quinta-feira, 11 de outubro de 2012


O jovem e o emprego              

A crise econômica mundial, que afetou de início os Estados Unidos e agora instalou-se na Europa com marolas perigosas para o Sudeste Asiático e América Latina, é a principal causa do desemprego crescente, principalmente entre os jovens europeus.
Em alguns países do velho continente como Espanha, Itália e Grécia, a população enfrenta índices de desemprego bastante indigestos. Apesar de estarem numa situação mais confortável, em termos de oferta de vagas e desempenho da economia, os jovens brasileiros continuam amargando níveis históricos de desemprego.

A falta de formação profissional adequada e a educação deficiente são os grandes males. Sem o treinamento prático promovido pelo estágio e com a carência de cursos de qualificação e especialização, eles não conseguem espaço no mercado de trabalho. A desocupação é um dos graves problemas sociais, pois muitos, que deveriam estar estudando ou exercendo atividades profissionais, ficam nas ruas, correndo o risco de serem cooptados por maus elementos, facilitando assim o contato com as drogas e outros delitos. Por isso são de comemorar os índices de efetivação de quem consegue fazer um estágio. Segundo recente pesquisa da Hay Group, 86% das empresas admitem que podem efetivar seus estagiários antes mesmo do término do contrato. Isso ocorre porque as empresas estão cada vez mais preocupadas com a formação qualificada de sua mão de obra. Esse dado confirma pesquisa, realizada pelo instituto TNSInterScience, que revela que 64% dos estagiários do CIEE são efetivados. Ao que tudo indica, as empresas já descobriram que não é boa política formar o estagiário, treiná-lo dentro da sua cultura e necessidades, e deixar que, como profissional, leve os conhecimentos adquiridos para a concorrência.

Outro fator que aproxima os jovens do mercado de trabalho é a formação nas escolas técnicas. Nove de dez alunos dos cursos técnicos públicos em São Paulo já saem com uma colocação no mercado. Nas faculdades de tecnologia (Fatecs), os índices de empregabilidade chegam a surpreendentes 92%. Nas escolas técnicas (Etecs), destinadas a alunos que terminaram o ensino fundamental, a porcentagem é de 79%. Importante lembrar que os estudantes das Fatecs e Etecs também podem aperfeiçoar seus conhecimentos práticos no estágio, aproximando-se da oportunidade de um bom emprego.


* Luiz Gonzaga Bertelli é presidente Executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp.

Formação de Professor : ainda não saimos das Disposições Transitórias da LDB/96.

Iza Aparecida Saliés

A educação, como sabemos, precisa avançar muito, conforme dados do MEC 119 mil professores são leigos, ou seja, não possuem habilitação, estão nas redes pública e particulare. A educação básica brasileira ainda convive com pessoas exercendo a docência sem formação apropriada, com formação frágil para a série/turma que leciona.

A formação de professor posta no Artigo 61 da LDB tem como pressuposto garantir uma melhor qualificação e valorização dos profissionais da educação, como também, erradicar os antigos professores leigos , que ainda permanecem nos quadros das escolas, atuando como professor por falta de oferta da habilitação especifica para lecionar .

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ? LDB/96 está preste a completar quase 15 anos e ainda sinaliza necessidades de ser efetivada em alguns quesitos dos dispositivos legais sob a sua égide. Da implantação até os dias atuais percebemos que houve grandes avanços, mas ainda assim, convivemos com fragilidades estruturais no Sistema de Ensino brasileiro, dentre eles, a formação de professor.

Para cumprir os ditames da lei os Sistemas de Ensino Estaduais deveriam ofertar, em convênio com as Instituições Formadoras, cursos de magistério superior (pedagogia) e licenciatura para professores que estavam atuando na educação básica, sem formação inicial tanto na rede publica como privada.

Pois o artigo 87, § 4º da lei diz que, só poderão ser admitidos professores habilitados em nível superior e os sistemas de ensino teriam 10 anos, a partir da data da publicação da citada lei para adaptar suas antigas Políticas Educacionais, tendo em vista a necessidade de suprir a rede com professor habilitado.

As formações realizadas pelos Sistemas de Ensino estavam respaldadas nas necessidades de cada realidade. Mas, o governo entendeu que a Plataforma Freire seria o programa que agregaria todas as ações de formação inicial da educação básica surgidas das demandas dos Estados e do Distrito Federal.

Só que a Plataforma Freire, que foi um cadastro das intenções de formação inicial e de uma segunda habilitação, não teve êxito considerando que ao centralizar as ações do programa o governo licitou instituições de ensino superior de um estado para atender outro estado gerando confronto de finalidades e condições de realização da formação necessária á realidade de cada Sistema.

