Teresa Artola González
SITUAÇÃO FAMILIAR: Marta tem 8 anos e tem uma irmã, Lourdes, de 6 anos. Até há alguns meses era uma menina alegre e tranquila, ainda que sempre tenha sido um tanto tímida. Ultimamente, seus pais notaram que ela mudou. Toda sua antiga energia e alegria evaporou-se. Parece triste e mostra grande resistência para empreender qualquer atividade nova. Lhe custa muito dormir e quando o consegue tem frequente pesadelos. Chora com frequência e, frequentemente, sem um motivo aparente.
Converteu-se em uma menina solitária que evita suas antigas amigas e se resiste a conquistar novas amizades. Se tornou mal-humorada e irritada, ainda que ela insiste em que não tem nada.
Seus pais, Fernando e Carmem, não entendem muito bem o que é que está acontecendo. Faz seis meses que se mudaram de cidade, por motivos de trabalho de Fernando, e portanto de colégio. Certamente, não entendem que isto pudesse afetar tanto a filha. De fato, o resto da família adaptou-se muito bem: estão agora em uma cidade menor, possuem uma casa muito mais bonita, em um bairro com belos jardins onde há muitas crianças da idade de suas filhas.
Mas para Marta não lhe interessa descer para jogar. Frequentemente diz que lhe dói a cabeça e prefere ficar em casa lendo.
O colégio é também muito melhor em relação ao que frequentava antes. Cuidam mais da formação das meninas e a cada uma lhes destaca uma preceptora que colabora com os pais na educação das meninas. Mércia, a preceptora de Marta, disse que ela é uma menina muito dócil e inteligente, ainda que frequentemente fique distraída cometa erros absurdos por ser muito impulsiva. Também tiveram problemas de adaptação: lhe custa relacionar-se com suas companheiras e, em várias ocasiões, estas mexem com ela porque usa óculos para melhorar sua visão.
Nos primeiros meses faltou com frequência ao colégio pois teve muitas dores de barriga e vômitos. Seus pais, assustados, a levaram ao médico, que lhes disse que estas dores são consequência do “nervosismo”. Mas nervoso de que?, se perguntavam seus pais.
Carmem, sua mãe, é também muito nervosa e perfeccionista em excesso: gosta que tudo esteja perfeito e é muito exigente: com as notas, com a ordem. Entretanto é tremendamente sociável e já tem um montão de amigas em sua nova cidade. Não entende por que a sua filha lhe custa tanto adaptar-se.
Em casa, Marta também está muito insuportável: Chega do colégio de mau humor. Se aborrece por qualquer coisa e chora com frequência sem motivo aparente. Seus pais se perguntam se não será pela idade e esperam que com o tempo volte a ser a menina que era antes.
O que é a ansiedade e como se produz?
A ansiedade é uma resposta natural do organismo que lhe prepara para reagir (lutar ou fugir) ante um perigo real ou imaginário. É um espécie de radar que foi muito útil à humanidade em um passado perigoso.
Sem preocupações ou sem medos não poderíamos evitar as coisas potencialmente prejudiciais com as quais nos encontramos cada dia.
Se trata, portanto, de uma resposta adaptativa do organismo que lhe prepara para enfrentar uma situação de perigo: o coração bate mais depressa para contribuir maior quantidade de oxigênio, os músculos ficam tensos.
Todas estas atividades se desencadeiam como consequências da ativação do Sistema Nervoso Autônomo (SNA). Se trata de um sistema nervoso independente cuja atividade não está submetida ao controle direto do cérebro (pelo que lhe denomina autônomo). Por isso, quando o SNA se ativa, estaremos nervosos, mesmo quando nosso “cérebro pensante” nos diz que não existe perigo real e que nosso medo é irracional.
Hoje em dia, raramente a sobrevivência nos exige fugir ou lutar. Entretanto, nosso sistema nervoso continua respondendo aos sinais de perigo e pode ativar-se ante situações que não coloquem em perigo nossa sobrevivência física, mas nosso bem estar emocional ou intelectual.
Por exemplo, o SNA de uma criança pode ativar-se quando lhe perguntam na classe, quando lhe critica um professor, quando outras crianças zombam dela.
A ANSIEDADE NÃO É UMA DOENÇA,
MAS UMA REAÇÃO NATURAL DO ORGANISMO QUE OCORRE DE FORMA
INADEQUADA
Frequentemente, esta resposta se desencadeia de forma inadequada ante situações ou estímulos que não supõem nenhum risco real para a pessoa, ou melhor aparece ante situações apropriadas mas de forma excessiva: por exemplo, quase todas as pessoas experimentam um certo nervosismo ante os exames mas, se este é excessivo, falaremos de ansiedade.
Como identificar se meu filho tem um problema de ansiedade?
Nem sempre é fácil identificar se uma criança tem um problema de ansiedade.
A ANSIEDADE PODE
APRESENTAR-SE COM FREQUÊNCIA
DE FORMA DISFARÇADA
Entre os muitos aspectos que a ansiedade pode adotar estão o mau humor, a irritabilidade, o comportamento agressivo, o fracasso escolar, a obstinação, a rebeldia.
Frequentemente, as crianças ansiosas são etiquetas como “preguiçosas” ou “estúpidas”. Assim, uma criança, cujos primeiros dias de colégio estão marcados pela ansiedade, parecerá menos ágil, capacitado ou competente que seus companheiros, já que a ansiedade excessiva tem um efeito negativo sobre o rendimento. É, pois provável que seus professores o “etiquetem” como torpe ou pouco brilhante. Uma vez que ocorre isto, se requer uma enorme quantidade de provas em sentido contrário para que os professores mudem de opinião sobre a criança.
