Compromisso foi assumido na noite de terça-feira; sindicato diz que greve não acabará
Leonardo Cazes
RIO - Após reunião realizada na noite de terça-feira, em Brasília, o governo federal se comprometeu a apresentar um esboço de plano de carreira para os professores e funcionários das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) na próxima segunda-feira (19). Os professores federais estão parados há 27 dias e a greve atinge 51 instituições, sendo 47 universidades, de acordo com o sindicato nacional da categoria (Andes). Os técnicos-administrativos também pararam as suas atividades no início desta semana. A principal reivindicação das duas categorias trata de um novo plano de carreira. Os servidores argumentam que não foram contemplados na série de reestruturações promovidas pelo governo federal nos últimos anos.
No encontro estavam presentes o secretário de Relações de Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Amaro Lins, e o diretor de Desenvolvimento da Rede Federal de Educação Tecnológica, Aléssio Barros. Em um primeiro momento, o MEC chegou a propor uma “trégua” por 20 dias, o que foi rechaçado pelos sindicatos. Na última terça-feira, passeatas em todo o país cobraram mais investimentos na educação pública. No Rio, cerca de 4 mil pessoas andaram da Candelária até a Praça XV. Em São Paulo, o protesto foi em frente ao prédio da Bolsa de Valores BM&F Bovespa.
A princípio, a proposta de reestruturação da carreira terá como base aquela feita no Ministério da Ciência e Tecnologia. Os professores e técnicos consideraram que abertura do governo para a negociação foi uma vitória, pois a questão se arrastava desde 2010, sem maiores evoluções. Em um primeiro momento, o MEC deu 31 de agosto como prazo para apresentar um novo plano aos servidores. Segundo a Andes, a paralisação não tem previsão de acabar.
No Rio, a mobilização já interrompeu as aulas nas principais universidades públicas. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e o Cefet-RJ aderiram à greve. Na terça-feira, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) decidiu, em assembleia, aderir à greve nacional, que já contava com a participação de nove universidades e dois institutos federais no mesmo estado. Com isso, mais de 150 mil alunos estão sem aulas em Minas. Em São Paulo, a paralisação atinge as universidades federais de São Paulo (Unifesp), de São Carlos (UFSCar) e do ABC (UniABC).
Durante o protesto no Rio, a professora Sônia Rodrigues, representante da Andes no ato, disse que vê há 20 anos uma mobilização tão intensa.
— É a maior mobilização da categoria em 20 anos, as instituições estão realmente muito mobilizadas. A adesão dos alunos também está muito grande, em 31 universidades entraram em greve estudantil e isso fortalece o movimento. A partir de uma proposta concreta do MEC, levaremos para as nossas assembleias e debateremos — afirmou a professora.
A maioria dos participantes do ato eram estudantes de graduação e pós-graduação das universidades. Isabelle Simões, aluna do 2º período de Geografia da UFRJ, apoia a paralisação dos professores e acredita que há reivindicações comuns entre docentes e estudantes.
— A luta por melhores condições de ensino são bandeiras nossas também. As reivindicações dos professores são justas e estamos apoiando. A UFRJ está em greve estudantil e temos uma pauta própria também — disse Isabelle.
A negociação entre o governo federal e os professores ocorre desde 2010, mas sem avanços. De acordo com a Andes, o MEC tinha o compromisso de apresentar uma proposta até março, o que não ocorreu. O MEC admite que a morte do principal negociador do governo, o então secretário-executivo do Ministério do Planejamento Duvanier Paiva, no início do ano, esfriou as conversas. O ministro Aloizio Mercadante, no entanto, já declarou diversas vezes que a greve é precipitada, pois o governo estaria cumprindo o acordo de reajuste salarial de 4%, acertado no ano passado. sindicato, contudo, argumenta que o acordo do ano passado foi emergencial.
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