O Ministério da Educação anunciou recentemente que vai repassar R$ 1,9 bilhão para as instituições de ensino superior para serem investidos na graduação de professores. A finalidade é oferecer cursos para a primeira licenciatura para professores não habilitados, a segunda licenciatura para os que são formados, mas ensinam em áreas diversas das que se graduaram e para bacharéis que precisam de complementação pedagógica para o exercício da docência.

Como forma de garantir a formação inicial para os professores o MEC vai propor ao Congresso Nacional a alteração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), determinando a obrigatoriedade da formação em nível superior para todas as etapas de ensino da educação básica. Atualmente, a LDB permite formação mínima de nível médio na modalidade Normal para os que lecionam nos anos iniciais do ensino fundamental e na educação infantil.

Os professores denominados "leigos" cursaram somente o ensino fundamental (15,9 mil) ou o ensino médio regular (103,3 mil). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação exige que a formação de docentes seja em nível superior, em cursos de licenciatura, admitindo-se o nível médio na modalidade Normal somente para quem ensina no começo do ensino fundamental ou na educação infantil.

Os dados apresentados pelo censo da educação básica de 2007 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacional (Inep), diz que a maioria dos professores tem "apenas" o bacharelado ou lecionam em disciplinas de áreas diferentes da sua formação superior.

Mesmo com os avanços conquistados com a formação de professores no Brasil, encontramos dificuldades quanto aos conhecimentos que são trabalhados na universidade nas disciplinas pedagógicas quanto à matriz curricular, seja do curso de pedagogia ou das licenciaturas. Parece que o tempo acadêmico é curto para todas as demandas teóricas e práticas necessárias para o desempenho da função docente, muitos assuntos de fundamental importância para o professor deixam de ser abordados ou não são tratados com a profundidade que requer, considerando a necessidade de cumprir a extensa matriz curricular dos cursos.

Para Ângela Kleiman? pois os alunos que chegam às universidades têm um embasamento muito precário no que diz respeito à área de linguagem, não sabem fazer uma análise textual, por exemplo, na pedagogia menos ainda.

Essa é a clientela vai para rede pública de ensino. A escola recebe os recém pedagogos e ou licenciados, futuros professores, desprovidos de conhecimentos das Políticas Educacionais do Estado. Para a autora a academia não tem conseguido apresentar conhecimento de linguagem que seja relevante para o professor. A academia não tem produção científica o suficiente para atender as necessidades de formação, ocasionando sérios problemas para o Sistema Estadual de Ensino.

Só para exemplificar, o professor precisa conhecer o aluno e suas fases de desenvolvimento, ou seja, infância, adolescência, juventude, adulta, seu histórico social e econômico, só assim, de posse dessas informações é que o professor pode discutir o currículo de ensino que possa atender de fato as necessidades de aprendizagem para a formação do aluno.

Se o professor vai dar aula na Educação de Jovens e Adultos, ele precisa dominar as metodologias que dizem respeito à aprendizagem do adulto, ou seja, Andragogia.

Então o que aprender na academia para poder ensinar?

Quando o estudante da pedagogia ou da licenciatura faz um diagnóstico dos seus alunos para elaborar o Projeto Político Pedagógico da Escola, de posse desses dados, deve fazer uma análise, essa análise o professor deveria aprender na formação inicial e não na formação continuada, está deve ser para estudos e reflexões sobre a prática do professor.

Quando o aluno (da universidade) faz uma iniciação à pesquisa com um problema de sala de aula, de ensino, ele está avançando muito na sua formação como professor. Ele se vê forçado a reavaliar tudo o que aprendeu na prática acadêmica, tem a possibilidade de uma experiência com uma reflexão sobre a linguagem.

Essa é apenas uma das diversas situações que encontramos nos sistemas estaduais e municipais de ensino. Infelizmente encontramos professores gambiarra, ou seja, pessoas não habilitadas gerenciando salas de aula, esse é um ranço muito antigo.


REFERÊNCIAS

CASTRO, A. H. O professor e o mundo contemporâneo. Jornal O Diário Barretos, opinião aberta, 08 jul 2004.
GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre: Ed. Artes Médicas, 2000.



Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/formacao-de-professor-ainda-nao-saimos-das-disposicoes-transitorias-da-ldb-96/70909/#ixzz292jnV6Jl

sábado, 6 de outubro de 2012

Jovem brasileiro – despreparo e baixa educação

por Antônio Gois/Folha Online

De cada 100 brasileiros de 15 a 19 anos, 72 não estão preparados para conseguir uma boa colocação no mercado de trabalho. A constatação é de um estudo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) sobre a qualidade do ensino na América Latina.

A mesma conta foi feita em outros cinco países da região: Peru, México, Uruguai, Chile e Argentina. O percentual do Brasil só não foi pior do que o verificado no Peru.

