Do UOL, em São Paulo
Aluns assistem a
aulas a distância para o ensino médio no Amazonas
Caiu o número de jovens na escola a
partir dos 15 anos de idade. O dado da Pnad 2011 (Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios), divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), explicita um problema que preocupa há algum tempo pesquisadores
da educação: a escola não consegue reter o adolescente.
"O jovem que vai à escola não
encontra o professor de determinada disciplina ou não tem a aula de maneira
adequada. Esse jovem percebe que essa escola [da maneira como é oferecida] não
garante um lugar no mercado de trabalho. Então considera que o mais lógico é
abandonar a escola", explica a professora Marcia Malavasi, da Faculdade de
Educação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). "Dessa maneira, a
escola 'expulsa' os jovens do ensino médio", conclui.
Desinteresse
"O jovem diz que não tem
interesse, não tem saco, não gosta da escola", afirma Haroldo Torres,
diretor de análise e disseminação de informações da Fundação Seade. Segundo
ele, até existe um reconhecimento de que estudar "é importante para o futuro",
mas isso não se traduz em esforço para se manter na escola.
A falta de interesse do aluno parece
ser resultado de um conjunto de situações, que vão da baixa qualidade do
ensino, falta de professores e altos índices de reprovação a problemas de infraestrutura
escolar, como a falta de bibliotecas e salas de estudo.
"O jovem tem dificuldades para
chegar até a escola, pois é longe e o transporte é caro. Quando ele chega, não
tem professor e a escola sequer tem uma biblioteca para manter o aluno ali estudando",
critica Marcia.
Retenção
A probabilidade de evasão do jovem
aumenta conforme o número de repetências no histórico escolar. "O nosso
sistema é muito reprovador, sobretudo em algumas regiões. No Nordeste, por
exemplo, é muito comum as pessoas ficarem retidas no ensino fundamental",
explica Torres.
MARIA LUCIA VIEIRA, gerente de
pesquisa do IBGE
A avaliação de que os altos índices
de retenção desestimulam o aluno ecoa na fala do pesquisador Simon Schwartzman,
do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade).
"A educação pública brasileira é
em geral muito mal gerenciada, com níveis absurdos de reprovação e dependência.
Basta "arrumar a casa", garantir que os professores venham e dar
aulas de reforço para os alunos que ficam para trás para que os indicadores
comecem a melhorar", diagnostica.
Estrutura
Apesar do aumento no investimento no
ensino médio, com a criação do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) que atende toda
a educação básica, os números do ensino médio não melhoraram. Uma das hipóteses
é de que o currículo não agrade a esse jovem.
"É importante deixar de obrigar
todos a seguirem os mesmos currículos, abrir espaço para escolhas, e ampliar de
maneira muito significativa a alternativa de formaçao profissional sem mantê-la
atrelada ao ensino médio regular", argumenta Schwartzman.
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