quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Mestre em Biologia desenvolve técnica barata para combater o mosquito da dengue

Segundo o professor Pedro Nonato da Conceição, o projeto é valioso mas não tem repercussão por ser muito barato.
MAX AGUIAR

Muitas técnicas já foram desenvolvidas para exterminar as larvas do mosquito da dengue. Algumas foram testadas e outras nem chegaram ao conhecimento público. Como é o caso do uso do isopor granulado em locais propícios para o inseto depositar os ovos que vão virar mosquitos, preservando a espécie. Essa metodologia foi criada pelo Professor e Mestre em Biologia e Engenharia Ambiental, Pedro Nonato da Conceição.
Por mais de 20 anos trabalhando em pesquisas na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Nonato desenvolveu vários tipos de pesquisas, uma das quais voltada para o extermínio da dengue no Brasil. O projeto é valioso, mas nem a Prefeitura de Cuiabá se interessou pela sua pesquisa.
“Tudo começou quando eu percebi que os mosquitos desovam em qualquer lugar que tem água. Não é só água limpa. O que preciso é ter água. Se, por exemplo, colocarmos uma camada de 3 a 4 cm de isopor granulado nos objetos com o ovo do mosquito da dengue ou até mesmo com as larvas, os mosquitos são incapazes de respirar e nem poderão flutuar, pois a superfície já está coberta com isopor. Sem condições ambientais favoráveis, o mosquito não sobrevive”, explicou o professor.
Mas o próprio professor explicou também que existe o lado negativo disso. “O controle é a parte mais difícil. O isopor demora para se degradar na natureza e é difícil controlar, por ser muito leve e fácil de se espalhar. É preciso um cuidado redobrado para não inverter um método para exterminar o mosquito da dengue em um método prejudicial à natureza”, disse Nonato.
Outra dica do professor até mesmo para quem tem caixa d’água tampada: ficar atentos com os minúsculos espaços.”Pelas frestas que existem entre a tampa e a borda da caixa é que os mosquitos entram para botar seus ovos. Então é necessário colocar uma espécie de filtro na saída da água para a tubulação para que os ovos dos mosquitos não mudem de local”.
O método para exterminar o mosquito da dengue com o uso do isopor granulado, segundo o professor Nonato, não teve repercussão porque o produto é muito barato, fácil de comprar, e sua aaplicação não exige investimentos financeiros. “Os políticos gostam de projetos, cujos custos são milionários, mas este, que para muitos pode ser ineficiente mas com ferramentas em mãos ele dá resultado, é muito barato. Para gastar com isopor granulado é difícil pedir verba para fazer caixa dois”, desabafou o professor.
Pedro Nonato tem 70 anos e atuou 45 anos como professor da UFMT. “Durante meus tempos de estudo eu sempre fiz de meu lazer meu trabalho e de meu trabalho meu lazer”, finalizou o professor.

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