Também pode manifestar-se sob a forma de sintomas físicos como dores de barriga, vômitos, dor de cabeça, ou ser interpretado como consequência de outros conflitos como ciúmes, mau caráter, agressividade ... Todas estas manifestações são formas através das quais a criança se defende da ansiedade.
Por exemplo, se seu filho tem medo do professor de matemática, é possível que sofra vômitos ou dores de barriga cada vez que tem aula com ele.
Se estas artimanhas não lhe servem, é provável que evite mentalmente a situação, fantasiando durante a aula, com o qual seu rendimento será cada vez menor, ou melhor que quando tiver que fazer um exame responda com muita rapidez para evitar o mais cedo possível a situação (o que certamente lhe levará a cometer muitos erros absurdos).
Lhe proporemos que responda as perguntas do seguinte questionário, que pode ajudar-lhe a determinar se seu filho sofre uma ansiedade excessiva.
Questionário de D. Lewis para detectar ansiedade
1 – Dorme mal (custa para dormir ou acorda com frequência durante à noite).
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
2 – Tem pouco apetite.
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
3 – Se aborrece muito pelas contrariedades.
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
4 – Chora sem nenhum motivo aparente.
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
5 – Padece de muitas doenças benignas (resfriados, dores de barriga ...)
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
6 – Está arisco e mal-humorado
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
7 –Resiste a tentar novos objetivos:
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
8 – Sua conduta é conflitiva em casa ou no colégio.
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
9 – Baixou em seu rendimento na sala de aula sem razão aparente.
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
10 – Começou a fazer xixi na cama uma e outra vez.
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
11 – Se cansa com facilidade.
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
12 – Tem medo quando tenta realizar algo novo.
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
13 – Se mostra muito sensível às críticas justificadas.
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
14 – É tímido em relação aos demais.
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
15 – Gosta de estar com os amigos ou familiares:
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
16 – Tem dificuldades para fazer amigos
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
17 – Pede que lhe desculpem para ausentar-se na classe determinados dias:
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
18 – Tem pesadelos
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
19 – Não gosta das mudanças em sua rotina:
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
20 – Lhe custa levantar-se por sua conta:
a. De vez enquando b. Às vezes c. Sempre
PONTUAÇÃO: Anotar 5 pontos para cada resposta c, 2 para cada resposta b, e 0 para cada resposta a. Se a pontuação ficou acima de 25 pontos, sugere-se que continue lendo este texto.
Como se manifesta a ansiedade?
A ansiedade pode adotar formas diversas. Geralmente se dão quatro tipos de repostas de ansiedade: a ansiedade geral difusa ou crônica, os medos, as fobias e as conduta rituais ou obsessivas.
A – ANSIEDADE CRÔNICA
Por ansiedade geral ou crônica se entende um estado de preocupação devido a uma circunstância incerta ou inespecífica que ameaça em provocar algum dano grave. Nestes casos, a angústia mental e física que experimenta a pessoa que a sofre não pode atribuir-se a uma pessoa, anima ou situação concreta. A criança tem medo mas nada de concreto; fica intranquila, ansiosa.
A pessoa que a sofre a experimenta como uma espécie de “nuvem negra” que lhe rodeia desde o momento que se desperta até o instante em que dorme. Como um estado constante de apreensão e preocupação. Como um “flutuar” no ar” como um “medo sem saber do quê”.
Este excesso de ansiedade também recebe o nome de síndrome de estresse depressivo e costuma ir acompanhado de sintomas como:
- Esgotamento, perca de energia e fadiga.
- Perca de confiança em si mesmo e interesse pelos demais.
- Diminuição das relações pessoais.
- Irritabilidade: a criança se torna cada vez mais irritada, é incapaz de suportar qualquer contratempo ou frustração e tende a valorizar mais os fracassos que os êxitos.
- Depressão: choro frequente, falta de amor próprio e sentimentos de indecisão (não posso fazer nada).
- Problemas de saúde: dores de barriga, dores musculares (costas e pescoço), dores de cabeça, vômitos.
Nas crianças, a ansiedade crônica está na base e muito problemas escolares e frequentemente dificulta a capacidade da criança para:
- Assimilar as lições.
- Resolver problemas.
- Tomar decisões.
- Aprovar exames.
- Fazer amigos.
- Relacionar-se com seus professores.
Tem também importantes efeitos negativos sobre a própria imagem, auto-estima e segurança em si mesmo da criança.
Há certas épocas na vida da criança nas quais pode estar especialmente propensa a padecer deste tipo de ansiedade:
- Ao começar a etapa escolar.
- A mudança de colégio e a necessidade de fazer novos amigos.
- Ao finalizar a educação secundária com a preparação dos temidos exames.
- Para a puberdade: sua mente e seu corpo devem adaptar-se as mudanças que têm lugar a esta idade.
Também, certos acontecimentos importantes na vida da criança podem gerar uma ampla dose de ansiedade:
- A morte de um familiar ou amigo próximo.
- A separação de seus pais.
- A perca de emprego do pai ou da mãe.
- A mudança de domicílio.
- A morte de um animal muito querido.
- O rompimento com um amigo íntimo.
