Ines Martins
O nome desse trabalhador tinha que ser Francisco, não por acaso e sim pela ironia do destino. O nome Francisco, pelo menos para mim, logo me remete a famosa Oração da PAZ, também denominada de Oração de São Francisco, e que segundo a minha pesquisa na Wikipédia é uma oração de origem anônima que costuma ser atribuída popularmente a São Francisco de Assis. Foi escrita no início do século XX, tendo aparecido inicialmente em 1912 num boletim espiritual em Paris, França.
Em 1916 foi impressa em Roma numa folha, em que num verso estava a oração e no outro verso da folha foi impressa uma estampa de São Francisco. Por esta associação e pelo fato de que o texto reflete muito bem o franciscanismo, esta oração começou a ser divulgada como se fosse de autoria do próprio santo.
A mais antiga versão conhecida desta oração foi publicada nos anais da Câmara dos Deputados do Brasil, em 1957. Eis a tradução da oração:
Senhor: Fazei de mim um instrumento de vossa Paz.
Onde houver Ódio, que eu leve o Amor,
Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão.
Onde houver Discórdia, que eu leve a União.
Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé.
Onde houver Erro, que eu leve a Verdade.
Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança.
Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria.
Onde houver Trevas, que eu leve a Luz!
Ó Mestre,
fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando, que se recebe.
Perdoando, que se é perdoado e
é morrendo, que se vive para a vida eterna!
Amém.
Antes, porém, de dizer Amém eu peço licença para acrescentar: - Onde houver violação contra os direitos básicos do cidadão, que eu leve a Justiça.
Pois é isso, que o senhor Francisco, esse a qual me refiro nesse artigo, mais precisa nesse momento para ter seus direitos básicos garantidos. Ele, um idoso trabalhador que morava sozinho, numa casa em Tangará da Serra, era independente, teve sua casa invadida por um menor de 15 anos que o deixou, sem memória, sem fala e com os movimentos comprometidos. Hoje depende da família para quase tudo. O menor foi para o Sisc, ficou lá cinco dias e em seguida foi solto. E o senhor Francisco? Bem, esse que trabalhou a vida inteira, pagou impostos, constituiu uma família digna, ficou com sequelas (Deus queira que não) para o resto da vida e segundo a reportagem que acabei de ver numa emissora de TV até esse momento não conseguiu nem fazer um exame com um neurologista do SUS.
Acho que eu preciso fazer analise ou ter mais gente que assim como eu, sente a dor do senhor Francisco, pois para mim, isso é também uma questão política e das mais graves que é o da omissão da Justiça e da carência de políticas públicas eficaz que, quando falham, sempre encontram desculpas nas leis elaboradas pelo poder político. Enquanto isso, os Franciscos da vida sofrem a dor que vai muito além da dor física: a dor da alma.
Inês Martins é produtora cultura, escritora, autora do concurso literário "Casos Lembrados, Casos Contados", direcionado às pessoas com idade acima de 60, poetiza, palestrante da maturidade, vovó blogueira e escreve exclusivamente neste espaço toda quarta-feira - www.vovoantenada.com.br)
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