domingo, 6 de novembro de 2011

Drogas e liberdade

Jorge Antonio de Queiroz

É comum a identificação de usuários de drogas. Muitos estão presentes nas esquinas, na frente das lojas e nas praças. Outros dormem ao relento. Consomem desde bebidas alcoólicas até o crack (mistura da pasta-base de coca ou cocaína refinada, com água e bicarbonato de sódio). O oxi, uma combinação perniciosa de pasta-base de cocaína, cal virgem e querosene ou gasolina, também é consumido, aliás, mais ofensivo que o crack.

Muitos jovens que frequentam a periferia da Reitoria, Universidade Federal do Paraná (UFPR), usam drogas (bebidas alcoólicas e maconha) tanto à luz do dia quanto à noite. Na madrugada cantam, disparam as buzinas dos carros, falam alto em alguns bares próximos da instituição educacional, principalmente nos finais de semana. Atrapalham o sono de muita gente.

O que fazer? O que se pode esperar do poder público? De que forma a escola pode ajudar na transformação desse quadro triste? Como as comunidades e as famílias podem participar?

Em três momentos, Beatriz de A. Barbaroto, pedagoga, especialista em Pedagogia Empresarial (área de recrutamento e seleção) e pós-graduação em Ética e Educação, com ênfase em Teologia Moral, fala da experiência de ter um filho ex-usuário de drogas e de como o ajudou na recuperação.
No primeiro momento, Barbaroto questiona: “Será que isto ocorreu quando fomos muito opressores, reproduzindo a educação que tivemos dos nossos pais, que hoje não mais funciona? Ou por que adotamos uma postura mais liberal, cheia de culpa, por não podermos estar com nossos filhos, pois precisamos trabalhar para dar-lhes do bom e do melhor? Ou será que estamos diante de uma geração única, inteligente e esperta como nunca, afinada com as novas tecnologias?”

No segundo momento, Barbaroto acusa o modismo: “O que ocorre é a facilidade, a curiosidade, o fascínio por novas sensações, a necessidade de fazer parte de um grupo de amigos, uma gangue, um time, e assim neste longo processo vamos perdendo nossos filhos.”

No terceiro momento, Barbaroto indica a solução: “Meu filho tem 22 anos, aos 15 fez escolhas que tornaram sua vida muito difícil, em alguns momentos quase impossíveis. Quis desistir. Quase sucumbimos. (...) Enfrentamos juntos esta batalha, a parte mais difícil ficou para ele, mas a fé que nos sustentou ontem nos sustenta hoje a ponto de darmos nosso testemunho de que é possível ser resiliente. É como em Coríntios 13,13: Agora permanecem estes três: a fé, a esperança e o amor, mas o maior destes é o amor.”

Jorge Antonio de Queiroz e Silvaqueirozhistoria@uol.com.brHistoriador, palestrante e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

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