Quase que diariamente ouvimos falar que alunos e adolescentes de diversas partes do Brasil sofrem violências mascaradas na forma de “brincadeira”, e que é conhecida pelo nome de “bullying” (termo que tem origem na palavra inglesa bully, que significa brigão, valentão) e que consiste na prática intencional e repetida de violência física, psicológica, verbal ou moral por parte de um grupo de alunos e adolescentes contra uma única vítima ou um grupo pequeno de vítimas.
O conceito de “bullying” é bem variado e está incluído nele as atitudes de colocar apelidos (sobretudo os que exaltam defeitos físicos), xingar , maltratar, fazer insultos raciais, falar mentiras e espalhar calúnias, não deixar o colega brincar ou conversar, fazer piadas com as características físicas e comportamentais da vítima.
Dentre os vários tipos de “bullyings”, o do tipo físico é o mais fácil de ser identificado e acontece quando ocorrem agressões físicas repetidas vezes com a mesma vítima, como tapas, chutes, pontapés, empurrões, puxar os cabelos, beliscar etc. É um tipo de perseguição e mesmo que as agressões não causem lesões graves, elas têm o intuito de humilhar e fazer com que a vítima se sinta frágil e inferior. O “bullying” do tipo psicológico ocorre quando, por meio de mentiras, fofocas e agressões verbais, a vítima é colocada em situação constrangedora ou de exclusão social. É um tipo de tortura sutil que intimida e que deixa marcas difíceis de serem apagadas.
Atualmente fala-se muito no cyberbullying, que ocorre quando as ofensas e as difamações são praticadas não só pessoalmente, mas também pela internet, por meio dos sites de relacionamento e por e-mail, com o objetivo de fazer com que a vítima se sinta acuada, uma vez que sua vida se torna pública e ela é exposta a mais críticas e humilhações. O bullying é um problema mundial que sempre esteve presente nas escolas públicas e privadas, e ultimamente tem sido fonte de preocupação por parte de pais e professores.
Estudos feitos recentemente revelam que esse comportamento considerado inofensivo até há pouco tempo, pode trazer sérias conseqüências no desenvolvimento psíquico dos alunos e adolescentes, uma vez que gera queda na autoestima e em casos extremos leva o suicídio. Essa forma de violência não está restrita apenas às escolas, mas pode fazer vítimas em outros contextos sociais como: família, universidade, vizinhança, clubes e no próprio local de trabalho.
Qualquer que seja a situação em que ocorre o bullying, a estrutura de poder é nitidamente evidente entre o agressor (bully) e a vítima, que costuma ser a pessoa mais frágil e com alguma característica fora dos “modelos” culturalmente impostos pela sociedade, característica esta que pode ser física (uso de aparelhos nos dentes, uso de óculos, obesidade, algum tipo de deficiência, ter muitas espinhas), emocional (timidez, acanhamento, introversão) ou relacionada aos aspectos religiosos, étnicos e culturais.
Ao ser ridicularizada e não conseguindo se defender, a vítima passa a afastar-se do convívio e das atividades sociais. Aos poucos deixa de ir à escola e de participar de qualquer situação em que necessite se expor, por medo de ser novamente vítima de bullying. Seu rendimento escolar e seus relacionamentos interpessoais ficam prejudicados, fazendo com que necessite muitas vezes de ajuda profissional para reverter esse quadro, pois poderá se tornar um adulto dependente e inseguro. Já os agressores desenvolvem a necessidade de dominar, de impor autoridade e coagir. Por valorizar muito a violência como fonte de poder, é provável que tenham comportamentos deturpados na fase adulta
Para que se possa combater e prevenir o bullyng nas escolas, faz-se necessário a colaboração dos pais, professores e servidores, trabalhando a valorização de princípios básicos como: respeito às diferenças, tolerância, solidariedade, convivência fraternal e acolhimento das pessoas, valorização da harmonia e da paz.
Desde pequenas as crianças devem ser moldadas e educadas com os princípios de respeito ao próximo que envolve a paz, o amor e a harmonia. Só assim será possível contrapor a cultura da violência com a cultura da paz, que deve estar presente não somente no âmbito escolar, mas em qualquer contexto social e que deve ser praticada por todos ao longo da vida.
É assim que construiremos um mundo melhor!
Rosemary de Ross
rose.ross@brturbo.com.br
Formada em Letras (Funesp). Cursou Teologia para Leigos. É escritora e autora dos livros: "Mensagens e orações para diversas situações do dia a dia" e '"Uma mensagem por dia, o ano todo", da Paulinas Editora.
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