ESTEJA ATENTA, NESTES MOMENTOS, SEU FILHO NECESSITA
COMPREENSÃO E APOIO
B – OS MEDOS
Os medos se referem à ansiedade provocada por algo que seu filho pode ver, ouvir ou experimentar: medo aos cachorros, aos estranhos, aos exames. Costumam estar acompanhados dos mesmos sintomas físicos e mentais que a ansiedade, se bem que costumam apresentar-se de forma mais intensa mas tão duradoura.
Os medos variam conforme a idade da criança. As crianças dentre 0 e 3 anos temem especialmente distanciar-se dos pais e desconfiam dos estranhos.
Entre os 4 e 6 anos, é a idade da imaginação transbordada, os medos aos fantasmas, os monstros, as bruxas, a escuridão. A medida que a criança se torna adulta, os medos imaginários são reempregados por outros reais.
Entre os 6 e 12 anos, alguns dos medos mais comum são os seguintes:
- Medo de ser ridicularizado, zombado, castigado, criticado ou sentir-se humilhado.
- Perder o amor ou respeito de seus pais, a não cumprir suas expectativas, ao fracasso.
- Medo a dor física, machucar-se, fazer feridas.
- Medo à morte, às guerras (por volta dos 8 anos).
- Medo ante alguns fenômeno naturais (tempestades, por exemplo ).
- Medo à relação com outras crianças: fazer novos amigos, ser ridicularizado.
- Medo à escola, aos exames, à matemática, aos esportes.
- Medo sexual, que lhe vejam nu, que não seja uma pessoa “normal”.
Geralmente, estes medos infantis constituem uma etapa passageira mas podem continuar e converter-se em um problema quando:
- A criança tem um temperamento ansioso e sensível.
- Os pais têm medos parecidos.
- A criança teve que enfrentar acontecimento estressantes.
- Após uma experiência negativa de medo na vida real.
- Não se fez nada para ajudar a criança superar seus medos.
- Se deu muita importância ao medo.
- Quando se evitam as possíveis situações que geram o medo.
COMO SEMPRE,
O MELHOR É PREVENIR
O que fazer ante estes casos? Em primeiro lugar, prevenir o medo. Isto implica que devem evitar-se as ocasiões que provocam ansiedade. Para isso é fundamental que, em sua casa, existe um ambiente de calma e serenidade. As discussões entre os pais, uma atmosfera tensa, a irregularidade habitual dos horários o nervosismo e a agitação são fatores que não contribuem ao sentimento de segurança que precisa seu filho.
UM CLIMA FAMILIAR DE CALMA E SERENIDADE É FUNDAMENTAL PARA
PREVENIR A ANSIEDADE NAS CRIANÇAS
Depois deverá tranquilizar seu filho. Tentará compreender-lhe, mostrar-lhe mais afeto e não deve zombar de seus medos. Procure um momento propício para falar-lhe deles.
A seguir deverá tentar uma reeducação progressiva. Assim, se seu filho tem medo à escuridão, lhe permitirá deixar uma luz ao princípio e irá diminuindo paulatinamente até tirar-lhe totalmente. Ao mesmo tempo irá tratando de inspirar-lhe autoconfiança e segurança em si mesmo. E tem especial cuidado em não utilizar o medo como meio educativo.
PARA SUPERAR SEUS MEDOS DEVER IR POUCO A POUCO
COMO SE ESTIVESSE SUBINDO OS DEGRAUS DE UMA ESCADA
C – AS FOBIAS
O termo “fobia” significa pânico ou medo: Diferem de outro tipo de medos em três aspectos fundamentais:
- O medo é intenso, até tal ponto que a criança não seja capaz de controlá-lo.
- O objeto temido não implica uma ameaça real (por exemplo, um rato ou um cachorro).
- O medo é tão forte que faz com que a criança trate de evitar a situação no futuro.
As fobias pelos animais e outros objetos específicos são muito comum nas criança dentre 2 e 6 anos de idade. A partir desta idade, a maioria das crianças são capazes de superar suas fobias. Se uma fobia continua até a adolescência, é provável que se mantenha na vida adulta.
A melhor forma de tratar as fobias é abordada logo, antes de que se estabeleçam. O principal problema para superá-la é que a criança fóbica tenha tanto medo que faça todo o possível para evitar o objeto temido, e desta maneira nunca pode averiguar que realmente não há nele nada a temer.
Pode ajudar seu filho fazendo-lhe enfrentar-se aos objetos ou situações temidas muito lentamente mediante pequenos passos escalonados. Programe cada passo com muito cuidado de forma que quando deve superá-lo apenas experimente uma ligeira ansiedade. Se nota que tem medo, é que vai muito depressa, ou os passos são muito grandes. Neste caso deverá voltar atrás até um passo que seu filho seja capaz de superar.
D – CONDUTAS RITUAIS E OBSESSÕES
Uma conduta ritual é uma ação repetitiva que tem um significado especial para a pessoa que a realiza. Produz uma sensação de alívio e redução da tensão. Muitas crianças dentre 5 e 10 anos apresentam condutas rituais:
- Colocar em fila seus bonecos ou jogos.
- Colocar sempre as coisas na mesma ordem.
- Não pisar nas faixas dos ladrilhos da rua.
- Repetir muitas vezes a mesma palavra ou frase .
- Fazer as coisas sempre na mesma ordem.
- Fazer sempre as coisas da mesma maneira (antes de dormir, tomar banho ...)
