terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Nelson Mandela, o Brasil e o amigo FHC Olga Lustosa

Olga Lustosa
   Em 1º de agosto de 1991, um ano após ter sido libertado da prisão, Nelson Mandela desembarca pela primeira vez no Brasil. Foi recebido com samba, inaugurou Cieps acompanhado pelo governador Brizola. A visita de Nelson Mandela nessa escola fortaleceu a ideia de igualdade. Ainda hoje, entrevistados, os alunos disseram lembrar do olhar carismático que transmitia toda a sua história e a sua luta contra a segregação racial. O legado dele ficou. Hoje é o patrono da escola.
   Foi condecorado pelo presidente da República, Fernando Collor e pelo Congresso Nacional. Mais de uma vez elogiou a democracia brasileira e o belos sorrisos multi raciais que se abriam para recebê-lo. Nos anos 50, Mandela era um advogado ativo e líder carismático que militava no partido do Congresso Nacional Africano, CNA e atiçava as massas negras contra o apartheid com uma campanha de desobediência civil.

Nos anos 60, após um massacre, no qual os policiais mataram 67 negros, Mandela resolveu fundar um grupo guerrilheiro para enfrentar o apartheid. Mandela ė um politico em absoluta paz com a sua história. Casou-se três vezes, teve seis filhos, escreveu um belo livro autobiográfico, que fala do espírito do triunfo sobre a opressão.

   Dedicou a vida à libertacão do seu povo, começando pela militância num partido negro e pela adesão a luta armada. Passou 27 anos numa prisão, onde entrou aos 44 anos e saiu com 72 para ser consagrado como o primeiro presidente negro da historia da África do Sul, com mandato de 1994 a 1999.

  Mandela inspirou movimentos contra o racismo em todo o mundo. Recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1993. Voltou ao Brasil em seu último ano como presidente para estar com o amigo Fernando Henrique Cardoso, presidente do Brasil, que o havia visitado 2 anos antes. Discursou em Brasília, falando do sentimento de irmãos separados pelo Atlântico, enalteceu o fato de o Brasil ser um destino turístico respeitável e popular, creditando o fato, ao nosso vasto território, cheio de recursos naturais, nossa criatividade, paixão e diversidade cultural. Descontraído, disse que veio também para aprender a dançar e mostrou-se orgulhoso por estar estabelecendo um contato baseado no respeito, na estabilidade política e numa agenda positiva de contribuição para ambos os países.

   Entre as razões para aprofundar a amizade, citava alguns itens considerados coincidentes, como o fato dos dois países terem emergido após enfrentar problemas em suas democracias e hoje enfrentarem problemas também para superar as disparidades entre ricos e pobres; o desafio imenso de erradicar a pobreza, gerar empregos r melhorar os serviços oferecidos para a população. No tom eloquente e elegante elogiou o programa Comunidade Solidária, citado como uma lição para outros países seguirem, como forma de estreitar as desigualdades sociais.

  Logo após deixar a presidência, em 2002, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu uma carta convite de Mandela para integrar a organização internacional, que ele liderava, os “The Elders”, um grupo de homens notáveis dispostos a elaborar e discutir propostas de paz, de colaboração entre os povos e nações nas áreas sociais, de saúde e educação. Fernando Henrique é o único sul-americano a fazer parte do grupo, que conta, entre outros, com ex-presidentes de alguns países, laureados com Prêmio Nobel da Paz e um ex-secretário geral da ONU.

   Inevitável render homenagem a esse homem extraordinário, líder visionário que partiu dessa terra imortalizado como um símbolo de resistência e coragem.

  Olga Borges Lustosa é cerimonialista pública e escreve exclusivamente neste blog toda terça-feira - olga@terra.com.br

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