quarta-feira, 23 de maio de 2012

Alfabetização: Uma organização de métodos e metodologias

Elena Roque

Pesquisadora, Alfabetizadora,

Professora Formadora do CEFAPRO\Cuiabá na Alfabetização



Por que alfabetizar é uma tarefa tão difícil? Muitos professores preferem nem lecionar nos anos iniciais porque acham complicado alfabetizar.



É comum ouvir questionamentos do tipo: Por que meus alunos escrevem mais não leem?

Meus alunos não sabem nada. Não sei mais o que fazer para que meus alunos se interessem pela aprendizagem. e por aí vão os comentários.



Convido a pensar em qual seria a causa do fracasso escolar na alfabetização. De quem seria a culpa da não alfabetização na infância? Seria culpa da criança por ser desinteressada, preguiçosa, querer só brincar? Ou seria culpa do professor que não quer compromisso com seu trabalho? Talvez fosse culpa dos pais que não ensinam em casa e não acompanham a vida escolar dos seus filhos. Será que a culpa não é do sistema que fica facilitando muito para as crianças passarem sem saber? Ou poderia ser culpa dessas leis brandas que favorecem as crianças em todos os aspectos.



Mas não, nada disso, não há culpado. Na verdade é necessário compreender o que é alfabetização para daí buscar métodos e metodologias capazes de superar os desafios da aprendizagem.



Alfabetização é um processo. E como todo processo apresenta fases. O que justifica as três etapas do primeiro ciclo.



É a mesma coisa do desenvolvimento humano. De que a criança precisa para aprender a falar e a andar? Precisa de estímulo, de treino, de experimentação, de confiança no adulto que cuida dela, paciência, amor e muito carinho para mostrar suas emoções, reações e capacidades.



Na alfabetização também é assim. O alfabetizador precisa estimular a criança para que ela se abra à aprendizagem, precisa treinar a leitura e a escrita com a criança, precisa também passar confiança para que a criança não se feche no medo de errar e de acertar, deve ter paciência para repetir a mesma tarefa e a mesma fala quantas vezes necessárias for. O amor e o carinho são primordiais nessa fase. O amor e o carinho é que geram a confiança e estimulam o querer aprender, o querer fazer e o querer ser.



Existem muitos autores que discutem a alfabetização, porém tomemos o cuidado para não tornar esse processo em um ensino mecânico.



Alfabetizar “não é um método de ensino, voltado para como o professor deve ensinar, pelo contrário, é uma teoria psicológica da aprendizagem que tem como objeto a psicogênese da inteligência e dos conhecimentos, portanto, voltada para como o sujeito aprende”, como diz Magda Soares.



Alfabetizar é codificar e decodificar a escrita que se caracteriza num processo ativo no qual a criança, “desde seus primeiros contatos com a escrita, constrói e reconstrói hipóteses sobre a sua natureza e o seu funcionamento”.



O alfabetizador deve trabalhar o b - a BA e o seu significado.



Nesse entendimento faz-se necessário encontrar métodos adequados e metodologias atraentes para estimular na criança o querer aprender.



Tudo o que foi escrito até aqui pode ser que não esteja muito claro, por isso, vamos colocar em outras palavras.



Alfabetização é um processo no qual o alfabetizador tem um papel fundamental porque depende dele descobrir a forma que seu aluno aprende com mais facilidade e criar meios para facilitar essa aprendizagem.



Muitos problemas de aprendizagem são explicados atualmente, pela ausência ou uso inapropriado de estratégicas de estudo e pela não existência de hábitos de trabalho favoráveis à aprendizagem.



Como podemos, então, aprender a melhorar a nossa própria aprendizagem? A torná-la mais eficiente e produtiva? O que contribuirá para aprendermos melhor? Será que os indivíduos com problemas de aprendizagem podem ser ensinados a aprender melhor?

Sabemos que, na construção do conhecimento pelo indivíduo, estão presentes aspectos internos e externos a ele e que é no âmbito dessas estruturas que o sujeito constrói o conhecimento e, portanto, aprende.



Piaget demonstra bem que as estruturas da inteligência se desenvolvem na interação do sujeito com o meio que o sujeito é o construtor do seu conhecimento. Ao relacionarmos os estudos do Vygoskty, Piaget, Wallon e Emíllia Ferreiro, podemos considerar a questão da escrita e da leitura nas classes de alfabetização ou nas classes iniciais do primeiro ciclo do Ensino Fundamental como indiscutível.



A criança começa a questionar acerca da escrita desde que interage com objetos de leitura pela primeira vez, a partir de suas interações com o mundo e, principalmente, desde suas primeiras construções representativas a partir do lúdico.



Nessa perspectiva, o processo ensino aprendizagem na escola será construído a partir do nível de desenvolvimento real da criança, num determinado momento, em relação a um dado conteúdo curricular a ser desenvolvido, tendo em vista os objetivos e para aquele ano escolar e para cada grupo de criança que atende.



Até aqui apresentamos algumas ideias que podem ajudar os professores a influenciar positivamente na motivação de seus alunos e a melhorar os processos de aprendizagem de nossos alunos.



Não existe uma receita, tampouco há caminhos ou linhas de trabalho simples que garantam sua melhoria. É importante ter muito presente que os esforços e os conhecimentos teóricos são peças fundamentais para essa melhoria.



Portanto, cabe ao professor buscar conhecimento teórico, analisar cada dificuldade, diagnosticar para, então, atender individualmente cada aluno, oportunizando-o a construir a escrita e a leitura.



Podemos considerar essas preocupações metodológicas que seguem no quadro abaixo como ponto principal para resolver a problemática da alfabetização:



Caracterização da escola e do entorno
Perfil

do aluno
O que fazer
Metodologia
O ensinar

Em que contexto estou trabalhando?

Conheço a sua história?

O que eu preciso conhecer?
Quem é o meu aluno?

(Social/cultural/fase da vida)

O que ele precisa aprender nesse ciclo?
Como identificar o problema?

Que conteúdos trabalhar?
Como ensinar nesse contexto?

Como o meu aluno aprende?
Por que esse conteúdo?

Que relevância ele tem na vida do meu aluno?

Serve apenas para cumprir o programa curricular?




Espero ter contribuído e caso se interesse em discutir o assunto, comunique-se comigo pelo e-mail elenaroque2@yahoo.com.br



Nenhum comentário:

Postar um comentário