- Comprovar as coisas uma e outra vez.
- Tocar todos os objetos de forma reiterada.
Estes atos rituais costumam constituir uma forma através da qual a criança elimina sua ansiedade. Ao conservar as coisas iguais e familiares, a criança se sente mais segura. Certamente, em ocasiões, estes rituais podem chegar a dominar a criança. Nestes casos deverá pesquisar o que é que pode lhe produzir ansiedade e impedir de forma firme mas carinhosa em que realiza estas condutas. A princípio é normal que proteste. Mas ao longo, sua firmeza transmitirá a seu filho sentimentos de segurança e bem estar.
As obsessões são similares aos comportamentos similares mas se diferenciam destes em que se trata de pensamentos persistentes e indesejados e são mais frequentes nos adultos que nas crianças.
O que é que lhe deixa ansioso?
A ansiedade costuma ser o resultado de sentimentos de inadequação ou inferioridade. Estes podem surgir como resultado de algumas das circunstâncias que a seguir detalhamos.
PAIS EXCESSIVAMENTE CRÍTICOS, EXIGENTES E PERFECCIONISTAS:
Se você ou seus professores criticam a criança com frequência por seus erros, se os mostram excessivamente exigentes e dão a impressão de que seu carinho ou respeito depende de seu êxito, é muito provável que a pressão que a criança experimenta por cumprir suas altas expectativas gere nela ansiedade.
Neste caso, a criança está excessivamente preocupada por satisfazer as expectativas dos adultos e responder suas exigências. Isso implica uma perca de segurança, uma atitude de autocrítica, um descenso da motivação e uma imagem negativa de si mesmo.
ELOGIE SEUS ÊXITOS
E NÃO DARÁ TANTA IMPORTÂNCIA
A SEUS FRACASSOS
Quando critica uma criança com frequência por suas faltas, esta acaba sentindo-se culpada. Se torna medrosa ante as nova situações e se sente insegura em suas relações com os demais. Qualquer ameaça, critica pessoal ou sugestão desfavorável aumenta seus sentimentos de insegurança.
Em outras ocasiões, o medo ao fracasso não provém das altas expectativas dos pais, mas da própria criança; como quando deseja igualar os êxitos de seu irmão maior, ou parecer-se a seu pai.
Há crianças que podem ir muito bem ao colégio, mas o que lhes motiva é o medo ao fracasso em lugar da necessidade de êxito. Enquanto que o que motiva a criança não é o obter um êxito, mas o evitar a todo custo um fracasso, qualquer erro gerará uma notável dose de ansiedade.
PROBLEMAS FAMILIARES. Quando os pais têm problemas, discutem com frequência, têm problemas de trabalho ... as crianças podem desenvolver uma ansiedade intensa. Muitos pais pensam que seus filhos não se dão conta da existência destes problemas, já que procuram não discutir na sua presença. Deve ter em conta que seu filho tem uma espécie de “radar” e detecta facilmente qualquer problema.
AS RELAÇÕES COM OUTRAS CRIANÇAS: As relações com outras crianças podem ser, também, fonte de ansiedade. As ameaças por parte de um menino mais forte, as conversas dos companheiros, podem supor para algumas crianças uma ansiedade considerável.
INQUIETUDES SEXUAIS: Pode originar-se com frequência como consequência de cenas vistas na televisão de filmes visto às escondidas, de brincadeiras de caráter sexual de outras crianças. Os pais devem ter em conta que a melhor forma de prevenir este problema é conversando com os filhos e adiantando-se em tratar sobre os temas de educação sexual para ser os primeiros em estabelecer as idéias positivas.
PAIS INSEGUROS E ANSIOSOS: As crianças ansiosas costumam ter pais, e em especial MÃES, com altos níveis de ansiedade.
Os medos específico não se passa de pais para filhos, mas o que pode ocorrer é que a criança herde um SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO mais sensível à estimulação e, portanto, uma tendência à ansiedade, uma maior vulnerabilidade à ansiedade.
Mas, fundamentalmente, a ansiedade se transmite de pais para filhos através de seu comportamento. Quando os próprios pais são medrosos ou inseguros podem transmitir a criança seus medos. Se continuamente lhe advertimos possíveis perigos, se lhe superprotegemos e não lhe deixamos ser independentes, não é de estranhar que nosso filho se sinta inseguro e imite nosso comportamento .
LEMBRE QUE A ANSIEDADE É
CONTAGIOSA. MANTENHA A CALMA
E A SERENIDADE
Frequentemente, a ansiedade se disfarça em forma de mau humor, irritabilidade, comportamento agressivo, impulsividade e outras formas de má conduta.
Além disso, muitas crianças ocultam suas inquietudes por:
- Medo a que não se leve a sério.
- Medo a parecer bobas ou infantis ou covardes.
- Medo a que lhe repreenda, ridicularize ou humilhe.
Para averiguar com certeza o que é que está preocupando a seu filho deverá observar atentamente e aprender a escutar-lhe com uma mentalidade receptiva.
CADA CRIANÇA É DIFERENTE
CONHEÇA A SEU FILHO
Uma forma de identificar a causa das ansiedades de seu filho é que se proponha a levar um pequeno diário de seu comportamento. Não é necessário descrições longas e detalhadas. Basta que anote brevemente o que a criança fez durante o dia junto com qualquer sintoma de ansiedade: dor de barriga, perca de apetite, pesadelos, choro.
