, coordenador pedagógico, vai saber como romper eventuais barreiras para usar a observação da sala de aula como uma ferramenta formativa.

Como dar os primeiros passos e quebrar resistências

A ideia é simples: você entra na classe, assiste a uma aula, faz anotações e, com base nelas, tem mais segurança para planejar os encontros de formação e orientar os professores, certo? Certo. Só que não é tão simples assim: alguns docentes sentem seu espaço invadido com a presença de um observador.

É preciso criar um clima e uma cultura em que a parceria no desenvolvimento profissional esteja acima de melindres pessoais.

Para quem está iniciando na função de coordenador ou chegando a uma escola em que não existe essa prática, é um pouco mais complicado. O primeiro passo é conversar com toda a equipe nos encontros coletivos, esclarecendo que os principais objetivos são: montar a pauta de formação continuada com base nas necessidades de ensino e conhecer bons exemplos de prática didática que mereçam ser compartilhados com a equipe (sim, às vezes elas ficam restritas a uma só sala de aula, quando poderiam ser divulgadas e ajudar outros alunos a aprender).

Por isso, é bom consultar cada um dos professores para ver se eles topam receber você. Mesmo quando todos estão acostumados a essa rotina, é importante avisar o professor quando a visita será realizada, como faz a coordenadora pedagógica Márcia Regina Schiavetto, do CE Sesi 146, em Matão, a 350 quilômetros de São Paulo (leia o quadro abaixo).

Envolver os professores na elaboração da pauta também pode ser um procedimento útil para quebrar resistências, pois eles mesmos podem indicar em que pontos necessitam de ajuda e de soluções didáticas. É assim que trabalha a coordenadora pedagógica Juliana de Mattos Parreira, da EEI Espaço Nossa Casa, na capital paulista (leia o quadro Em busca de potencialidades).
Compromisso formativo
Foto: Marina Piedade
NA DEVOLUTIVA Márcia Schiavetto,
de Matão, traça com os docentes
o plano de formação.
Fotos: Marina Piedade
Ao passar pela secretaria da escola, os professores de Ensino Fundamental II e Ensino Médio do Centro Educacional Sesi 146, em Matão, a 350 quilômetros de São Paulo, dão uma paradinha para ver quando a coordenadora Márcia Regina Schiavetto vai às salas de aula. O cronograma mensal de observação fica disponível no quadro de recados. Os docentes têm acesso também à planilha de observação que ela usa. Para diminuir a ansiedade, ao terminar cada observação, ela conversa com os docentes, mas a verdadeira devolutiva vem depois da análise que ela faz do que viu e dos outros registros do professor. No fim, cada docente recebe um relatório no qual há um espaço para que ele se manifeste. "No segundo encontro individual, conversamos novamente sobre a prática dele, dou orientações teóricas e traçamos um planejamento, que fica registrado no relatório como um compromisso formativo entre nós", diz a coordenadora.

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