Para chegar a essa conclusão, os autores do estudo levaram em conta não só o percentual de jovens sem ensino fundamental completo mas também aqueles que, mesmo concluindo este nível, tiveram uma educação de péssima qualidade.

No caso do Brasil, 43% dos jovens de 15 a 19 anos sequer haviam conseguido concluir o ensino fundamental. Dos 57% que fizeram o fundamental, no entanto, o estudo estima que metade teve uma educação de baixa qualidade, já que 50% dos alunos brasileiros que fizeram a prova de leitura do Pisa (exame internacional que compara a educação em diferentes países) não passaram do nível 1 de aprendizado, o mais baixo.

“Não estamos dizendo que esses jovens não conseguirão emprego algum. Poderão até trabalhar em atividades mais básicas, mas não será essa força de trabalho que atrairá empresas de alta tecnologia”, diz o economista responsável pelo estudo, Juan Carlos Navarro.

 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Querem puxar seu tapete? Saiba lidar com colegas de trabalho competitivos demais

Andrezza Czech
Do UOL, em São Paulo


Você acabou de defender aquela sua ideia incrível na frente de todos e estava a um passo de ter seu projeto aprovado pelo chefe quando, de repente, um colega decide criticar sua proposta. Como agir? Essa é uma das situações mais frequentes quando se tem colegas competitivos demais na equipe –aqueles que, a qualquer momento, podem puxar o seu tapete. “É impossível a competição não aparecer no mercado de trabalho, mas ela precisa ser saudável”, diz Roberto Picino, diretor-executivo da Page Personnel, empresa especializada em recrutamento.

Para que isso aconteça, especialistas acreditam que regras devem ser estabelecidas. “Quando há normas para promoção, metas para atingir e resultados para entregar, a competição se torna saudável. Mas raras são as empresas que têm uma ferramenta de avaliação de desempenho dessa forma”, diz a coach Daniela do Lago, mestre em comportamento organizacional. Quando os critérios não são claros, os funcionários competitivos demais veem uma oportunidade para tentar desestabilizar e prejudicar colegas que consideram uma ameaça a eles. “A competição fica ferrenha quando ocorre por causa de um nível hierárquico. Nem todo mundo tem o bom senso de não fazer aos outros o que não gostaria que fizessem com ele”, diz Daniela. “Tem gente que compete até porque o chefe elogiou o trabalho de outro, e não o dele”.

Para Mike Martins, diretor-executivo da Sociedade Latino Americana de Coaching (SLAC), a competição pode ser prejudicial quando passa dos limites. “É perigoso quando a pessoa prejudica seus colegas, seus clientes e até a própria saúde. Ser altamente competitivo é nocivo quando isso toma horas da sua vida e compromete a vida pessoal”, diz ele.

O UOL Comportamento conversou com especialistas para entender como lidar com as atitudes mais frequentes –e prejudiciais– que os colegas competitivos tomam ao tentar puxar seu tapete.


Indicação de profissional ruim pode prejudicar sua imagem; saiba agir com quem pede ajuda

Andrezza Czech
Do UOL, em São Paulo


Seja um antigo colega ou um grande amigo, quando alguém lhe pede uma indicação para uma vaga de trabalho, a saia justa é a mesma. Até quando você não tem certeza da capacidade profissional dessa pessoa, é comum que a camaradagem fale mais alto. Com isso, há o risco de estar colaborando com a entrada de um funcionário pouco competente na empresa onde você atua.

Mas será que isso pode prejudicar a sua carreira? A resposta é sim. "Quando você indica alguém ruim, sua reputação será questionada. Por mais que seu chefe o enxergue como um bom profissional, ele passa a te ver como alguém sem discernimento", diz o especialista em desenvolvimento profissional, liderança e gestão Renato Grinberg.

Segundo Mike Martins, diretor-executivo da Sociedade Latino Americana de Coaching, qualquer problema que ocorrer dentro da empresa por culpa da pessoa indicada poderá ter reflexos em você. "Indicar alguém pode melhorar sua imagem rapidamente ou prejudicá-la. Se o novo funcionário causar danos enormes à empresa, ambos podem ser demitidos", afirma.

Arriscar ou não?
Com tantos riscos, a solução para evitar o erro parece simples: jamais indicar alguém. Na prática, porém, dizer não é difícil e significa que você jamais poderá pedir ajuda para essa pessoa, caso necessite no futuro. E embora a regra seja não colocar a mão no fogo por alguém, ser sempre isento não é bom.

"Você não pode perder a chance de resolver um problema do seu chefe levando um bom profissional para a equipe. É possível ganhar pontos positivos por isso. Às vezes, é preciso correr alguns riscos, ainda que calculados", segundo Grinberg.

Viver bem na cidade


Os jovens hoje na faixa dos 20 anos ingressarão na terceira idade a partir de 2050, segundo levantamentos internacionais que apontam para o envelhecimento populacional.