Dito em registro convém que se refira ao que ocorreu imediatamente antes e depois das manifestações de ansiedade.
Anote o que aconteceu justo antes de que seu filho mostrasse sintoma de ansiedade, o momento do dia, e o lugar onde esta se apresentou (antes da aula de ginástica, quando criticou, quando viu a determinado professor), assim como o ocorrido como consequência deste comportamento: se lhe castigou, se lhe permitiu sair com uma das suas ...
A cabo de uns dez dias releia todas as anotações e tente ver se há algo a fazer em comum: por exemplo, pode descobrir que seu filho tem dor de barriga cada vez que tem um jogo de futebol ou que fica de mau humor cada vez que tem uma festa; estas anotações lhe darão importantes pistas do que está acontecendo com a criança.
Também é fundamental que saiba ESCUTAR a seu filho: uma escuta atenta que lhe permita entender o que disse além daquilo que não disse resulta fundamental. Para isso, convém que tenha em conta as seguintes recomendações:
- DEIXE O QUE ESTÁ FAZENDO: As crianças nem sempre escolhem o momento mais oportuno em que querem ser escutadas. Se está na cozinha fazendo a torta para o jantar tem duas opções: ou deixar a torta e escutar-lhe atentamente ou dizer a seu filho que nesse momento não pode escutar-lhe com suficiente atenção e logo lhe chamará para conversar com ele. Mas NÃO FAÇA AS DUAS COISAS AO MESMO TEMPO.
- NÃO ESCUTE QUANDO ESTIVER ABORECIDA: Quando seu filho chega em casa com uma notificação do colégio por seu mau comportamento é provável que seu aborrecimento não lhe permita escutar as explicações que seu filho tenta dar-lhe. Não tente escutá-lo enquanto não tiver se acalmado e puder valorizar a situação de forma objetiva.
- NÃO ZOMBE nem ignore os argumentos de seu filho.
- ESCUTE POSITIVAMENTE. Isto implica que dever escutar com os olhos além de com os ouvidos. Reserve um tempo no qual possa prestar total atenção o qual seu filho quer contar-lhe. Uma boa hora costuma ser quando estão deitados na cama antes de dormir. Escute-lhe e trate de intervir o menos possível. Qualquer interrupção, sobretudo se for para criticar-lhe, fará com que a criança se retraia.
Anime seu filho para que fala com liberdade, sem dizer-lhe nada mas escutando-lhe com interesse. Ensine-lhe que não há nada de tão ruim que não possa contar. Peça exemplos concretos dos comportamentos que lhe causam ansiedade.
SABER ESCUTAR É IMPORTANTE
PARA CONHECER SEU FILHO
Como posso ajudar?
Se seu filho padece de algum tipo de ansiedade deve levá-lo a sério. Muitos pais dão pouca importância aos medos de seus filhos e pensam que se trata de algo que desaparecerá com a idade. Outros se aborrecem com seus filhos por considerá-los muito “moles” ou covardes.
Em primeiro lugar, mantenha-se tranquila e tenha confiança em si mesma. Lembre que a ansiedade pode ser contagiosa.
Brigar com a criança ou dizer-lhe que “deixe de comportar-se como uma boba”, não costuma dar resultado e frequentemente piora as coisas. Deixar passar um tempo tampouco costuma ser uma boa estratégia.
Para ajudar seu filho a esforce-se primeiro em compreender sua ansiedade e os desagradáveis sintomas mentais e físicos que o acompanham. A seguir deverá esforçar-se em averiguar por que seu filho está ansioso e ensinar-lhe alguns procedimentos para combater os sintomas físicos e mentais da ansiedade.
Também deverá melhorar sua auto-estima para ensinar-lhe a enfrentar-se à vida com mais confiança, segurança e boa adaptação.
UMA ALTA AUTOESTIMA É UM
BOM ANTÍDOTO CONTRA
A ANSIEDADE
Do mesmo modo, as situações familiares negativas para a criança e os conflitos familiares deverão solucionar-se para que a criança encontre em sua família um ambiente relaxante, e realizar as mudanças ambientais necessárias para eliminar as fontes de ansiedade e estress inecessárias.
Pode também proporcionar a seu filho algumas habilidades e recursos para que consiga enfrentar as situações conflitivas com maior confiança.
ENSINAR-LHE A RELAXAR-SE
Uma forma de ensinar seu filho a controlar seus medos e preocupações é ensinando-lhe a relaxar.
A relação é o antídoto natural do corpo contra a ansiedade. Existem muitas formas de aprender a relaxar-se, ainda que nem todas são fáceis de aplicar com crianças. Certamente, à maioria das crianças lhes encanta que lhes ensinem técnicas de relaxamento se lhes apresentam como um jogo divertido.
Algumas das técnicas mais utilizadas (que não descrevemos por questão de espaço neste livro) são as seguintes:
- Manter-se cômodo e em silêncio em um quarto tranquilo
- Escutar algum peça musical que lhe agrade muito.
- Esticando alguns músculos e a seguir relaxando-se. Se puder, por exemplo, faça-lhe imaginar que é uma marionete com fios amarrados na cabeças mãos e pés, e faça-lhe dançar enquanto simulamos manipular os fios. A seguir simularemos que vamos cortando os fios um a um e induzindo-lhe a que relaxe.
