Gabriel Novis Neves
Mais do que como o grande lutador e vencedor
contra o apartheid sul-africano, Mandela, certamente, será lembrado como a maior
figura humana do século XX e desse início de século XXI.
Não somente pelo grande estadista que foi, mas,
principalmente, pelo homem íntegro e corajoso que demonstrou ser, tanto na sua
vida afetiva quanto na política.
Soube se livrar, como ninguém, das vaidades que
assolam o poder. Foi honesto em todos os momentos de sua vida, mostrando um
espírito conciliador, sem cinismo nem oportunismo, muito raro entre os
mortais.
Sua longevidade apenas comprovou que ser coerente
consigo mesmo e com os outros, é o grande segredo da felicidade.
Ainda jovem conseguiu se desvencilhar de um
casamento arranjado, como só acontece em tribos pequenas onde foi criado.
Mais tarde, em nova união, sofreu os dissabores
de alguém que traiu os seus valores, usando das prerrogativas do poder para se
vincular às práticas de corrupção.
Novamente teve coragem de se separar para manter
intactos os seus ideais de honestidade.
Somente aos 80 anos encontrou a companheira
ideal, com a qual conviveu até aos 95 anos, por ocasião de sua morte.
A vida afetiva de alguém diz muito de sua vida
como cidadão. Pessoas inescrupulosas na vida privada, dificilmente conseguem
integridade na sua vida pública.
Quando nos reportamos aos nossos políticos e seus
escândalos amorosos, temos uma verdadeira dimensão do que esperar deles como
figuras absolutamente despidas de caráter. Conseguem fazer da vida privada e da
vida pública um verdadeiro palco de falcatruas e mentiras.
Alijado de preconceitos, Mandela gostava de dizer
que não queria ser o primeiro presidente negro da África do Sul, mas sim, o
primeiro presidente de brancos e negros do seu país.
Seus anos de prisão, em função da luta política,
apesar de muitos, não conseguiram tirar dele a compaixão e a ternura.
No momento em que, não só a maior parte da classe
política brasileira, mas também a internacional, nos desperta tanto asco,
figuras da relevância de um Mandela conseguem nos emocionar, pois ele encarna o
verdadeiro líder almejado por todos.
Foi-se o homem, mas fica na história um dos
maiores estadistas de todos os tempos.
Parabéns à África do Sul, que durante alguns anos
conseguiu experimentar a glória de uma verdadeira liderança!
Gabriel Novis Neves é médico
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