Notícia da ONU em outubro do ano passado já confirmava 700 milhões de pessoas com mais de 60 anos em todo o mundo. Até 2050, a organização previu que essa população seja superior a 2 bilhões e ultrapasse o número de crianças com até 14 anos de idade.

O Brasil confirma a tendência do envelhecimento mundial. Em 2010, as pessoas com 60 anos ou mais correspondiam a 10,8% da população total, ou 20,5 milhões. Para 2025, segundo estimativa do IBGE, os idosos serão cerca de 13% da população. Assim, o Brasil terá a sexta população de idosos em termos absolutos.

Não há nada de errado com um país que envelhece. Os países, assim como as pessoas, passam por fases e em todas elas enfrentam desafios. O importante é saber superá-los.

Um guia para as cidades


A questão da velhice é recorrente no noticiário nacional porque o Brasil não se preparou para ela. Agora, precisa correr contra o tempo. Há muito por fazer e talvez o mais difícil seja a mudança de comportamento de uma sociedade que cultua a juventude em todos os sentidos.

No final de março de 2011, o IEA (Instituto de Estudos Avançados) da USP, em parceria com o Grupo Mais-Hospital Premier e a Oboré Projetos Especiais de Comunicação e Artes, realizou o ciclo “Idosos no Brasil: Estado da Arte e Desafios”. Os debates ocorridos naquela oportunidade, passado mais de um ano, permanecem atuais.

Atento para a mesa-redonda “Aspectos urbanos e habitacionais em uma sociedade que envelhece”, que teve a participação de Alexandre Kalache, da Academia de Medicina de Nova York e da professora Guita Grin Debert, do Departamento de Antropologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Em trecho do seu pronunciamento, Kalache lembrou que a concentração urbana também cresceu vertiginosamente no Brasil e afirmou: “Vamos precisar mudar a realidade do idoso no contexto urbano e, para isso, é fundamental ouvi-lo e fazê-lo contar como é a experiência de ser idoso na cidade”.

Essa é justamente a proposta do Guia Global das Cidades Amigas das Pessoas Idosas, que ele desenvolveu com Louise Plouffe em 2007 para a OMS (Organização Mundial da Saúde) e que contou com a colaboração de representantes de vários países-membros.

Ouvir para mudar


Em São Paulo (SP), um grupo de arquitetos de prestígio internacional participou do Arq.Futuro SP nos dias 24 e 25 deste mês para discutir as possibilidades da cidade para o futuro. O evento terá uma edição em Minas Gerais no início de novembro. Para 2013 estão previstas edições no Rio de Janeiro e na Bahia.

Cito a reunião dos arquitetos porque, de todas as entrevistas que acompanhei, a maioria dos profissionais declarou que é muito importante ouvir a opinião dos moradores da cidade.

O crescimento da população idosa e a concentração urbana seguem juntos e acelerados. Cerca de 87% dos brasileiros vivem em cidades. Portanto, ouvi-los parece ser fundamental para melhorar a qualidade da vida para moradores de todas as idades.

O Guia Global das Cidades Amigas das Pessoas Idosas resultou, entre outras fontes, de pesquisas junto a idosos e cuidadores durante seis meses em 35 cidades do mundo. A contribuição do Brasil para o projeto saiu do bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, conhecido por concentrar a maior população de idosos no país.

Os principais temas do estudo são: espaços externos e edifícios, transportes, habitação, participação social, respeito e inclusão social, participação cívica e emprego, comunicação e informação, apoio comunitário e serviços de saúde.

Em 2009, a Fundação Calouste Gulbekian patrocinou uma edição do guia em português de Portugal, a qual pode ser acessada no link: http://www.gulbenkian.pt/section154artId1949langId1.html

Vale a pena ler e ampliar as oportunidades para que os idosos do século 21 mostrem a que vieram.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.
 

Coluna da Lucila Cano



Em creche de SP, crianças aprendem a conviver com deficiente e estrangeiro sem preconceito

Mariana Monzani
Do UOL, em São Paulo


As crianças estão curiosas: seus olhos atentos seguem a repórter, o fotógrafo e uma das funcionárias que acompanha a visita da equipe à creche. Mas essa novidade não causa estranheza ou medo – afinal, o ambiente ali foi configurado para que o diferente fosse bem aceito e tolerado.

Lucas, 5, é o primeiro a puxar conversa. “Você conhece minha sala? Vou te mostrar”, diz o menino que tem síndrome de Down. Ele mostra o que trouxe na mochila, apresenta a sala e já repassa a rotina do dia:

Na creche pré-escola Oeste da USP (Universidade de São Paulo), a diversidade é parte da rotina. A unidade, que fica na Cidade Universitária, em São Paulo, recebe, com naturalidade, alunos deficientes, estrangeiros recém-chegados ao país e crianças das diversas classes sociais.


