domingo, 19 de fevereiro de 2012

Data de validade da escola está vencida


Cássia Gisele Ribeiro

Como manter uma perspectiva de ensino individualizada em uma classe onde estudam dezenas de alunos? A questão norteou a palestra do português João Barroso, doutor em Ciência da Educação pela Universidade de Lisboa, durante a 12ª edição do Congresso Educador.

Inicialmente o professor mostrou textos e ilustrações de como se formou, ao longo dos últimos 200 anos, o modelo de escola que existe hoje. Segundo Barroso, é possível caracterizar os grandes movimentos da escola em três fases.

A primeira delas foi a pedagogia individual, onde um mestre ensina a um discípulo. A partir do século XVI, no esforço de ensinar a mais alunos, surge a instituição do ensino mútuo, onde o ensino era oferecido em grandes salas, com o auxílio de monitores. E, finalmente, a pedagogia coletiva, como vemos hoje em todo o mundo.

Para João Barroso, esse modelo tem a "data de validade" vencida e deve ser substituído em breve. "Os educadores estão começando a perceber que é preciso partir da escola que ensina a muitos como se fossem um só, para a escola que ensina a todos, como se fosse cada um", afirmou.

Segundo o professor, a escola deve caminhar para ter mais autonomia, ligar-se profundamente à comunidade, ser democrática (com ampla participação de professores, pais e alunos), ter um currículo flexível e transformar-se em mais do que um lugar de ensino. "A escola deve ser um espaço de vivência cultural e política", disse.

"A autonomia da escola resulta, sempre, da confluência de várias lógicas e interesses que é preciso saber articular", afirma. Segundo ele, a escola deve evoluir, abrindo espaço para o conflito, para a negociação e para o compromisso, contrariando-se a idéia de que as pessoas, na escola, constituem uma comunidade que se afirma, sempre pelo consenso.

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