Superamos a questão semântica sobre o 1 de maio: dia trabalho ou dia do trabalhador. Isso rendeu discussões calorosas e impregnadas de ideologia. Hoje, sem o patrulhamento ideológico, podemos enxergar com muito mais clareza que as discussões evoluíram ..
GUILHERME MALUF
Demostenes Milhomem / AL
Superamos, faz algum tempo, a questão semântica sobre o 1 de maio: dia trabalho ou dia do trabalhador. Isso rendeu discussões calorosas e impregnadas de ideologia. Hoje, sem o patrulhamento ideológico, podemos enxergar com muito mais clareza que as discussões ganharam outros patamares. O crescimento do Brasil, e especialmente de Mato Grosso, nas últimas duas décadas, fez com que houvesse a preocupação com a qualificação da mão de obra. A verdade é que esse processo de qualificação não conseguiu ainda crescer na medida da necessidade do mercado, particularmente em Mato Grosso.
Com o surgimento de novas tecnologias voltadas à produção de bens de consumo e serviços foi necessário ultrapassar a fase das reivindicações centradas no aumento real de salário e redução da jornada de trabalho. Tanto os sindicatos de trabalhadores quanto o sindicatos patronais, passaram ter uma grande preocupação com o quesito qualificação. Claro que essa preocupação deriva de um mercado cada vez mais exigente e com maior poder aquisitivo. Quem não busca a excelência e qualidade na prestação do serviço, está fadado a fechar as portas e o trabalhador que não se especializa, não se recicla, não se atualiza termina, precocemente, fora do mercado.
Outro positivo da qualificação profissional é um significativo aumento no ganho salarial e uma certa estabilidade advinda mais da meritocracia e menos corporativismo. Um trabalhador qualificado, além de ser disputado pelo mercado, dá um retorno muito maior para o empregador. Parte do empresariado consegue fazer essa leitura, superando o velho discurso que “para o seu lugar, tem dez esperando a vaga”. A relação entre capital e trabalho perde, aos poucos, o binômio explorador versus explorado para adquirir contornos centrados no princípio da colaboração. A expressão “minha empresa” está se tornando um discurso de todo o corpo de funcionários.
Apesar do 1 de maio ter passado de um dia de luta para várias categorias para um dia de reflexão sobre as relações de trabalho e no trabalho, quero me ater na qualificação e suas implicações na vida dos trabalhadores e no desempenho empresarial. Para que não paire dúvidas, vamos aos números do Sine/MT: em 1995 havia 17.165 pessoas procurando emprego através do Sine. O mesmo serviço oferecia, à época, 7.855 vagas e foram empregadas 3.778 pessoas. Convenhamos, uma taxa de empregabilidade altíssima (48%) se observarmos os números de 2011. No ano passado, tínhamos 106.927 pessoas em busca de uma colocação profissional e o mercado oferecia 50.727, perceba que a relação entre pessoas procurando emprego e a oferta do mesmo é mais ou menos constante.
Agora, vejamos a empregabilidade de 2011. Apenas 13.940 pessoas foram contratadas, ou seja,27,4%. Qual seria um dos porquês disso. Com certeza absoluta, a falta de investimentos na formação e qualificação profissional. O governo investe pouco e mal. Os gestores públicos, em todos os níveis, não possuem programas que permitam que os servidores se qualifiquem ou se especializem porque isso implicaria, necessariamente, em aumentos salariais. A iniciativa privada, mais ágil e competitiva, busca investir no que, atualmente, é o maior patrimônio da empresa, o seu quadro funcional. Não é por acaso que se cunha a expressão “capital social”. Mesmo assim, o mercado cresce muito mais rapidamente que a capacidade de se qualificar os profissionais. As consequências, todos sabemo-las: vagas ociosas, importação de mão de obra, atendimento e serviços de baixa qualidade e, a pior de todas, desemprego.
Assim, neste 1 de maio, vamos pensar em alternativas que permitam com que haja um maior índice de empregabilidade. E quaisquer que sejam as soluções pensadas, elas passam necessariamente por uma revisão nas políticas públicas de formação profissional. Passam pela valorização dos profissionais de qualificação e educação. E em um novo modelo de ensino, onde o ensino médio avance além das disciplinas tradicionais para a preparação técnica da nossa juventude.
(*) GUILHERME MALUF é médico e deputado estadual pelo PSDB.
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