Creche inclusiva 

Foto 3 de 17 - Antonio, 6, observa o fotógrafo de cima do escorregador do pátio da creche. Segundo a LDB (Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional) a escola deveria ser direito de todos, seja de crianças e adolescentes em situação de inclusão ou não. De acordo com a Constituição, a lei garante o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino Leonardo Soares/UOL 

Mais tolerantes

Essa abertura – ou tolerância como alguns preferem chamar – é uma característica que tende a acompanhar essas crianças ao longo de suas vidas. Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Psicologia da USP, justamente com os “alunos” dessa creche, mostrou que vivenciar a experiência da educação inclusiva na pré-escola pode evitar diversos tipos de preconceito de forma duradoura.

Inclusão na creche


Segundo Marie Claire Sekkel, coordenadora do estudo, “as crianças mantêm atitudes de abertura ao relacionamento com pessoas significativamente diferentes, independentemente de valores familiares”.

Tiano 5, que é de Moçambique , quer falar sobre a história da família. Antônio também deseja participar, mas corre, com vergonha. Laura pede para trocar de roupa.

Inclusão num sentido amplo

A creche possibilita essa oportunidade para que essas crianças aprendam a trabalhar e a conviver em grupo com quem é diferente (seja por alguma condição física ou social) e a aceitar essas diferenças. Esse tipo de experiência é positivo no desenvolvimento da educação infantil.

Nesse sentido, a educação inclusiva, que integra alunos em situação de inclusão a turmas regulares, evidencia esse espírito de “estar com o diferente” e aprender com essas relações. As crianças, segundo princípios da educação inclusiva, devem aprender juntas, independentemente das dificuldades que possam ter.

“Nosso foco principal é olhar para a criança em situação de inclusão e ajudá-la a participar das propostas junto ao grupo dela, facilitando as relações entre eles, a aquisição de conhecimento, de descobertas, o fomento a criatividade, ao conhecimento, sendo crianças em situação de inclusão ou não”, explica Prislaine Krodi, psicóloga da Creche/Pré-Escola Oeste da USP.

Coluna da Lucila Cano

Para analistas, baixa qualidade do ensino e taxa de reprovação "expulsam" jovem da escola

Cristiane Capuchinho
Do UOL, em São Paulo


Aluns assistem a aulas a distância para o ensino médio no Amazonas

Caiu o número de jovens na escola a partir dos 15 anos de idade. O dado da Pnad 2011 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), explicita um problema que preocupa há algum tempo pesquisadores da educação: a escola não consegue reter o adolescente.


"O jovem que vai à escola não encontra o professor de determinada disciplina ou não tem a aula de maneira adequada. Esse jovem percebe que essa escola [da maneira como é oferecida] não garante um lugar no mercado de trabalho. Então considera que o mais lógico é abandonar a escola", explica a professora Marcia Malavasi, da Faculdade de Educação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). "Dessa maneira, a escola 'expulsa' os jovens do ensino médio", conclui.


Desinteresse

"O jovem diz que não tem interesse, não tem saco, não gosta da escola", afirma Haroldo Torres, diretor de análise e disseminação de informações da Fundação Seade. Segundo ele, até existe um reconhecimento de que estudar "é importante para o futuro", mas isso não se traduz em esforço para se manter na escola.

A falta de interesse do aluno parece ser resultado de um conjunto de situações, que vão da baixa qualidade do ensino, falta de professores e altos índices de reprovação a problemas de infraestrutura escolar, como a falta de bibliotecas e salas de estudo.

"O jovem tem dificuldades para chegar até a escola, pois é longe e o transporte é caro. Quando ele chega, não tem professor e a escola sequer tem uma biblioteca para manter o aluno ali estudando", critica Marcia.

Retenção

A probabilidade de evasão do jovem aumenta conforme o número de repetências no histórico escolar. "O nosso sistema é muito reprovador, sobretudo em algumas regiões. No Nordeste, por exemplo, é muito comum as pessoas ficarem retidas no ensino fundamental", explica Torres.

Não dá para dizer que o jovem está saindo da escola para ir trabalhar, pois caiu a taxa de ocupação até os 29 anos. Existe uma parte da população aí que não estuda nem trabalha

MARIA LUCIA VIEIRA, gerente de pesquisa do IBGE


A avaliação de que os altos índices de retenção desestimulam o aluno ecoa na fala do pesquisador Simon Schwartzman, do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade).

"A educação pública brasileira é em geral muito mal gerenciada, com níveis absurdos de reprovação e dependência. Basta "arrumar a casa", garantir que os professores venham e dar aulas de reforço para os alunos que ficam para trás para que os indicadores comecem a melhorar", diagnostica.

