Do UOL, em São Paulo
As crianças estão curiosas: seus
olhos atentos seguem a repórter, o fotógrafo e uma das funcionárias que
acompanha a visita da equipe à creche. Mas essa novidade não causa estranheza
ou medo – afinal, o ambiente ali foi configurado para que o diferente fosse bem
aceito e tolerado.
Lucas, 5, é o primeiro a puxar
conversa. “Você conhece minha sala? Vou te mostrar”, diz o menino que tem
síndrome de Down. Ele mostra o que trouxe na mochila, apresenta a sala e já
repassa a rotina do dia:
Na creche pré-escola Oeste da USP
(Universidade de São Paulo), a diversidade é parte da rotina. A unidade, que
fica na Cidade Universitária, em São Paulo, recebe, com naturalidade, alunos
deficientes, estrangeiros recém-chegados ao país e crianças das diversas
classes sociais.
Creche inclusiva
Foto 3 de 17 - Antonio, 6, observa o fotógrafo de cima do
escorregador do pátio da creche. Segundo a LDB (Lei das Diretrizes e Bases da
Educação Nacional) a escola deveria ser direito de todos, seja de crianças e
adolescentes em situação de inclusão ou não. De acordo com a Constituição, a
lei garante o atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino Leonardo Soares/UOL
Mais tolerantes
Essa abertura – ou tolerância como
alguns preferem chamar – é uma característica que tende a acompanhar essas
crianças ao longo de suas vidas. Uma pesquisa realizada pelo Instituto de
Psicologia da USP, justamente com os “alunos” dessa creche, mostrou que
vivenciar a experiência da educação inclusiva na pré-escola pode evitar
diversos tipos de preconceito de forma duradoura.
Inclusão na creche
- Para melhorar
resultados de inclusão, união entre família e escola é fundamental
- Em creche de
SP, crianças aprendem a conviver com deficiente e estrangeiro sem
preconceito
- Ouvi muito
"não" até conseguir matricular meu filho, conta mãe de menino
autista
- Veja fotos das
crianças na creche inclusiva da USP
Segundo Marie Claire Sekkel,
coordenadora do estudo, “as crianças mantêm atitudes de abertura ao
relacionamento com pessoas significativamente diferentes, independentemente de
valores familiares”.
Tiano 5, que é de Moçambique , quer
falar sobre a história da família. Antônio também deseja participar, mas corre,
com vergonha. Laura pede para trocar de roupa.
Inclusão num
sentido amplo
A creche possibilita essa
oportunidade para que essas crianças aprendam a trabalhar e a conviver em grupo
com quem é diferente (seja por alguma condição física ou social) e a aceitar
essas diferenças. Esse tipo de experiência é positivo no desenvolvimento da
educação infantil.
Nesse sentido, a educação inclusiva,
que integra alunos em situação de inclusão a turmas regulares, evidencia esse
espírito de “estar com o diferente” e aprender com essas relações. As crianças,
segundo princípios da educação inclusiva, devem aprender juntas,
independentemente das dificuldades que possam ter.
“Nosso foco principal é olhar para a
criança em situação de inclusão e ajudá-la a participar das propostas junto ao
grupo dela, facilitando as relações entre eles, a aquisição de conhecimento, de
descobertas, o fomento a criatividade, ao conhecimento, sendo crianças em
situação de inclusão ou não”, explica Prislaine Krodi, psicóloga da
Creche/Pré-Escola Oeste da USP.
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