Vencedor da enquete lançada por NOVA ESCOLA no mês de janeiro, o Coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação foi uma figura central na luta pela aprovação do PNE em 2012 na Câmara dos Deputados
Gabriela Portilho (novaescola@atleitor.com.br)
Filho de educadora popular, Daniel Cara esteve desde cedo em contato com a Educação. Mas foi ao cursar o Ensino Médio na Escola Técnica Estadual de São Paulo (ETESP) que ele vivenciou pela primeira vez a experiência de estudar em uma escola pública de qualidade e com gestão democrática, na qual os alunos tinham voz. "Foi ali que entendi que Educação pública de qualidade era uma realidade possível, e que deveria ser um padrão para todas as escolas".
Daniel ingressou no curso de Ciências Sociais e seguiu com o Mestrado na área de Ciência Política na Universidade de São Paulo. Coordenou um projeto de formação de grêmios em escolas públicas da periferia paulistana. Em 2003, começou a participar do comitê paulista da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, da qual se tornou coordenador geral em 2006 - cargo que ocupa até hoje.
Participação na aprovação do PNE na Câmara dos Deputados
Aos 35 anos e dedicando-se à busca de melhores condições para a Educação no Brasil, Daniel Cara mostrou que a participação civil faz a diferença.
Em 2012, ele foi um dos protagonistas frente à aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) na Câmara dos Deputados. A proposta, agora, está sendo analisada pelo Senado e, se aprovada, segue para sanção presidencial.
O PNE define 20 metas que o país deverá atingir no prazo de dez anos na área da Educação. O plano prevê, por exemplo, aumento no investimento em Educação pública, universalização da alfabetização, oferta do ensino integral em pelo menos 50% das escolas públicas e ampliação das vagas em creches. O ponto mais conflitante da proposta diz respeito à porcentagem do PIB destinada à Educação, que hoje é de 5,3%, mas, pelo novo plano, deverá chegar a 10% do Produto Interno Bruto até o final de sua vigência. Cara é um defensor desta porcentagem.
"Considero esse o feito mais significativo de 2012, porque juntamente a todas as entidades e pessoas envolvidas, conseguimos convencer o governo e boa parcela da sociedade de que os 10% do PIB são uma necessidade urgente. O Brasil precisa dedicar pelo menos uma década a um investimento adequado e justo para a Educação pública".
Desafios para a Educação em 2013
Ainda há um longo caminho pela frente, durante e aprovação do PNE pelo Senado, que deve acontecer até o final deste ano. Mas, Daniel continuará à frente da Clade-Brasil (Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação) como diretor-geral, e na coordenação da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, cujos focos serão, além do PNE, as políticas de avaliação no Brasil, que avançaram, mas ainda são incapazes de elencar de perto as falhas da Educação. "Sabemos que a Educação não vai bem, mas não sabemos identificar com clareza, em cada rede ou escola, o porquê. Há problemas estruturais e problemas específicos".
Outro ponto que será observado com cuidado pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação será a valorização do professor - o que não envolve apenas as discussões sobre o piso nacional do magistério, mas também debates envolvendo planos de carreira, condições de saúde e formação.
Reprodução da tela de vencedores da enquete
Personalidade da Educação em 2012. O vencedor, pelo voto popular, foi Daniel
Cara
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