Grupo de 10 alunos
de escolas públicas de São Paulo discutiu o ensino médio e apontou que cotas
podem gerar preconceito na universidade
iG São Paulo
Na última terça-feira, o iG
promoveu um debate com dez estudantes de escolas públicas de São Paulo para
ouvir o que eles pensam sobre a qualidade da educação e o ensino médio, etapa na qual o País avançou pouco no Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2011. A nota do Brasil no ensino médio ficou em 3,7, apenas 0,1 a
mais do que na última edição do Ideb.
Com mediação do colunista do iG e
especialista em Enem, Mateus Prado, os alunos debateram por uma hora e divergiram sobre a adoção
das cotas sociais e raciais em universidades públicas. Eles acreditam que a
política pode causar preconceito nas universidades. “Se (a cota) for por uma
questão de cor/raça, eu acho que geraria um preconceito lá dentro (na
universidade)”, disse Maick Souza, aluno da Escola Estadual Antônio Emílio de
Souza Penna. Natalia Simão, estudante da ETEC Raposo Tavares, concordou:
“Colocando uma cota, você vai gerar uma exclusão dentro da universidade”.
“(A cota) É um dos poucos meios
facilitadores, que conseguem colocar pessoas de classes trabalhadoras, da
periferia, no ensino superior. [...] Meu processo, minha caminhada, minha
história é muito diferente do aluno de uma escola privada”, defendeu Luis Felipe
Chrystian Silva, aluno da Escola Estadual Governador Paulo Sarasate. Tawany
Gabriela de Oliveira, estudante da Escola Estadual Cidade de Hiroshima,
rebateu: “Se o Luis tem a mesma capacidade do que eu, que sou negra. Por que eu
deveria 'ter a oportunidade' e ele não ter?", declarou .
Arthur Mello, 15 anos, aluno do
Instituto Técnico Federal de São Paulo (IFSP), em Osasco, discorda que a
política seja positiva: “Para mim as cotas de escola públicas é o governo
admitindo e se acomodando por ter o pior ensino possível. [...] Não quero ter
50% (de cota), quero ter um ensino de qualidade”. O estudante também relatou
problemas na infraestrutura de sua escola: "Quando chove cai água do teto
(na sala de aula). Meu irmão já teve que fazer prova com guarda-chuva".
Violência também foi um dos temas
levantados pelo grupo. “Minha professora de sociologia já levou cadeirada e
mesada de alunos do período da noite”, relatou Mariana Thimoteo da Silva, da
Escola Nossa Senhora da Penha.
“Minha professora já confessou para mim
que vai dar aula com medo. A região da periferia já tem uma fama ruim. Muitos
professores são do centro, não estão acostumados e ver favela, e ficam com medo
de nós, da periferia”, declarou Anny Gomes, da Escola Estadual Presidente Café
Filho.
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