- Criando um filme mental. Lhe pediremos que imagine o mais vivamente possível uma imagem que lhe resulte muito agradável e relaxante: estar deitado na praia sentindo o calor do sol e o barulho das ondas; deitado sobre a grama ouvindo as flores: flutuando deitado sobre uma nuvem ... qualquer imagem é válida sempre que se trata de um lugar muito pessoal onde a criança se sinta a vontade. Um lugar especial e privado ao qual pode voltar cada vez que se sente tenso ou ansioso,
- Através de imagens que se associam com um estado de relaxamento.
- Penando em uma experiência passada feliz.
- Escutando uma música com instruções especiais sobre relaxamento.
- Respirando profundamente.
Como enfrentar situações cotidianas?
Entre os 6 e os 12 anos há algumas áreas nas quais a ansiedade tem mais probabilidades de aparecer.
A – ANSIEDADE ANTE O COLÉGIO: Este tipo de ansiedade é muito comum e pode aparecer como consequência da preocupação por uma avaliação determinada, ou pela atitude de algum professor em real. Também pode reforçar-se para que a criança se sinta incapaz de superar as tarefas que deve realizar no colégio.
Em ocasiões a recusa em ir ao colégio é consequência, não do que ocorre, mas do que pode ocorrer em casa enquanto ela está ausente: por exemplo, se a mãe está doente, se há problemas entre os pais ...
- Se se sente triste e mau humorado nos últimos dias de férias.
- É mais propenso a doenças benignas durante o curo escolar.
- Chora quando tem que ir ao colégio.
- É infeliz por culpa de uma ou mais das avaliações escolares.
- Costuma voltar em casa, do colégio, de mal humor.
Nestes casos deverá averiguar se existe alguma boa razão para que a criança se comporte assim. É possível que outras crianças estejam lhe aborrecendo ou intimidando ou inclusive que o problema seja o próprio professor. Deverá, além disso, assegurar-se de que seu filho se sente capaz de realizar o trabalho escolar ou pensa que lhe resulta muito difícil.
Se seu filho mudou recentemente de colégio é possível que sinta medo aos desconhecidos: que não saiba onde estão os serviços, onde sentar-se, onde deixar sua lancheira ... nestes casos deve falar com seu filho e advertir-lhe que a princípio tudo parecerá um pouco estranho, mas que ninguém lhe importará que lhe pergunte. Uma boa medida pode ser levar seu filho ao colégio antes de que comece o curso para que o conheça, para que tenha uma idéia de onde está cada coisa e que conheça a seu professor antes de começar o curso.
MANTENHA UMA ÍNTIMA
RELAÇÃO COM OS
PROFESSORES DE SEU FILHO
Se observa em seu filho qualquer recusa de ao ir ao colégio é importante que mantenha uma íntima relação com os professores de seu filho. Fale com eles e recorra a todas as linguagens, reuniões e atividades que for possível realizadas no colégio.
Investigue se seu filho está sendo intimidado ou amedrontado por outras crianças. As crianças que estão pouco habituadas a relacionar-se com outras crianças, como por exemplo os filhos únicos, ou as crianças com algum defeito físico evidente: gordas, com óculos, gagas ... costumam ser as mais escolhidas como vítimas propiciatórias.
Se seu filho é uma vítima, não caia na armadilha de incentivar-lhe a que devolva os golpes: matricular-lhe em uma academia de karatê não é a melhor solução. Ajude-lhe, pelo contrário, a desenvolver defesas psicológicas para opor-se as tentativas de intimidação,
Não ridicularize seu filho por não saber defender-se sozinho. Não faria outra coisa a não ser aumentar sua ansiedade. O que deve fazer é aumentar a confiança em si mesmo e seu amor próprio. Para isso pode ser útil matricular-lhe em alguma atividade esportiva, como natação, montanhismo, remo ... que lhe ensine a enfrentar-se com os elementos e a adquirir maior confiança em si mesmo. Ajude-lhe a fazer amigos abrindo-lhes as portas de sua casa.
AUMENTE SUA CONFIANÇA
E
SEGURANÇA EM SI MESMO
Converse com seu filho e faça-lhe ver que a melhor forma de conseguir que não zombem dele é dar menos importância possível a estas conversas. Desta forma se converterá em uma vítima carente de interesse. Não tente convencer-lhe de que seja o “galinho” como uma criança fraca patética digna de pena mais que como a uma pessoa especial e medrosa. Que lhe conforme em lugar de fugir.
Pode, também, ensinar-lhe a utilizar técnicas de relaxamento ou imagens mentais para aumentar sua segurança e para que seja capaz de receber as ameaças e insultos sem assustar-se nem enfurecer-se.
Não recorra imediatamente a seu professores ou aos pais da criança agressiva para queixar-se. É preferível deixar que seu filho com seu apoio, resolva o problema por si próprio. Unicamente deverá intervir quando este medo se prolongue durante mais tempo ou as brigas se tornam mais violentas .
Averiguar de que habilidades sociais seu filho carece que lhe façam converter-se frequentemente na vítima dos demais.
Se não existe uma razão suficiente ou compreensível para não querer ir ao colégio então deve acentuar sua firmeza para obrigar a criança a ir. Se seu filho observa que duvida ou cede, lhe será cada vez mais difícil conseguir que vá.
É possível que seu filho se queixe dizendo estar doente ou que está com dor de barriga e inclusive que vomite. Nestes casos assegure-se de que não está doente. Se tem dúvidas coloque-lhe o termômetro. Se não tem febre, o certo é que vá ao colégio.