Estrutura

Apesar do aumento no investimento no ensino médio, com a criação do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) que atende toda a educação básica, os números do ensino médio não melhoraram. Uma das hipóteses é de que o currículo não agrade a esse jovem.

"É importante deixar de obrigar todos a seguirem os mesmos currículos, abrir espaço para escolhas, e ampliar de maneira muito significativa a alternativa de formaçao profissional sem mantê-la atrelada ao ensino médio regular", argumenta Schwartzman.

Professor brasileiro ganha menos que metade do salário dos docentes dos países da OCDE

Karina Yamamoto
Do UOL, em São Paulo


Um professor brasileiro do fundamental 2 (6º a 9º anos) ganhou, em média, US$ 16,3 mil por ano em 2009. Enquanto isso, na média, um profissional com formação e tempo de experiência equivalentes recebeu US$ 41,7 mil nos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Falta de dados brasileiros sobre salário é “absurdo”

“É um absurdo o Estado brasileiro não ter esse dado [sobre a remuneração do professor]”, afirma Rubens Barbosa de Camargo, pesquisador em financiamento da educação básica na USP (Universidade de São Paulo).

O especialista lembra que o MEC (Ministério da Educação) realiza anualmente o Educacenso, um levantamento detalhado da educação básica. “Faz o censo escolar [com estatísticas do perfil dos professores, como sua escolaridade e número de escolas em que leciona] e não pergunta quanto ele [o professor] ganha?”, diz Camargo.

Se for levada em consideração a situação do professor da rede pública, a comparação fica ainda pior. A média anual é U$ 15,4 mil. Os salários dos docentes brasileiros foram calculados, com base nos dados da Pnad (Pesquisa Nacional Amostra de Domicílios) 2010 pela Metas - Avaliação e Proposição de Políticas Sociais a pedido do UOL. Já os dados da OCDE foram divulgados no começo de setembro no relatório anual Education at a Glance ("Olhar sobre a Educação" em tradução livre).

“Salário é o principal [fator de atração para carreira docente]”, afirma o pesquisador Rubens Barbosa de Camargo, da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo). E os estudos - além da experiência prática - confirmam e reafirmam a importância do professor na qualidade da educação.

“Há muitos licenciados [profissionais com licenciatura que podem dar aulas] que deixam a profissão. Melhorando o salário, não só atrai a juventude como pode trazer de volta esses professores”, diz Camargo.

Para a economista Fabiana de Felício, da consultoria Metas - Avaliação e Proposição de Políticas Sociais, a questão que se coloca é: como selecionar bons professores se a profissão não é valorizada. “É uma atividade desgastante e [dar aula é] um compromisso inadiável. Tem de pagar um salário compatível [para que valha a pena ser professor]” , diz Fabiana.

Diferença com outros profissionais

Pelos cálculos da consultoria Metas, o salário médio de um professor da rede pública com curso superior e com, pelo menos, 15 anos de experiência (US$ 15,4 mil) não chega a metade (48,5%) da remuneração dos demais profissionais (US$ 31,7 mil) no Brasil.

No caso dos profissionais do fundamental de modo geral a diferença é um pouco menor. O salário anual médio de um professor da rede pública (US$ 13,1 mil) é 54,7% do médio das demais profissões (US$ 24,4 mil) com a mesma formação e o mesmo tempo de serviço.

Os números são ruins, mas já foram ainda piores. "Com a introdução do Fundef [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério] que depois virou o Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação], o professor deixou de ter salários acintosos", diz Camargo.

Essa desproporção é comum mesmo nos países ricos da OCDE. Na média, os países da OCDE pagam a seus professores 85% do valor com que remuneram os demais profissionais da etapa equivalente ao fundamental 2.

Na Finlândia, país tido como exemplo pela qualidade da educação, um professor secundário com 15 anos de experiência tem salário praticamente equivalente ao restante da força de trabalho (98%). Dos 30 países com dados disponíveis, apenas quatro têm proporções na casa dos 50%. São eles: Islândia (50%), República Tcheca (53%), Estônia (57%) e Hungria (58%).

Em comparação com os países da OCDE, o Brasil está entre aqueles com menor investimento anual por aluno do grupo, sendo o terceiro que menos investe por aluno no pré-primário (US$ 1,696) e no secundário (US$ 2,235) e o quarto colocado no primário (US$ 2,405).

PNE

Uma das 20 metas do documento original do PNE (Plano Nacional de Educação), elaborado no final de 2010, diz respeito à remuneração dos professores. Segundo o documento a 17ª meta das 20 propostas é “valorizar o magistério público da educação básica a fim de aproximar o rendimento médio do profissional do magistério com mais de onze anos de escolaridade do rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente”.

