Leitura!
Para algumas pessoas esse termo pode soar algo prazeroso, divertido e de vital
importância. Entretanto, para outras, ela acaba adquirindo a denotação de uma
prática insossa, cansativa e até impositiva. Essas diferentes formas de
conceber a leitura estão diretamente atreladas aos valores repassados pela
família e, principalmente, pela escola desde os anos iniciais de escolarização
das crianças.
Ler
é uma questão de hábito, gosto e necessidade. Ninguém realiza uma leitura ao
acaso, visto que por detrás dessa ação sempre há um objetivo definido, uma
intencionalidade específica: ficar informado acerca dos últimos acontecimentos,
aprender coisas novas, relembrar algum dado importante, estabelecer analogias
entre o passado e o presente histórico etc. Ao efetuarmos, por exemplo, a
leitura de uma obra literária, de uma revista especializada, de um jornal de
notícias ou mesmo de um artigo científico como este; a fazemos com alguma
intenção, seja a título de lazer (“passa-tempo”), necessidade para o
desenvolvimento de um trabalho avaliativo escolar ou qualquer outro motivo.
A
prática da leitura, tanto na escola da vida quanto na vida na escola, nos
conduz à re-aprendizagens e novas aprendizagens, esclarecimentos, reflexões,
análises, sínteses, comparações e abertura de novos horizontes. Ler nada mais é
do que dialogar com o autor de um texto, concordando ou não com ele acerca das
concepções e opiniões expressas. Essa atitude de concordar ou discordar do
autor de um texto leva o leitor, mesmo que indiretamente, a ressignificar ações,
pensamentos e modos de enxergar o mundo a sua volta.
No
que diz respeito particularmente à leitura na escola, entendemos que esta não
deve ser vista pelos alunos como algo desinteressante e de caráter obrigatório
alicerçado a uma cobrança por parte dos professores; mas como uma prática
eficaz e eficiente que pode auxiliar os educandos na capacidade de comunicação
e expressão oral e escrita, no desenvolvimento do pensamento e do raciocínio
lógico, no estabelecimento de relações interpessoais e no convívio social. Para
tanto, faz-se necessário a realização de um trabalho didático-pedagógico
diferenciado por parte dos docentes nesse processo, propondo atividades de
pesquisa, recreação desportiva, pintura, desenho, dramatização, produção
textual entre outras que tenham como pano de fundo a leitura; não somente de
textos de diferentes estilos, mas também do próprio mundo exterior.
É
preciso, pois, que os alunos tenham condições de navegar pelos oceanos da
leitura desde a Educação Infantil. Cumpre à escola e aos educadores essa
tarefa. No entanto, cabe também à família dar a sua parcela de contribuição,
incentivando e estimulando as crianças ao desenvolvimento do hábito de leitura.
Somente através da parceira entre família e escola é que será possível fazer
com que os educandos compreendam a importância da leitura para sua vida pessoal
e profissional enquanto poderoso instrumento de emancipação. Isto porque a
leitura da palavra é sempre precedida da leitura do mundo. E aprender a ler, a
escrever e alfabetizar-se é, em suma, aprender a ler o mundo e compreender o
seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação
dinâmica que vincula linguagem e realidade. Afinal de contas, o ensino e a
aprendizagem da leitura não se configuram como atos de educação e esta, por sua
vez, um ato fundamentalmente político?
Doutorando
em Educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG/PR) e professor
Adjunto do Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais (CESCAGE/PR).
Nenhum comentário:
Postar um comentário