B – MEDO AOS EXAMES. Todos ficamos nervosos ante os exames. De fato, um certo nervosismo faz com que nosso rendimento aumente. Certamente, uma ansiedade exagerada é a razão principal pela qual muitas crianças apresentam um rendimento baixo nos exames.
Uma condição importante para o êxito nos exames é o estabelecimento: Deve fazer seu filho ver que o estudo antes de um exame se parece ao treinamento para uma prova esportiva: quanto mais cedo começar mais possibilidades de êxito terá.
Deve, pois, ajudar-lhe a estabelecer o estudo de forma que possa realizá-lo em sessões curtas e regulares distribuídas ao longo de vários dias, em lugar de “estudos bitolados” dois dias antes do exame.
Tal objetivo convém fazê-lo por escrito em um horário ou plano a colocar no quarto onde habitualmente estuda. Cada dia deverá ir registrando graficamente seus progressos. Isto aumentará sua motivação e confiança diminuindo, portanto, sua ansiedade.
Premie seu esforço durante estes dias e apoie com mil detalhes: preparando-lhe o lanche ou fazendo pequenas visitas.
Não permita que sua ansiedade ante os exames lhes contagie. Deve oferecer-lhe serenidade e facilitar-lhe um ambiente propício para o estudo. Uni-lo com os irmãos para ajudar-lhe a estudar.
Para diminuir sua ansiedade ante a situação de exame pode ajudar-lhe fazendo pequenas provas em casa. Deve assegurar-se de que a princípio as provas são o suficientemente fáceis para que possa ter êxito. Quando se sentir seguro vá incrementando progressivamente a dificuldade das provas. Pode, também, treinar seu filho a praticar o relaxamento enquanto se imagina na sala de aula no dia do exame fazendo uma prova.
É também fundamental que ensine a distribuir o tempo durante a realização das provas. Faça ver que é melhor tentar responder a todas as perguntas do exame que desenvolver muito bem apenas uma ou duas. Assegure-se de que faça ao exame com um relógio e aconselhe-lhe que controle o tempo com frequência.
Ensine-lhe a dedicar tempo à leitura dos enunciados. Este tempo é crucial para o êxito no exame. Também, antes de colocar-se a escrever deverá destacar um tempo a cada uma das perguntas e antes de começar a escrever ensine-lhe a fazer um pequeno esquema ou ideograma das idéias a desenvolver. Lhe ajudará centrar e lembrar-se e além disso, se não der tempo de terminá-lo, ao menos poderá apresentar o esquema de cada pergunta.
Aconselhe-lhe que reserve um tempo, também, a repassar cada uma das questões.
Se não souber responder ou não entender alguma pergunta, ensine-lhe a manter a calma e passar à seguinte aplicando as técnicas de relaxamento de que falamos anteriormente.
Depois do exame convém não entrar em discussões sobre o mesmo. O melhor conselho é esquecer um exame uma vez realizado e concentrar-se no seguinte.
C – ANSIEDADE ANTE OS DEBATES. A partir dos 6 anos é comum que seu filho comece a trazer deveres para casa e o cumpri-los pode originar-lhe uma considerável dose de ansiedade.
A maioria dos educadores coincidem em que os deveres são importantes para consolidar os conhecimentos adquiridos na classe e para desenvolver no aluno o hábito de estudo e a capacidade para trabalhar de forma independente
É importante que seu filho tenha um horário e se habitue a fazer seus deveres no mesmo lugar e a mesma hora todos os dias. Não permita que seu filho veja televisão antes de fazer os deveres. A televisão reduz sua capacidade de atenção e concentração. Motive-lhe para que não queira vê-la.
Criar um ambiente de estudo é fundamental para evitar as distrações. Enquanto que seu filho está fazendo os deveres procure ler ou realizar uma atividade que não lhe distraia. Se sua mãe está falando pelo telefone ou seu pai vendo o futebol é difícil que ele se concentre.
A princípio convém que comprove com ele, e lhe assegure de que compreende as atividades a realizar enquanto chega do colégio. Desta forma evitará o susto de última hora como a falta de um material quando já fecharam a livraria.
OS PAIS DEVEM ESTAR
DISPONÍVEIS MAS SEM RESOLVER-LHE
TODOS OS PROBLEMAS
Enquanto trabalha não é conveniente que esteja com ele. É importante que esteja a sua disposição durante o momento dos deveres para ajudar-lhe a resolver suas dúvidas.
Enquanto lhe ajuda, permaneça tranquilo e paciente, ainda que seu filho se engane. E não lhe dê todas as respostas. Invente problemas similares que lhe sirvam de exemplo sobre a melhor forma de encontra por si próprio as respostas.
D – ANSIEDADE ANTE A MATEMÁTICA. Dentre as avaliações escolares a matemática é a que origina maiores níveis de ansiedade nas crianças. Muitos se consideram incapazes para a matemática e reprovam sem remédio não por falta de capacidade, mas como consequência de sua ansiedade.
Se seu filho tem dificuldades com a aritmética, certamente detestará esta avaliação e poderá ficar nervoso e inseguro cada vez que tiver que enfrentá-la esta ansiedade costuma estar acompanhada de sentimentos de desvalorização e falta de auto-estima: “jamais as entenderei, nunca será capaz”.