Mais sobre relatório da OCDE


O PNE, que deveria estar em vigor no período de 2011 a 2020, ainda se encontra na Câmara dos Deputados. A disputa que mais tem causado o atraso de sua aprovação é o percentual de investimento em educação. Movimentos em defesa da educação apontam para 10% do PIB (Produto Interno Bruto).

No último capítulo dessa novela, a meta de investimento em educação subiu de 7,5% para 8% do PIB e criou a possibilidade de elevar esse percentual a 10%, caso metade dos recursos do pré-sal, a serem investidos na área, representem 2% do total.

Segundo um relatório elaborado pela Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), o salário dos professores abocanham um valor equivalente a 1,5% do PIB nos dias de hoje. “Com 2% do PIB seria possível alcançar a média dos outros trabalhadores”, avalia Rubens Barbosa de Camargo. Segundo ele, a valorização do magistério passa ainda por melhoria nas condições de trabalho, como infraestrutura de qualidade e diminuição do número de alunos por sala.

Volta ao mundo em 87 escolas

 Fotógrafo inglês registrou o cotidiano de jovens estudantes em todos os continentes; em entrevista à Educação, ele fala sobre o projeto que durou oito anos


Deborah Ouchana
 

Da moderna escola japonesa, equipada com computadores de última geração, passando por uma aula de violoncelo, na Espanha, até uma escola rural no Peru, com suas paredes cor de ocre e chão de terra batida. Ou de uma escola na Nigéria apenas para meninas cobertas dos pés às cabeças por suas burcas, até os 30 meninos iemenitas e seus uniformes verdes estilo militar. Entre 2004 e 2012, as lentes do fotógrafo inglês Julian Germain viajaram todos os continentes para registrar o cotidiano de diferentes salas de aula ao redor do mundo. O projeto resultou no livro Classroom Portraits (Retratos de salas de aula, em tradução livre), que traz 87 fotos tiradas em 19 países ao longo de oito anos. Lançado em setembro no Reino Unido, o volume ainda não tem previsão para chegar ao Brasil. Em entrevista à Educação, Germain fala sobre seu processo de criação e as experiências que vivenciou entre estudantes e professores. Confira abaixo uma seleção das fotos do livro Classroom Portraits.

De onde surgiu a ideia de fotografar salas de aula?
Essa vontade começou quando eu percebi que nunca mais havia estado em uma escola desde que terminei o ensino médio. Quando você é criança, a escola é uma das coisas mais importantes da sua vida. Ao mesmo tempo em que você deixa a escola, muita coisa fica para trás e você acaba retomando essas lembranças apenas quando tem seus próprios filhos e eles começam a frequentar as salas de aula. Além disso, comecei a olhar ao redor e descobri que não existia arte sobre a escola. Você vai a museus e galerias de arte e a escola não é representada. Eu sou um artista fotográfico e há uma tradição de se fotografar assuntos dramáticos, mas eu também me sinto atraído por fatos cotidianos. Como a escola é um objeto inexplorado nas artes e muito importante em nossas vidas, achei que seria interessante criar um projeto sobre ela.

Quando você decidiu retratar escolas ao redor do mundo?
A minha ideia não era fazer um grande projeto internacional. Meu plano inicial era fotografar seis escolas apenas no Reino Unido. Comparado a outros países, como o Brasil, o Reino Unido é muito pequeno, mas percebi que escolas separadas por 100 quilômetros de distância podiam ser completamente diferentes. Por exemplo, na cidade de Washington, as crianças são praticamente todas brancas. Já em Bradford, havia apenas três crianças brancas na sala de aula, porque a cidade tem uma grande população asiática - a maior parte de Bangladesh. Nós temos no mesmo país uma variedade enorme de escolas. Por outro lado, quando olhamos para as fotografias, reconhecemos nelas o lugar onde estudamos e surgem diversas memórias. Certo dia fui para a Argentina fazer um trabalho e acabei visitando algumas escolas. Depois fiz o mesmo no Brasil. Olhando essas fotografias da Argentina e do Brasil, achei interessante ver escolas de diferentes países e culturas e tomei a decisão de tentar fotografar salas de aula quando eu viajasse para outros lugares.

E como foi fotografar em países diferentes?
Quando comecei a fotografar em outros países, fiquei um pouco nervoso, com medo de estar culturalmente desconectado. Quando eu olho as fotos do Reino Unido, há um reconhecimento, um monte de memórias da minha época de escola. É lógico que a escola muda, mas de muitas maneiras é a mesma da minha época. Um pouco desse reconhecimento pessoal é perdido quando eu vejo as fotos de outros países. Apesar disso, é interessante reparar nos pequenos detalhes diferentes em cada cultura.

