Pais "terceirizam" educação e esperam que
escola ensine filhos a usar a web, diz estudo
Guilherme Tagiaroli
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
Em pesquisa, pais citam escola,
meios de comunicação e governo para educar crianças sobre a internet
A maioria dos pais de crianças e adolescentes entre 9
e 16 anos esperam que as escolas se encarreguem de ensinar aos filhos sobre o
uso seguro da internet. A informação é da pesquisa TIC Kids (Tecnologias da
Informação e Comunicações), divulgada nesta terça-feira (2) pelo CGI (Comitê
Gestor da Internet). O levantamento tem como objetivo medir o impacto da
internet entre os jovens.
Fontes que os pais esperam que ensinem as crianças
sobre segurança na internet
Escola do filho (a)
|
61%
|
Televisão, rádio, jornais ou
revistas
|
57%
|
Governo
|
30%
|
Família e amigos
|
29%
|
Provedores de serviços de internet
|
15%
|
Sites com informações sobre
segurança
|
13%
|
ONGs/Institutos em prol das
crianças
|
11%
|
Próprio filho (a)
|
8%
|
Segundo o estudo, além da escola, os responsáveis
esperam que os meios de comunicação (57%) e o governo (30%) interfiram na
educação sobre uso seguro da internet. Dos pais entrevistados, 29% citaram a
importância de família e amigos em serem fontes de informações sobre segurança.
Além de “terceirizar” o processo, os pais demonstraram
confiar nas atividades dos filhos enquanto acessam a internet: 71% consideram
que as crianças utilizam a internet com segurança. É importante notar que dos
responsáveis entrevistados, 47% não usam a internet.
“De acordo com os pais, a criança consegue resolver os
eventuais problemas que ela encontrar na internet. Mas não está tudo bem, as
crianças sofrem riscos na rede”, disse Juliano Cappi, coordenador de pesquisas
do Cetic.br (Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da
Comunicação).
O levantamento mostra que das crianças e adolescentes
entrevistados, 14% informaram ter tido contato de mensagens de ódio contra
pessoas ou grupos de pessoas; 10% tiveram acesso a conteúdos sobre formas para
ficar magro e 9% disseram já ter visto páginas que falam ou compartilham
experiências sobre o uso de drogas.
Dicas para pais mostram como os filhos podem usar a
internet com segurança
Foto 4 de 14 - Deixe o computador à vista
Uma dica simples, mas que pode ajudar no monitoramento das atividades do seu filho na internet é manter o computador em um local onde todos convivam, como a sala, por exemplo. O objetivo aqui não é espionar o que a criança faz, mas estar por perto para orientá-la sempre que necessário Think Stock
Uma dica simples, mas que pode ajudar no monitoramento das atividades do seu filho na internet é manter o computador em um local onde todos convivam, como a sala, por exemplo. O objetivo aqui não é espionar o que a criança faz, mas estar por perto para orientá-la sempre que necessário Think Stock
Atividades das crianças na internet
A pesquisa TIC Kids apontou ainda que as atividades
que as crianças mais declararam fazer na web foram usar para trabalho escolar
(82%), visitar um perfil em uma rede social (68%) e assistir vídeos na web
(66%).
Porém, quando questionados sobre a frequência, 53%
informaram que usam redes sociais todos os dias. A mesma porcentagem respondeu
que utiliza aplicações de mensagens instantâneas diariamente. Quanto às
atividades escolares, 13% disseram utilizar a rede para esse fim de segunda a
segunda.
Redes sociais
O uso de redes sociais entre as crianças é grande,
segundo o estudo. Sete entre dez dos entrevistados informaram ter perfil
próprio em algum site. O restante afirmou que possui dois ou mais cadastrados
em uma mesma plataforma social.
No que diz respeito à popularidade, o Facebook também
já ultrapassou o Orkut entre os mais novos. Segundo o estudo, 61% informaram
que o Facebook é a rede social que mais utiliza, enquanto 39% disseram ser o
Orkut.
“É importante notar que a adesão ao Facebook é maior
conforme a idade. Geralmente os mais novos começam no Orkut e há então uma
migração para a rede social de Mark Zuckerberg”, disse Tatiana Jereissati,
coordenadora da pesquisa TIC Kids.
Apesar do uso massivo de redes sociais, o estudo
também mostra que é comum entre os jovens mentir a idade nesses tipos de
plataforma. Pouco mais da metade dos entrevistados (57%) disse que utiliza
falsa data de nascimento. Á título de curiosidade, a idade mínima recomendada
pelo Facebook para uso do site é 13 anos. No Orkut, a rede pede uma espécie de
autorização dos pais para usuários entre 13 e 18 anos.
A pesquisa TIC Kids (disponível aqui na íntegra) foi realizada entre
abril e julho e entrevistou 1.580 pais e 1.580 crianças e adolescentes (pessoas
com faixa de idade entre 9 e 16 anos). A metodologia utilizada é baseada em um
sistema da London School Of Economics (instituição de ensino superior
britânica) empregado para medir tendências de uso da web em toda a Europa.
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