Quando se produz esta ansiedade, a criança costuma reagir colocando em andamento uma série de mecanismos de defesa como o convite: negando-lhe a tentar resolver o problema, “não sou capaz”, ou tentando fazê-lo o mais rápido possível para fugir rapidamente da situação, com o qual cometerá erros frequentes.
Se seu filho se queixa de que não entende a matemática, não o console com o (lembrando talvez sua própria experiência) pois unicamente reforçará a imagem negativa que seu filho tem de si próprio. Pelo contrário inspire-lhe confiança em si mesmo e proporcione-lhe uma ajuda prática para resolver seu problema.
Antes de tentar ajudar-lhe faça, primeiro, seus próprios deveres: estude o tema e pratique-o em particular. Se improvisar é possível que não saiba resolvê-lo com o qual seu filho se sentirá mais ansioso ao pensar: “se mamãe não foi capaz, como eu vou ser?
OBSERVE COMO SEU FILHO TRABALHA
Revise com regularidade o trabalho de seu filho fixando-se não apenas em suas respostas, mas também nos procedimentos seguintes para chegar a essas repostas. Averigúe se existem lacunas em seu conhecimentos básicos que lhe impeçam de progredir, e ajude-lhe a recuperá-las. Analise a forma em que seu filho estabelece os problemas e faça-o ver os possíveis erros que comete no procedimento de sua resolução. Facilite-lhe a pratica necessária para resolver essas deficiências concretas. Pesquise, também, se existem erros de conceito que deva reparar.
Não se mostre ansioso nem crítico. Mantenha-se amigável e estimule-lhe em todo momento. Estabeleça-lhe questões que esteja certo que seja possível utilidade da matemática em sua vida real estabelecendo-lhe questões de tipo prático. Isto aumentará sua segurança e motivação.
UM PLANO DE AÇÃO PARA MARTA
1 – SITUAÇÃO:
Marta tem 8 anos e, como se descreveu no início do capítulo, apresenta sintomas de ansiedade que parecem originados pelo stress que supôs a mudança de domicilio, de colégio e a necessidade de fazer frente a esta situação. Neste Plano de Ação nos centraremos em seu comportamento escolar.
2 – OBJETIVOS:
GERAL: Melhorar sua adaptação escolar e seu medo a enfrentar-se a situações novas.
3 – MEIOS:
- Sua mãe dedicará tempo para conversar com ela e, em especial, a escutá-la para averiguar o que é que lhe produz ansiedade. Levará também um pequeno diário no qual anotará as ocasiões em que Marta mostra sinais de ansiedade.
- Carmem e Fernando conversarão com frequência com a tutora de Marta. Se colocarão de acordo para juntos fazer Planos de Ação que estimula a Marta.
- Averiguarão se outras meninas estão intimidando.
- Lhe ensinarão algumas técnicas de relaxamento quando sente que lhe dói a barriga ou vai vomitar. Se o fizer, não lhe darão muita importância e insistirão que vá ao colégio.
- Lhe sugerirão que convide para passear com eles alguma amiga do colégio com a qual se sinta à vontade.
4 – MOTIVAÇÃO:
- Fernando falará com Marta e lhe contará como ele era quando criança, também teve que mudar-se de cidade e os problemas que teve. Lhe tranquilizará dizendo que com o tempo passará.
- Elogiarão cada pequeno progresso de Marta. Procurarão coisas em que ela se destaca (por exemplo, o desenho) e se reforçarão.
- Carmem procurará ser menos perfeccionista: elogiar seus êxitos e restará importância a suas falhas.
5 – DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS:
Carmem levou a cabo o registro com o diário durante um mês. Ao analisá-lo comprovou que Marta se mostrava especialmente irritada e ansiosa os dias que tinha aula de inglês.
Falando com ele e com sua tutora descobriu que seu nível de inglês é muito inferior ao da classe, já que Marta vinha de um colégio onde apenas aprendia inglês costumava castigar-lhe pensando que o problema era que não prestava atenção.
Carmem e Fernando conversaram com a professora de inglês e esclareceram a situação. Desde então estabeleceu-lhe um programa personalizado para ela se sinta capaz de realizar e tudo melhorou.
Quanto aos óculos, falaram com Marta e fizeram ver que as pessoas que necessitam meter-se com outras é porque elas mesmas estão complexadas. Deve sentir pena em lugar de temê-las. Além disso, marcaram uma visita ao oftalmologista para estudar a possibilidade de usar lentes.
Trouxe uma menina em casa várias ocasiões e ultimamente mostra mais interesse por conhecer as meninas de sua cidade.
Carmem e Fernando estão contentes. Acreditam que souberam, com a ajuda de Mércia, enfrentar a situação ainda que são conscientes de que todavia lhes resta muito caminho a recorrer. Questionário de D. Lewis para detectar ansiedade
Fonte: Livro “Como resolver situações cotidianas de seus filhos de 6 a 12 anos”
TERESA ARTOLA GONZÁLEZ é doutora em Psicologia pela Universidade Complutense de Madri e Mestre em Educação Familiar pelo E.I.E.S (Educational Institute of Educational Sciences). Desenvolve um amplo trabalho de pesquisa docente no campo da Psicologia Infantil e é professora da Escola Universitária Européia da Educação de Fomento de Centros de Ensino. É autora de diversas publicações, em sua maior parte dedicadas aos problemas de aprendizagem, sua avaliação e tratamento.
Publicado no Portal da Família em 24/01/2012
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Como saber se meu filho tem um problema de ansiedade?
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