Você notou semelhanças e diferenças entre as escolas fotografadas?
Eu fiz muitos retratos e há centenas de crianças nas minhas fotos, mas ainda é uma parcela muito pequena de quantas escolas ou alunos existem. Por isso digo que esse não é um projeto científico, são apenas impressões. Mas uma coisa que chamou minha atenção foi a diferença do controle que os professores têm sobre os alunos em cada país. Posso te dizer que em todas as escolas que eu visitei a ordem e a disciplina eram boas, mas em alguns países os professores eram mais rígidos do que em outros. Na Nigéria, por exemplo, há um senso de rigor e autoridade muito forte. Já na Alemanha, eu senti que os alunos são mais descontraídos em relação aos professores. Eu não sou professor, mas acho que o mais importante é haver respeito de ambas as partes. Estive em uma escola rural na Etiópia, onde fiquei muito tocado com a relação dos alunos com o professor de física. Acho que por se tratar de uma escola num país muito pobre, ser professor de física tem um status muito alto. Os alunos o respeitavam muito e ele realmente amava as crianças. Havia nessa classe uma atmosfera incrível de querer estudar e entrar em uma universidade.

Ao folhear o livro, a expressão das crianças chama muito a atenção. Elas estão todas sérias, olhando diretamente para a câmera. Por que você escolheu fotografá-las dessa forma?
Eu me interesso muito por retratos, por isso os alunos estão olhando diretamente para a câmera. Eu gosto de lidar com a câmera de forma direta; isso se torna psicologicamente poderoso, especialmente quando é um grupo grande de pessoas. Mas eu nunca disse como os alunos deveriam olhar ou que eles deveriam ficar sérios. Acho que o próprio processo de criação das fotos fez as crianças compreenderem que aquele era um momento importante para mim. Eu tinha que falar com todo mundo. Pedia para eles se movimentarem, virem um pouco para a direita ou para a esquerda. Eles entenderam que todos tinham um espaço na foto e todos eram importantes para ela. Eu lembro que, em uma das fotos que fiz numa escola rural, um dos meninos colocou a mão no coração para a fotografia, como os jogadores brasileiros fazem ao ouvir o hino do país.

Por que a foto do Brasil foi escolhida para ser a capa do livro?
Eu não queria passar a impressão de que o livro era apenas sobre a Europa. Ao mesmo tempo, se eu escolho uma foto da África, por exemplo, as pessoas logo pensam que é um livro sobre pobreza. Eu acho que essa era uma classe bem misturada, de uma forma brasileira. Não há só pessoas brancas ou negras. Outra coisa sobre essa foto é o garoto da frente, com o boné do São Paulo. Ele atrai o olhar para a fotografia. Quando se tem uma fotografia com 30 ou 40 pessoas, é comum escolher para a capa alguma que tenha um indivíduo que atrai o olhar por um caminho.

A foto do Brasil foi uma das primeiras da série, certo?
Sim, essa foto é de 2005. Nossa... é impressionante como o tempo voa. Os alunos brasileiros que eu fotografei já até deixaram a escola. Esse também é um elemento interessante no livro; ele fala sobre o futuro. Quando eu fiz a exposição dessas fotos, ela se chamou "O futuro é nosso". Eu gosto de fazer essa referência sobre como a educação é essencial para um país. Outra coisa que eu acho muito forte é que quando olho o livro página a página, com essas centenas de crianças me olhando, a sensação que tenho é a de que, como adultos, somos todos responsáveis por elas. Estamos construindo o mundo para elas. Eu espero que as pessoas também tenham essa sensação quando olharem o livro.

Garota bissexual é impedida de assistir à aula por usar camiseta "eu gosto de vagina" nos EUA

Do UOL, em São Paulo

  • Reprodução/New York Daily News

A estudante bissexual Brianna Demato foi impedida de assistir às aulas na última terça-feira (2) por usar uma camiseta em que estava escrito "eu gosto de vagina". Os funcionários da escola Newton High School, em Nova York, teriam considerado a camiseta "muito distrativa".

Homofobia


As informações são do jornal norte-americano New York Daily News. A jovem de 15 anos considera que seu direito de expressão foi violado pela escola.

"É hipocrisia", disse Brianna ao New York Daily News, "Eles usam a palavra durante a aula. Por que eu não posso usá-la em uma camiseta?"

A jovem diz já ter usado a mesma camiseta outras vezes na escola e essa foi a primeira vez em que houve problemas. Ela conta ter sido vista por um funcionário durante o horário de almoço no refeitório, que pediu para que ela trocasse de camiseta ou fosse embora.

A mãe da garota, Cathy Demato, disse ao jornal Daily News que o ato foi discriminatório. "Ela não está prejudicando ninguém", disse, "Ela pode usar a camiseta que quiser."

Para o departamento de Educação municipal, o tipo de linguagem usado na camiseta é inapropriado para o ambiente escolar e pode causar conflitos.