domingo, 6 de novembro de 2011

Programa prevê distribuição de preservativos em escolas

Em Mato Grosso, o temor dos pais é de que medida facilite a banalização do sexo

Secom-MT

Pais em MT temem que a distribuição de camisinhas em escolas oportunizem a banalização do sexo

LISLAINE DOS ANJOS

DA REDAÇÃO

Um programa do Ministério da Saúde (MS), em parceria com o Ministério da Educação (MEC), tem preocupado alguns pais e educadores no país. Após realizar uma pesquisa em parceria com o Fundo das Nações Unidas para as Crianças (Unicef), o Ministério da Saúde identificou que muitos adolescentes pelo país enfrentam dificuldades para ter acesso a preservativos.

Com isso, é grande o número de gravidez precoce e de adolescentes portadores de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).

Como solução para o problema, o MEC e o MS decidiram usar as escolas como canal facilitador no acesso aos preservativos. A partir do próximo ano, seis escolas públicas de ensino médio do Distrito Federal, Santa Catarina e Paraíba passarão a distribuir camisinhas gratuitamente aos alunos.

A medida não está prevista para escolas públicas de Mato Grosso, nessa primeira etapa, mas já causa preocupação em pais e educadores, que temem a banalização do sexo entre crianças e adolescentes, caso o Estado adote a medida.

Para que a distribuição seja feita com responsabilidade, o Governo Federal pretende implantar, nas escolas que irão participar do programa, máquinas de camisinhas, que poderão ser retiradas pelos alunos, por meio de um código de matrícula e senha individual.

Segundo a técnica da Saúde e Adolescência do Programa Saúde e Prevenção na Escola no Estado, Maria José Pinheiro dos Santos, a medida está prevista para ser implantada em Mato Grosso apenas nos Institutos Federais de Educação.

"Isso porque, nas escolas técnicas, os jovens já possuem um grau de maturidades maior e não há risco de virar uma banalização (do sexo) ou de estimular a sexualidade nas crianças, que é o medo de muitos pais", explicou.

Maria José afirmou que, em todo o país, cerca de 200 máquinas de distribuição de preservativos já foram instaladas em escolas técnicas de grandes pólos, como São Paulo e Rio de Janeiro, mas não há previsão para que sejam instaladas em Mato Grosso.

A técnica afirmou ao MidiaNews que não sabe se, no futuro, o projeto de instalação dessas máquinas poderá ser alterado e implantado também nas escolas públicas do Estado. Ela garante, porém, que, antes da instalação, profissionais do programa vão amadurecer o assunto com os adolescentes, para que eles tenham responsabilidade.

Enquanto isso, as escolas públicas estaduais e municipais já estão passando por outras etapas do programa, como a capacitação dos educadores e de profissionais da Saúde, para que juntos possam lidar com assuntos sobre sexo e doenças sexualmente transmissíveis com os adolescentes.

"Os professores têm a didática para lidar com os adolescentes e os profissionais da saúde têm a técnica. Eles passam por uma capacitação juntos, há uma troca de experiências para que juntos consigam abordar o assunto co os adolescentes, em conversas, palestras ou na sala de aula", disse Maria José.

Apesar de um balanço oficial não ter sido ainda divulgado, a técnica garante que, em Mato Grosso, as capacitações e as palestras já estão mostrando resultados. Segundo Maria José, já houve uma diminuição no índice de gravidez precoce e indesejada, normalmente enfrentado por adolescente com idade entre 14 e 19 anos.

"Já os casos das DSTs e da AIDS, não houve redução. Mas o número está estável desde quando o programa foi implantado, em 2008", afirmou a técnica.

Sexualidade precoce

Uma pesquisa realizada com alunos de uma escola do Estado e citado em uma reportagem do telejornal "Bom Dia, Mato Grosso", da TV Centro América (Globo/4), apontou que os adolescentes estão iniciando a vida sexual cada vez mais cedo: os meninos, aos 12 e 13 anos; as meninas, com 14 e 15 anos.

A pesquisa revelou também que os estudantes conhecem os métodos contraceptivos e ignoram o uso por puro descuido.

Em entrevista à emissora, a sexóloga Marilândes Ribeiro Braga defendeu o projeto do Ministério da Saúde e afirmou que não acredita que a distribuição de camisinhas será um incentivo à prática de sexo na adolescência, mas lembrará aos jovens a necessidade do uso de preservativos.

"A realidade é que quando o jovem é bem orientado em relação à sexualidade e ao sexo, ele começa a vida sexual dele mais tarde e com responsabilidade, evitando gravidez precoce, DSTs. Porque, se deixar nas mãos do adolescente, ele tem uma forma meio mágica de pensar e acha que com ele nada acontece. Teoricamente, o jovem tem muita informação. Eles sabem a teoria, mas não a colocam em prática", disse a sexóloga.

O programa

O Programa Saúde na Escola não trata somente de sexo na adolescência. Maria José ressalta a importância da implantação do programa das escolas do país, pois ele trata de temáticas diferentes que variam desde a área de oftamologia até a importância da saúde bucal.

Temas como o uso de álcool e drogas, violência e fumo também são tratados. Os assuntos são abordados por meio de palestras, cartilhas distribuídas pelo Ministério da Saúde e demais atividades escolares.

Segundo o Portal da Saúde, o objetivo do programa é reforçar a prevenção à saúde dos alunos brasileiros e construir uma cultura de paz nas escolas.

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